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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
domingo, 30 de dezembro de 2018
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
TALVEZ UM CONTO DE NATAL ...
Jesus - Menino
É Tempo de Natal. E lá, no interior do país, no dito Portugal
profundo, há nas zonas campesinas um respirar diferente. Uma paisagem dolente,
no seu diálogo mudo e ancestral com a natureza em silêncio. O fumo das chaminés
que se ergue lentamente em espiral no ar fresco do entardecer, é um sinal de
vida. Da vida que existe em aldeias empoleiradas em pequenos morros ou
aninhadas no fundo dos vales. Um manto de oliveiras que se estende por campos a
perder de vista, compõe uma paisagem bucólica em que, em alguns casos, apenas o
tilintar dos badalos ao pescoço dos rebanhos, fere a monotonia de um hino de
solidão. Lá, naqueles montes e vales esquecidos e de gente envelhecida, não se
discute o trepidante mundo de hoje. Nem as greves dos comboios, nem a greve dos
juízes, nem a greve de estivadores ou dos enfermeiros. Vive-se, apenas e só, do
instinto e do milagre de viver e de sobreviver. Mas, em cada casa singela, em
cada humilde lar, há sempre um Menino Jesus nas palhinhas deitado. Porque uma Criança
rodeada de pequenas lâmpadas de luzes vermelhas e azuis, mais não é que uma
imagem de paz, de concórdia e de fraternidade. Afinal, uma mensagem nobre dos
deserdados da vida. Não trocam a sua Fé profunda pela religião da ganância e do
dinheiro. Vivem na Santidade – seja lá o que isso for – de quem se levanta de
madrugada para dar alimentação ao gado, apanhar a azeitona das árvores com as
mãos enrugadas, e que comem o caldo ao crepitar da lareira no declinar do dia,
na companhia do Menino Jesus. Um quadro de simplicidade. Nestes dias de um
Tempo Natalício, o padre que tem nome de um Santo, percorre as várias aldeias
da região que conhece como as suas mãos, porque também ali nasceu. Sabe, melhor
do que ninguém, das angústias e das necessidades dos mais vulneráveis. Na
sua missão, que não se esgota em pregar a Palavra de Deus por montes e vales,
em capelas húmidas e escuras, o padre com nome de Santo procura na medida das
suas fracas possibilidades, minorar as carências dos mais pobres. Porque também
ele não nasceu em berço de ouro e a sua vida sempre foi e é de uma existência de
entrega aos outros. É o lar dos idosos da aldeia, que lhe lava a roupa e é ali
que toma as suas frugais refeições, que paga com o seu pequeno ordenado.
Esta é, ainda hoje, a realidade de uma parte de um Portugal
tão português, que honra mais que ninguém esta Quadra no Sentir da Devoção pelo
Seu Jesus - Menino, num cenário da pobreza despida da ambição e da viscosa hipocrisia
que mina a sociedade de hoje, e da intolerância que alastra em muitos
corações.
Talvez esta simples narrativa, seja um Conto de Natal.
Q.P.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
domingo, 23 de dezembro de 2018
sábado, 22 de dezembro de 2018
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
MILAGRE DE NATAL
Milagres de Natal
Para haver um milagre é preciso coisa pouca: quem o faça e
quem dele receba a graça. Não querendo perorar sobre o conceito, caio num
caminho mais modesto de afirmar que os milagres acontecem todos os dias aos
olhos de uma criança que tem anseios ou de um pai e marido que espera por dias
melhores.
Só mesmo um milagre poderia acontecer para que aquele Natal
fosse Natal, pelo menos para que, naquela casa, os dias tivessem a cor, o
cheiro e os sons do Natal. O médico trazia a mulher desenganada e remetera-a
para o Porto, para o Hospital da Prelada, onde uma cirurgia de recurso poderia
prolongar-lhe os dias. Eram pobres e, ainda jovens, já tinham oito filhos que
consumiam os parcos recursos que a quinta lhes fornecia.
Com a mulher internada, lá longe, ele tentava que aquele dia
de consoada fosse, ainda assim, uma evocação dos dias felizes e, com a
cumplicidade das filhas mais velhas, asseara o canto da cozinha onde a mesa
negra de castanho envelhecido acomodava toda a família. Pusera a toalha de
linho que a mulher guardava ciosamente para os dias de festa e nesse dia cada
um comeria do seu prato e não dos pratos de partilha que geralmente ocupavam o
centro da mesa. A couve de Natal fumegava num dos potes, enquanto no outro
acabavam de cozer as batatas com bacalhau.
Os mais cachopos procuravam o brilho dos dias felizes, mas
faltava-lhes a mãe que tinha aqueles abraços galinha, que os confortava em
todas as situações. Seria uma triste noite de consoada, uma triste manhã de
Natal e outros tristes dias se avizinhavam. O médico tinha dito que não
passaria do inverno e que seria melhor deitar os corações ao largo.
Quando se sentavam à mesa, ouviram bater à porta: decerto
alguma vizinha a pedir um fio de azeite ou uma pitada de sal para o tempero da
ceia, coisas que só podiam ser compradas na venda, que a esta hora já estaria
fechada. Ele foi abrir e viu à sua frente o rosto da mulher, pálida, mortiça,
envolta num xaile de lã que a abrigara do frio desde o apeadeiro da Ermida até
à aldeia. Abraçou-a e os filhos acorreram em bando a beijar a mãe, que os
abraçava a todos, com um coração em forma de mãos. Como era possível a mãe
estar aqui? Então não estava no hospital?
– Pois sim, deveria ser isso, mas o doutor disse que estou
bem melhor e que já não é preciso ser operada.
A cachopada celebrava a presença da mãe, uns em silêncio,
outros em lágrimas de felicidade e a consoada foi feliz como não era há anos.
Nessa noite ninguém se deitaria antes de ser Natal e à luz do candeeiro de
petróleo jogou-se ao Rapa, ao “par ou pernão” com os confeitos, ouviram-se
cânticos de Natal no velho rádio sintonizado na Emissora Nacional e até foi
bebido vinho do Porto com as fritas de botelha e as orelhas-de-abade. Só um
milagre explicava tamanha alegria.
Quando se foram recolher, explicou ao marido que estava por
um fio e que o médico desistira, primeiro do que ela. A vida estava a
esgotar-se e que muito lamentava a tristeza que via nos olhos do homem da sua
vida.
– Deixa lá, – disse-lhe ele, com a voz embargada – hoje
foste milagre para oito!
Antonino Silva
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
ENCONTRO COM A ARTE - POESIA - FELIZ NATALDE JORGE CASTRO...
... é chegado o momento melhor aprazado para o balanço a
fazer de mais um ano que vivemos, chegados que somos ao solstício do Inverno. E
outro ano está já a bater à nossa porta.
Como habitualmente, trago-vos o meu poema para o Natal,
desta feita o de 2018. Aqui o deixo às minhas amizades e aos companheiros de
muitas jornadas, com os votos de boas, calorosas e felizes festas.
Aqui fica, também, o meu abraço e os votos auspiciosos de
que, em 2019, o homem, universalmente considerado, seja mais humano e, assim
sendo, mais ilustrado, mais consciente e mais solidário. Porque nenhum homem é
uma ilha, como sabemos...
Jorge Castro
Natal,
sempre - 2018
corre o tempo sobre nós
como sempre aconteceu
ainda há bem pouco chovia
e já brilha o Sol no céu
ouvíamos os avós
e hoje
logo mal amanheceu
só nos ouvimos a nós
antes de um ar que nos deu
ou que talvez venha a dar…
e
afinal
era Natal
nesse dia amanhecido
e era tanto tal e qual
aquele outro mais antigo
que trazes tão entranhado
como o que eu trago
comigo
o dia de hoje é diverso
daquele outro que evocamos
é de manhas controverso
e perigos que nem sonhamos…
e
no entanto
naquele outro tão distante
houve manhas controversas
dramas
maleitas diversas
e perigos que nem sonhámos…
pois há sempre essa
constância
- melhor dizendo certeza -
de sermos a circunstância
do tempo que nos enreda
nem é melhor este dia
nem pior o que seria
outro o tempo
outra a harmonia
cada dia é sementeira
em que corre a vida inteira
neste campo por lavrar
lancemos semente à vida
que de breve é desvalida
mas tem tanto para nos dar
e
afinal
é Natal
aí está ele como sempre
no eterno recomeço
e só quem viva do avesso
não gosta de o ver chegar
tudo é igual
tudo muda
tudo nos vale
não se iluda quem pensar
em atentar contra a Vida
que a Vida não vai parar
enfim
lá vem o Natal
aprontemo-nos então
seja qual for o serão
está um ano a começar.
- Jorge Castro
Dezembro de 2018
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
EM NOME DA VIDA ...
Todos os dias há tragédias. Passo
a passo, somos confrontados pelos canais de televisão e pelos jornais com
acidentes graves. Na semana passada, fomos alertados para um desastre aéreo, lá
para a zona nortenha de Valongo. Uma desgraça noturna, numa noite escura de
chuva miudinha e enervante. Confesso que a notícia me apanhou de raspão.
Entretido que estava, só mais tarde me apercebi que a aeronave era um
helicóptero do INEM. Fiquei constrangido e depois em desassossego, quando soube
que o médico que seguia a bordo era espanhol. Porque espanhol é o meu amigo
Roman, que é médico. E médico do INEM. Nesta ditadura de uma mobilidade
imposta, nada me dava a certeza que Roman não seguisse a bordo da aeronave.
Mais tarde, indícios precisos tranquilizaram-me. Com Roman, cruzei-me nos
caminhos da vida. Uma empatia mútua que se estendeu às nossas famílias, fazia -
nos por vezes confraternizar no restaurante albicastrense do Jorge, em amena
conversa entre um prato de grelhados e um vinho tinto a preceito. A conversa
passava pela banalidade da sua simpatia desportiva pelo Atlético madrileno ou
pelas traquinices do seu pequeno e único filho. De outras vezes, a conversa era
mais séria e falava – me das noites em que em ambulâncias a galope, percorria a
noite da Beira Baixa, num destino de muitos quilómetros para, debaixo de um
candeeiro de iluminação pública, acertar com a agulha na veia de um sinistrado
em falência de vida.
Na minha casa albicastrense, eu
morava a escassa distância do heliporto dos bombeiros voluntários. Muitas
vezes, a horas tardias e no coração da madrugada, o helicóptero do INEM rasava
o telhado do prédio num barulho ensurdecedor. E eu levantava-me e, da minha
tribuna alta, observava todos os movimentos. A azáfama dos bombeiros de volta
da nave. Também gente de camisola branca, que verificava todos os suportes de
vida do aparelho, para o paciente que havia de chegar. Depois, como num filme cem
vezes repetido, a ambulância aparecia devagar. Com mil cuidados, o doente e um
frasco de soro, eram levados para o interior do heli, que em grande aceleração
das suas pás rotativas, se erguia lentamente no ar, para girar sobre si próprio
e definir a rota que, na maioria das vezes apontava a Coimbra. E eu ali ficava
à janela, a olhar a luz intermitente encarnada na cauda do aparelho, até se
diluir na noite escura, em direção às montanhas. Depois deitava-me e muitas
vezes fiquei acordado, a pensar naquele voo de amor por alguém em perigo de
vida. Conhecedor que era e sou da orografia do terreno e de uma viagem aérea
sobre montanhas e vales, eu interrogava-me se numa emergência técnica, a
tripulação teria uma escapatória de salvação pelo acidentado da paisagem
escura, pontuada aqui e ali pelas luzes ténues de pequenos povoados esquecidos
no Tempo. Lembrava então aquelas cinco almas que iam a bordo e de uma forma instintiva,
eu dava comigo a murmurar uma pequena prece, para que chegassem todos salvos ao
Hospital Universitário de Coimbra. E hoje, depois deste triste acidente e olhando
aquela realidade sinistra, medito nas noites de invernia que na comodidade dos
nossos lares e de uma lareira a crepitar no conforto do nosso programa de
televisão favorito, temos ausentes no nosso pensamento aqueles que voam por
cima das montanhas em noites de breu e por vezes de intempérie, no cumprimento
da sua missão, mas também num ato comovente de amor e solidariedade por quem
deles necessita. Para aqueles que se interrogam sobre as complexidades de tudo
o que é transcendental e perguntam a si próprios se haverá anjos nos céus de
Portugal, eu respondo de uma foram pragmática e convicta: claro que os há !!!
Q.P.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
COIMBRA-BAIRRO-ACADÉMICA ANTIGUIDADES!
Caro Rafael
Para o teu valioso arquivo,junto foto (final anos quarenta?)do Estádio Municipal,surgindo em segundo plano,ainda em construção,o nosso Bairro.
Jogava-se um jogo da Académica,surgindo,parece-me,pela careca,o meu Pai,por detrás do jogador que efectua o remate à baliza adversária.
Abraço do Nito
domingo, 16 de dezembro de 2018
sábado, 15 de dezembro de 2018
RECANTOS DE COIMBRA... Bairro
....Zona do Bairro Norton de Matos, por detrás da Rua Daniel de Matos.
Rua Dr. Daniel de Matos e em primeiro planto o café MÓNACO, em cujo lado esquerdo se inicia o acesso à Zona de lazer e traseiras da rua Dr. Daniel de Matos.
Escola Básica do Bairro Norton de Matos, actualmente em obras
O ringue e ao fundo diversos grafites
Continuação da rua que dá acesso à Rua Verde Pinho ladeada de um lado e do outro por garagens
Uma vista da parte traseira das casas da Rua Daniel de Matos
Rua Dr. Daniel de Matos e em primeiro planto o café MÓNACO, em cujo lado esquerdo se inicia o acesso à Zona de lazer e traseiras da rua Dr. Daniel de Matos.
Escola Básica do Bairro Norton de Matos, actualmente em obras
Ao fundo a rua Vasco da Gama do Bairro Norton de Matos
O pequeno anfiteatro
Um mural no pequeno anfiteatroO ringue e ao fundo diversos grafites
Um mural já um pouco deteriorado
Ringue para desporto mas pouco utilizado, junto à parte traseira da Escola Básica
Início de rua que dá acesso à rua de Verde PinhoContinuação da rua que dá acesso à Rua Verde Pinho ladeada de um lado e do outro por garagens
Uma vista da parte traseira das casas da Rua Daniel de Matos