quarta-feira, 30 de setembro de 2020

ANIVERSÁRIO

PAULO MOURA

30-09-1960

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

domingo, 27 de setembro de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - PROSA/CONTO

Fanfarronices com batatas.

A consciência do nosso valor faz com que, alguma vezes, fiquemos ofuscado e teimemos em práticas que perdem a atualidade. Em todas as áreas é necessário seguir a moda dos tempos e evoluir. A dificuldade está em progredir ponderadamente para que não se perca a cadeia da mudança nem se choque de frente com o inédito. Saber encontrar a mudança na continuidade é um dom acessível a poucos, até porque confundimos continuidade com seguidismo e mudança com loucura. Uma das consequências de se ser pioneiro pode ser a soberba, a sensação de superioridade que não deixa olhar para o rasto que se deixou.
No governo dos povos e nas relações internacionais está hoje bem visível essa marcação de pioneirismo com arrogância quando se fala na busca de uma vacina para a pandemia que nos aflige. Uns dizem que são os melhores, outros que são os primeiros e todos têm o “orgulho de anunciar que…”.
Olhando para trás, vemos que, afinal, isso faz parte da condição do Homem e é na gestão da soberba e da humildade que se traçam os carateres de quem parte e de quem fica.

Lembrei-me de uma pequena história que envolveu birras de vizinhança e que ilustram que entre grãos de areia acontecem coisas que caraterizam toda a praia.
Na Quinta do Covelo, o caseiro fazia leilão dos seus dotes de agricultor e gabava-se de ser o mais ousado de todos quantos por ali havia no amanho das terras e na qualidade da produção. Tomava as iniciativas e toda a novidade que aparecesse naquelas encostas do Varosa tinham o seu selo. Pelas redondezas, nos anos a seguir, as pessoas comentavam as técnicas da poda, as novas sementeiras, as novas formas de decruar a terra ‘inventadas’ pelo caseiro da quinta. O homem granjeara fama de ‘engenheiro agrícola’.
Em abono da verdade, reconheça-se que merecia tudo quanto os patrões lhe pagavam, não só pelo esmero, mas também pela riqueza que, ano trás ano, ia amealhando nas contas dos proprietários da quinta, uns senhores que viviam lá longe, em Lisboa, e que só visitavam a propriedade uma vez por ano.
O caseiro tinha, na mesma proporção, a arrogância de quem se julga melhor e superior. Olhava com um certo desdém para os caseiros das quintas vizinhas e com uma superioridade imensurável para os pequenos agricultores que cavavam de sol-a-sol os campitos que escorregavam por aqueles socalcos íngremes.
O acaso fez com que, mesmo junto aos limites da formosa Quinta do Covelo, ao descer para o rio, o Zé Esperanço tivesse um rincão com meia dúzia de campos onde produzia, anualmente, menos de um carro de batatas. Para ele era coisa triste, porque essa produção não bastaria às necessidades da casa e, ainda antes da batata nova, ver-se-ia obrigado a mercar uns sacos aos vizinhos. No íntimo do homem havia quase a vergonha de não conseguir alimentar a família com as coisas que a terra dava. Parecia que a terra andava maninha e nem o estrume que lhe deitava resolvia. Aliás, essa frustração era tão maior quanto eram formosos os batatais do vizinho, com as tornas todas verdejantes e as belgas alinhadas pelos regos atalhados.
De nada resolvia perguntar qual era o segredo, porque o caseiro fechava-se em copas, apelava para a sua sabedoria e respondia uma frase que humilhava: “Isto é só p’ra quem sabe!” E o Esperanço calava a humilhação e a incompreensão. Não eram os solos vizinhos? Não tinha a terra a mesma composição? As batatas da semente não eram as mesmas? Se um ano eram Rambana, no outro eram “Ronconse” (Raconse) e o adubo também era o mesmo, que ele bem via. O Foskamónio comprado no Carrapatoso servia para todos. Não dava para perceber.
Contudo, como atrás de tempos vêm tempos, houve um ano em que as suas batatas pularam para os olhos do soberbo vizinho e tudo faria crer que, se debaixo da terra houvesse produção equivalente à rama, aquele ano seria de grande fartura. O caseiro do Covelo olhava com inveja incontida os pequenos campos a abarrotar de plantas verdes, viçosas e de caule grosso, uma garantia de grande e boa produção.
Contrariamente àquilo que ele costumava fazer, o Esperanço não guardava segredo da sua abundância. Encolhendo os ombros dizia ao vizinho: “Sabe, deixei de ir ao Carrapatoso e passei a ir ao Lúcio, que tem lá uma batata da semente de qualidade nova chamada ‘Canabeque’ (Kennebec) e um adubo novo, o Nitrolusal.” O caseiro ouviu-o pasmo, de boca aberta, mostrando a sua estranheza e procurava na cabeça uma explicação lógica, com a mesma insistência com que a língua procura na boca o dente que lhe falta. Não podia ser! Como é que o esperanço podia tê-lo ultrapassado na busca da novidade? Não! Devia ser outra coisa, mas não aquilo. A suas artes e técnicas não podiam ser batidas pela descoberta espúria de um zé-ninguém! Deixou-se ficar com essa certeza por mais um ano, esperando que o tempo repusesse as hierarquias e que voltasse a ser ele o melhor produtor de batatas da freguesia.
Porém, quando na primavera seguinte as batateiras do Esperanço davam já em crescimento o dobro das suas, despiu a arrogância e às 9 horas da manhã seguinte, estava ele à porta do Lúcio com o carro dos bois pronto. Mal entrou na loja, abeirou-se do balcão e lançou: “Bom dia, sr. Lúcio. Arranje-me aí quinhentos quilos de Nitrolusal e p’ró ano guarde-me 10 sacos de batata de semente ‘Canabeque’.”

Antonino Silva


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

ANIVERSÁRIO

OLGA RODRIGUES VIANA

25-09-1946

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quinta-feira, 24 de setembro de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - PROSA - VINDIMA

Na minha aldeia de menina, este tempo era tempo de cheiro a maçãs maduras, a peras de Inverno, a castanhas a assar, a mosto a fermentar em tanques de pedra por baixo do " balcão" - o terraço que se estendia ao longo da casa no cimo das "escaleiras" - as escadas do curral para casa. E não tardaria a vir o cheiro dos alambiques a destilar a aguardente pelas noites adentro, num cheiro acre e forte e, para mim, desagradável,  não fora dissimulado pelo aroma das castanhas a assar nas brasas e distraído pelo toque de realejos ao desafio daqueles que pacientemente esperavam o gotejar lento daquele ping...ping...

     Quase todos tinham umas cepas que davam cachos. Estes eram das mais diversas castas. As vinhas eram pequenas, só  para darem vinho para consumo lá de casa. Era um orgulho poder dizer "este é do nosso!"

Pois, por estes dias, preparavam-se os tanques ou lagares de pedra de granito. Esfregavam-se com escovas rijas, com carqueja e sabão, com água, acarretavam-se, do chafariz, caldeiros e caldeiros de água para ficarem bem enxaguados. A "canalhita" de que eu fazia parte, fazia disto uma festa, é que o trabalho do menino é poucochinho mas quem o perde é parvinho!....

     A vindima raramente durava mais do que um dia. Era um dia de festa e cansaço. Era o jungir das vacas, atrelá-las ao carro com a bigorna em cima presa entre os estadulhos, o caminho até às vinha, por sorte sentados no fundo do carro, de pernas dependuradas a baloiçar ao ritmo lento do bambolear das vacas e do estremecer do rodado ao deslizar no piso irregular dos carreiros. 

     Na vinha, os mais afoitos cortavam os "cachos", carregavam a cesta enfiada nos braços, que iam despejando, de vez em quando, nos cestos grandes que um dos homens mais fortes ia "botar" na dorna. E nós, lá íamos apanhando um "catchinho" aqui e outro acolá, provando um baguinho deste, outro baguinho daquele, cheiinho de pó, o que não mata engorda. À noite é que eram elas. Era uma dor de barriga!...

     A volta era mais penosa, tinha de ser a pé, os animais já tinham carga de sobejo! Distraíam os cantares das modinhas tradicionais, as gargalhadas da mocidade, que se iam desafiando uns aos outros, como se quisessem mostrar que o cansaço não os molestava.

     No dia seguinte seria o pisar da uva. Aí sim, que tinham de ter ritmo e resistência. 

     Bem, vou voltar ao hoje, que não me cheira a Outono, mas parece vir com um amanhecer maravilhoso... Bom dia para si que me conseguiu acompanhar a outros lugares, a outros tempos e aos nossos amigos ... Um abraço e bom dia nos dê Deus.

Georgina Ferro.

  

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Sono? Meto em Soneto

 

Soneto escrito pelo autor, Paulo Moura, em 14 de Janeiro de 1981, depois de uma aula na FEUC (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra) com um professor soporífero. 
Duvido que haja alguém que nunca tenha passado por uma situação assim. É, por isso, uma homenagem a todos nós. 
Paulo Moura 
20 de Setembro de 2020 

Letra, música, voz de rouxinol e viola - Paulo Moura 
Voz de professor soporífero - Tiago Matias 
Imagens gentilmente surripiadas da internet

ANIVERSÁRIO

MARIA ALEXANDRA CONCEIÇÃO FERREIRA

                   "XANI"

21-09-1949

Nesta data especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

domingo, 20 de setembro de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - POESIA


O Tempo abala, mas deixa sempre algo em nós !...

Hoje, quem visse aquele curral fugia
Mas nesse tempo era o meu paraíso
Lenha, carqueja…, giestas para o lume
O carro das vacas de varais enfiados
O porco, as galinhas… tudo lá cabia
Até o montículo feito do estrume
Tapado de fieitos em forma de friso
Para abafar os odores indesejados

Ao canto havia uma alpendorada
Onde as giestas entelhavam a lenha
Combustível de todos os dias do ano
Fosse tempo de invernia ou Verão
Sempre tripé e panelita arrimada
E o caldeiro da vianda pró marrano
Para que, quando a matança sobrevenha,
Haja boa carne ao fumeiro do tição

Ah!, e aquele pessegueiro redondinho
(De pêssegos avermelhados e carnudos
Que mal perdiam a flor cor de rosa forte
Já me enfeitiçavam de louco desejo)
Mesmo arrimado ao lagar de pisar o vinho
Donde vezes trambolhei por minha má sorte
Não me tendo servido de lição, contudo,
Pois não resistia àquele mau almejo

Que engraçado é o decorrer da vida
Guardamos na mente eventos tão singelos:
Cheiros perdidos no amanhecer do dia;
A geada debaixo dos pés a chiar;
O toque das Trindades ao findar da lida;
Luz do sol nascente ou da hora tardia;
Ternos momentos tão carinhosos e belos
Do jeito da minha tia em saber amar

Georgina Ferro

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

LINCE IBÉRICO.PARQUE DAS NAÇÕES

No Parque das Nações, interessante representação com restos de caixotes utilizados na separação do lixo

        Enviado por Tomané Quaresma

terça-feira, 15 de setembro de 2020

ENCONTRO COM A ARTE- PROSA



Do que hoje me havia de lembrar...

 Na minha aldeia fazia-se, todos os dias, comer para o porquinho - a vianda. E, embora ele comesse de tudo o que aparecia, o certo é que quanto mais depressa ele aumentasse uns palmos de comprimento, melhor seria.  Quem tinha poucas terras de cultivo precisava de poupar as colheitas para a altura da engorda ( batata e castanhas miúdas, beterrabas, nabos, milho...). Então, optavam por comprar um porquinho maiorzito, embora mais caro, no princípio das colheitas de Outono. 
 Entrementes, ia-se até aos baldios em busca de abrótea, beldroegas, alabaças, para fazer o entulho mais grosso e gastar menos farelo. Tudo era muito bem aproveitado. Até as cascas das batatas do caldo da ceia, eram bem guardadinhas. Se ainda não houvesse  porco, todos os desperdícios iam para o caldeirinho e, enquanto se punha a mesa, uma das cachopinhas, tal como eu, dávamos uma corridinha para as entregar a uma das nossas amigas, que já tivesse marrano. 
 O que me metia mais confusão, era nunca haver um dia de folga para ninguém. Os animais todos exigiam atenção constante desde o romper da aurora até ao anoitecer. Também eram eles que mais ajudavam o dono nos trabalhos de cultivo, desde a sementeira às colheitas. 
 Certo dia, nasceu uma das netas do meu tio avô Eduardo. A avó bem queria ir para Lisboa cuidar da enteada e da netinha. Mas quem ia com as vacas ao lameiro, quem cuidaria da burra, das galinhas?!  Meu tio era guarda fiscal, tinha serviço diário e nocturno! Os cinco filhos (quatro mulheres e um homem) estavam espalhados pelos quatro cantos de Portugal. Eu, garota pequena, ouvia as lamentações e ficava horas e horas a matutar no que ouvia. As crianças não podiam imiscuir-se em conversas de adultos, mas eu rebentava se não falasse:  _ “Minhas tias,  explodi, e se eu levasse as vacas ao lameiro todos os dias?! Também já sei abrir e tapar a capoeira das galinhas, encher a pia de água e dar-lhes o milho!  "
         Todos riram a bom rir, mas não me ralharam por me ter  metido na conversa. O que é certo é que se arranjou uma solução e, a minha tia Palmira foi na camioneta da carreira para Lisboa e ficou lá quinze dias, embora muito preocupada , como dizia depois. 
 E eu ganhei uma cestinha de loiça pequenina que nunca parti ... e guardei como um tesouro.
 Georgina Ferro


domingo, 13 de setembro de 2020

ANIVERSÁRIO


ANTÓNIO MANUEL QUARESMA

            "TÓ QUARESMA"

13-09-1945

Nesta data especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

sábado, 12 de setembro de 2020