sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

COMO PODIA TAL AMOR SER FEBRE? TEXTO DO PROFESSOR ANTONINO SILVA para Janeiro de 2022

 Em dias menos bons, em que a esperança parece estar arredia, partilho convosco uma história crescida e nascida nesta quadra que passou.

Como pode o amor ser febre?

Estamos em dias de reconfiguração das emoções e de formas de sentir ou de ver o mundo. Crentes e não crentes, todos sentimos que são dias especiais, em que o nosso lado lunar decide brilhar ou, então, apagar-se de todo. Se decidir brilhar, tanto melhor; se decidir apagar-se também é bom, pois não terá sobre nós nenhum efeito nefasto da melancolia dos dias menos bons. O pessimismo de outros dias parece que se esbate e isso poderá dever-se a uma crença ingénua de que, na quadra natalícia, todo o homem se torna mais humano. No lado oposto da moeda surge o medo de não aproveitarmos estes dias, seja por omissão seja por cobardia. Recordo-me, quando era criança, de olhar depois, em janeiro, com imensa nostalgia para as férias do Natal e lamentar tudo o que não tinha feito. 

Mas o António Vintém não era desses, de se arrepender ou de omitir. Fora sempre um rapaz decidido e, mesmo, teimoso. Dera muitas dores de cabeça à sua mãe com as coisas que teimava em fazer, mesmo sabendo que, com isso, lhe granjeava mais um ou dois cabelos brancos. Para ele, o amor filial não era cedência, e a mãe zangava-se a sério com tais teimosias.

Quando foi às sortes, o Vintém foi dado como apto e foi incorporado em infantaria, arma que dava a maior parte dos corpos para as picadas de África, alguns que por lá iam ficando.

Um pouco antes da incorporação, tinha apalavrado um namoro com uma jovem da Ribeira, cachopa asseada e com umas vessadas de herança. Nenhum deles era rico, mas o arranjo agradava a ambas as famílias e, já durante a recruta do António, os pais de uma e outra parte falavam na hipótese de um casório com bodas a festejar, quando ele voltasse dos 24 meses da comissão em África. Ainda não bem decidido, o Vintém parecia ser o único menos certo no contrato. Gostava dela, sim senhor, mas queria ver melhor onde parariam as modas.

Quando veio a guia de marcha, soube que pararia em Moçambique, na zona de Tete. Com o resto dos camaradas de lágrimas, seguiu no Niassa até Lourenço Marques e, depois, para o teatro de operações. Nas cartas que escrevia para casa e para a sua prometida, contava as suas noites de pesadelos. Aí viu de tudo e viu os horrores de quem morre e de quem mata. Não sabia porque estava ali, porque via pedaços de gente e sombras nos olhares. Havia dias de desespero e dias de descrença. Entre uns e outros, aproveitava todos os momentos em que podia sair do quartel e ir até ao povoado mais próximo, onde gostava de conviver com os locais, e começou a apreciar os olhares de cor de mel de Amélia, filha do chefe da aldeia. 

Essa atração deu lugar a um sério amor e as cartas para casa e para a sua prometida da Ribeira tornaram-se mais frias. Até que, por fim, numa delas, pediu desculpa e pôs fim à relação, dizendo-se apaixonado por outra mulher, com outra cor de pele. O escândalo foi grande e toda a gente dizia que aquilo era temporário e não passava de uma doença, de uma “febre de negra”, expressão muito usada na região. Os pais escreveram-lhe exatamente a diagnosticarem essa doença e falaram-lhe das suas suposições. 

Mas, como pode amor ser febre? Como pode amor ser doença?  O que o Vintém tinha encontrado em Amélia era a paz e a dignidade e, nos seus braços, o afeto. Poucos meses depois soube que ela estava grávida e a sua comissão estava mesmo a acabar. Não veria nascer o filho de ambos e a história parecia entrar num trilho já gasto de tantas outras que aconteceram nestas malhas de um império que se desfazia. Regressou sem eles, para enfrentar os sermões dos seus.

Mas o António Vintém era teimoso e não apagava o passado. Por isso, dois anos depois, no dia 24 de dezembro, descia a pé a Olaia, cheia de geada e codo, para ir à Meia-Légua, à paragem da carreira, esperar a Amélia. Tinha mexido céus e terra e usado a influência de todos quantos conhecia para a trazer para ao pé de si. Tinha, até, casado já por procuração e não esperava apenas uma mulher; esperava uma esposa e uma filha.

Quando a viu descer da carreira, com uma menina belíssima ao colo, de olhos guixos e amendoados, sentiu que tudo valeria a pena e que, nessa noite de Natal, teria mais um presépio perfeito em sua casa. 

Como podia tal amor ser febre?

ANTONINO SILVA


terça-feira, 28 de dezembro de 2021

ANIVERSÁRIO CARLOS FALCÃO

CARLOS FALCÃO

28-12-1947

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

domingo, 26 de dezembro de 2021

ANIVERSÁRIO Paulo Nobre

PAULO NOBRE

26-12-1938

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

ENCONTRO DE GERAÇÔES DESEJA FELIZ NATAL-BOAS FESTAS

 FELIZ NATAL!

BOAS FESTAS!


                                 
                               

CANTA O CORO

Ó meu Menino Jesus,

Que tendes, porque chorais?

Deu-me minha mãe um beijo,

Choro por que me dê mais



quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

REVISTA DE IMPRENSA DIÁRIO DE COIMBRA .NATAL EM COLMAR


Artigo publicado em 20/12/21 no DIARIO DE COIMBRA. Sonho de Natal em Colmar, contado na minha cidade natal.


ANIVERSÁRIO ZECA SOARES

MARIA JOSÉ ALMEIDA SOARES

           ZECA SOARES

23-12-1944

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!


 

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

ENCONTRO COM A ARTE- PROSA Conto de NATAL

                                                                    NATAL

Era véspera do dia de consoada. A Pepa estava  triste. A avó tinha morrido no ano passado. Ela trazia sempre um punhadinho de farinha  de Navas Frias para fazer o alguidar de barro grande cheio de filhós. Assim que começava Dezembro, todos os dias punha de parte um dos ovos das suas galinhas, pois que, as marotas punham muito poucochinho nesta altura do ano. Era uma alegria para a Pepa quando a avó lhe pedia para ir mercar o açúcar ao comércio. E tinha sempre os tostões contadinhos e certos para lhe dar.  Lá ia ela aos "pintchos" pelo pontão até ao comércio, a aviar o recado à avó. 

     Hoje, a mãe também já tinha os ovos de lado. A ti Maurícia mandara-lhe um taleguinho de farinha que trouxera de Valverde. Ainda havia anis "escartchado"  na garrafa do guarda-loiça da sala e pó de canela... Só era preciso ir mercar o açúcar. Aí é que estava o problema!... A mãe não tinha dinheiro. Não podia mandar buscar fiado porque ainda não tinha ido pagar meio quartilho de petróleo e uma caixa de fósforos que lá devia há mais duma semana.  Bem rebuscara as algibeiras, a gaveta... mas nem um tostão preto encontrara.

Por fim, lá se encheu de coragem e mandou a Pepa pedir um cartucho de meio quilo de açúcar que logo pagava.  Só que o senhor Anacleto respondeu-lhe que não podia aviar porque a mãe ainda estava a dever desde o mês passado. 

     Os olhos da Pepa arrasaram-se de lágrimas. E se dera muitos pulinhos até lá, muito mais depressa voltou para casa. 

     No comércio estava a tia Maria. Tinha o dinheiro contadinho para um quilo de açúcar.  Pediu ao senhor Anacleto que lhe pusesse meio quilo em cada cartucho e saiu dali apressada. 

    Ainda a Pepa estava a contar à mãe o que tinha acontecido quando ela bateu com a aldraba na porta. 

     _ Quem é?  _ acorreu à porta a ti Zefa. _ Ai!, é vossemecê, ti Maria?! Entre, entre...

     _ Toma. Faz as filhós para a canalhita. Não te esqueças que o Natal é para os meninos pequenos! 

     Só houve um abraço porque as palavras ficaram "engasgadas" nas gargantas.

    _ Bem, tenho de ir, que ainda não fiz o caldo para o almoço.

     _ Deus lhe pague, ti Maria.

     A Pepa veio a correr e prometeu :

     _ Quando eu for grande vou fazer-lhe um alguidar cheio de filhós, está bem?!!!

    A tia Maria riu. 

     Passados muitos, muitos anos, num dia de Consoada, alguém bateu à porta.

      A Pepa viera de França passar o Natal à aldeia. Fizera um alguidar de filhós e viera ao Alentejo trazer a sua promessa à tia Maria.


Por Georgina Ferro


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

POEMA DE NATAL....POR JORGE CASTRO

Se calhar, vou trazer-vos um prosaico poema, que já anda por aí o Natal a rodos e também quero um lugar ao sol...


UM PEDIDO DE NATAL PORTUGUÊS


eu não quero

ó menino

que tragas no sapatinho

nem porcos de bicicleta

nem as vacas voadoras

cabritas das correrias

ou quilovátios de ricos

nem águas dos abastados

arreda-me os passadiços

estrafega os «halloweens»

pistas de gelo nem vê-los

ou aquaparques mui «ins»

de que já estou pelos cabelos

nem me tragas mais estufas

ou intensivo plantio

que nos chegam de pantufas

deixando o campo doentio


vem se queres de bicicleta

mas de andar em ciclovia

ou até de trotineta

sem atropelar asceta

coitado porque é velhinho

vem conforme a tua veneta

mas trilhando esse caminho

onde um bosque tem arbustos

e a floresta arvoredo

numa campina a papoila

é um grito no dourado

e um rosto de moçoila

fica melhor se corado

pelo sol e a brisa fresca

e num regato ir à pesca 

do tempo desperdiçado


traz-me a hora vespertina

quiçá ao som de um nocturno

num pôr do sol ou ocaso

a que assisto por acaso

no verdor de uma colina

que já foi duna de areia

onde enraíza o passado

e no fulgor de uma ideia

brota ardente a flor presente

e o futuro ansiado

logo ali à minha frente


traz-me o que eu sou e o que é meu

não me tragas de ninguém

o que seja muito seu

como o colo da sua mãe

ou o cesto de um vintém

onde guarda a sua vida

e aguarda o que lá vem...


... que posso ser eu até

que podes ser tu também

já que a vida tem mais graça

quando se abraça outro alguém.


- Jorge Castro

07 de Dezembro de 2021


 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

ENCONTRO COM A ARTE - PINTURA José da Costa(Antonio Seixas)

                Janela do antigo Paço Real, no museu de Sta Clara a Velha, pintado no dia da cidade, ao vivo. Peças expostas no museu.
                Autor José da Costa( António Seixas do Bairro Norton de Matos)