terça-feira, 31 de março de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - PINTURA- AGUARELA do Botânico

Jardim Botânico e Arcos - Coimbra
Aguarela de Rui Gaspar
                       Sugerida por Maria Arinto

segunda-feira, 30 de março de 2020

AQUELA TARDE NA FIGUEIRA ...






Figueira eterna ...

Foi num tempo já remoto. Um tempo em que o futebol tinha outro encanto. Sem matilhas organizadas de claques e dirigentes a insultarem –se em jornais ou em estações de televisão. Um tempo em que o desporto – rei não se jogava com os adeptos em casa sentados no sofá, pagando uma avença choruda para insultarem o árbitro no recato do lar, a mastigar  tremoços e com um copo de cerveja na mão. Naquela época, o futebol era ao domingo à tarde. E, naquela tarde, a Académica de Coimbra visitava a Naval da Figueira da Foz para um medir de forças escaldante. Forte era a rivalidade entre os dois emblemas. Os da Figueira, por uma questão de bairrismo, não admitiam vassalagem à cidade universitária. Os de Coimbra, sarcasticamente, chamavam à Figueira  da Foz a Coimbra B. Postas as coisas neste pé, logo se adivinhava que era no relvado a correr atrás de uma bola que se ajustavam contas. Então, numa tarde primaveril e com o estádio a rebentar pelas costuras, o jogo começou. De Coimbra, grande era avalancha de gente na esperança de uma vitória gorda. Como se previa, a coexistência nas bancadas entre figueirenses e conimbricenses não foi pacífica. Lembro aquele individuo de faces rosadas, camisa transpirada e sapatos de camurça verdes nos pés, que irritado mandava os de Coimbra para a terra deles. Os de Coimbra agitavam bandeiras, até ao momento que os da Lusa – Atenas marcaram um golo e entornou - se o caldo que já estava azedado. E foi com aquele golo raquítico que selou uma vitória, que a Académica regressou a Coimbra. Porém, a terceira parte da partida jogou-se fora do estádio, com escaramuças e correrias entre gente jovem de ambas as cores. Na retina, fica - me o adepto de Coimbra que se travou de razões com um figueirense que estava num terceiro andar de um prédio à varanda. A discussão subiu de tom e o adepto navalista, de cabeça perdida, dizia cá para a rua ao ferrenho seguidor da Briosa:

- Não te vás já embora, grande cavalgadura, espera por mim que eu vou aí abaixo dar- te um tiro …

Tinha aquele futebol de outras eras outro sabor e outro encanto, atrevo-me a dizer um sopro de romantismo?. Claro que tinha …
QP 

sábado, 28 de março de 2020

BOAS LEITURAS....José Passeiro

"Ribeira d’Eiras

Terra sem rio, riacho ou ribeira não é terra farta. A nossa Ribeira de Eiras, nasce no Brejo e alimenta - se, de outros pequenos cursos de água que a engordam e fortalecem até desaguar na Vala do Norte e depois no Rio Mondego. Tirando algumas excepções, como daquela vez em 2002 em que galgou margens, inundou moradias e destruiu muros, ela corre suave na Primavera, quase seca no Verão e recupera o seu caudal tradicional no Inverno. Hoje, sacia a sede a quintas, xácaras e pequenas hortas enquanto serpenteia ao longo do seu curso. Mas antes era muito mais que isso. A força das suas águas era utilizada para moer azeitonas e cereais em lagares e azenhas. As suas águas límpidas desencardiam roupas, almas e pessoas, nas Almoinhas, Laranjeiras e Rio d’Além. Os seus recantos sombrios refrescavam a miudagem na represa do Ti Luis, no Escravote ou na Sapeira. Nela pescávamos ruivacos e enguias. Nela apanhávamos laranjas e tangerinas arrastadas pelas águas. E como eu adorava acompanhar os meus frágeis barquinhos de papel, nas fantásticas corridas que realizávamos, desde o açude até ao Paço, em tempos de invernia e forte caudal. Hei-de repetir essa façanha um dia destes. Hei-de construir um barquinho de papel, dobrando-o como quem faz um guardanapo, fazendo sobressair a sua vela triangular. Hei-de largá-lo à água e acompanhar o seu difícil trajecto cruzando o açude. Hei-de vê-lo desaparecer debaixo da velha ponte, para surgir segundos depois, triunfante, do outro lado dela, e seguir balançando orgulhoso em direcção ao oceano…e hei-de suspirar de alegria, como fazia nessa altura...
." in Memórias & Inspirações"
José Passeiro

sexta-feira, 27 de março de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - FOTOGRAFIA - Olivais do Alfredo

Igreja de Stº António dos Olivais, tirada de um 6º andar da Rua Capitão Luís Gonzaga 

 DE Alfredo Moreirinhas


terça-feira, 24 de março de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - POESIA

A CRISE DO COVID 19 E O POETA ALENTEJANO

Nã venham pó Alentejo

Tô escrevendo aqui no monti
Um poema pós de fora
Viver aqui na presta
Vã-se mas é daqui embora.

As notis aqui sã frias
Nã aguentas nem que te mates
3 mantas Nã te chegam
Até arreganha a pele dos tomates

Os dias aqui sã tã quentes
As vezes até falta o ari
50 graus n’ amarleja
Nem na rua podemos andari.

Na temos aventoinhas
Com o calor nã se pode.
Os velhos usam samarra
E as velhas têm bigode

Querem vir pá cá morari
Nem sabem a bicheza que há aqui
Gato bravo e Saca-rabos
Raposas e javali.

As 5 da manhã tamos-se álevantar
Pa monde ir ver do gado
Nem imaginam o que é Andar
com um pé todo cagado.

Na temos carro de praça
Nem sequer internet
Uns andam aqui a pé
Os outros na biciclete.

Nã temos praia perto,
e só se bebe aqui bagaço
Os sapos aqui sã tã grandes
Espetam com cada cagaço…

As casas nã têm luz
E lume é no chão
O gerador só faz barulho
Pá gente ver a tlevisão

Já dizia a outra porca
É nos montis ca gente móra.
Como já viram, isto na presta
Vã-se mas é daqui embora.

Se antes era deserto
Agora continua a ser
Nem os queremos aqui tã perto
Nem os queremos aqui a viver.

Podem vir visitar
Mas venham noutra altura
Deixem se aí ficar
Enquanto está merda dura.

De Um Alentejano que quer ajudar.
Helder Telo

segunda-feira, 23 de março de 2020

UMA RECORDAÇÃO ...





Era  o 55 da Picheleira . Saudade ...

O inimigo global fechou-nos em casa. Vamos olhando para as cadeias de televisão incrédulos com as notícias que vêm de longe e do nosso país. Por vezes é preciso tentar sacudir a pressão, navegando por outras realidades ou memórias. E hoje, olhando absorto pela parafernália de informação, de ditos jocosos ou de fotografias nas redes sociais, dei comigo a olhar uma estampa a preto e branco de uma equipa de futebol do ano longínquo de 1925. Nada de especial, não fosse o Atlético Clube da Picheleira se confundir com as minhas recordações de menino. Era e é ali, naquela zona de Lisboa, que o Atlético da Picheleira agora chamado Vitória de Lisboa tem o seu campo de futebol. Naquela época dos anos setenta do passado século, o recinto era de terra batida. Naquela zona eu tinha família. A Picheleira é um rincão da capital de ruas estreitas com roupa colorida a secar nos estendais das janelas, de leitarias que naquele tempo vendiam leite a granel e tabernas onde se ouvia a religião do fado na voz rouca de Alfredo Marceneiro. Então, ao domingo, as gentes corriam a ver o seu Vitória de Lisboa. Eram sempre partidas renhidas, num louvor ao futebol amador. Também um hino aos que assistiam aos jogos de uma forma civilizada, independentemente da simpatia clubística de cada um. Na chamada barraca de chá servia-se cerveja, copos de vinho e sandes de chouriço para fazer apetite para o almoço, que os jogos eram sempre de manhã. E eu lá ia pela mão do meu tio Fernando, que ostentava na lapela do casaco com orgulho o emblema das águias de Benfica. Lembro-me dele, curvado sobre os ombros como se trouxesse o mundo às costas. Um sorriso doce moldava-lhe o rosto e a bondade era a sua imagem de marca. Era um homem cordial e educado, que desenhava prodigiosamente. Tenho saudade da sua ausência. Naquela fotografia do Atlético da Picheleira que olhei demoradamente, estava um filme da minha tenra idade e por minutos abstraí-me da nossa preocupação coletiva. De novo o Atlético da Picheleira agora travestido de Vitória de Lisboa a embalar o meu berço de menino.
QP        

ENCONTRO COM A ARTE- COIMBRA DE OUTROS TEMPOS

Lavadeiras do Mondego


  Sugerida por Maria de Lurdes Seabra

domingo, 22 de março de 2020

ANIVERSÁRIO

ROSA MELO PATO

22-03-1929

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

sábado, 21 de março de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - POESIA

SETE MARES
 Dia Mundial da Poesia


Um dia de Corona

já eu estou que nem me tenho
sem poder sair do ninho
com a parceira me avenho
de longe aceno ao vizinho
                                                                                                                                                                                                                                                                                                               
corta aqui – fura acolá
em arranjos sem ter fim
p’ra que serve, digam lá
ter um tão lindo jardim?

na calçada queimo ervinhas
libertando olor profundo…
– estou a falar das daninhas,
ó almas do outro mundo!

lá dou de comer ao melro
ao rabirruivo, ao pardal…
tenho lenha, se não erro
p’ra cortar ‘té ao Natal

se tivesse cão iria
para a praia passear
mas como tenho a Maria
em casa devo ficar

bem chateia um tanto estar
no nem ata nem desata
vou tentar deambular
pondo uma trela na gata

pelo feicebuque passeio
traseiro bem instalado
apuro cenas pelo meio
e fico mais ilustrado

ilustrado nem é bem
pois lá passeiam vaidades
gostamos do que convém
e o resto nem são verdades…

mas sempre lanço uns bitaites
como se filosofasse
depois visito alguns «saites»
e espero que o tempo passe

para tratar do traseiro
temos cá muito papel
não faço da merda tinta
nem dos dedos um pincel

vejo filmes, leio livros
e sou feliz de algum modo
e se me faltam convívios
vou-me às árvores… e ali podo

depois uma especiaria
à refeição apurada
eu e a minha Maria,
a gata… não falta nada

vejo então televisão
– Corona de ponta a ponta
e Marcelo até mais não,
mas o António é que conta

e em vez de dar um grito
vem-me o Aleixo à memória
neste momento aflito
que confunde até a História:

ó vós que do alto império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério…

POR JORGE CASTRO

quinta-feira, 19 de março de 2020

QUATRO CONTOS E UMA VACA ...





Os tempos cinzentos passados em África são um rio de memórias. Alguns querem à força esquecer aquele passado. Outros porém, como é o meu caso, vou revisitando momentos e chego à conclusão que a minha experiência com africanos naquela zona perdida junto ao Boé foi enriquecedora em certos aspetos. Afinal, outras gentes e outras culturas. Hoje lembrei-me do Vitor Baldé que era de etnia fula. Caiu de paraquedas no meu grupo de combate. Cedo me apercebi que era manhoso na sua relação comigo e com os seus camaradas de armas todos de etnia fula. O Baldé se pudesse escusar-se a qualquer trabalho fazia-o sem pudor, empurrando para cima de outros o que lhe estava distribuído. Um dia veio ter comigo com um ar sonso, pedindo-me autorização para ir ao Gabu buscar a noiva. Disse-lhe que naquele dia a coluna militar que se deslocava a Nova Lamego buscar alimentos era da responsabilidade de outro grupo de combate pelo que tinha que aguardar a nossa vez de viajar. Ele,  choroso e a torcer as mãos, suplicava-me para ir e eu acabei por ceder, com uma séria desconfiança de que ele me estava a enganar naquele negócio. Sim, porque o casamento era um negócio entre o noivo e o pai da noiva e que se resumia nisto: toma lá a rapariga e dá cá o dinheiro e um qualquer bem acordado entre as partes. Então o Baldé partiu, tendo eu previamente pedido autorização ao comandante da coluna militar para ele seguir com o grupo, o que me irritou ainda mais por pressentir estar a ser ludibriado. Já tarde, a coluna regressou à base carregada de mantimentos. Eu, deitado na minha cama no abrigo a ler um “Diário de Coimbra” que me tinha chegado da Metrópole pelo correio, ouvi o ronco dos motores. Fiquei de alerta e já de faca afiada para pedir justificações ao meu soldado que era um autêntico primor em manha. De repente, ele desce a escada do meu abrigo e apresenta-se. Fico a olhar para ele e a pergunta era sacramental: então e a noiva? Está  lá fora – respondeu - me. Então vai busca – la que eu quero vê – la, disse-lhe ainda desconfiado. Mas enganei-me. A rapariga entrou a medo e com um sorriso humilde. Fiquei a olhar para os dois, contristado por ver aquele negócio que envolvia a venda daquela jovem pelo pai. Sem que nada eu lhe tivesse perguntado, o Baldé adiantou-me que a noiva lhe tinha custado quatro contos e uma vaca. Foram embora em paz, embora me parecesse que ela não estava infeliz naquela sua nova realidade de bajuda casada.
Outras gentes. Outros costumes. Outras culturas. Outras civilizações.
Q.P.     

terça-feira, 17 de março de 2020

ANIVERSÁRIO

JOSÉ ALVIM

17-03-1942

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

domingo, 15 de março de 2020

LÁ EM CASA ERA COZIDA AO SÁBADO À TARDE....de José Passeiro

" Lá em casa era cozida ao sábado à tarde e dava para toda a semana. A minha mãe sovava vigorosamente a massa feita com farinha de milho e trigo, numa gamela de madeira de pinho, à qual juntava a pouco e pouco, água quente anteriormente fervida na lareira por baixo do forno..Eu, entretanto, já tinha ido a casa de uma das vizinhas levantar o fermento comunitário para juntar à mistura. Depois de bem envolvida a levedura, desenhava um sinal de cruz e cobria com um pano deixando crescer a massa por algumas horas, no ambiente cálido do edifício. Os tijolos maciços do forno já deixavam transparecer a sua cor esbranquiçada, fruto do enorme calor gerado pela grande quantidade de lenha queimada desde há algumas horas atrás. Dava uma última varredela com um vassouro feito de giesta, formando um pequeno muro de brasas à entrada. Depois, com a minha ajuda, ela retirava da gamela a quantidade certa para cada broa, manuseava-a formando uma bola, colocava na pá metálica e alinhava-a habilmente, junto das outras no lar do forno quente. Daí a pouco tempo, retirava-as, avaliava-as batendo com a palma da mão na parte de baixo e, se bem cozidas, colocava-as na mesma gamela de madeira entretanto lavada e seca. Eu esperava já com um prato de azeite, ou com o pacote de manteiga e água a crescer-me na boca....                            ." in Memórias & Inspirações
José Passeiro

sábado, 14 de março de 2020

quarta-feira, 11 de março de 2020

SOU UM VENCEDOR



A competição, já de si, gera conflitos, inimizades. Muito mais quando o objectivo que se quer atingir é rigorosamente o mesmo.
Algo me martelava o cérebro, me impunha a obrigação irresistível de ser eu o primeiro.

Queria ser o único, o vencedor!

O meu objectivo era conquistar o alvo, atingi-lo em primeiro lugar, porque só assim satisfaria o desejo de duas pessoas que me eram muito queridas. De outro modo, a minha existência não tinha significado.
Tinha contra mim milhões de competidores que outra coisa não queriam senão atingir o mesmo objectivo que eu. Serem os primeiros...
Corri desenfreadamente, sem me atrever a olhar para trás. Sentia o ruído da correria dos meus competidores atrás de mim. Estava ofegante mas ao mesmo tempo contente, porque não via nenhum dos meus rivais à minha frente. Isso deu-me novas forças, novo ânimo e impulsionei ainda com mais força e velocidade a minha correria.
Subitamente, esbarrei violentamente contra uma parede. Quase desmaiei, deixei de sentir as pernas ou o que restava delas. Com a violência da pancada, furei a grossa parede e deslizei para o lado de lá, mergulhando numa massa viscosa que me atordoou e me acalmou.
Andei de mão em mão, toda a gente me acarinhava, todos queriam tocar-me nos lugares mais recônditos do meu corpo, quando nove meses depois me deixaram ver a luz do dia.

Foi então que soube que aquele ser era eu, o espermatozóide que vencera a corrida.

Rui Felicio

terça-feira, 10 de março de 2020

sábado, 7 de março de 2020

A HISTÓRIA BREVE DE UM ASSASSINO ...






(foto net)
Este é um episódio real de um homem que aterrorizou Portugal. Porém, foi em época remota, anos cinquenta do século passado, pelo que a narrativa pode padecer de alguma imprecisão. O homem em questão chamava – se António Pessoa e era natural da zona de Carapinheira do Campo, uma localidade compreendida entre Coimbra e a Figueira da Foz. Deambulou por Portugal inteiro, errante, com especial incidência no centro do país e dele se dizia ter alegadamente assassinado por motivos fúteis catorze pessoas. Porém, este número de vítimas carecia de confirmação. O homem, que durante longo período de tempo sempre conseguiu fugir às autoridades, de assassino virou quase lenda aos olhos de uma população aterrorizada e que até lhe atribuía crimes que não cometeu. Vivia - se num reino de fantasia e até havia quem jurasse a pés juntos que o criminoso teria assistido ao funeral da mãe empoleirado no ramo de uma árvore, sem que a polícia ou qualquer popular o tivesse avistado. Naquele tempo, a Polícia Judiciária não tinha naturalmente os meios de que dispõe hoje e teve grande dificuldade na sua captura. Inclusivamente, foi distribuída pela população do país, com especial incidência nos camionistas, o retrato do temível Pessoa e de uma particularidade que tinha - além de baixa estatura, arrastava uma perna, uma disfunção motora que não passava despercebida. Um dia, constou que se encontrava escondido na Mata do Choupal  e foi uma preocupação em Coimbra. O Mestre Florestal e a mulher, que viviam isolados numa casa no fundo da Mata, porque os filhos já tinham partido para as suas vidas, passaram por momentos angustiantes, com a casa fechada a sete chaves e a pistola distribuída inerente à função, pousada no travesseiro do leito. A Mata foi batida exaustivamente pelo Mestre e Guardas Florestais e outros agentes na procura de vestígios, mas mais uma vez era falso rumor. Mas um dia a sorte do criminoso mudou. Um camionista, ao passar numa estrada secundária alentejana, viu um homem de baixa estatura e andando com dificuldade pela berma da estrada. Alertado que estava fixou – o bem e suspeitou ser o homem procurado. Mais à frente, alertou as autoridades de uma povoação próxima, que foram verificar e nem queriam acreditar que a suspeita era fundada. O homem mais procurado de Portugal era realmente aquele. Montado o cerco, rápido foi capturado sem oferecer resistência. Mais tarde veio para a Cadeia Penitenciária de Coimbra a aguardar julgamento. Na primeira sessão, o portão de ferro do Palácio da Justiça de Coimbra rebentava de populares a aguardar a chegada do criminoso. Uns, porque queriam fazer justiça pelas próprias mãos. Outros, porque queriam ver com os seus próprios olhos aquela lenda negra. A chegada da carrinha – celular não foi pacífica. A polícia fez um cordão de segurança para que o preso não fosse agredido. Porém, no meio da confusão, um popular conseguiu ficar cara a cara com o facínora e chamou-lhe assassino. António Pessoa olhou – o então friamente tentando fixar-lhe o rosto e disse: “estás marcado, quando eu sair da prisão ajustamos contas”. Em grande burburinho, o preso entrou então cercado pela polícia em tribunal. Foi condenado a uma pesada pena de prisão. Um dia saiu, já debilitado. Toda a sua agressividade se tinha diluído no tempo de cárcere e rumou à terra – natal – Carapinheira do Campo. A sua chegada não trouxe qualquer alvoroço na população. Os mais idosos, que o conheciam dos seus terríveis crimes, quiseram distanciamento. Os mais novos, que não sabiam do seu passado, ignoraram-no. Surpreendente sim, foi ter conseguido trabalho na extinta empresa de camionetas de transporte de passageiros “Moisés Correia de Oliveira” ali sediada e hoje extinta, onde com um pano na mão e uma mangueira lavava camionetas. Diz quem o conheceu, que era cordato e nunca levantou qualquer problema. Quem não soubesse, jamais desconfiaria de um homem que trouxe o país num sobressalto. Um dia morreu, sem que merecesse do “Diário de Coimbra” qualquer nota de rodapé. Afinal já tinham passado muitos anos sobre os factos que o jornal coimbrão acompanhou, com especial relevo no relato dos acontecimentos à porta do Tribunal de Coimbra.
QP
    

sexta-feira, 6 de março de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - PINTURA

       José da Costa
   
A Tormenta- acrílico sobre tela, 70x50, em exposição em Vila Nova de Paiva, no Auditório Municipal Carlos Paredes.

quinta-feira, 5 de março de 2020

NOTÍCIAS DO CENTRO NORTON DE MATOS CNM

Domingo, 8 de março, é Dia Internacional da Mulher... um bom dia para realizar uma prova com o nome de uma :)
O I Torneio de Ginástica Rítmica Tânia Domingues terá início, para os espetadores, às 09h45, no Pavilhão Multidesportos Dr. Mário Mexia.




No início de 2018, a premiada ginasta do CNM Tânia Domingues terminou a sua carreira como atleta. Pouco tempo depois, numa iniciativa em que foi homenageada, ficou o compromisso, por parte da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, de criar e organizar uma nova prova, com o nome da ginasta. Assim, é com o maior prazer que anunciamos o I Torneio de Ginástica Rítmica Tânia Domingues, a realizar no dia 08 de março, numa coorganização do CNM e da JFSAO, com o apoio da CMC, da FGP e da AGDC. Estão todos convidados/as para assistir à prova e às magníficas exibições de mais de 100 ginastas, provenientes de 20 clubes de todo o país, divididas pelos diversos escalões, e que competirão nas categorias infantil, base e 1.ª divisão! Nota: a entrada no Pavilhão Multidesportos Dr. Mário Mexia será gratuita

quarta-feira, 4 de março de 2020

ANIVERSÁRIO

RUI BARREIROS

04-03-1946

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

segunda-feira, 2 de março de 2020

JOÃO VILLARET (ROSA ARAÚJO) - HISTÓRICO


Este foi um dos sucessos de João Villaret. É da revista "Não Faças Ondas" (1956) e chama-se "Rosa Araújo" (José Gregório de Rosa Araújo foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e foi durante o seu mandato que se lançaram as obras da abertura da Avenida da Liberdade, em 1879). Tanto este como um outro sucesso da mesma revista,"Santo António", viriam a ser proibidos pela Censura do Estado Novo no disco então editado. Este e muitos outros de João Villaret podem ser vistos e ouvidos no YouTube

Sugerido José Afonso Costa