domingo, 28 de fevereiro de 2021

ANIVERSÁRIO Zé Afonso

JOSÉ AFONSO FERNANDES COSTA

28-02-1943

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

ANIVERSÁRIO Milita Ferreira

EMILIA MOUTINHO FERREIRA

                    MILITA

28-02-1946

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

ANIVERSÁRIO

JOSÉ HENRIQUE OLIVEIRA

          BOBBYZÉ

26-02-1948

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES !  PARABÉNS!


 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Tuna no Restaurante de São Pedro CorvalAdega do Cachete-Alentejo

ANIVERSÁRIO Maria Jesus Neves

MARIA JESUS NEVES

      MARICOTA

24-02- 1948

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES! PARABÉNS!

                              
 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

domingo, 21 de fevereiro de 2021

IR Á GUERRA...PARTI E VOLTEI...Tento cumprir as instruções governamentais de ficar em casa no meu estatuto de reformado.

 


IR  À GUERRA …

 

Um dia parti e um dia voltei. Voltei da guerra e vim são e salvo. Agora regressei de novo à guerra. Tenho a desvantagem de não conhecer o inimigo e desconfio em cada esquina do meu semelhante que se cruza comigo. Tento cumprir as instruções governamentais de ficar em casa no meu estatuto de reformado. Mas as necessidades mais básicas como a alimentação e medicamentos, fazem-me pisar o campo de batalha. Tal como os lobos que descem ao povoado na procura de comida, é preciso partir. Como outrora eu ajustava as cartucheiras, a ração de combate e a metralhadora, agora ajusto a máscara, ponho os óculos na cara e calço umas luvas descartáveis. Meto o carro no subterrâneo do Supermercado. Entro no elevador e toco no botão com a ponta da chave do automóvel. Depois, pego num carrinho para acomodar as compras e começa o pesadelo. Mas onde raio encontro a embalagem da manteiga magra? Eu ia jurar que os ovos estavam ali !!!

- Óh menina … desculpe … onde é que eu posso encontrar um pacote de arroz “Carolino” ?  

- Olhe, o Senhor vai por este corredor, depois vira à esquerda, depois à direita e 10 metros à frente, outra vez do lado esquerdo encontra a prateleira dos “arrozes”.

E o caminhante que sou eu, lá vai a empurrar o carro das compras com cara de penitência. Maldita lista de compras que nunca mais acaba, ainda me falta a prateleira das hortaliças mas eu desconfio que sei onde é e até acertei, estou orgulhoso comigo mesmo.

- Óh menina …desculpe … onde posso pesar esta curjete ?

- O Senhor esta confundido, isso não é uma curjete é um pepino …

E agora … como encontrar os sumos de laranja do Algarve?  

- Óh menina … desculpe … onde é que eu posso encontrar os sumos de laranja do Algarve?  

- Óh Senhor … olhe-os aí mesmo em frente do seu nariz…

 Resmungo, ajeito a máscara no nariz e prossigo a Via Sacra. Caraças, que isto agora vai complicar – se ainda mais. Eu sei lá onde é que estão os rolos de papel higiénico e o detergente para a máquina de lavar louça???!!!.  

- Óh menina … desculpe … onde é que eu posso encontrar o papel higiénico?  

- Olhe, aqui não de certeza, que o Senhor que está encostado à vitrina dos congelados …  

- Então e o detergente da loiça ? …

- Olhe é exatamente no sítio oposto, tem que ir ao outro lado do supermercado... 

E isto tem tudo para continuar a correr mal e acho que nem com uma bússola encontro a lixivia. Admito que estou esgotado, levo o carro das compras numa correria, pago a mercadoria à pressa à menina vestida de verde que é muito simpática e desço ao subterrâneo na procura do meu meio de transporte. Atiro com as compras para o porta – bagagens e confiro o papel amarrotado que tiro do fundo do bolso das calças e que me foi dado em casa e … upssss … esqueci -me dos iogurtes e do queijo fatiado !!!

Kito Pereira          

sábado, 20 de fevereiro de 2021

ANIVERSÁRIO - Jean-Yves Soguet

 

JEAN-YVES SOGUET

20-02-1947

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

JOYEUX ANNIVERSAIRE!

PARABÉNS!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

DIA CINZENTO

 Também gosto de um dia cinzento. Daqueles em que não preciso de sair à rua, não preciso de olhar constantemente os ponteiros do relógio, nem de me preocupar com o pão fresco... Como é bom ter o lume aceso, ter pó de café para pôr na cafeteira que fumega, pão endurecido para espetar no garfo e torrar ao calor das brasas! 

Agora, por falta de agilidade das mãos, já não dá para fazer mais umas luvas de cinco agulhas para oferecer aos netinhos, nem para tricotar uma nova camisola; também já não tenho a tia para me levar ao tear, senão ia cortar tiras de tanta roupa gasta... Pronto, este dia cinzento vai ser deliciosamente vivido! Em vez de lareira, tenho braseira eléctrica no estrado da camilha, a cafeteira expresso espuma a chávena de café, a torradeira solta torradas amarelas e quentinhas e eu, se já não seguro tão bem como antes a caneta, posso teclar as palavras no computador ou folhear aquele livro que tanto gosto de ler... Posso encostar a testa à vidraça e, de chávena, na mão a perfumar o ar, posso olhar aquele tempo de menina a correr para a escola de saquinho de livros a tiracolo sobre a bata branca e um caldeirinho de brasas suspenso das mãos. Aquele caldeirinho feito duma grande lata de atum presa por um arame aos dois furinhos que o tio lhe fizera... Também posso ver os perus da ti Laura a correr ao meu encontro para me picarem e eu a correr a chamar-lhes feios...; Ver a ti Zefa a descer as escaleiras com a vianda pronta para dar ao marrano guardado na cortelha... Ai!, como é bom viver este meu dia cinzento, de chuva e de lembranças!...

Georgina Ferro

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

ANIVERSÁRIO Ana Maria Pera Roque

ANA MARIA PERA ROQUE

15-02-1947

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

domingo, 14 de fevereiro de 2021

ENCONTRO COM A ARTE - POESIA

 A CASA


Na casa em forma de coração não há teto nem chão.


O vento vindo de Espanha passa,

Não há janela nem vidraça.

A parede fecha-se do lado norte

Qual barreira contra o vento forte.


Na casa em forma de coração não teto nem chão.


A varanda abre-se ao sol e ao sul

Mostrando os campos verdes e o paúl.

A oeste ergue-se o granito imponente

Nas paredes escorrem lendas da gente.


Na casa em forma de coração não há teto nem chão.


Há muito esvoaçaram cortinas,

Noites passaram e manhãs de neblinas,

Na pedra ficaram gravados tempos e memórias

Que vou desfiando e acrescentando estórias.


Na casa em forma de coração não há teto nem chão!

Yasmine Koute(Guilhermina Leão)


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

ANIVERSÁRIO Carlos Costa Freire

CARLOS COSTA FREIRE

12-02-1949

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

COIMBRA DE OUTROS TEMPOS Comb´pio da Lousã

 Esperando que a automotora do ramal da Lousã passe pela Portagem( para recordação)...



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O TI´JOÃO Texto de Kito Pereira

 


O TI´ JOÃO …

 Naquele espaço, junto da austera Sé de Castelo Branco, olhamos a praça. Um local airoso, de casas caiadas e modestas. Também do pequeno comércio de proprietários à porta de mãos atrás das costas, na espera da entrada do cliente apetecido. E acolá, naquela fileira de habitações de tetos baixos, uma pequena entrada de portadas verdes. É ali a taberna do Ti´ João. Lá dentro, o pequeno compartimento é escuro. Um balcão corrido e acanhado e uma prateleira onde repousam algumas garrafas de vinhos e licores. Também um busto de barba e faces rosadas na recriação de Rafael Bordalo Pinheiro numa pose sugestiva e uma inscrição na base:  SE QUERES FIADO TOMA !!!.  E, do lado de lá do balcão, um homem. Um homem já de idade simpática, de baixa estatura num rosto bondoso e bonacheirão. A barriga é proeminente e vai falando como estivesse cansado. Fala baixo, a medir bem as palavras, como se tudo o que dissesse tivesse o rótulo de confidencialidade. Naquelas tardes de verão, por vezes eu entrava naquele seu mundo. O café ou a ginjinha obrigatória para dois dedos de amena conversa. O Ti´João taberneiro, para além de ganhar a vida a vender copos de vinho, tinha também no folclore o amor de quem gostava das voltas e reviravoltas da dança. E foi nos ensaios do Rancho Folclórico de Juncal do Campo que o conheci. Apesar de leigo na matéria, cedo percebi que era um homem que sabia daquela vertente da cultura popular. Nos ensaios era perfeccionista e repetia as modas e as danças até à exaustão. Pese o seu coração mole, era respeitado por cantadores e dançadores. E pelo grupo de tocadores. Nunca o tambor, a concertina, o reco – reco ou a pandeireta se rendiam no esforço que era exigido pelo Ti` João. E foi assim que tive uma simpatia crescente por ela. Sempre que passava junto ao seu pequeno estabelecimento em tardes de calor, era obrigatório entrar e conviver com um homem simples e cordato, grande na sua dimensão humana e de fiel seguidor das tradições culturais de um povo que devem ser preservadas. Falava-me sempre com entusiasmo nas deslocações do grupo a festivais de folclore e dizia-me no meio de mais um brinde de uma taça de vinho branco ou de uma aguardente – velha que eu sempre fazia questão de pagar:

- Amanhã, no Ladoeiro, vamos entrar a todo o gás e arrasamos com a concorrência …

E eu, já na soleira da porta,  lá lhe ia dizendo:

- Pois amigo João, com a “Dança da Tranca” vamos rebentar com eles …

Então ele ria e eu a acenar - lhe partia …

Quito Pereira         

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

ANIVERSÁRIO Vasco Águas

VASCO ANTÓNIO CANHÃO ÁGUAS

09-02-1945

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

domingo, 7 de fevereiro de 2021

AMOLA TESOURAS-Texto de Georgina Ferro

 O amola tesouras

Hoje está um vendaval e chuvada que mais parecem de plena invernia!

E lá vou eu para os tempos de antanho e para aquela aldeia raiana da Beira Alta onde havia muito cansaço, preocupação em granjear o pão de cada dia, tarefas intermináveis ao longo de todo o ano, tendo sempre o seu fulcro na cozinha, ao redor da lareira.

Num dia assim, como o de hoje, ventoso e a acarretar cordas grossas de chuva, o capador, ou seja o amola-tesouras, para descanso dos garotos que fugiam dele a sete-pés, sabe-se lá porquê,  parou de andar rua abaixo rua acima com o carrinho de madeira e rodas de bicicleta, onde acarretava a roda de afiar as facas para as matanças.

Enfiou-se na gruta da árvore frondosa, que já não existe, mas que eu juro a pés-juntos existia a uns metros da entrada principal da igreja, onde poisou o seu banco de meia lua tripé, tapou-se com uma saca de serapilheira, para não ficar “arreganhado”, (é que ainda não havia plástico para o proteger), e vá de “curar” as varetas dos muitos guarda-chuvas que se haviam voltado e entortado com o vento, ou fazer delas, se já não tivessem conserto, um jogo de cinco agulhas para fazer as meias de algodão.

O ti João Reino, o meu vizinho de coração de oiro, não se conteve e foi chamá-lo para debaixo da "alpendrada" da lenha, pois sempre seria menos desconfortável.

Depois foi um corropio de gente, garotas, mulheres, homens..., nada de rapazitos, a esses ninguém lhes punha a vista em cima, enquanto o capador andasse por ali!. Vinham trazer-lhe mais e mais serviço, é que, para além de capador, amolador, consertador de guarda-chuvas também “gateava” peças de loiça, que por serem muito caras, não se podiam deitar fora só por terem uma ou duas rachadelas: ora eram travessas do serviço, ou o penico da mesinha de cabeceira, a caneca do vinho, o prato grande do arroz doce...que ele costurava com arame depois de ajustar bem cada caco, com cola que apanhava do tonco de algumas árvores.

E, nessa noite não arredou pé lá do curral! Para maior castigo os caminhos ficaram intransitáveis e, na maior parte lembravam mais pequenos ribeiros do que caminhos de regresso a casa. 

Ai, ai!, estou a mentir, porque ele teve de se abrigar na loja das vacas, depois de ter ajudado a cavar uma vala funda para a água correr à volta das paredes da casa....

Georgina Ferro


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

FOTOS DE ARQUIVO PARA MAIS TARDE RECORDAR...ACADÉMICA DE COIMBRA - FUTEBOL

De é: Branco, Prates, Brás, Diogo, Hipólito e Azeredo

à frente: Melo, Pacheco Nobre, Garção, Nana e Bentes


Assinaturas dos jogadores

 Enviado por Alfredo Moreirinhas

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

SÓ FICAVA O FURO... TEXTO DO PROFESSOR ANTONINO SILVA

 Só ficava o furo


O que têm a ver as caminhadas, a tragédia de Beirute e o blog de viagens do Sapo?

Li isto algures e não conseguirei citar, mas a ideia principal era esta: nas redes sociais (destacando-se o facebook), a população mundial que partilha esta rede está apenas a quatro cliques de amizade. Quer isto dizer que, quando consultamos os amigos de um amigo nosso e depois continuamos e fazer o mesmo a cada um dos amigos desse amigo do nosso amigo, ao fim de quatro pesquisas teríamos descoberto todos os usuários desta rede. Porém, atente-se, seria necessário voltar atrás e fazer sempre o mesmo por cada pessoa, uma vez que as redes de amigos se constituem em expoente variável, sendo muitos deles elevados a cinco mil (o número máximo de amigos). Assustador, não é? Contudo, como o povo diz, as palavras são como as cerejas e isto anda tudo ligado. 

Se dúvidas houvesse, os episódios vêm confirmar esta visão metassistémica do universo sem necessidade de entrarmos em fatalismos ou teorias da borboleta. Este, em particular, é muito recente e relaciona-se com as atividades de caminhada que tanto me agradam e tantos amigos me granjearam. 

A barragem do Varosa, em Lamego, tornou-se famosa recentemente nos grupos de caminhadas depois de um artigo no blog de viagens do Sapo, porque apresenta, na margem esquerda, já a jusante do paredão, uma escada mítica, com 360 degraus, que confere ao cenário um foco de atração para caminheiros, e não só. A barragem não é muito extensa nem muito alta (tem 213 metros de comprimento no coroamento e 76 metros de altura acima do terreno natural), mas surge encaixada numa garganta que lhe dá um fascínio natural, principalmente se a observarmos do leito do rio, do lado de Sande. Na década de 30 tinha-se iniciado a construção e, apesar de em 1936 já estar em funcionamento, só em 1976 é que a EDP começou a tirar o máximo proveito, depois da construção dos tubos adutores e da central elétrica adjacente. 

Ao comentar os planos de abordagem a este espaço numa caminhada futura, um ancião de 96 anos, que me ouvia, recordou-se da sua contribuição para a construção, ainda rapaz imberbe.  

Os subempreiteiros da obra não eram, propriamente, pessoas de escrúpulos e, em busca de um maior lucro, procuravam expedientes, sendo o mais recorrente a procura de explosivos mais baratos. Como o controlo estatal era remoto, por cada tonelada de pólvora legalmente adquirida, compravam outra tanta em mercados paralelos, a preços muito mais acessíveis. Contudo, havia sempre um risco enorme de a GNR descobrir este tipo de tráfico e levar de cana fornecedores e compradores.

Ora o pai desse jovem tinha um caseiro na Quinta das Torres que juntava aos rendimentos da terra os lucros do seu engenhoso sistema de fazer pólvora negra. Em vez de usar o nitrato de amónia para adubos, como seria de esperar, preferia usá-lo para misturar carvão moído e outros produtos acessíveis para fazer pólvora, que vendia a bom preço para a barragem. Esse caseiro contratava o filho do dono da quinta para levar, semanalmente, um lote de 25 quilos e, juntamente com o que ele levaria, dava para fornecer a meia centena de quilos que tinha acordado com os subempreiteiros. Esse filho do patrão é agora a pessoa que me conta a história.

De Moimentinha até Balsemão, os carregos tinham de ser discretamente transportados, às costas, dentro de taleigas de farinha, envoltas em sacos de serapilheira. Aproveitam-se os dias de mercado (as quintas-feiras) para, disfarçadamente, seguirem como mercadores de batatas ou algo parecido, por caminhos escusos e atravessando o rio a vau. Mas as coisas podiam correr mal, se os guardas se mostrassem mais curiosos ou desconfiados do que o costume. E isso atormentava o cachopo, que questionava o João Luís sobre esse risco e como conseguiriam não bater com os costados na prisão.

Então, muito pausadamente, o adulto explicava-lhe que cada saco tinha um buraco bem largo no fundo e se a guarda se aproximasse, bastaria puxar um atilho, que ele se abriria, deixando cair o pó à medida que avançavam. Assim, a prova ia com o vento. 

E terminava a preleção com uma frase lapidar: - E reza a Deus para que o guarda não esteja a fumar!

Antonino Silva


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

ANIVERSÁRIO

 ALFREDO MOREIRINHAS

01-02-1947

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

***

HOJE FAÇO ANOS

Não sei porquê, ou talvez por estar há 11 meses em confinamento, lembrei-me da minha primeira PAIXÃO:

A tenda do circo parecia-me enorme. Colorida, 
atraía-me compassivamente. Para ver a Mimi Codonis.
Fascinado, a primeira vez não consegui desviar os olhos da figurinha frágil, magra, de saia pequena que mal lhe tapava as ancas. O rosto, as pernas, os braços, de um branco nacarado. A boca redondilha, muito vermelha e os olhos azuis debruados a preto. Uma boneca. Uma Deusa!...
Balouçava-se no trapézio, voava, mesmo sem asas, à minha frente.
Depois, todos os dias, procurava fugir aos olhos do segurança, do porteiro e dos outros artistas que circulavam à volta das roulotes, só para a poder contemplar.
Sonhava com ela todas as noites.
Imaginava-me a seu lado, para sempre.
Não podia suportar a ideia de que ela iria deixar-me, no dia seguinte, quando o circo deixasse a cidade.
Peguei numa pequena mala e juntei algumas roupas. Iria com o circo.
Iria fugir para não me separar da minha Mimi Codonis.
- Eh! Bebé, onde vais com essa mala?
A Norvinda apanhou-me.
A malvada, sempre à porta, a dar fé.
Pegou-me pela mão e levou-me para casa.
Tinha 5 anos e a minha primeira grande paixão tinha sido contrariada.
(Alfredo Moreirinhas)
...
PS: Soube através do Google que a Mimi Codonis morreu aos 65 anos.