sábado, 6 de junho de 2020

ANDAR NA LUA ...





Buzz Aldrin ...

O homem era franzino e arrebatado. Chefe de um serviço público, não tinha grande vocação para a função. Só estava bem onde não estava e aquele martírio de estar atrás de uma secretária atafulhada de papéis punha-o doente. Decididamente, gostava de liberdade. Dotado de uma mente febril, em tudo arranjava um caso. Talvez por isso fosse olhado de sobrancelha franzida pelos seus inferiores hierárquicos, que achavam que ele era chefe mas pouco. No fim do dia, um funcionário entrava no seu gabinete com um molho de documentos na mão para ele assinar – coisa enfadonha. Então o chefe que era pouco, nem se dava ao trabalho de ler o que assinava. Ia tudo de cruz e pouco se importava com as matérias mais relevantes. Vivia num mundo de ilusão, para quem já tombava para as seis décadas de vida. E naquele ano de 1969, deu-se um acontecimento histórico à escala global. Na corrida à lua entre americanos e russos, foram os homens de Nixon que venceram. E a Apolo 11 lá partiu com Armstrong e os seus pares em direção ao cobiçado satélite da Terra. A aventura mexeu com o engenheiro de profissão travestido e investido na função de chefe. Não havia dúvida, a viagem espacial dera - lhe volta ao miolo. Devorava tudo o que era jornal regional ou nacional e perante os funcionários enfadados, dava explicações técnicas daquela corrida espacial com o à vontade de um perito da NASA. E quando a Apollo já gravitava em redor da lua, o homem dos pensamentos arrebatados passou a noite a olhar para o satélite natural da Terra. E de manhã, quando entrou no Serviço Público, disse na sua mente delirante que tinha visto a nave com as suas luzes cintilantes em órbita à volta do pequeno planeta, agora à mercê dos americanos. Decididamente, aquele chefe andava sempre na lua.
QP   

5 comentários:

  1. Rafael, conforme o combinado aqui fica este texto um pouco ... lunático ...
    Abraço

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  2. Andava sempre na lua...mas a lua não lhe escapou e pisou-a mesmmo!

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  3. Pois ele viu a Apollo às voltas da lua mas não a viu alunar, Talvez por isso, ainda hoje há muita gente que duvida que o homem tenha posto o pé em solo lunar.

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  4. Fizeste-me recordar a minha conversa com um Chefe de Tabanca na Guiné quando naquela noite em que o Homem foi à Lua eu lhe tentava explicar que naquele momento havia um homem a caminhar na Lua.
    Desarmou-me o velho Chefe de Tabanca quando me 'explicou" que ele estava farto de saber disso.

    Segundo ele era Maomé que há muitos anos dali vigiava os homens para os premiar ou castigar consoante se portassem bem ou se portassem mal.

    Ainda hoje fico na lua quando olho a Lua, recordando o velho sábio

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