quinta-feira, 23 de agosto de 2018

AS VELAS DO INFANTE ...





O barlavento algarvio foi um Tempo. Agora tudo mudou. O comboio era ronceiro e de muitas paragens. As pequenas carruagens de um verde esmorecido, atrelavam umas nas outras, como num brinquedo de menino. Em várias das janelas – pequenos cubículos - o rosto alegre de algumas crianças. Depois da longa viagem, ao passar no apeadeiro da Meia Praia, com o areal a espraiar-se para o mar, olhávamos a tez branca do casario da cidade. O comboio apitava, exultante talvez da chegada, depois de tantas horas de carril. A estação era despida de gente. Mas tinha um relógio negro de ponteiros aguçados, que pautava as horas do caminhante. A cidade era, naquela época, quase proscrita. Os turistas e veraneantes preferiam o sotavento algarvio das águas mais cálidas e do calor abrasador. E maldiziam o vento lacobrigense. Porém, esse Tempo passou. Do romântico comboio, apenas é igual o balanço dos carris. As crianças são poucas ou nenhumas. A mala de viagem ou o cesto do farnel são agora substituídos por mochilas encardidas e sujas de tanto caminhar. E as crianças são agora jovens maioritariamente estrangeiros, com o corpo sulcado de tatuagens e de chinelas nos pés. Esfregou as mãos de contentamento a urbe e o seu comércio tradicional. Chorou e chora quem privilegia o sossego das tardes calmas e das noites na penumbra das ruas estreitas. Derrubou-se a muralha de uma cidade acantonada no seu reduto e no respeito dos seus costumes ancestrais. As vivendas e os prédios floresceram como cogumelos. Abriu-se uma Caixa de Pandora que nunca mais se fechou. Transformou-se a cidade e rasgaram-se avenidas. Construíram - se supermercados e abriram-se agências bancárias. Dos destroços, salvaram-se meia dúzia de traineiras, porque o mar generoso é ainda profissão de alguns e a asseada praça do peixe o  bastião das raízes da linda cidade costeira. Pela mão do homem, Lagos vive hoje as vantagens e inconvenientes de um suposto progresso. A cidade está mais viva e alegre. Mas preocupa no que respeita à cobertura hospitalar em caso de uma urgência, por exemplo. Contudo, é de aplaudir o esforço da edilidade na limpeza da área urbana, logo que em época estival a população cresce exponencialmente com a chegada maciça de forasteiros.


Mas se o homem se pode vangloriar das muitas conquistas nesta antiga cidade muralhada no seu encanto de terra de traços medievais, jamais conseguirá argumentos para desvirtuar e contrariar a História, de combater o vento sussurrante que empurrou um povo quinhentista para a saga heróica dos mares nunca dantes navegados. Hoje, olhando estas praias do barlavento algarvio, logo se constata que o veraneante se reconciliou com a matriz da Dança do Vento nos palmeirais. A mim, que com ele dialogo há várias décadas, que tantas vezes fiz dele meu dileto companheiro em tardes de reencontro com a minha própria identidade, é reconfortante ouvir em noites fechadas o seu uivar vindo do ventre do oceano, ou a sua mão leve e amiga a bater-me na vidraça de mansinho, na carícia histórica de um Vento perene. Serão talvez as Velas do Infante a chamar por mim.

Q.P.                 

COIMBRA Vídeo


‎Manuel Luis‎ para Coimbra livre e aberta a todos....saudades, recordações...memórias

domingo, 19 de agosto de 2018

sábado, 18 de agosto de 2018

NOITES CÁLIDAS....

...TRIBUTO SINGELO AO MEU AMIGO 
REINALDO ELÓI

  O Banco

  Mesmo ao lado da mercearia do Sr Nunes, havia um murete a delimitar o quintal adjacente.
Tinha sido feito em cimento liso em forma de banco onde à noite nos sentávamos a conversar já depois de fechado o café do Sr Silva que era o nosso poiso habitual.
Para ali nos transferíamos a debater os mais inusitados temas.
Embora não me lembre de alguma vez o Sr Nunes, que morava no primeiro andar por cima da mercearia, nos ter pedido silêncio, imagino hoje, tantos anos passados, o incómodo que devíamos causar-lhe a tais altas horas da noite.
O Chico Torreira da Silva e o Pires que moravam a dois passos do outro lado da rua eram presenças habituais.
Juntavam-se inevitavelmente o Elói, noctívago empedernido, eu próprio e às vezes o Nito, o Tó Mané Quaresma, o Feliciano, o Victor Costa, o Afonso, o Zé Alvim...
O Elói era admirador de António Botto e defendia-o intransigentemente, mau grado as piadas que lhe dirigíamos em face da assumida homossexualidade do escritor e poeta.
Eram outros tempos em que a homossexualidade era "doença" e não, como hoje, uma opção.
O Elói, cuja masculinidade obviamente não estava em causa, bem argumentava com a excelência da escrita de Botto que, em seu entender, sobrelevava quaisquer considerações de ordem ética.
Não era fácil, naquele tempo, lutar contra a moral dominante que o Estado Novo impunha.
Por isso sempre admirei e considerei o Elói como um homem de forte personalidade que ainda hoje é.

Rui Felício
Nota: publicado no blogue com a autorização do Rui-que publicou no facebook

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

RECANTOS DE COIMBRA Montarroio

   Rua de Montarroio-ínício

    Rua de Montarroio em direcção-Esuerda- Rua Pedro Rocha-Rua  Rui Nicolau                Fernandes-à direita para o Pátio da Inquisição
    Travessa de Montarroio
   Beco escadas de Montarroio

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Jardinszinhos de Montreal

Montreal brilha pela beleza de jardins que nos apresenta, pois os propietários gostam muito de dar o seu toque pessoal na arquitectura das suas obras primas, nem que para tal tenham que criar ou comprar artigos para exporem no local. Nalguns casos vão ao ponto de contratarem estilistas para lhes criar a arquitectura do jardim ou mesmo fazerem o jardim na sua totalidade.
De notar que para apresentar estas melhorias nos jardins, muito conta o sistema de segurança pública criado pelas cãmaras em apoio às leis que evitam o roubo.

ANIVERSÁRIO

CARLOS CARVALHO

16-08-1951

Nesta data especial....

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

CURIOSIDADES - O SOPRO DO CARVALHO...AQUI... E MAIS À FRENTE às 00h01 do dia 16!

ANIVERSÁRIO

CARLOS VIANA

15-08-1944

Nesta data especial....

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

ANIVERSÁRIO-

PEDRO MADEIRA DA FONSECA

15-08.1951

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

terça-feira, 14 de agosto de 2018

domingo, 12 de agosto de 2018

ANIVERSÁRIO

SUZANA MARIA REDONDO

12-08-1946

Nesta data especial....

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

sábado, 11 de agosto de 2018

Bezt

Bezt é um dos trabalhos da equipa Etam Cru originária da polónia que se dedica à pintura de murais que ocupam vários andares em altura. Baseiam-se em contos de crianças que dão vida a prédios de aparência degradada. Estiveram presentes no Festival Inernacional de Arte Pública de Montreal que se destina a propagar a creatividade e a democratizar a arte urbana. As suas obras encontram-se espalhadas um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

BAIXA DE COIMBRA - COMÉRCIO....MÃE E FILHA - CURIOSIDADES


 BRIOSA-mãe- diurna
    Briosa mãe - nocturna
-
   BRIOSINHA- filha - diurna
   Briosinha  -  nocturna

ANIVERSÁRIO-

JOSÉ FERRÃO

10-08-1948

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

SEPARADOR POÉTICO...- ...a propósito do aniversário do A. Adão


                DIA DE ANOS 


Com que então caiu na asneira

De fazer na quinta-feira

Vinte e seis anos*! Que tolo!

Ainda se os desfizesse...

Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!



Não sei quem foi que me disse

Que fez a mesma tolice

Aqui o ano passado...

Agora o que vem, aposto,

Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!



Não faça tal: porque os anos

Que nos trazem? Desenganos

Que fazem a gente velho:

Faça outra coisa: que em suma

Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.



Mas anos, não caia nessa!

Olhe que a gente começa

Às vezes por brincadeira,

Mas depois que se habitua,

Já não tem vontade sua,
   E fá-los queira ou não queira


                                                             João de Deus                                                                                                    

                                                          
* no caso: setenta e um anos!