segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

NOTICIAS DE COIMBRA

Lançamento de Livro  de Poemas - de António Pina- RAÍZES DE MAIO E ANGÚSTIAS no Café da Santa Cruz.

 Entrada dos amigos  de A. Pina, Paulo Moura, Mário Rui e Leonel...com o operador de Cãmara Rafaelito(dispensado do lavacolhos...)


Nota: para além da apresentação do livro por Mário Rui, houve mais poemas lidos  pela amigaAlice Caetano, momentos de música pela Professora Lara Figueiredo em Flauta interpretando músicas de Zeca Afonso e Fados de Coimbra por Vitor Sá, acompanhdo à guitarra e viola.


Intervenção de Celeste Maria na leitura de um poema a pedido de Mário Rui


AS PALAVRAS
A palavra é uma alavanca engrenada numa pedra
No alto da falésia dos rumores acordados
A palavra é uma asa silenciosa e macia
Que nos conforte no alto da brisa adormecida.

Há palavras que teimam em permanecer
Na nossa vida na nossa mente
Como se tivessem raízes autocolantes.
Palavras polidas palavras ásperas palavras frias
Por vezes guerreiras com baionetas na ponta.

Depois há as palavras dos políticos
Palavras eloquentes sonantes e vibrantes
Porém mirradas sem seiva sem substância
Como lombrigas que nos infestam a vida.

Por vezes caminhamos com palavras de sangue
Que ferem a sensibilidade de certas pessoas.
Esquecem porém que essas mesmas palavras
Nasceram no centro das dolorosas chagas
Que nos causaram e que ainda não sararam.

Há palavras que nos deleitam e inebriam.
São as que se vêm que se dizem e que se sentem
Como se fossem o rosto do amor inabalado.

Há palavras que queremos e não voltam
E essas sim condicionam as nossas atitudes.

AS MARGENS DA NOITE
As margens da noite têm portas
Que abertas nos franqueiam poesias
Ditas livres com paixão à luz da lua
E nos envolvem com brumas e melodias.

As margens da noite têm musgos
Macios como gomos de saudade
Que silenciaram passos nos caminhos
Dos que amam com fervor a liberdade.

As margens da noite têm farpas
Que flanqueiam atitudes escarpadas
Daqueles que assumem as ideias
Irremediavelmente transtornadas.

As margens da noite têm remos
E vontade marinheira nos seus braços
Percorrem os mares frágeis das famílias
E só lá encontram lamas e destroços.

As margens da noite têm grades
Nas lezírias claras do pensamento
Onde confinam os cardos e os medos
E onde se plantam as vozes ao vento.

As margens da noite têm dedos
Que procuram a carícia alucinada
Nos rostos mais doridos transfigurados
Das pessoas que vivem do quase nada.

As margens da noite têm homens
Nos abrigos inseguros da incerteza
Que se escondem da vergonha que nós somos
Quando perecem no limiar da pobreza.

As margens da noite têm sombras
Na memória viúva de tão magoada
Dos parasitas que nos infestam a vida
E da vida que de tão infestada não vale nada.

EG

5 comentários:

  1. O lavacolhos anda a precisar de descanso.Tá aqui, tá a ter que ir a mais uma limpeza de pele!
    Com o bombodero de rafavel.Fica de pele eriçada!

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  2. Muito barulho de fundo, mas valeu a boa dicção da Professora Celeste Maria.

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  3. A Celeste Maria tem o dom de declamar. Sempre a gostei de ouvir pela força que imprime ao que lê. Um dia, num almoço de amigos, pedi-lhe o favor de ler "A dança do vento" que eu tinha em arquivo e a Celeste disse-o de uma forma magnífica. No caso desta postagem do Café Santa Cruz, é pena o ruído de fundo que não deixa ouvir convenientemente a prestação da Celeste Maria ...

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  4. É verdade, foi pena o som ter falhado. Também eu aprecio a poesia dita pela Celeste Maria.
    De qualquer forma, deve ter sido um óptimo bocadito de bom convívio.
    Quanto ao livro, sempre foi lançado?...

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