quinta-feira, 14 de maio de 2020

O BOMBO ...





amigos inseparáveis ...

Era uma vez um bombo. Um bombo muito bonito e redondinho. Um bombo colorido que vinha suceder a outro bombo, que tinha desaparecido misteriosamente nas voltas e reviravoltas de uma romaria. Ficou muito choroso o dono do bombo. E não descansou enquanto não arranjou um novo amigo. Lá pelas bandas da Estrela, resolveu o assunto e veio a correr mostrar o novo instrumento aos seus compadres da viola e do cavaquinho. O grande paradoxo é que o Castelão fartava-se de bater no bombo que não se queixava de violência doméstica. Tanto o homem de Penela bateu no bombo, que um dia lhe rebentou a pele. Ficou de novo choroso com pena do seu rico bombo e o bombo também chorou e em lágrimas agarraram-se a chorar um ao outro. Então o Castelão, que tinha um amigo a viver lá palas bandas da Serra, pediu ao Choupalino se lhe levava o bombo para ser tratado na clínica de Lavacolhos. Dito e feito e num dia de calor abrasador, o pajem do Castelão chegou à nova e mui formosa cidade do Fundão onde tinha o cirurgião à sua espera. Ele, com um ar entendido, mirou o paciente e disse que a doença era grave, mas tinha cura. Com o bombo às costas rodou para Lavacolhos e o pajem do Castelão para Castelo Branco e tinto. Dias depois a boa nova: o paciente estava curado e era preciso ir lá busca-lo. Com o coração aos saltos, o pajem de novo rumou à mui nobre cidade do Fundão, onde pagou os honorários ao cirurgião e se selou uma amizade encostados ao balcão do clube desportivo lá do sítio a virar copos de vinho do barril e a comer azeitonas da Beira – Baixa. Dias depois, na Rua Infante Santo, o pajem depositou o bombo renovado nas níveas mãos do Castelão que dava vivas de contente. O pajem, aos pulos, foi pelas ruas do bairro a anunciar a boa nova e foram todos muito felizes para sempre.
FIM

11 comentários:

  1. Surpreendido por esta postagem do Quinto em que a “personagem principal é o BOMBO”, aproveito para fazer a história do DITO!
    Andava eu no Grupo de Danças e Cantares dos CTT com a missão primeira de cantar e mais tarde com a missão de tocar o bombo.
    Mas não me satisfazia um bombo tão pequenino!!!
    Vai daí e aproveitando uma feira de artesanato na Praça da Républica, tivessse comprado um bombo de dimensão maior.
    Passei assim a utilizá-lo nas festas não só do Citado grupo, como também acompanhando a Tuna Meliches nos espectáculos pela Baixa de Coimbra, bem como a partir de 2008 nos Encontro de Gerações.
    Acontece então o imprevisto: no 3º aniversário do EG o bombo foi-me roubado.
    Depois de derramadas as lágrimas foi necessário encontrar o seu substituto.
    E começa aqui a verdadeira história do Lavacolhos.
    Por sugestão do acordeonista do Grupo de Dança e Catares dos CTT, Pedro Fonseca, foi-me sugerido que o comprasse na terra dos bombos, precisamente Lavacolhos, uma Aldeia perto do Fundão.
    Contactado o fabricante o Bombo passados uns dias foi-me entregue em Coimbra por um meu vizinho que trabalhava em Castelo Branco.
    As festas continuaram agora com o famoso Lavacolhos: nos restantes EG, nas gaitadas pela Baixa, nas caminhadas,etc.
    Entretanto teve um percalço, a que o Quito se refere, que foi fazer a substituição de um dos lados do bombo..
    Operação feita em Lavacolhos com a prestimosa colaboração do Quito.
    Entretanto e por ocasião de uma gentil festa que foi feita ao “casal Celeste Rafael” por sugestão do Paulo Moura, foi-me oferecido um novo bombo todo catita.
    Assim o Lavacolhos repousa no museu da Academia de Música do CNM.

    ResponderEliminar
  2. O furto do bombo foi tão traumatizaste que até o poeta escreveu:
    ...
    Na Tuna, Fernando reaparece
    Com a paixão que jamais esquece:
    O seu querido e amado bombo
    Que carrega sempre ao ombro.
    As mulheres, dele não tiram os olhos
    Não do Fernando, mas do bombo de Lavacolhos!
    Aquilo é que é um bombo
    Feito de pele de carneiro e do lombo!...
    Mas Fernando Rafael um dia,
    Acabada a animação
    No meio daquela alegria
    Pousou o bombo no chão.
    Distraiu-se por um momento
    E sem nenhum consentimento
    Aproveita-se logo um sabujo
    Para lhe gamar o dito cujo!
    Ficou triste, desesperado
    Muitas lágrimas ele chorou!
    Andou por todo o lado
    Aos amigos perguntou
    Se alguém o tinha encontrado
    E se por acaso o guardou!
    Para esquecer suas penas
    A todos faz telefonemas
    Muitos e-mails e cartas escreveu
    Mas de nada lhe valeu,
    O bombo nunca mais apareceu!
    Finalmente acreditou
    Que alguém com ele se alambazou!
    De lágrimas nos olhos
    E cansado de esperar
    Acabou por ir comprar
    Um outro a Lavacolhos!
    Diz ele:
    Este agora está bem guardado
    A mim ninguém mo gama
    Vai comigo para todo o lado
    E até o levo p’rá a cama!

    ResponderEliminar
  3. Obrigado POETA!
    O meu Lavacolhos agora no Museu merece bem esta linda poesia...

    ResponderEliminar
  4. Foi tão interessante a minha conversa com o construtor do bombo. Descobri que a malta do Minho acha os bombos de Lavacolhos uma porcaria. Eu bem quis que ele fizesse uma réplica do teu bombo, mas ele recusou-se a fazê-lo porque "a técnica que eles têm para prender as cordas não presta". E lá teve que ser um híbrido...

    ResponderEliminar
  5. Mas é muito maneirinho... E com umas péis maravilhosas.
    Será um filho bastardo do Lavacolhos...

    ResponderEliminar
  6. Como todas as histórias de amor com final feliz.
    Mesmo quando o final feliz se alcança e mais se valoriza quando vários episódios tristes o precederam.

    ResponderEliminar
  7. É mesmo Rui Felício.
    Não tendo "DOM" natural para qualquer outro instrumento (mesmo sendo filho de um músico e maestro), fico muito agradecido ao lavacolhos por me ter acolhido e com ele ter constituído uma relação de amor, apesar das macetadas
    que lhe dou nas delicadas peles!!!
    Agora tem o merecido repouso no Museu da Academia de Música do CNM!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Para quem nunca viu arte a bombar, aqui tem o «Bombolero de Rafael» (adorei baptizar isto, na primeira vez que o Mário Rui das Gaitas desafiou o Rafaelito a acompanhá-lo no Bolero de Ravel.
      Aqui, noutro momento.
      E é sempre bom relembrar o arranjo para bombo e viola de «Traz outro amigo também», de José Afonso, que demos de prendinha à Olga e ao Carlos Viana em Abril de 2016.

      Eliminar
  8. O desaparecido bombo deve ter sido atacado por vírus... 🤔

    ResponderEliminar