domingo, 29 de dezembro de 2013

«A minha primeira vez» - António Pimpão

A primeira vez que andei numa bicicleta teria para aí 6 ou 7 anos.
Foi assim:
Quando era criança e vivia em Quiaios ia pelo menos uma vez por mês com os meus pais a uma das feiras mensais que se realizavam nas redondezas: Maiorca, Ferreira-a-Nova ou Tocha. A finalidade era vender produtos agrícolas ou animais adultos (bois ou porcos) e comprar sementes, alfaias ou animais para criar: leitões ou bezerros.
Num dos dias em que ia à feira da Ferreira com os meus pais, passou por nós o meu padrinho, soldado da GNR, montado na sua bicicleta enorme, roda 28. Ofereceu-me boleia e aceitei, montando à sua frente, no quadro da bicicleta. Foi a primeira vez que montei uma bicicleta.
Arrancámos, ele lá foi pedalando enquanto eu ia todo impante, a caminhar sentado, sem esforço, até que surgiu uma subida. Aguentou a pedalar o máximo que pôde mas não evitou ter que parar para, enquanto fosse a subir, levar a bicicleta à mão. No momento em que parou desequilibrámo-nos e malhámos ambos no chão.
Arrancámos de novo e quando chegámos a nova subida a bicicleta ia perdendo a direção e o equilíbrio, à medida que perdia velocidade. Outra queda.
Novo troço a pé e novo arranque. Até à subida seguinte. Quando o meu padrinho começava a pedalar com esforço e a bicicleta começava a perder velocidade era logo eu quem acabava por provocar o desequilíbrio, inclinando-me para cair. E lá fomos de novo ao chão.
Quando, depois, via nova subida lá ao longe começava logo a preparar-me mentalmente para mais uma queda, pois chegara à conclusão de que cair era a única forma de descer da bicicleta quando esta levava mais do que uma pessoa.
Até à feira foram umas 7 ou 8 quedas. Já ia com o corpo todo dorido e cheio de escoriações nos joelhos e nos cotovelos. Creio que o meu padrinho não ia melhor, pois algumas vezes era eu e a bicicleta a cair em cima dele.
Cheguei à feira antes dos meus pais. Quando eles chegaram e contei ao meu pai o martírio por que tinha passado e que nunca mais queria andar de bicicleta, ele disse-me. É uma pena. O teu padrinho é muito boa pessoa mas tem esse defeito de se embebedar logo pela manhã!
O trauma foi grande. Só aprendi a andar de bicicleta quando tinha para aí uns 15 anos.

António Pimpão

6 comentários:

  1. Gostei de tomar conhecimento desta tragédia ciclista.
    O que faziam as manhãs do padrinho.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  2. Achei graça a esta artigo de António Pimpão. De bicicletas e quedas aparatosas também tive o meu Calvário. Mas nunca parti nenhum osso. Quem se partia a rir era o Cordeiro das bicicletas, por detrás do Hotel Astória, que via a sua conta - corrente a engordar à custa da minha "pasteleira". Memórias ...

    ResponderEliminar
  3. Pois a primeira vez foi quando roubei a bicla ao meu pai(tinha ido de troley p/PSP) e comecei a "viagem" emfrente ao portão do tozé grande(Viegas) entreiao lado da praça dos baloiços mas aparec eu um carros la no fundo e tentei dar a volta para ba rua do "barriga dá horas e não consegui!!!.., pois fui de frente contra a curva e um "furito" que foram dois.., peguei nela e fui a correr por a bicla na garagem e o pior era que o meu entrava ás 5 da manhã na PSP da baixa e antes de ir a pé levei um arraial de porrada!!!.., não sei se o Ni ou o Tozé Couceiro acordaram e famílias, claro!!!
    Fernando AZENHA

    ResponderEliminar
  4. Diverti-me a ler. Coitadinha da criança, na altura ainda não havia balão...

    ResponderEliminar