sábado, 12 de outubro de 2013

Vivências de um imigrante no Canada

Ia eu nesta belíssima pista de ciclismo para a baixa em Montreal,

quando na rua De Maisonneuve, logo a seguir à avenida Mcgill desmontei da bicicleta e prendi-a num suporte no passeio oposto. Atravessei a rua, passei o passeiozinho que a separa da pista e já tinha posto um pé lá dentro, quando vi vir um ciclista em bicicleta alugada de sapatinhos todos engraxados, fatinho a preceito, camisa impecável, gravatinha e demonstrando não estar habituado aos hábitos destes lados porque estava sem capacete, como vai aparecendo um ou outro. Puxei o pé para trás, fiquei novamente em cima do pequeno passeio, noto-o a travar quase em pé e quando ele ia a passar disse-lhe: "I’m sorry”. Noto o senhor com dificuldade em responder, a fazer tregeitos com a boca sem que conseguisse dizer uma palavra, acompanhava-a com abanos da cabeça, um bambolear de ombros, os braços bem esticados até ao guiador e a um dado momento sai-lhe bem claro como um grito: “NÃO FAZ MAL".
Lembrei-me dos meus primeiros tempos no Quebec, só que não havia ainda bicicletas da cãmara para alugar.

19 comentários:

  1. Aconteceu-me algo parecido uma vez em Monte Carlo...

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    1. Estou convencido que vai acontecendo com todas as línguas um pouco por todo o lado, Rui Felício. Umas com mais piadas que outras.

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  2. Não era português. Se fosse, tinha-lhe saído um chorrilho de asneiras.

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    1. No cruzamento a que me refiro acima, ainda não há muito tempo ia para virar e uma imigrante que levava pelo braço uma turista ou récem-chegada, puxando por ela, disse: - Anda de pressa que estes filhos da p..a não têm respeito nenhum pela gente. Há mais, mas não vale a pena estar a enumerá-las todas.

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  3. Encontrar um português em terras canadianas terá sido uma agradável surpresa!
    Continua os teus passeios e a mandar notícias, sentimo-nos bem mais perto!

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    1. O giro, Celeste Maria, foi ter sido inesperado. Não sei quem é o senhor.

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  4. Esta teve piada, Chico. Os Lusos andam por todo o lado ...

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    1. Quito
      Por vezes fazemos maroteiras, como na juventude. Quando cá cheguei, fui a uma loja com a Lucinda e uma senhora explicava à mãe que aqui já não se usavam lenços de pano mas só de papel, pois isto aqui estava muito mais avançado. Não gostei que falasse assim do meu país e como trazia lenços de pano todos vincados, tirei um e comecei a assoar-me sem dizer que era português. A velhinha ficou cá com uma cara...

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  5. Há portugueses em toda a parte. Uma vez, em Telavive, reconheci-os pela linguagem vernácula que utilizam. Atá me assustei

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    1. Também já me aconteceu, Ló. Entre outras, houve um grupo de meninas estudantes do Porto que vieram cá em digressão. Que desilusão.

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  6. Coisas do Altamente.
    Aguenta é o que eu faço com estrangeiros muito AMIGOS que eu tenho por cá.
    Sou feliz e contente por receber meninos do outro tempo como manda a sapatilha.
    Tonitro.

    .,
    Amigos do meu PEITO.

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    1. Só não percebo esta «Amigos do meu PEITO».
      QUEM ESCREVEU esta cena ?.
      Eu não fui.
      Tonito.

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    2. É verdade, Tonito. Por vezes arranjam-se amizades aonde menos se espera.
      Quanto aos amigos, assisti aqui a uma cena que me fartei de rir. Havia aqui um artista velhote muito respeitado tanto pelos colegas como pelo público pois no tempo em que teve um cabaret, lançou vários artistas que hoje são queridos e respeitados. Só que naquele tempo a mafia tinha muita força e com os tempos, ele foi-se tornando amigo de um ou outro mas sempre fora de toda a suspeita. Só que quando um dos mafiosos foi em prisão, um entrevistador perguntou com vós aparentando receio o que pensava da prisão daquele senhor que ele tinha como amigo. O velho saíu-se com esta :" AMIGO... AMIGO... AMIGO NÃO, IRMÃOS... IRMÃOS...".
      Quem começou com a tal frase a que fazes referência, não sei.

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  7. Também passei por situação semelhante...Então eu que falo mal qualquer língua,incluindo a portuguesa,interpelei uma moça,falando uma espécie de francês,com gestos e palavras portuguesas à mistura,em Monte Carlo e ela agarra-se a mim:2 Ah que bom também sou portuguesa mas vivo e trabalho cá." Pronto foi uma alegria para nós e para ela tal como a melhor maneira de conhecer a vida dos emigrantes ali,etc....

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    1. Olinda
      Por vezes também acontecem situações interessantes entre turistas. A minha irmã, numa ida com a escola de assistente social a Paris, debaixo da torre Eiffel viram um senhor que começou a andar muito junto a elas. Começaram a olhar umas para as outras e a dizerem para segurarem as carteiras. O senhor, cujo o nome não me lembro, disse-lhes para não se atormentarem que ele era professor da universidade de Coimbra.

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  8. Postagem interessante sobre rodas!
    A bicicleta também por aqui vai estando mais em uso em algumas cidades.Penso que Aveiro terá sido pioneira com as "bugas"
    As surpresas que normalmente aparecem no estrangeiro quando falamos normalmente o inglês são giras: começamos por exemplo a pedir uma bebida ou uma sandes em inglês e ouvimos: OK, percebi!Pode pedir em português....
    Mas mantém essa boa forma ciclista!
    Um abraço

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    1. Rafael

      É verdade e por vezes metemo-nos numas sem saber como. É preciso ver, que nesta província se tirarmos Montreal, um grande número de pessoas sabem falar inglês mas quase nunca o usam e naqueles para a nossa idade, é quase uma afronta. Logo no princípio, numa ida à cidade do Quebec, havia lá uns milhares de motards e era difícil furar num restaurante. Fui ao balcão de uma bar e pedi ao barista o que precisava. Eles lá falam um francês com uma entoação mais pronunciada e o jovem que me estava a servir tinha dificuldade em me compreender. Resolvi pedir-lhe em inglês para o ajudar. Quando reparei, tinha os cliente contra ele pois o pobre tinha-me forçado a falar inglês.
      Quanto ao pedir em português, uma vez num restaurante em Toronto, estavamos a falar sobre o que pedir e a senhora disse-nos que podíamos pedir em português, porque ela também era portuguesa.
      No que respeita à bicleta, vou fazendo passeios com ela pois bem preciso. Qualquer dia vou pôr uma foto dos aparelhos que há em certos parques ao ar livre, para que as pessoas possam fazer manutenção.

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    2. Quando no meu comentário acima das 3:54AM digo: "É preciso ver, que nesta província se tirarmos Montreal", é porque em Montreal quase todos falam francês e inglês. Como as pessoas estão habituadas a responder numa dessas línguas sem refletirem, tem sido um maná para os advogados. Estão imensos ao serviço da ONU.

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  9. Uma curiosidade daqui. Houve hoje uma corrida de remos com abóboras em pleno rio, na vez de barcos. Foram vinte concorrentes e as abóboras antes de lhes terem tirado o miolo, andavam um pouco acima dos quinhentos kilos cada. Isto é que foi uma de abóboras...

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