sexta-feira, 14 de novembro de 2014

MARIA ...


Nesta rua, nasceu a povoação de Juncal do Campo. Também a Maria Forneira. Infeliz na vida. Infeliz na morte. Infeliz nos amores. A rua perfila-se entre duas margens, balançando entre a espuma alva da caliça, na esperança de melhores dias, e no perfil austero do crepitar da ruína. Afinal, a vontade e a saudade de partir, ao encontro de quem já partiu ...
Quito Pereira 

19 comentários:

  1. Também eu balanço, sobre a autoria desta foto. Apenas, duas hipóteses: São Vaz ou Daisy Moreirinhas. Parece-me, mas apenas desconfio, que é a segunda hipótese. Mas a foto foi retocada por mim, por forma a se enquadrar completamente no conteúdo da prosa. Esta é a minha homenagem a Maria Forneira, que conheci pessoalmente. A foto, fica assim sem autor. Ressalvo porém, que a foto está praticamente intacta, em relação ao seu original. Apenas um ou outro pormenor sem expressão e irrelevante, foi omitido nesta tela crua.

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  2. Juncal do Campo nasceu nesta rua?
    Juncal estende-se para cá, ou ao fundo vira à direita...
    Deve haver uma explicação para este nascimento!
    Mas está bem, se tu dizes é porque sabes e se sabes explica.
    A Maria Forneira, claro que nasceu numa destas casas.
    É um texto simples, mas que tem a tua marca!
    Quanto à fotografia, seja da São ou da Daisy é para além de uma boa foto...uma imagem que desafia a história. Foi aqui que nasceu Juncal do Campo!

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  3. Foi, Fernando. Foi exatamente aqui, nesta rua estreita, que nasceu a aldeia. Maria Forneira, morava numa destas portas , do lado esquerdo da rua, tal como a observas. Ao fundo, a rua bifurca-se.

    Para a esquerda há uns quintais e "chãos" de oliveiras. Para a direita, vais ter ao casario do "fundo do povo", ou seja no sopé do monte, uma vez que a aldeia se espraia por um morro. Há o "cimo do povo", o "meio do povo" e o "fundo do povo". Não sei qual a explicação para a aldeia ter nascido ali, mas presumo que era lá a zona mais plana e onde existiam as quintas e terras de cultivo. De mais fácil acesso, portanto. Ainda hoje, descendo a aldeia, vemos pequenos quintais, mas os terrenos mais extensos e de cultivo, estão no fundo do povo.Talvez seja uma explicação lógica.

    Da Maria Forneira, explica-se a sua profissão de andar de volta do forno, cozendo pão e iguarias em tempo de festas. A sua vida, seria um romance que jamais contarei. Há coisas que se fecham a sete chaves, com a religiosidade venerada de um Sacrário. Respeito isso, como lembro esta mulher, que pobre era, infeliz foi, e pobre morreu. Aqui lhe deixo este meu modesto tributo. Mais não digo.
    Abraço

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  4. O "fundo do povo" é uma expressão que leva a leituras bem curiosas...

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  5. ...se fosse no "fundilho" do povo outro galo cantaria!

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  6. Respostas
    1. Dom Rafael e Sãozita,
      Vê-se mesmo que vocês são citadinos. Em quase todas as povoações existe um "fundo" ou "baixo". E sabem porquê? Para se saber que não é no "cimo" nem no "meio".
      Tenho de vir eu lá da terra dos murcões para vos explicar estas coisas!

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    2. Já a minha mãe em Penela me dizia: vai ao fundo da Vila chamar o teu avô para vir almoçar!!!
      Como me cansava muito, comprei uma corneta tipo cornetim de barro na feira de São Miguel e combinei com o meu avô que lhe dava três toques de cornetim, sinal que tinha chegado a hora de almoço!!!
      O rapaz tinha esperto no cabeça!

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    3. E bom que as terras tenham fundo. O BES, por exemplo, deveria ter e não tem...

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    4. Dom Rafael, a cornetim lá te serviu, na falta do "lavacolhos".
      Sãosita,tens razão, é um poço sem fundo, ou melhor, com um fundo desconhecido.
      E ninguém vai preso? Nem quero acreditar...

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  7. A foto é, de facto, da Daisy, mas a tua legenda dá-lhe muito mais valor!

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    1. Pouco lhe adianta. Se ele nem os textos paga, querias que pagasse uma foto? Diz à Daisy que esqueça isso...

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    2. A Daisy não é " mercenária" como vocemecês!
      Nunca exigiu ajudas de cus(t)po!

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    3. Pois é, aqui como em qualquer outro lugar, a falta da capacidade reivindicativa de alguns colaboradores, dificulta a justa luta de outros. Até um dia, te garanto! Digo eu...


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  8. Em três linhas apenas, descreve-se o nascimento de uma aldeia numa rua que balança entre a caliça e o crepitar da ruína.
    Pelo meio, como que a talhe de foice, o nascimento da Maria Forneira, sua vida e morte, numa homenagem que se fica, por respeito à homenageada, pelos contornos da figura sem lhe aprofundar defeitos ou qualidades.
    Que bonito texto, Quito! Parabéns.

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  9. Voto no teu comentário! A foto/texto bem o merece!
    Não sei o que o Tonito lhe vai dizer pessoalmente no domingo.Não sei se cá estarei para poder assistir à conversa!
    Depende do tempo!

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  10. Sempre a aprender. Nunca pensei que uma rua parisse uma povoação!!!
    Linda foto, com o sol a iluminar neste tempo tão chuvoso.

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