Começámos nos finais da Primavera de 1973, os preparativos administrativos para essa cerimónia, que se previa realizar em Coimbra, com a presença dos habituais amigos da nossa adolescência mas igualmente com alguns colegas Franceses da Elisabeth.
Eu tinha regressado de Angola em Fevereiro e a Elisabeth já era Professora Primária há 4 anos!
Rebeldes que éramos, não apreciámos lá muito o vestido de noiva que a Mãe dela nos oferecera! Sonhámos sempre evitar rituais religiosos. "Peace & Love" era o fundamento que mais nos convinha! Tínhamos constantemente o "LET IT BE" dos BEATLES como Bíblia! Evidentemente que os meus Pais (especialmente o meu Pai) não estavam lá muito convencidos que isso pudesse um dia acontecer! E o que é que o nosso Zezinho iria fazer sem os Pais?
Quando chegámos a COIMBRA, tratámos da papelada habitual e dirigimo-nos à Igreja de S. José. Logo de entrada, o Senhor Prior (que nunca me tinha visto là na missa) disse-me que faltava qualquer coisa de essencial num dos documentos registados em Estrasburgo: a presença dum selo branco (selo com relevo)! No final de tanta argumentação, decidimos que não casaríamos pela Igreja e deixámos a paróquia felizes da vida! O nosso sonho parecia realizar-se! Evidentemente que essa resolução não foi do agrado da minha futura sogra. Mas também contribuiu nessa altura para descobrir que ela era mesmo... uma Santa!
Para o casamento civil, metemos os papéis no Palácio da Justiça e perguntámos ao Juiz para nos informar quando deveríamos voltar do Algarve (pois íamos alguns dias para o campismo) e fixar-nos uma data que nos permitisse convidar os amigos. Enfim, todo aquele circo que se realiza à volta da união de duas almas!
E, de canadiana, lá partimos tranquilos para o Algarve! A mãe da Elisabeth e os amigos Franceses, esses regressavam a França, por falta de mais dias disponíveis de férias (nesse tempo ainda estávamos bem longe das 5 semanas de férias actuais - e eu, que hoje tenho nove!).
"Peace & Love" por terras algarvias contribuíram para que, um belo dia, começássemos a achar muito estranho a ausência de correspondência prometida pelo dito Juiz! E ao telefonar-lhe recebi, confuso, esta pergunta:
- Ainda bem que me telefonam! Podem vir cá amanhã pelas 11h?
- Para que efeitos, Senhor Juiz? - perguntei eu.
- Para se efetuar o casamento, meu amigo! É que depois de amanhã vou de férias e só voltarei em finais de Setembro!
Como ainda não começara a trabalhar no Instituto mas era esperado a 1 de Setembro, não havia outra resolução senão desmontar a tenda e rumo a Coimbra!
Quando cheguei a casa, informei a minha Mãe que nos íamos casar no dia seguinte! "Então e o teu Pai está para o Porto, como é que isso vai ser possível?"
Foi mesmo possível! Telefonámos à noite aos amigos emitindo convites orais mas ninguém queria acreditar! "O filho do Sr. Henrique da CASA UMBELA casa-se amanhã e só o soube hoje"! Que loucura, meu Deus! E nós curtíamos, curtíamos que nem loucos!
No famoso 24 de Agosto, vinte e tal amigos acompanharam-nos, para ouvirem o fatal SIM, erigido em duas línguas diferentes mas com a intervenção de um tradutor requisitado pelo Sr. Juiz. Ganda pinta!
Pelas 3 da tarde entrámos, em comitiva nupcial, num restaurante da Mealhada!
Lembro-me de ter dito ao patrão: "Olhe, isto é um casamento! Apresente-nos um leitãozinho bem assado! Estamos mesmo cheios de fome!" O homem ficou perplexo, revelando no final da boda que nunca tal lhe tinha acontecido!
Quando o meu Pai regressou do Porto puxou as cordas à bolsa e, com esse dinheirinho, ainda fomos montar a canadiana em pinhais sombrios à beira-mar! Só queríamos ouvir os passarinhos e, por vezes, a chuva a bater na tela! Lá dentro, o enredo era nupcial!
TRINTA E NOVE ANOS DEPOIS, têm uma filha excepcional e um genro fantástico (agora a viverem uma nova aventura em TAIWAN). São felizes e projetos não faltam!
Bobbyzé
"Copie certifiée conforme", Bobbyzé. Abre aço!
ResponderEliminarGanda Paulo!Mes remerciements!Em 2013, no 40° aniversàrio, talvez haja casamento budista, se o LEONARD COHEN aceitar fazer um discurso!!!!Mas a lua de mel jà està fixada para TAIPEI!Na ILHA FORMOSA!!!
ResponderEliminarPas de quoi, Bobbyzé. C'est un plaisir.
EliminarEra uma vez dois jovens hippies in love....
ResponderEliminarHistória de amor contada pelo ainda jovem noivo que me encantou!
Muitos parabéns Bobbyzé e Elisabeth.
In love for ever!
Uma das facetas que mais admiro no BobbyZé, é a sua simplicidade e a forma como conta pormenores da sua vida. Num Tempo em que a sociedade se fecha em si própria, mas ávida de saber da vida dos outros, é de realçar o sentimento de partilha deste casal.
ResponderEliminarPara a Beth e para o BobbyZé, o desejo de um futuro feliz a dois, como o tem sido até hoje.
E jamais esqueceremos os maravilhosos dias de Colmar,com o seu canal e montras artisticamente floridas. A passagem pelo casino, numa noite inesquecível e uma incursão pela Alemanha. Ali, para além de um almoço num local bem aprazível, a beleza do lago Titisi (duvido que se escreva assim) e aquelas centenas de relógios de parede, num ambiente muito agradável. Mas, o mais importante, é esta amizade fraterna entre amigos de um bairro e que se "internacionalizou" com a presença da Beth, bem estimada por todos quantos com ela privam ou privaram naquela nossa incursão por terras de França ...
Bem - hajam ambos e muitas felicidades ..
Os Amigos
São e Quito
Parabéns BobbyZé e Elisabeth!
ResponderEliminarTodos estes anos de um casamento feliz é coisa que vai rareando.
Essa do padre ter duvidado de um documento por causa do selo branco, não lembra ao diabo!
Quer dizer, para o registo civil esteve tudo em ordem mas para o padre não. Só visto!
Zé um Grande Abraço.
ResponderEliminarTonito.
Um abraço ao Bobbyzé e beijito á Elizabete, 39 anos juntos é uma vida. Que contem muitos mais
ResponderEliminarUm grande abraço de Parabéns e um beijo à Elisabeth!... Quando festejarem as Bodas de Prata, prometo que me faço convidado e vou aí com a Daisy, festejar convosco!...
ResponderEliminarAbraço e um beijo da Daisy
Un grand merci à tous les Amis!!!
ResponderEliminarComo nao estou habituado a utilizar por aqui a palavra "Doutor", peço desculpa ao Snr Doutor Juiz!Espero que nao se tenha ofendido!
Rui!Naquela altura, eu topei que o Padre queria que mostràssemos umas "notas" para "engolir" aquela historia do selo em branco, mas eu nao fui na cantiga!
Hà 39 anos, à noite, là em casa dos meus Pais, ouviamos o LET IT BE!!!
Parabéns caro amigo! Grande abraço e um beijo para a tua bela amada! Em Setembro...cá te esperamos, para recordar, para viver as nossas aventuras! LET IT BE !!!
ResponderEliminarAinda venho a tempo de dar os parabéns a este casal maravilhoso!!
ResponderEliminarTodo este enredo só podia ter acontecido com o Bobbyzé!É uma história que encaixa perfeitamente no que hoje conheço do Bobbyzé!
E mais terá para contar!
Lénfant terrible!
Mas olha que o teu pai deve ter puxado bem pelos "cordões" à bolsa!
Ou seriam mesmo "cordas?
Ficamos à espera pelo relato da comemoração em TAIPÉ!
Um beijinho para o teu grande amor Elizabeth e um abração para ti!
A São Rosas também é um amor...sabe que estou em férias!
Amanhã já estou der volta ao meu fixo...que é um computador a sério!
Neste só ando a apanhar "bonés"!!!Deu para SAFAR A "ONÇA"!
O que não fazemos por amor?...
EliminarDesconhecia esta aventura e fiquei encantado. Parabéns aos dois, Bobbyzé e Elizabeth, e que saibam continuar esta aventura por muitos e muitos anos com saúde, boa disposição e muita música.
ResponderEliminarAbraços
Abílio
Um beijinho de parabéns, acompanhado do desejo de muitos anos de felicidade.
ResponderEliminarRomicas
Quito!Tens razao!A sociedade tornou-se individualista, ajudada pelas novas tecnologias!Tive a enorme felicidade de viver sempre a vida a brincar!Jà là vao mais de dez anos em que eliminei todos os parasitas e pessimistas que me rodeavam!Criavam-me situaçoes nefastas ao espirito.As minhas duas idas à Asia abriram-me completamente um novo horizonte, que tento prolongar aqui, na Europa!E como têm constatado, sou o unico a falar das minhas doenças, com um certo teor humoristico.Nesse capitulo, ando a ganhar coragem para vos contar um episodio que terà por titulo "A CADEIRA ELETRICA", que é de partir o côco a rir!Mas também sei que estas aventuras nao agradam a todos e sou, certamente, criticado!Quem o nao é? Nunca me preocupei com o que os outros pensam de mim!Senao nunca teria chegado a onde cheguei nem vivido o que vivi!Mas tenho um IMENSO respeito por todos vos e uma enorme ALEGRIA em vos ter como AMIGOS!
ResponderEliminarA "cadeira eléctrica" promete...
EliminarNa minha colecção tenho uma "cadeira mecânica", a que chamo máquina consoladora. Vai ser desta que a conheces?
O "cadeira eléctrica" que eu conheci, era um barbeiro do bairro, que cortava o cabelo às escadinhas. O homem não tinha jeito nenhum para aquilo. Ninguém queria sentar-se na cadeira dele e por isso lhe chamavam o "cadeira eléctica". LIVRA !!!
ResponderEliminarBobyze por mim nunca seras criticado.., até me deixa satisfeito por seres assim e contares a história!!!.., não sou único com casamento fora do dito "normal""!!!
ResponderEliminarO meu segundo casamento, fui eu ela, uma amiga e um cliente do banco.Os 4 passámps pelo juíz ele casou-nos e depois fomos almoçar ao Bom Jesus. Queres melhor história?!!
Um abração
Azenha