Há
muito que não tinha um sono tão regalado.
Acordei naquela manhã fria e soalheira ainda com o sonho bem presente que me povoou a mente durante a mais silenciosa noite do ano.
A criança que não vi ainda, mas que pareço conhecer desde que nasceu, falou-me, em sonho, naquela linguagem própria dos recém nascidos, aparentemente ininteligivel, mas que no lampejo onírico facilmente decifrei.
Veio a este mundo, disse-me, na margem resplandecente do rio Tejo onde correm águas carregadas de história, de utopias e de amores.
Os seus pais e avós transmitiam-lhe o sossego e a paz que nada neste mundo substitui.
Levaram-no depois para perto do Lena, menos imponente que o Tejo, porém mais romântico e singelo onde agora desfruta inebriado da beleza da vida.
Confessou-me ter ouvido aos seus avós a vontade de um dia o levarem a conhecer o Ocreza, mais bucólico, mais melancólico, mais próprio à meditação.
Não me escondeu a ansiedade do dia em que conhecerá o mais belo rio de todos, que tantos poetas cantaram e junto ao qual o seu avô viveu quando era criança como ele.
Palmilharia em correrias infantis o emaranhado das idílicas árvores silvestres a que chamaram Choupal, pendurando-se nos salgueiros que mergulham dóceis, escorrendo para a água.
Acordei naquela manhã fria e soalheira ainda com o sonho bem presente que me povoou a mente durante a mais silenciosa noite do ano.
A criança que não vi ainda, mas que pareço conhecer desde que nasceu, falou-me, em sonho, naquela linguagem própria dos recém nascidos, aparentemente ininteligivel, mas que no lampejo onírico facilmente decifrei.
Veio a este mundo, disse-me, na margem resplandecente do rio Tejo onde correm águas carregadas de história, de utopias e de amores.
Os seus pais e avós transmitiam-lhe o sossego e a paz que nada neste mundo substitui.
Levaram-no depois para perto do Lena, menos imponente que o Tejo, porém mais romântico e singelo onde agora desfruta inebriado da beleza da vida.
Confessou-me ter ouvido aos seus avós a vontade de um dia o levarem a conhecer o Ocreza, mais bucólico, mais melancólico, mais próprio à meditação.
Não me escondeu a ansiedade do dia em que conhecerá o mais belo rio de todos, que tantos poetas cantaram e junto ao qual o seu avô viveu quando era criança como ele.
Palmilharia em correrias infantis o emaranhado das idílicas árvores silvestres a que chamaram Choupal, pendurando-se nos salgueiros que mergulham dóceis, escorrendo para a água.
E
onde estacaria para se deliciar e fitar o casario pitoresco e
deslumbrante da colina que bordeja o belissimo Mondego.
Foi pelos seus olhos, vagando inocentes mas vivazes por estas paisagens, que fiquei seguro de que esta criança adquiriu à nascença o romantismo de seu avô paterno.
Assegurando a estirpe, o carácter e a continuidade que fazem girar a Terra.
Foi pelos seus olhos, vagando inocentes mas vivazes por estas paisagens, que fiquei seguro de que esta criança adquiriu à nascença o romantismo de seu avô paterno.
Assegurando a estirpe, o carácter e a continuidade que fazem girar a Terra.
Passou-se na noite de Natal.
Na mesma noite em que recebi a noticia de que o Miguel Pereira tinha nascido uns dias antes...
Rui Felicio
Parabéns aos Pais e Avós
ResponderEliminarMagnífico texto, Rui! Vais pôr o Quito a chorar...
ResponderEliminarBoa prosa Companheiro.
ResponderEliminarJá armaste um grande caldeirada ao Quito, vai chorar como a Madalena (a senhora da pascoa).
Avô alegre-emocionado pelo seu querido netinho...
ResponderEliminarO texto não esconde e Felicidades para o Miguel Pedro!
Afinal o texto é do Rui Felício mas como avô que é ao escrevê-lo o seu sentir era semelhante ao do avô Quito e não dei conta.
EliminarTexto belíssimo!
Bons amigos vivem as emoções dos amigos e o Quito e a São estarão emocionados de alegria.
Beijos para todos vós e beijinho para o Miguel.
Concordo com o Alfredo. Vais pôr o Quito a chorar ... de alegria e emoção. Que belo texto! Parabéns!
ResponderEliminarNasceu um menino.
ResponderEliminarUm menino que trouxe a alegria, a paz, a esperança e muito mais amor!
Foi o natal do Miguel Ângelo.
Hoje o choupal está frio, cerrado com uma neblina que esconde os choupos. Mas lá virá a primavera e os matizes de verdes acolhem os aromas das ervas frescas e o chilrear dos pássaros!
E vejo o avô Quito e a avó São a empurrar o carrinho, sorrindo, babados e enternecidos.
Gostei muito, mas mesmo muito do teu texto, Rui!
Maravilhoso texto! Foi por ela que tive conhecimento que o Quito e a São já são avós. Para eles um grande abraço de parabéns com desejos de muitas venturas para o bebé
ResponderEliminarAlém de gostar muito do texto, e de saber que a São e especialmente o Quito deixarão cair uma lágrima-o Quito até mais que uma-,sinto-me feliz por eles, mas também feliz por este texto do Rui por razões óbvias...Sabe sempre bem um presente de Natal!
ResponderEliminarBOM FIM DE ANO. E UM 2015 muito melhor que o 2014!
Alguém a quem muito prezo, numa mensagem escrita, alertou-me para um texto que tinha saído neste espaço de amizade, da autoria do meu e nosso amigo Rui Felício. O Rui, escreve ao ritmo de uma barca que desce vagarosamente um Mondego sereno. A cada remada, um salpicar de emoções. A cada movimento, o talento que vem à tona. A mão ágil do escritor, escreveu como muito poucos seriam capaz de o fazer. Ele, o autor, por palavras enfeitadas de poesia, sabia atingir o alvo do destinatário de coração brando. Ele, o Rui Felício, bebe da mesma fonte de romantismo. Falam ambos a mesma linguagem. A linguagem da amizade perene.
ResponderEliminarAntes de me emocionar, alguém se emocionou por de mim. Não fui eu que tive a oportunidade de primeiro o ler. Quando aqui cheguei, vi lágrimas nos olhos. Da avó e das colaboradoras da farmácia, que viveram desde o princípio esta maravilhosa aventura de qualquer inocente que vem ao mundo.
Este texto, vai ficar guardado para memória futura. Um pergaminho, a juntar a outras amabilidades que recebi dos amigos.
Para textos como este, de tão belo, sobram as palavras. Que te posso eu dizer, Rui ? Nada. Talvez diga tudo no silêncio de uma lágrima.
Parti à desfilada em direção a Lisboa. Junto ao Tejo, no Hospital da Cuf Descobertas, descobri uma outra faceta da vida. Ela, a mãe, lutou serena para que o Miguel Pereira nascesse. Um dia inteiro de ansiedade até que as nove e cinquenta e sete da noite, do dia dezasseis deste mês de Dezembro, deu -se o suave milagre. Depois, a sós, no berçário dos recém nascidos, vi o menino a dormir.
Segredei-lhe o nome e ele, mesmo ainda sem ver, abriu os olhos claros. Foi a minha prenda antecipada de Natal.Um prenda envolta num papel colorido de emoção. Um diamante raro.
Saí - saímos - para a noite lisboeta. Já as sombras opacas, percorriam as avenidas. Era já tarde.Não tendo havido tempo para marcar hotel, foi preciso procurar local para dormir. O cansaço, mais psicológico que físico, já começava a tomar conta de nós. Hotéis esgotados, mas o brio pessoal de um recepcionista,permitiu-nos um luxuoso e magnifico alojamento, mesmo à beirinha do Tejo. Um quadro Bíblico dos tempos modernos. Dormimos como justos e, de manhã, enquanto fazia a barba, olhei-me olhos nos olhos ao espelho e sorri. Já tinha a minha continuidade. O sangue do meu sangue. E, paradoxalmente, olhando as rugas que me lavram os olhos e o cabelo cor de neve, percebi que a barca do Tempo me tinha brindado com o regresso a uma espécie de prefácio da vida. Renasci.
Bem hajas, Rui Felício ...
Houve quem asseverasse que o que te disse te iriam provocar lagrimas.
EliminarAfinal foram as tuas palavras que soltaram as minhas.
Sentado no carro, aguardo que estanquem e sequem...
Rui Felicio
O que uma bela amizade pode fazer....
EliminarHá melhor coisa que ser Amigo por inteiro?
Não.
E pões aqui um comentário que, quanto a mim, deveria passar a post.
ResponderEliminarAbre aço... avozinho!
Se o Miguel foi uma prenda de Natal para a família Pereira, o aparecimento do Rui Felício foi um excelente réveillon neste blogue.
ResponderEliminarO primeiro representa a vida, o futuro, a esperança, a continuidade num abraço dos Avós babados que até dá vontade de os apertar também, se bem que a distância não o permita.
O aparecimento do Rui Felício com a sua escrita com um toque pessoal de descrição muito precisa e muito profunda, aonde não falta a componente humana. Foi neste fim de ano uma chama de alegria e de esperança para dois mil e quinze.
Sem dúvidas que o Rui Felício é responsável também pelo comentário do Quito e que nada perdi em esperar, pelo contrário, jamais me esquecerei da "prenda de Natal" do Quito.
Enfim, deixaram-me com mais esperança para um dois mil e quinze.
Bem hajam.
Sem dúvida,Chico!
EliminarSe sair aos avós terá com toda a certeza essa veia romântica. Por enquanto vai saindo ao pai: mama tudo o que lhe dão e mais que fosse :)
ResponderEliminarObrigado por tão sentido texto.
Os papás babados: Ana e Gonçalo
Parabéns papás babados!
EliminarSupérfluo seria qualquer elogio à escrita do autor, sobejando de sentimento sentido.
ResponderEliminarSupérfluo seria qualquer elogio à escrita do comentário do amigo visado, sobejando a felicidade feliz.
O romantismo a que ambos nos habituaram, por diferentes rios mas desembocando na mesma foz, é digno de qualquer um dos melhores românticos portugueses.
Obrigado, meus amigos, por este naco de bela prosa.
Dom Rafael, prometo-te que durante um mês não direi que "isto é uma espécie de blog". Aposto que o Quito acompanha esta espécie de Ramadão que imponho a mim mesmo.
Renovo os nossos parabéns aos novos avós e aproveito para felicitar a Ana e o Gonçalo.
Não esquecendo o MIGUEL, pois claro.
Obrigado, meu caro amigo Viana, pela amabilidade dos votos formulados. Tudo o que nos desejas e vaticinas, tenhas em dobro com a tua simpática família ...
ResponderEliminarAbraços