BOLA DE OURO 2O14 ...

De todos me despeço com amizade ...

Tenho  consciência que acabo de dar um tiro num pé. O Fernando Rafael, administrador do blog, é um fundamentalista do Real Madrid e por extensão de Cristiano Ronaldo. Fica colado à televisão, rendido à categoria do português madeirense. Às vezes, por entre duas bicas, lá vamos discutindo o reino do pontapé na bola. De quando em vez, a medo, lá lhe vou dizendo que aprecio o Lionel Messi. Num comentário à Gabriel Alves, direi que pelo sua estatura, tem um centro de gravidade baixo, que lhe permite ter a bola nos pés, como se a redondinha fosse a extensão do seu próprio corpo. Um dia, caí na asneira de dizer que o homem do país das Pampas era melhor que o nosso compatriota do chuto no coiro, e o Fernando Rafael engasgou-se, teve um ataque de fúria e ameaçou dar-me com a maçaneta do bombo na cabeça. 

Mas ainda não foi nesse dia, que fui despedido do blog.

Pois bem, vou sê-lo hoje. Porque desta vez, é que o Fernando não me vai perdoar a heresia. Está em causa, o melhor jogador do mundo do ano que terminou. Perfilam-se os dois do costume -  Ronaldo e Messi. E o alemão Manuel Neur. Neur, guarda – redes da seleção alemã, é o terceiro candidato. Justa nomeação. Manuel Neur, demonstrou no campeonato do mundo de futebol, toda a sua classe. 

Alto, quase dois metros de altura, uma calma gélida de alemão, e uma rigorosa perceção de ocupar os espaços na baliza, com aqueles braços enormes. E um tempo de salto quando tem que subir em molhada entre postes, que não me passou despercebido. E, imagine-se, a cuidadosa forma como se apresenta em campo, irrepreensível no seu equipamento e compostura como cidadão. O alemão, não discute com os árbitros .É um homem educado e não cospe para o chão.

Manuel Neur, parte para este galardão em desvantagem. Nunca um guarda – redes, tem a visibilidade de um avançado. Por isso, a luta é desigual. Apenas em 1963, foi reconhecido o mérito a Lev Yashin –   a célebre “Aranha Negra” da seleção soviética.

Ronaldo e Messi, já estiveram demasiado tempo, debaixo dos holofotes da ribalta. E Neur, o gigante alemão, em nada fica atrás dos outros dois nomeados. Manuel de seu nome, nunca ganhou nada neste género.

Apenas ganhou a inveja dos seus pares, caso do italiano Buffon que, apesar de ser um razoável guarda – redes, nem serviria para anúncio de máquinas de fazer a barba. E nesta vida de artista, num palco ou num relvado, terá sempre  que haver o respeito pelo espectador, um código de ética que também conta. Por isso Manuel Neur, jogador completo nas suas diversas facetas, é o meu preferido. Mas perderá. Um estádio sempre se levantou por um grande golo. Mas nunca por uma grande defesa.

De todos me despeço com amizade, como diria o simpático e saudoso Engenheiro Sousa Veloso, referência que foi na televisão pública, durante vinte anos, com a sua “TV Rural”.

Acabo de levar um cartão vermelho e de ser expulso de campo.

Rafael, pagas -me os ordenados em atraso ou tenho que me queixar ao sindicato ?

Quito Pereira