segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Geada

Deu apagão.

Caíu ontem em Montreal um centímetro e meio de gêlo, a que habitualmente chamamos geada. Tudo o que foi envolto por este tipo gêlo como ramos de árvores, fios elétricos, etc, passou a pesar muito mais. Este peso acompanhado de rajadas de vento de 60 kms, orignou que faltasse a luz em muitos locais da cidade. As lâmpadas nocturnas de segurança de côr amarelada dos exteriores das casas projectadas na neve com gêlo, mostram-nos na fotografia que os vizinhos de trás tinham luz.
Assim, voltamos ao antigamente pelo que se passou uma noite amena aonde se comeu uma sopinha aquecida num recepiente de barro sobre uma vela e se continuou a festejar como nos últimos dias, para depois jogar-mos damas, dominó, quatro em linha, etc.


Neste momento já pensavamos pôr pequenos produtos alimentares do frigorífico entre as janelas duplas e os maiores iriam para a varanda coberta de neve e gêlo dentro de panelas bem fechadas , pois o esquilo gosta muito de visitar os amigos.
Fui até ao carro para fazer a neve e qual não foi o meu espanto de encontrar um vizinho que pensando na minha velhice, como disse, tinha-me limpo o carro todo. Isto aqui é muito difícil de encontrar.

Como chegou a luz, vim para o computador e perdoem-me...

26 comentários:

  1. Abençoado apagão que nos permite ver a Joana e a Lucinda num jantar requintado!
    Temos de nos adaptar às adversidades e saber ultrapassá-las.
    Aos " idosos" sempre alguém ajuda, sobretudo aos simpáticos vizinhos...

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  2. Um belo jantar à luz da vela. Quando temos água e electricidade, pensamos que são bens adquiridos, mas quando faltam é que vemos como os entendemos vitais.Mas um jantar na penumbra, de vez em quando, modifica hábitos e aguça a engenharia caseira ...
    Abraço

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    1. Sem dúvidas, Quito.
      Aqui as pessoas adoram jantar com velas mas francamente, para mim só se fôr um apagão. Aguça a engenharia e faz-nos fazer muitos cáculos como com o calor das paredes, quanto tempo ainda temos de temperatura acima de zero graus dentro de casa, caso não volte a elétricidade. Nestes casos é sempre bom ter um rádio a pilhas dos pequeninos para andar no bolso ou um telefone inteligente para se acompanhar os acontecimentos.
      Olha Quito, foi uma noite diferente. Até soube bem.
      Abraço.

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  3. É verdade, Celeste Maria: o que faz um apagão.
    Quando foi da memorável tempestade de gêlo em que caíram cinquenta e três centímetros de geada, a Segurança Civil quando veio a minha casa e verificou os sistemas que tinha utilizado para sobreviver-mos, convidaram-me a ir com eles.Sempre fui uma pessoa que quando noto a probabilidade de acontecer uma situação difícil, penso sempre como farei para a ultrapassar. Dessa vez deu resultado.
    Estes casais novos, longe dos familiares mesmo que sejam daqui, por vezes um simples conselho do velhinho faz-lhes muito bem. Francamente, nunca pensei que me viessem fazer a neve! Boa malta.

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  4. Um dia diferente. 1a parte

    Hoje de manhã quando saímos faziam menos dezassete centígrados. Com rajadas de sessenta ksm/hora, sentíamos um frio que rondava os menos trinta. À-parte este pequeno pormenor, o pavimento era gêlo. Lá tivemos que pôr uns adaptadores nas botas com cardas de carbono para não escorregar-mos e eu activei uma adaptação com picos para a minha maravilhosa bengala. Assim fui pôr a Lucinda ao serviço pois andava-se muito bem nas ruas principais, uma vez que sal não lhes faltava para tristeza dos carros e nas seccundárias muito nos valiam os pneus de inverno, obrigatórios do tipo polar. Fora de Montreal e outras cidades, é aconselhável pneus com cardas pois o gêlo é uma autêntica ratoeira quando menos se espera. Havia ciclistas com pneus de montanha e outros equipados de fábrica com cardas. Na volta apanhei a Joana e fui pô-la ao serviço que fica a uns dez kilómetro de onde moramos. Aí a viagem foi uma maravilha. A maior parte das ruas principais estavam engarrafadas com o trânsito e tive que andar por ruas secundárias com muito cuidado para não derrapar. Nessas ruas secundárias fui parar a uma outra cidade, que à vista era uma maravilha. Sofrendo atrozmente da baixa capacidade orçamental, só se via gêlo, quer fôssem quintais, passeios, ruas, até os carros estacionados afastados dos passeios brilhavam com o bater do sol. Ir naquela faixazinha com os carros muito perto de cada lado, obrigou-me a utilizar todas as técnicas de condução sobre o gêlo. Como sou católico, lá fui pedindo proteção à Virgem das anti-derrapagens, o que deu um resultadão. Entretanto notámos que a pureza do ar era tão grande, que até as luzes dos semáforos, comboios, carros, brilhavam intensivamente. Lá deixai a filha sã e salva à porta do serviço e fui até um dos Samambaias daqui beber uma baunilha francesa bem quente.

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    1. Um dia diferente 2a Parte

      Quentinho e satisfeito, resolvi voltar para casa por uma rua com grande tráfego, Jean-Talon. Derivado ao tráfego, o pavimento estava impecável e quando notei pois conduzia com muita à-vontade, estava a entrar numa zona de abundante gêlo numa paisagem totalmente diferente. Parecia que tinha aterrado em Marte. Mesmo com todas as precauções, quando notei estava em frente do hipóromo de Montreal. Lá tive que dar meia volta pois nem os bichinho apareceram e voltei à paralela à auto estrada Décarie. Para meu espanto ao ligar os limpa-brisas, o gêlo formado não os deixou funcionar, o que poderia queimar o motor eléctrico. Meti a sinalização de emergência, estacionei junto ao passeio e tirei o gêlo todo. Quando olhei verifquei que tinha ficado com um buraco na zona em plástico junto ao limpa vidros. Já estão a ver que não disse mal dos fabricantes por porem plásticos nos carros actuais para um clima destes. Como devo ter respeito para com os outros, fui muito educadinho pois não estava ninguém ao pé. Como homem prevenido vale por dois carros, fui à bagageira e tirei um saco de plástico. Com muita paciência lá o consegui meter no buraco, até a próxima ida à garagem. Não vai entrar nenhum tipo de água. Todo contente, voltei para casa e ao passar numa rua paralela à minha, estava um carro atravessado na rua com o vidro de trás partido derivado à queda de ramos de ávores. O peso do gêlo e o vento, foram os responsáveis. O seguro não é obrigado a pagar porque foi um "Acto Divino" – "Act of God". Segundo os seguros até já Deus comete erros, absolutamente ao contrário do que aprendi de pequenino. O pobre senhor estava enterrado no gêlo logo à descida do passeio. Com os seus oitenta e três anos a tentar tirar o carro o mais depressa possível para não tapar a passagem a outros, era notório que respirava forte e cansadamente, o que é um perigo. Muitos têm partido assim. Lá saí do carro e com um pé de cabra que trago sempre na bagageira, assim como com uma pá metálica que tenho para casos fortes, lá fui ajudar o senhor que se sentou no carro pois já não podia mais. É fantástico o que faz a adrenalina numa pessoa, pois fui capaz de fazer tudo sem pensar em mais nada. No fim o senhor agradeceu-me muito, que eu era um jovem muito atlético enquanto eu pensava que ainda vou partir antes dele. Vim até à frente da minha casa e como tinha praticado uma boa atitude, quiz o destinho que tivesse um lugar de excelência no meio daquele gêlo todo junto aos passeios.
      Posso-vos dizer com toda a franqueza que foi uma manhã diferente e aliciante. Um ar fresco e puro que nos entra pelos pulmões, transparente como não há igual, os raios de sol a bater como uma benção divina, é uma maravilha.

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  5. Que reportagem mais "geladinha! devido ao gelo. mas quente quanto ao que contas, dos vários episódios, que esta situação te proporcionou!
    Motorista em rali por ruas com grandes camadas de gelo levando as jóinhas para o serviço!!
    Estás em grande forma!!!
    Pois se até foste abrir caminho e limpar o gelo deo vizinho já extenuado e...sujeito a ficar-se gelado!!!!
    Mas como és muito previdente, andas sempre armadilhado com as ferramentes e adereços próprios para ocorrer a situações embaraçosas, mas pelos vistos até engraçadas!!!
    Jantar à luz de velas e com o ar sorridente da Lucinda( a Joana, nem tanto),a aventura compensou!
    Ganda CHICO!

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    1. Foram bons momentos, Rafael.
      Assim ficaram com uma ideia do que é uma forte camada de gêlo, pior do que neve.
      Quando foi da célebre tempestade de gêlo, estivemos a duas horas da evacuação de Montreal pois a estação de purificação de águas, avariou mas felizmente foi por pouco tempo.
      Como tinham caído 53cms de gêlo, foi tudo arrancado a Katarpillar. Até vieram Katerpillars de outras cidades.
      O jantar foi sorridente para todos. Qualquer coisa diferente. A Joana foi uma grande compincha. Foi ela que aqueceu a sopa.
      No fim os jogos que já não fazia há tantos anos, foi divertido.
      Abraço

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    2. Pois compincha sei que é....até aqueceu a sopa!!!

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  6. "Aguça a engenharia e faz-nos fazer muitos cálculos como com o calor das paredes, quanto tempo ainda temos de temperatura acima de zero graus dentro de casa, caso não volte a electricidade"...

    Até me arrepiei, só de ler isto.

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    1. É simples São Rosas mas não científico. Vai-se vendo quanto se perde de temperatura por hora e quanto mais horas se vai passando, mais se vai estando em cima dos números para as próximas horas. Matemáticamente não dava certo e assim, fica-se muito próximo desde que o problema se mantenha.
      Pois, andas sempre a aquecer e depois não te sentes bem com o frio. Em Salluit estão neste momento menos trinta e um sem vento mas fica ao norte. Em Ontário que fica aqui mesmo ao lado, têm zonas de menos quarenta e menos cinquenta, fora o vento que não sei. Dantes, derivado a um vento de que já aqui escrevi, era no Quebec que havia mais frio. Essas temperaturas sem vento já são polares. Roupas para ser fazer frente num caso desses, temos. Hábitos é que nem todos têm. Se fôr sêco sem muito vento, passa-se bem com as referidas roupas. Se fôr húmido, já não é agradável. Se durar muitos dias, deve-se comprar roupa interior de papel, o que pouquíssimos fazem.
      Se uma pessoa se perder ou já não tiver tempo para chegar a casa e esteja numa zona isolada, não há perigo. Abre um buraco na neve, mete-se lá dentro e fica numa área de zero graus. A roupa aquece. Ainda há pouco tempo uma miúda perdeu-se com o carro e só manteve a porta e um espaço à frente, limpos. Quando queria saía do carro, fazia ginástica e voltava para dentro aonde tinha umas bolachas e mais umas coisas. Quando foi encontrada sete dias depois, estava em grande forma. T’ás a ver, dentro da neve nunca passavas frio.

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    2. Esqueci-me de dizer que as paredes a observar, são as que dão para o exterior. Se ficam muito mais frias que as interiores, já não é bom sinal mas se começarem a apresentar sinais de humidade, é o momento para se tomar uma decisão. É claro que ontem não aconteceu nada disto e nem todos estão alertados para estas situações.

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    3. Eu gosto de humidades mas não é nas paredes exteriores da casa.

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    1. Um centímetro e meio de gêlo e com o frio que faz hoje, é uma boa camada.
      Qualquer coisa de diferente.
      Um abraço.
      Chico

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    2. Esqueci-me de dizer que isto é um maná para o Quebec. Os hoteis estão cheios de estrangeiros que vêm fazer turismo de inverno. Há muitos tipos de desportos.Se todos sentissem o mesmo frio, os esquiadores que chegam a cento e vinte kms/hora e os que fazem moto de neve chegando aos setenta com uma grande procura, não existiam.
      Há mesmo um hotel de gêlo na cidade do Quebec com quarenta e quatro quartos, que abriu as portas ontem. Moveis, camas, balcões, obras de arte esculpidas no gêlo, enfim, tudo, é só gêlo. Está lotado para a estação. Turistas não lhe faltam.
      Abraço quentinho.

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  8. Ó Chico, há mais de trinta anos que não utilizo o candeeiro e não o tenho!!!!
    Um abraço
    Fernando AZENHA

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    1. Azenha
      Eu lembro-me deste tipo de candeeiro quando era miúdo em casa dos meus Pais. Este deve ter uns dezasseis anos e foi uma oferta assim como a parafina líiquida para embeber a torcida. Nunca nos servimos dele até ontem. Era uma peça de decoração. Esperemos que assim continue.
      Um abraço.

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  9. Que jantar tão intimista.....Mas sem frio de certeza. Muito quentinhos em casa.
    Ui que geleira aí vai!
    Chico,parabéns muito atrasados!
    Beijinhos às meninas.

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    1. O jantar foi excelente, Olinda. Em casa não chegou a haver frio porque as paredes estavam quentes.
      A geleira dá para todos, é muito grande. Neste momento estamos a menos dezassete centígrados, sentindo-se menos vinte e oito com o vento. Vai descer ainda mais. Há pouco disse que havia temperaturas de menos quarenta em Ontário mas inesperadamente em Manicouagan, bem aqui no Quebec, estão a sentir menos quarenta e seis neste preciso momento.
      Quem é que disse que os parabéns estão atrasados? Vêm sempre a horas e obrigado pela lembrança.
      Quanto às minhas joínhas, nunca me canso. Como disse que eram da tua parte, retribuem.
      Um abraço.

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  10. maria helena morgadojaneiro 06, 2015 7:07 da tarde

    Este apagão permitiu rever estas carinhas tão simpáticas. Só por isso valeu a pena o apagão. Beijinhos e votos de um excelente 2015

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    1. O apagão foi giro. Fez-nos voltar ao passado. Aqui na técnica há de tudo e até demais mas as pessoas têm gosto de utilizar estes candeeiros. Até aos anos sessenta do século passado, isto aqui era muito duro. Não era o Quebec de hoje. Tinham dificuldades naturais e muitíssima pobreza. Pelo que me apercebi, as pessoas ao manterem certos costumes pepectuam os pais.
      Retribuímos os votos para 2015.

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  11. Abençoado apagão que te proporcionou um serão diferente, romantismo a três nem sempre acontece, e, para além disso, deu-te o mote e a inspiração para nos presenteares com este interessante texto.
    Saber transformar as pequenas contrariedades em momentos saborosos da vida, é sinal de inteligência.
    Parabéns ao trio.

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    1. O apagão por causa do gêlo com ventos fortes, já passou. Pode voltar é esta noite e amanhã de manhã porque vamos estar debaixo de frio polar. Nossa Senhora dos acumuladores nos acompanhe. Caso contrário vão saltar os fusíveis de segurança. O tal ventinho que já aqui não passava há anos, parece que se enganou no caminho e de que maneira. Estamos debaixo de alerta porque é muito possível que esta noite e amanhã de manhã, o frio se faça sentir abaixo dos quarenta. Esta manhã, quando fui levar as minhas jóias, tínhamos menos dezanove e rondavam os menos trinta à pele. Saí vestido como se vê na segunda foto do meu dia de anos. Como as calças acolchoadas vão até ao pescoço à frente e atrás, não senti nada. Amanhã em condições normais, como quando fazia bicicleta, não precisava de mais para andar a pé. De bicicleta, nem pensar. Tinha que me vestir mais ligeiro, caso contrário "assava". Se fôr preciso mais, um simples colete deve dar. Caso contrário, veste-se um colete igual ao produto do casaco mas aí posso ir até ao polo norte. Pois é, é uma massa de ar polar com seis mil kilómetros. Parafraseando o saudoso Raúl Solnado : "ei-na ca brutos".
      Hoje, quando saí estava a nevar. Sentía-mos o ar sêco porque a humidade estava na neve ao nível dos pés. A neve, ainda era muito mais branca e ligeira do que nos outros dias, derretendo-se ao contacto com a mão. Excelente para esqui. Fiz uma fotos. Uma maravilha.
      Se ficaste com frio, um toque de amigo: deixa caír os ombros e vais ver a diferença.
      Abraço.

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  12. Chico segura os fusiveis!!!
    As fotos vamos vê-las mais tarde, né?

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    1. Lá terá que ser, Rafael. Só que agora é muito tarde e amanhã de manhã com ou sem fusíveis, vou ter que saír.

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