Tal como no Conto de Natal de Charles Dickens, os Espíritos dos Natais Passados, visitam-me todos os anos, embora por razões bem diferentes! O espírito dos Natais da minha infância, em Coimbra, no nosso Bairro, vêm ao meu encontro envolventes, alegres, quentes, doces e inocentes... vestem-se de longos mantos verde dourado do pinheiro e do musgo, colhidos na Quinta da Nora pelas mãozitas rosadas do frio, da criança que eu era então!
A mãe e a minha irmã Cilita enfeitavam o pinheiro com muitas bolas brilhantes e coloridas, que estilhaçavam no chão mal caíam ou quando o gato conseguia apanhar alguma, salpicavam os ramos com algodão promovido a neve durante a época natalícia e iluminavam-no com velas de cera, presas em pequenos castiçais que se prendiam nas agulhas verdes com pequenas pinças (nunca mais vi nada igual) - aí estava: velas acesas cuidadosamente e o simples pinheiro sofria a transmutação para ÁRVORE DE NATAL! Dava saltos de alegria, anunciava-se desta forma cheia de luz e cor, a chegada da época do ano que eu mais gostava - O NATAL!
A mãe dizia que era o Menino Jesus que trazia os brinquedos pela chaminé, não havia Pai Natal (e muito menos coca-cola). Na noite de Consoada não arredavamos pé da cozinha, esperando ansiosas a descida do Menino através do buraco escuro, que ficava por cima do fogão... houve um ano em que a minha irmã chegou a "ver" uma perna do Menino Jesus, gritava ela!
A mãe amassava as filhoses, fritava-as e salpicava-as de açucar e canela até à meia-noite! Os meus olhos não aguentavam a espera, abria um, fechava outro até que cediam ao peso do sono de criança e ... lá estavam os brinquedos no sapatinho que colocara na chaminé! Mais uma vez não tinha visto nada, para o ano que vem,prometia a mim própria, não iria adormecer ía ver como é que o Menino Jesus conseguia passar naquele buraco sujo de fuligem sem sequer ter de usar a escova que lhe tinha deixado para escovar o fatinho!
É verdade, ainda estou para saber como é que o menino Jesus fazia isso?
ResponderEliminarDeixando de brincadeiras, excelente reviver do passado. Até as velas na árvore de Natal não passaram. Já nem me lembrava disso. Gostei. Artigo muito oportuno que traz uma certa Felicidade. Obrigado
São recordações de sempre e para sempre. Lembro-me da Árvore do Natal e do presépio que o meu pai fazia. E de um brinquedo pelo qual me enamorei, e que estava na "Tabacaria Celeste". Preencheu, naquela época natalícia, os meus sonhos de criança. O Menino Jesus foi generoso. Deu-mo.
ResponderEliminarAbraço Mariazinha
Gostei imenso desta tua remorização do teu
ResponderEliminarNatal... acabei por fazer o mesmo,recordar o meu...
E minha casa era o grande presépio,construido
pelo meu pai o símbolo do Natal...era uma alegria ter uma prendinha/brinquedo junto ao presépio,no dia seguinte...o Menino Jesus é amigo,diziam e só aos 10 anos é que descobri
quem dava as prendas...o sonho desfez-se!
rememorização...
ResponderEliminarPrimeiro felicitar a Mariazinha Leão por esta postagem directa e que espero seja a primeira de outras que se hão-de seguir!
ResponderEliminarDepois dizer que o tema também tem a ver com a minha meninice(onde é que ela já vai..)
Como a minha irmã já aqui referiu tinhas sempre o Presépio feito por meu pai junto do qual havia sempre umas prendinhas...normalmente roupa.
Sempre era a ocasião para o Menino Jesus nos dar algum agazalho novo!
Era um presépio feito a preceito: com cortiça, ruinhas, lagos, farinha de trigo a servir de neve(algodão seria mais caro), um castelo(ou não fosse Penela uma terra com castelo), igreja, ovelhinhas, etc e clao o fulcro do prresépio a gruta com a manjedoura, menino Jesus, Nossa Senhora, S. José, a vaca e o burro e nas redondezas da gruta os peregrinos carregados com as ofertas.
A Meio do presépio os três Reis Magos a cavalo e que só chegaria junto da Gruta por volta do dia 6 de Janeiro.Eram então substituidos pelos Reis Magos ajoelhados!
Tudo previsto!
Não faltava a respectiva iluminação elétrica!
Ah! e uma bandeja para que as pessoas que iam ver...deixassem uma moedinha...
Mais tarde e ainda em Penela o meu pai passou-me a "pasta" e passei a ser eu o "operário" encarregado de manter a tradição!
E fui-o por muitos anos mais, mesmo quando já em Coimbra e até mais tarde para os filhos em Cantanhede!
Faltou-me referir que só muito mais tarde se começou a introduzir em simultâneo a Árvore de Natal.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades(leia-se costumes...)e é a Árvore de Natal que tem a primazia!
Agora temos uma Noite de Natal com muita familia para distribuir as prendas e confraternizar com uns doces... (e não só) da época!É uma noite de alegria para todos principalmente para os mais novinhos!
Mariazinha
ResponderEliminarComo gostei que relembrasses o teu Natal, semelhante aos Natais de muitos de nós.
Mas,tenho de confessar que me tocou em especial a lembrança de vender as referidas bolas de vidro, brilhantes e coloridas, as velas, e a referência do brinquedo sonhado pelo Quito e também comprado na "Dona Rosa!
Eram dias de muito movimento e azáfama na loja!
A minha mãe dizia que deveria ser Natal uma vez por mês, pois chegava a apurar (não lucrar)um conto de reis!!!
À noite comíamos o bacalhau, em família, e para todos havia as rabanadas, os velhoses e uma prendinha!
Celeste Maria
ResponderEliminarSão coisas que nos marcam. Era uma ambulância de plástico, toda branca com uma cruz vermelha nas portas. Era um brinquedo relativamente grande e eu "apaixonei-me" por aquela "máquina". O meu pai comprou o brinquedo ...
Rafael,
ResponderEliminarO Rafael veio-me lembrar o primeiro Natal passado nestas paragens. Estavamos cá há pouco tempo e aproveitamos a vinda do Menino Jesus para comprarmos mais alguma roupa apropriada para o frio, que nesse tempo fazia. Para não estarmos sózinhos, festejamos quatro casais juntos, o que foi uma alegria. Quando os Menino Jesus chegou, a crianças ficaram loucas de alegria pois os embrulhos eram bonitos. Começaram-nos a abrir com uma certa algazarra até que a um dado momento ouvimos um deles: só roupa, só roupa, só roupa. Enfim, como não há escola de pais, lá íamos aprendendo.
Quito,
ResponderEliminarÉ verdade. Mais um Natal e com ele as nossas recordações. No nosso tempo era hábito fazermos o nosso presépio de que ainda hoje tenho saudades. Desde a ida ao musgo ao pinhal de Marrocos, criar-lhe a estrutura com montes, pontes, grutas e enfim, fazer-se uma obra criada por nós. Depois era a volta pelas igrejas, bombeiros municipais e ver o dos amigos. Como sabes, há um de que jamais me esqueço: o do Senhor Deus, que me fez nessa altura dar a volta à cuca pois nunca pude pôr a água a correr. Adorava esse presépio.
Um abraço.
O musgo, era o ritual do costume no Pinhal de Marrocos para o Presépio.
ResponderEliminarA prenda que tive dum carro de bombeiros de Lata foi a melhor de sempre, pois o meu velhote disse-me que só havia de madeira, ele tinha tido uma conversa com o Pai Natal, e o bacano deu o nega.
Quando eu recebi o de LATA eu chorei de contente.
Em tempos idos a LATA era o máximo da competência em brinquedos, pois não havia o plástico.
Ainda hoje tenho a mania de pôr água na fervura em assuntos mais ou menos complicados,meus, ou de amigos.
Continuo com o meu espírito de bombeiro passados estes anos todos.
Tonito.
Amigo Chico Torreira
ResponderEliminarDe facto, era um presépio muito visitado.O "segredo" era um funil,para onde corria a àgua. O sobrado tinha sido préviamente furado e o funil "camuflado.Nesse ano o presépio lá de casa ficou em 2ª lugar no concurso dos presépios de Coimbra.O prémio foi para o presépio dos Bombeiros Municipais.
Muito te agradeço as palavas amáveis que nos dirigiste, ao relembrar aquela época mágica do nosso Bairro...
Abraço
Quito,
ResponderEliminarÉ verdade, o segredo era o funil. Já falamos nisso o ano passado. Aqui fiz uma vez uma amostra de presépio mas tive que ir à floresta em Outubro apanhar o musgo antes que a neve o cobrisse e mantê-lo com humidade na varanda até meio de Dezembro. Por estes lados não usam o musgo. Outros locais, outros hábitos.
Um abraço,