quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A RAIVA DO RIO ALVA


A Raiva do Alva

A localidade de Pombeiro da Beira tem na sua história uma disputa entre três rios..., o Mondego, o Alva e o Zêzere, todos nascidos na Serra da Estrela. Estes três rios envolveram-se um dia numa grande discussão sobre quem seria o mais valente e acertaram numa corrida que esclareceria a questão: quem chegasse primeiro ao mar seria o vencedor. O Mondego levantou-se cedo e começou a deslizar silenciosamente para não atrair as atenções.
Passou pela Guarda e pelas regiões de Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas
de Senhorim e pela Raiva, onde se fortaleceu junto dos ribeiros seus primos,
chegando por fim a Coimbra. O Zêzere, que estava atento, saiu ao mesmo
tempo que o seu irmão. Oculto, por entre os penhascos, foi direito a
Manteigas, passou a Guarda e o Fundão, mas logo depois se desnorteou
e, cansado, veio a perder-se nas águas do Tejo. O Alva passou a noite
a contar as estrelas, perdido em divagações de sonhador e poeta.
Quando acordou, era já muito tarde mas ainda a tempo de avistar os seus
irmãos ao longe. Tempestuoso, rompeu montes e rochedos, atravessou penhascos
e vales, mas quando pensava que tinha vencido deparou com o Mondego, no momento
que este já adiantado chegava ao mar. O Alva ainda tentou expulsar o
seu irmão do leito, debatendo-se com fúria e espumando de raiva,
mas o Mondego engoliu-o com o seu ar altivo e irónico.
Este lugar onde
os dois rios lutaram ficou para sempre conhecido como Raiva, em memória da contenda entre os dois irmãos.


Enviada por Maria Olinda Rafael

marcadores:Rio Alva,Mondego e Zêzere

21 comentários:

  1. Uma lenda muito interessante...
    Não a conhecia e quiz partilhá-la convosco!

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  2. e os rios que são rios
    são o zêzere que em constança
    se lança ao tejo pr'Á mar
    e correndo lá da serra
    corre o alva numa fúria
    que finda feroz na raiva
    morrendo no outro rio
    o mondego
    mondeguinho mondegão
    que ora é manso e discreto
    mas logo é aluvião
    cobrindo inundando as terras
    fecundas que davam pão
    deixando a fome a miséria
    entre as gentes consternadas
    que logo a seguir milagre
    vêem as terras mais ricas
    cheias de seiva e de vida
    transformando o que era estéril
    o que era morte e desgraça
    de novo em vida e esperança
    para ser cantado em coimbra
    por poetas e doutores
    estudantes e amantes
    que chorando seus amores
    em cantos fados dolentes
    lançam nas águas correntes
    suas mágoas suas dores
    que por arte ou por magia
    se transformam em sementes
    que vão perder-se no mar
    que vão mudar-se em A MAR

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  3. ...claro que no comentário anterior faltou acrescentar:retirado da net.

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  4. E partilhaste muito bem.
    Não conhecia a lenda e até me dá raiva por não perceber nadinha de geografia...
    Está muito interessante.
    Um beijo, linda Olinda.

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  5. Não conhecia.
    Até fiquei na dúvida "metódica".A minha fraca memória a isso me obriga...
    Seria na "Ponte das 3 Entradas"?
    Claro que não podia ser!
    Obrigado.

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  6. Agora já sei de onde vem o verdadeiro nome da Raiva: de uma brincadeira dos tempos de crianças de três rios. Francamente, a leitura desta lenda interssa um pessoa até ao fim.

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  7. Bela lenda esta!
    Do Mondego...conheço-o desde a Guarda até so Poço da Cal em Montemor-o-Velho, pois durante a vida profissional...muitas análises fisico-químicas fiz para controlo da sua qualidade de água! No Zezere...não nadei! Do Alva...conheço bem a sua beleza natural,desde Avô até à Raiva! Pena é que uns "inteligentes" com a construção de uns tanques a que chamam mini-hidricas, vão destruindo toda a fauna e a flora destas belas "linhas de água"!!!!

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  8. Parabéns Olinda!
    E já agora...e porque foi no Alva, que aprendi a nadar, era criança, nas chamadas férias grandes, no belo Pego, em Avô...leio...

    “Rio Alva, que corre devagar a caminho da foz, no Rio Mondego em Porto da Raiva, perto de Penacova, às portas de Coimbra. O fio de água transforma-se em ribeiro quase à nascente, mas à medida que recebe suores de outras fontes, depressa se assume como rio pujante de vida, sem quedas ou desvios - os que existem são obra do Homem, que desde sempre usou o caudal para seu benefício, dos moinhos de moagem às “rodas de alcatruzes” que, nos estios, durante semanas, noite e dia, despejavam cântaros de seiva nas levadas e estas, serpenteando, alimentavam os milheirais e outras culturas de ocasião...".

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  9. Porto da Raiva, no concelho de Penacova, é o ponto de confluência do rio Alva com o Mondego. Pombeiro da Beira, no concelho de Arganil, é uma localidade, como muitas outras, por onde passa o rio Alva. Por isso, não percebo a razão pela qual Pombeiro da Beira é aqui chamada.

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  10. Obrigado Olinda. Gostei e desconhecia ...

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  11. Peço desculpa, não assinei, mas calhabé circulação é meu.
    Pedro Martins

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  12. Bonita lenda que desconhecia. A nossa terra tem histórias de grande beleza que muitos desconhecem

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  13. Olinda

    Não sei bem precisar...mas veio-me à memória uma história que a minha mãe e e a minha avó contavam....
    A minha mãe,como professora primária, foi colocada numa aldeia se não me engano, S. Pedro de Alva.A minha avó acompanhava a minha mãe que já estava grávida de mim, pois o meu pai funcionário público na Câmara Municipal de Coimbra não o podia fazer.Isto vem a propósito porque até chegarem ao destino, além da carreia tinham que atravessar o rio Alva num pequeno barco onde só iam elas e o barqueiro..... cheias de medo.....e a minha avó contava isto a chorar com o medo de atravessar o rio e pelo estado da minha mãe.
    Imagina como já estava a minha mãe....eu nasci a 17 de Outubro de 1946....

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  14. Bonita a lenda dos três rios que a nossa Amiga M.ª Olinda nos presenteou.
    Nandita já nessa altura andavas em grandes aventuras, por um pouco não nascias no barco.

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  15. Obrigado Olinda por nos dares a conhecer tão interessante lenda.
    Abílio

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  16. Também desconhecia esta lenda.
    Havia um texto, no livro único da 3ª classe que também relata uma cena semelhante mas tendo como protagonistas os rios Douro, Tejo e Guadiana.
    Três irmãos nascidos em Espanha...

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  17. Ainda o belo Rio Alva!
    Vejam este vídeo...boas recordações. Férias grandes...anos 60.

    http://www.youtube.com/watch?v=7C8qWWxfs8k

    Abraço

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  18. Interessante esta lenda e o curioso é que refere Pombeiro da Beira, que é uma pequena aldeia muito referida no romance do José Manuel Saraiva intitulado Rosa Brava!...

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  19. E nesta zona...come-se uma boa lampreia!!!
    Sugiro uma nova ROTA DA LAMPREIA !
    Tó Ferrão estás a ouvir???

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