sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A DANÇA DO VENTO ...



Foi num dia pardo de Outono que nasci. Da janela larga daquela casa, na Mata do Choupal, a minha Mãe via a dança das folhas em movimento. Disse-mo várias vezes, quando abria o Seu livro de memórias. Embrulhado na capa do meu avô, passeei por entre carvalhos e eucaliptos. Do Vento, habituei-me a ouvir o sibilar da Sua voz. Ora brando, ora rugindo nas tardes escuras e noites agrestes. Sentado nos degraus de pedra do meu singelo berço, eu olhava a escuridão, ouvindo a Dança Do Vento. Era um tango lúgubre e sofrido. Era a agonia de uma estrada sem fim. Na minha mente de criança, imaginava as brisas outonais, viajando dos confins do Universo, num perpétuo murmúrio. Não tenho a Imortalidade do Vento. Tenho princípio e fim. E o caminho, pedregoso, já se me afigura estreito. Um dia, partirei. E levarei comigo uma esperança. O sonho de que uma suave brisa me transporte nas Suas asas pelos Labirintos do Tempo, na procura incessante do Eterno. E é neste espelho de alma que me revejo. Hoje, que descobri mais uma ruga no meu rosto. E me nasceu mais um fio de prata no cabelo.
Q.P.

10 comentários:

  1. Caro amigo! Esse fio de prata aliado aos teus sentimentos d´oiro, ficam-te muito bem!
    Hoje é dia de Festa! O nosso Romancista festeja mais um aniversário! Que contes muitos mais, e que o teu/nosso Choupal seja sempre uma "torrente" de inspiração para os teus belos textos!!!
    Grande abraço e um beijo para a São!
    Ah! Não te esqueças de dar um abraço ao Senhor Teu Pai.ok?

    O amigo
    José Leitão

    ResponderEliminar
  2. E porque não?...também!!!!

    ResponderEliminar
  3. Que texto tão bonito.
    Que vejas muitos cabelinhos brancos e algumas rugas,pois tudo isso são vivências e têm uma história.
    Beijinho dia muito feliz na companhia da São.
    Nela Sarmento

    ResponderEliminar
  4. Estás a ver? Depois fico envergonhadita e não apareço em público.

    ResponderEliminar
  5. Anda tudo invertido!
    Era suposto ser o aniversariante a receber prendinhas...
    Afinal foi o Quito que nos presenteou com uma pérola, enrolada num fio de prata fina.
    Renovo os parabéns!

    ResponderEliminar
  6. Em dia de festa não se carpem mágoas.
    Não ligues aos cabelos brancos nem às rugas que são os vestigios visiveis do passado.
    Olha em frente que o futuro mesmo com a crise está aí.
    Agarra em cada momento de vida e vive.
    Ri-te do passado que já pouco interessa.
    Em cada manhã abraça o sol.
    Que interessa a escuridão da noite
    O resto e tudo o resto que interessa?
    É a vida!!!

    Um abraço

    ResponderEliminar
  7. Pois, pois, o choupal está em permanência nas tuas lembranças!
    E assim deu deu aso a mais este belo texto!
    Era o choupal do teu tempo, que já está um pouco diferente...mas no essencial ainda lá permanece a casa onde nasceste!
    Mais um abraço por este dia!

    ResponderEliminar
  8. Que muitos mais fios de prata se possam ir juntando ao teu cabelo.
    Um dia partirás mas deixarás atrás de ti o rasto de um perfume único: o da Vida.
    AQUELE ABRAÇO.

    ResponderEliminar
  9. Este magnifico texto poderia ter inspirado o autor da célebre "HOUSE OF THE RISING SUN"!

    Mas nasceste, tal como todos nos, depois duma DANCA DO VENTRE!

    Do CHOUPAL até à LAPA, a estrada continuou a sorrir-te!

    Quem tem DEUS como prenome deve sentir-se protegido!!!

    ResponderEliminar