A competição, já de si, gera conflitos, inimizades. Muito mais quando o objectivo que se quer atingir é rigorosamente o mesmo.
Algo me martelava o cérebro, me impunha a obrigação irresistível de ser eu o primeiro.
Algo me martelava o cérebro, me impunha a obrigação irresistível de ser eu o primeiro.
Queria ser o único, o vencedor!
O meu objectivo era conquistar o alvo, atingi-lo em primeiro lugar, porque só assim satisfaria o desejo de duas pessoas que me eram muito queridas. De outro modo, a minha existência não tinha significado.
Tinha contra mim milhões de competidores que outra coisa não queriam senão atingir o mesmo objectivo que eu. Serem os primeiros...
Corri desenfreadamente, sem me atrever a olhar para trás. Sentia o ruído da correria dos meus competidores atrás de mim. Estava ofegante mas ao mesmo tempo contente, porque não via nenhum dos meus rivais à minha frente. Isso deu-me novas forças, novo ânimo e impulsionei ainda com mais força e velocidade a minha correria.
Subitamente, esbarrei violentamente contra uma parede. Quase desmaiei, deixei de sentir as pernas ou o que restava delas. Com a violência da pancada, furei a grossa parede e deslizei para o lado de lá, mergulhando numa massa viscosa que me atordoou e me acalmou.
Andei de mão em mão, toda a gente me acarinhava, todos queriam tocar-me nos lugares mais recônditos do meu corpo, quando nove meses depois me deixaram ver a luz do dia.
Tinha contra mim milhões de competidores que outra coisa não queriam senão atingir o mesmo objectivo que eu. Serem os primeiros...
Corri desenfreadamente, sem me atrever a olhar para trás. Sentia o ruído da correria dos meus competidores atrás de mim. Estava ofegante mas ao mesmo tempo contente, porque não via nenhum dos meus rivais à minha frente. Isso deu-me novas forças, novo ânimo e impulsionei ainda com mais força e velocidade a minha correria.
Subitamente, esbarrei violentamente contra uma parede. Quase desmaiei, deixei de sentir as pernas ou o que restava delas. Com a violência da pancada, furei a grossa parede e deslizei para o lado de lá, mergulhando numa massa viscosa que me atordoou e me acalmou.
Andei de mão em mão, toda a gente me acarinhava, todos queriam tocar-me nos lugares mais recônditos do meu corpo, quando nove meses depois me deixaram ver a luz do dia.
Foi então que soube que aquele ser era eu, o espermatozóide que vencera a corrida.
Rui Felicio
Foi a única corrida que venci...
ResponderEliminarSem dúvida nenhuma YOU ARE A WINNER!!!!!!
ResponderEliminarAté pela maneira "estranha", e sensível como descreves a tua luta, a tua corrida para venceres e estares hoje ao pé de nós...teus amigos!
Que cabeça a tua Rui! Dizes que foi a única corrida que venceste...mas tenho a certeza que se um dia necessário for...vencerás muitas outras!
Bjo.
Ser vencedor é ser coerente...
ResponderEliminarSer vencedor é ser cativante...
Ser vencedor é lutar por Valores ...
Ser vencedor é gostar dos amigos...
Ser vencedor é gostar de gostar...
Um pensamento de Mathma Gandhi:
" Um covarde é incapaz de demonstrar amor, isso é privilégio dos corajosos"
Não ganhaste apenas uma corrida na vida, Rui.Ganhaste muitas e perdeste outras ...
Afinal como todos nós ...
Bom fim -de - semana
Delicioso texto sobre 9 meses de corrida para o corte do cordão umbelical...e quantas vezes nos apetece voltar ao aconchego da Mãe!
ResponderEliminarMais vale todavia nunca, do que dois em comparação já mais.
ResponderEliminarTonito.
Como todos os outros, tenho a certeza que muitas foram as corridas que vencestes, talvez esta, porque foi a primeira, te tenha ficado mais retida na mente! que maratona, Rui! como sempre a ideia e a forma como descreves, é inigualável!
ResponderEliminarUm abraço.
Claro que és um vencedor.
ResponderEliminarTens alguma dúvida?
Os teus amigos não têm.
Um abraço.
RL
A louca corrida do Rui Felício fez-me lembrar uma, muito idêntica, que eu próprio enfrentei pouco tempo antes da dele.
ResponderEliminarA pista a percorrer era idêntica, os adversários a vencer, não sendo os mesmos, eram idênticos.
E foi assim que ambos abrimos os olhos, com toda a certeza muito assustados, para um mundo em guerra.
Mas sobrevivemos, de forma saudável física e mental...
Recuso-me a aceitar que tenha sido a única corrida que venci. Venci muitas outras, ao longo da minha existência neste patamar da vida.
Perdi outras, penso que por mérito próprio...
Há corridas que não devem ser ganhas.
E pelo muito que conheço da personalidade, do ser humano que é o Rui Felício, também me recuso a aceitar que ele tenha ganho aquela única corrida.
Ganhou muitas outras e perdeu aquelas que entendeu que não deviam ser ganhas. E perdeu só essas, porque as outras, as que valorizam o Homem, tanto quanto sei, ganhou-as todas.
Aquele abraço.
Gostei como de costume deste teu texto e o facto de teres ganho esta corrida deu-te ânimo para ganhares muitas outras!
ResponderEliminarClaro que nem tudo são rosas!
E se ganhaste muitas também perdeste outras! Mas o saldo deve ser muito positivo!
Neste caso de seres o primeiro...não havia escolha...
Agora nem sempre assim:
no caso de "gente abrasonada" há situações mais complicadas!
O parto demorava...é que dois espermatozóides na porta de saída dicutiam a primazia de nascer:"não sr Conde, faz favor! Desculpe sr Visconde a primazia é sua!Acabaram por nascer segundo a hieraquia estabelecida--gémeos, claro!
Não foi de certeza a única corrida vencida, mas ainda terás demorado uns anos até te aperceberes desta grande vitória!
ResponderEliminarParabéns, Rui.Todos ficamos mais ricos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBato palmas à tua vitória nesta primeira e definitiva corrida. Que chatice seria a vida de todos os teus Amigos se tal não tivesse acontecido e, na vez de ti, aqui estivesse um outro ser que sabe-se lá poderia ser a tua antítese, um individuo egoísta, estúpido, ignorante, arrogante, incoerente…
ResponderEliminarAinda bem que foste tu o vencedor. Gostei de te conhecer e ser teu Amigo.
Um abraço
Abílio
É bom saber que tenho estes amigos. Por isso lhes agradeço os elogios.
ResponderEliminarDois houve que tocaram na minha corda sensível que é a luta de que me orgulho de,mesmo que seja contra os meus interesses, e que travo desde que me conheço.
Refiro-me à coerência de principios.
O Quito falou disso pela positiva.
O Abilio também, por raciocinio "a contrario", imaginando que o espermatozoide meu concorrente poderia ter sido a minha antitese.