Não faltei ao encontro. Como podia, neste preciso dia? Separados por milhares de quilómetros falámos tu em Istambul ouvindo o chamamento do almuadem que irrompe do alto dos minaretes para mais uma das cinco rezas diárias os fiéis a lavarem os pés as mãos a cara para entrarem puros na Mesquita Azul
(haverá um modo de lavar a alma? E se houver é para entrar onde?)
à procura de um sentido maior
eu em Dublin no alto do Gravity Bar da Guiness Storehouse com a cidade toda a meus pés trezentos e sessenta graus de cidade onde infiéis nos lavamos num exagero de cerveja preta uma densidade de vozes que não se entendem
(e se fosse possível compreender de que falariam?)
em busca de coisa nenhuma.
Já passou uma imensidão de tempo desde que nos fizemos irmãos recebendo eu sempre as tuas dádivas diárias com sofreguidão
(mais do que cinco, sempre)
guardadas escondidas só para mim. Tento lembrar-me das férias grandes juntos todos juntos todos e só fica uma única Costa da Caparica talvez Lagos ou aquela outra vez em que te fiz chorar em Albufeira porque sou assim lembro-me dos rebuçados recebidos e como te magoei um dia na cabeça lembro-me como tens sempre o coração aberto para mim quando eu perco a esperança e teimo em errar na
(pela?)
vida lembro-me da tua última entrega no meu dia especial um pedaço de mim próprio
(como só tu me conhece)
para que eu me sinta ainda.
Agora neste dia subiste a almádena fechaste os olhos para melhor ver o pôr-do-sol o teu ainda sorrindo-te lá muito à frente
(só tu sabes o significado do infinito nos afectos)
violeta vermelho amarelo.
Que o tempo não te atormente
(como diz o poeta irmão na língua)
tu (re)nasces amanhã ocupando todo o espaço que vai do já ao ainda.
O teu tempo é agora.
Sempre.
Mano Jó-Jó
(pensado a 16 de Julho, escrito a 18 de Julho de 2011)
BELINHA o JÓ JÓ é o máximo.
ResponderEliminarUm Grande Abraço aos dois.
Tonito.
Um turbilhão de afectos.
ResponderEliminarMaravilhoso!
Entre estes dois irmãos, não há nem o já nem o agora, há o sempre.
Mesmo o observador mais desatento percebe.
Abraço para ele, beijo para ela.
Com muita amizade, para ambos.
Isto chama-se Amor fraternal !!! Parabens aos manos.
ResponderEliminarNão resisti a comentar,após uma reflexão profunda.
ResponderEliminarEste é um dos mais belos textos de amor que li até hoje.
O motivo que me levou à reflexão é simples:se eu soubesse,como tu,escrever com o coração a minha escrita só seria conhecida pela destinatária.
Ainda bem,Jó-Jó,que pensas de um modo diferente do meu.
Só assim é possível ter acesso a um texto tão belo,com o coração completamente desprotegido.
Obrigado pela partilha.
Um grande abraço.
Como gostaria de descodificar muito dos parágrfos que escreves, mas só alguns me permitem entrar no que exprimes em relação à Belinha!
ResponderEliminarE para mim será o suficiente...
A Belinha saberá sem dificuldade interpretar tudo o que lhe quiseste transmitir neste dia tão especial de aniversário!
LOVE IS ON THE AIR!!!! E a mancha negra duma refrescante GUINNESS, saboreada à sombra, numa pausa entre lutas fraticidas entre protestantes e catolicos irlandeses, contribui bastante para que o nosso Jo-Jo declare este seu belo amor fraternal à sua querida irmä!
ResponderEliminarBONITO!
É na solidão do espaço que nos envolve que os sentimentos mais fortes se libertam das grilhetas que os convencionalismos amarram.
ResponderEliminarNa sua infinita relatividade, esse espaço e as suas envolventes, confundem-se, por antagónicas que pareçam ser as suas roupagens.
Afinal que diferença há entre as cinco rezas diárias dos muçulmanos e outras tantas Guiness sorvidas a milhares de quilómetros de distância, quando o amor fraternal que liga estes dois irmãos desvanece e esbate essas envolventes?
É um orgulho ter vivido na mesma envolvente do nosso Bairro, onde cresceram estes dois seres de superior inteligência que são o Jo_Jo e a Belinha.
O Jó-Jó tem uma vida académica ocupada. Todos o sabemos. Como sabemos da partilha de afectos que envolve esta família.
ResponderEliminarQuando aparece, revela a sua capacidade impar de transmitir emoções. Com a sua prosa, ficamos mais ricos.Nem vale a pena insistir que apareça mais vezes. O Jó-Jó tem o seu tempo no Tempo.
Da cidade de Lagos que mencionaste - desta terra de que me sinto filho adoptivo, pelos 50 anos de memórias a calcorrear arribas e a partilhar afectos com os locais - envio-te um abraço. Um abraço do tamanho da Praça dos Baloiços, onde, de tenra idade, partimos para a vida e vamos cumprindo o nosso Destino. Brilhante o teu.
São os afetos que nos unem neste abraçar quase diário de encontros por entre os meandros deste blogue.
ResponderEliminarPor vezes a expressão máxima desses afetos transborda o simples contorno da palavra escrita para nos inundar, nas entre-linhas, com o sentir mais profundo.
O JóJó é, talvez, o mais sentimental e apaixonado dos Costas, e único na maneira superior como nos transporta no seu imaginário de paixão.
Gostei da forma e do conteúdo do teu texto, como
também e de certeza, a Belinha, que bem é merecedora de tal exaltação.
Com amizade, abçs e bjs para ambos.
Sim, Jó-Jó, a mana Belinha mais próxima na idade, seria a "mãezinha", a que era cúmplice do irmão caçula.
ResponderEliminarO que partilhas connosco, dos momentos especiais das vossas vidas, transpira ternura e gratidão por essa maninha, única, em todas as vertentes da palavra!
Beijos a ambos.
"(haverá um modo de lavar a alma? E se houver é para entrar onde?)"
ResponderEliminarNão sei...
Sei a paz, sei a ternura que senti depois de ler o teu texto com dificuldade, os olhos teimavam em não deixar ler...
Obrigada mano querido!
Belinha