Será que os conimbricenses e todos os estudiosos da arte conhecem oacervo artístico que possui a igreja de São José e o seu significado? Ou deduzem que um templo relativamente moderno, inaugurado em 19 de Março de 1962, alberga, sobretudo, imagens daquelas que se multiplicam utilizando o mesmo molde?
Pois, caros leitores que desconhecem este património, a igreja de São José, que comemora o cinquentenário da sua sagração e os 80 anos da criação da Paróquia, dispõe de esculturas, vitral e azulejos, da autoria de consagrados artistas, que identificam os autores e a arte sacra e valorizam um espaço religioso, que teve no decorrer do tempo uma administração e uma orientação deveras criteriosa, que lhe “doaram” obras e atividades de reconhecido valor nas vertentes religiosas, sociais e artístico/culturais. Párocos, com a anuência dos Bispos, e leigos que ergueram e ornamentaram uma Casa de Deus que é exemplo para a cidade e para a Igreja.
As comemorações em curso provocaram nova fase de obras, de restauro e de aprimoramento. Nesse sentido e por convite do cónego e pároco João Castelhano, tivemos a excelente companhia do engº. João Rebelo para elaborarmos (os dois) um roteiro/guia ilustrativo das obras de arte, que foi editado pela igreja. Um trabalho agradável que abraçou a arte e a fé, numa cumplicidade entre o espiritual e o material, permitindo a observação, a admiração, a reflexão e o respeito agradecido.
O conjunto escultórico na fachada, em pedra, e da autoria de um notável escultor açoreano, Numídico Bessone, representa os Anjos e a Cruz, e a figura do padroeiro, São José, com o Menino Jesus, espelhando a relação entre o terreno e o transcendente. O autor conferiu às esculturas um sentimento de amor, de paz e de confiança, sinal da grandeza humana e espiritual da Família de Nazaré, enquanto a cruz mostra ao homem que o caminho da salvação eterna passa por ela.
Nas arcadas, os painéis do Jubileu, da autoria do conimbricense, Vasco Berardo, que simbolizam a marca temporal da fé e o sinal exterior da alegria da comunidade paroquial, aquando da celebração dos 2.000 anos do nascimento de Cristo. O painel da ala esquerda apresenta Cristo, Único Salvador, com três testemunhos: Porta Santa; Peregrinação; Indulgências. O painel da direita regista Maria, mãe de Jesus, agregando três sinais: a memória dos mártires e a purificação da memória; a reconciliação e a caridade.
No interior do templo, as esculturas em pedra de Nossa Senhora, São José com o Menino Jesus, e a Via-Sacra, trabalhos da consagrada artista, Maia Amélia Carvalheira, esculturas que incutem um silêncio de fé amadurecida, que revelam uma exemplar seriedade criativa. O acervo constitui uma referência da arte sacra do século XX em Coimbra e no país.
O vitral da Ressurreição, da criatividade do padre, humanista e artista Nunes Pereira, é uma obra de excecional pendor iconográfico e fulgor da Fé cristã, que define as suas capacidades e qualidades. Um trabalho composto de três corpos distintos mas interligados. Ao centro, Cristo Ressuscitado; à esquerda, a vida de Cristo da Anunciação ao Calvário; à direita, os Apóstolos.
Enfim, um qualitativo número de obras de arte, autênticos ex-libris de uma igreja em renovação e sempre alicerçada nos valores da mensagem de Jesus Cristo.
De António Alves
Enviado por Chico Torreira da Silva- Canadá
De António Alves
Enviado por Chico Torreira da Silva- Canadá
Igreja de São José |
Vitral no Interior da Igreja |
Fotos: Net
Um tesouro, também este artigo que o Chico nos transmite, pois desconhecia a autoria das esculturas e arcadas da igreja onde, em agosto de 1961 (antes da inauguração), o Padre Aníbal celebrou o meu casamento!
ResponderEliminarO vitral de Monsenhor Nunes Pereira é recente e de uma beleza tocante.Faleceu uma semana antes da sua inauguração, mas deixou-nos uma grande e reconhecida obra de arte!
O Dr. Mário Nunes, sempre interessado e conhecedor destes aspetos culturais da nossa cidade.
Gostei muito deste artigo pois francamente estava pior que a Celeste Maria.
ResponderEliminarDesconhecia a autoria de toda a arte. Saí daí pela primeira vez em 1962, por isso não acompanhei.
As fotos tiradas da net, foram uma boa ideia do Rafael.
Todos os dias vou lendo o que posso sobre a região centro.
Fora da terra mas a terra está dentro de mim.
Um abraço.
" Fora da terra mas a terra está dentro de mim" assim sintetiza o Chico Torreira da Silva, o seu sentir. Mesmo longe, o apelo à sua Coimbra ...
ResponderEliminarConheci o Monsenhor Nunes Pereira, em circunstâncias muito especiais. Sendo eu e a São frequentadores diários daquele que foi um emblema de Coimbra - o café "Brasileira" - com ele travámos conhecimento. Um dia, abeirou-se de nós e ofereceu-nos, a cada um, um desenho feito pela sua mão, com o nosso perfil.
Ficou muito conseguido e a nossa surpresa, pois só o conhecíamos de vista.
Uma amabilidade, que naturalmente nos tocou...
Os desenhos foram emoldurados e figuram hoje em minha casa, como homenagem ao Homem de Cultura que foi ...
Gostei de ler toda a informação reproduzida aqui pelo Chico Torreira da Silva ...
Um abraço