sábado, 23 de março de 2013

DIA MUNDIAL DA POESIA-CONTINUA ATÉ DIA 24

ATÉ DIA 24 CONTINUA O FESTIVAL DE POESIA EM COIMBRA
Nota: em comentários novo poema enviado por Jorge Castro


O “MAL DITO”, festival de Poesia em Coimbra” – é uma iniciativa que surge da vontade
de celebrar a poesia, é o resultado da união de um grupo de amigos que estão ligados à  (e pela) poesia e não é de Coimbra, mas em Coimbra. O núcleo organizador é formado  por cidadãos  residentes na cidade, poetas e fotógrafos, editores e livreiros, galeristas e dinamizadores culturais. Este festival ganhou vida graças à ajuda dos nossos amigos que prontamente se dispuseram a participar, e de entidades  que prontamente disponibilizaram os seus espaços para a dinamização dos eventos.
Decorrerá em vários locais da cidade, de 21 a 24 de Março, e terá uma agenda que agregará vários eventos, directa ou indirectamente ligados à organização.
Do cartaz constarão leituras, tertúlias, apresentações de livros e de revistas, intervenções, perfomances e instalação, música – spoken word-, exposições de fotografia e de ilustração, tradução colectiva, atelier para crianças, feira de livros de poesia, etc. Os locais serão a rua, jardins, galerias e associações culturais, bares e cafés, livrarias e uma feira de livros de poesia.

ENCONTRO DE GERAÇÕES ASSOCIA-SE COM POESIA DE NOSSOS AMIGOS/AS
De Jorge Castro- ORCA - "Apenas alguns poemas de cordel"
O TEMPO

o tempo nunca pára
é uma pressa
e passa por nós fora tão depressa
que o que somos
nem seremos
tão moldados por aquilo que fizermos
como somos
por tudo que não fazemos

e por tudo passa o tempo
numa pressa
e nós passamos por ele
mas tão depressa
que de nós
fica só
o que fizermos.

De Paula Raposo  " O laço Impenetrável do Silêncio"
JAZZ

Que poderei dizer
do que foi dito, dissecado
e dilacerado em exaustão?
Que poderei calar na garganta
se quero gritar, beijar-te
e trautear-te a melodia 
de um trompete...
Que me dirias dos risos
- sem propósito - ,?!
É só jazz...


DE JOSÉ FANHA -  "José Fanha poesia"

O RIO

Este rio
de tão espessa
claridade
atravessa
docemente
o silêncio
da cidade
semeando
o mar
à margem 
da corrente
carregando
o meu olhar
como peixe
em busca
da nascente.

Este rio
correndo
lentamente.

15 comentários:

  1. Talvez a poesia ajude a sarar as chagas do espírito neste país macilento ...

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    1. Sarar acho que não mas que é motivante para arranjar "forças" para lutar contra "o status quo" acho que sim!

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  2. Glosando o poema de Jorge Castro...

    Pergunto ao Tempo que corre apressado
    Se terei tempo para a ferida sarar.
    Zunindo-me o Tempo respondeu
    Que a ele já estou amarrado
    Que o correr do Tempo não é meu
    E que não o trave, que o deixe passar...

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  3. Se eu te pudesse dizer
    O que nunca te direi
    Tu terias que entender
    Aquilo que nem eu sei.

    Fernando Pessoa

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  4. A todos os amigos poetas dou os meus parabéns pela sua criatividade e beleza da sua poesia..
    Dou o meu contributo com um pequeno poema de o maior poeta português.
    Claro para mim.

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  5. Já agora e do que para mim foi o maior entre seus pares:

    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
    Muda-se o ser, muda-se a confiança;
    Todo o mundo é composto de mudança,
    Tomando sempre novas qualidades.

    Continuamente vemos novidades,
    Diferentes em tudo da esperança;
    Do mal ficam as mágoas na lembrança,
    E do bem, se algum houve, as saudades.

    O tempo cobre o chão de verde manto,
    Que já coberto foi de neve fria,
    E em mim converte em choro o doce canto.

    E, afora este mudar-se cada dia,
    Outra mudança faz de mor espanto:
    Que não se muda já como soía.

    Luís de Camões

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  6. Não podia faltar um dos meus favoritos!

    PORQUE O POVO DIZ VERDADES!

    Porque o povo diz verdades,
    Tremem de medo os tiranos,
    Pressentindo a derrocada
    Da grande prisão sem grades
    Onde há já milhares de anos
    A razão vive enjaulada.

    Vem perto o fim do capricho
    Dessa nobreza postiça,
    Irmã gémea da preguiça,
    Mais asquerosa que o lixo.

    Já o escravo se convence
    A lutar por sua prol
    Já sabe que lhe pertence
    No mundo um lugar ao sol.

    Do céu não se quer lembrar,
    Já não se deixa roubar,
    Por medo ao tal satanás,
    Já não adora bonecos
    Que, se os fazem em canecos,
    Nem dão estrume capaz.

    Mostra-lhe o saber moderno
    Que levou a vida inteira
    Preso àquela ratoeira
    Que há entre o céu e o inferno.

    António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."

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  7. Gosto de vocês! E mais não sei dizer....obrigada. Beijos a todos.

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  8. Com um forte abraço a todos e a caminho das Caldas da Rainha para mais poesia, aqui vos deixo um dos «fresquinhos»:

    ERA UMA VEZ UM PAÍS
    - … e a culpa deste é de Ary dos Santos

    era uma vez um país
    debruado a sal e terra
    feito de mar-desamor
    e entranhada raiz
    cheia de sol mas temor
    de que nos fique em Paris
    ou na brumosa Inglaterra
    na Austrália ou em Timor
    tanto amor que o peito encerra

    um país que procurava
    sempre no longe distante
    no além dos horizontes
    o quanto dele aqui estava
    sem querer saber do instante
    sem saber no chão mil fontes
    saber voar que acontece
    através do céu errante
    voar só porque apetece

    um país hoje em mortalha
    esse o país que fenece
    nas mãos de tanta canalha
    e de tanta carpideira
    em uivo lúgubre ao vento
    por tanta e tanta canseira
    de carpir tanto lamento
    desse alento que esmorece
    entre inveja e espavento

    era uma vez um país
    em tempo calmo e ameno
    e onde tudo parece
    tão prenhe de sol e luz
    feito de um viver sereno
    entre o trigal que reluz
    e um rebanho em seu feno
    a retouçar junto à cruz
    que é pelourinho do demo

    um país de peito aberto
    feito em passado fecundo
    cheio de ânsias de Encoberto
    e dando mundos ao mundo
    neste imperfeito presente
    hoje quiçá por defeito
    a dar ao mundo outra gente
    por desgoverno sem jeito
    em futuro mais-que-incerto

    haja em nós outro país
    vindo da noite do tempo
    no alvor de outra manhã
    onde eu seja o quanto fiz
    sacudindo em contratempo
    esta grilheta malsã
    e que tu estejas comigo
    em busca do amanhã
    meu irmão de sempre amigo

    - Jorge Castro

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    1. Ah, grande Mestre OrCa!
      Como dizemos sempre eu e o nosso amigo Mário Rui sempre que nos reencontramos, "eu não sei se perdi um amigo, mas que tu ganhaste, ganhaste".
      Abre acção!
      E boa viagem para essa cidade que não quis a minha colecção.

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  9. Jorge amigo o Castelão está contigo..neste dia nas Caldas!
    Um abraço, e obrigado por este "frequinho"!

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  10. Boa iniciativa, poesia no blog.

    Aleixo disse:
    Ser artista é ser alguém!
    Que bonito é ser artista,
    ver as coisas mais além
    do que alcança a vista!

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