ATÉ DIA 24 CONTINUA O FESTIVAL DE POESIA EM COIMBRA
Nota: em comentários novo poema enviado por Jorge Castro
O “MAL DITO”, festival de Poesia em Coimbra” – é uma
iniciativa que surge da vontade
de celebrar a poesia, é o resultado da união de um grupo
de amigos que estão ligados à (e pela)
poesia e não é de Coimbra, mas em Coimbra. O núcleo organizador é formado por cidadãos
residentes na cidade, poetas e fotógrafos, editores e livreiros,
galeristas e dinamizadores culturais. Este festival ganhou vida graças à ajuda
dos nossos amigos que prontamente se dispuseram a participar, e de entidades que prontamente disponibilizaram os seus
espaços para a dinamização dos eventos.
Decorrerá em vários locais da cidade, de 21 a 24 de
Março, e terá uma agenda que agregará vários eventos, directa ou indirectamente
ligados à organização.
Do cartaz constarão leituras, tertúlias, apresentações
de livros e de revistas, intervenções, perfomances e instalação, música –
spoken word-, exposições de fotografia e de ilustração, tradução colectiva,
atelier para crianças, feira de livros de poesia, etc. Os locais serão a rua,
jardins, galerias e associações culturais, bares e cafés, livrarias e uma feira
de livros de poesia.
ENCONTRO DE GERAÇÕES ASSOCIA-SE COM POESIA DE NOSSOS AMIGOS/AS
De Jorge Castro- ORCA - "Apenas alguns poemas de cordel"
O TEMPO
o tempo nunca pára
é uma pressa
e passa por nós fora tão depressa
que o que somos
nem seremos
tão moldados por aquilo que fizermos
como somos
por tudo que não fazemos
e por tudo passa o tempo
numa pressa
e nós passamos por ele
mas tão depressa
que de nós
fica só
o que fizermos.
De Paula Raposo " O laço Impenetrável do Silêncio"
JAZZ
Que poderei dizer
do que foi dito, dissecado
e dilacerado em exaustão?
Que poderei calar na garganta
se quero gritar, beijar-te
e trautear-te a melodia
de um trompete...
Que me dirias dos risos
- sem propósito - ,?!
É só jazz...
DE JOSÉ FANHA - "José Fanha poesia"
O RIO
Este rio
DE JOSÉ FANHA - "José Fanha poesia"
O RIO
Este rio
de tão espessa
claridade
atravessa
docemente
o silêncio
da cidade
semeando
o mar
à margem
da corrente
carregando
o meu olhar
como peixe
em busca
da nascente.
Este rio
correndo
lentamente.
claridade
atravessa
docemente
o silêncio
da cidade
semeando
o mar
à margem
da corrente
carregando
o meu olhar
como peixe
em busca
da nascente.
Este rio
correndo
lentamente.
Talvez a poesia ajude a sarar as chagas do espírito neste país macilento ...
ResponderEliminarSarar acho que não mas que é motivante para arranjar "forças" para lutar contra "o status quo" acho que sim!
EliminarGlosando o poema de Jorge Castro...
ResponderEliminarPergunto ao Tempo que corre apressado
Se terei tempo para a ferida sarar.
Zunindo-me o Tempo respondeu
Que a ele já estou amarrado
Que o correr do Tempo não é meu
E que não o trave, que o deixe passar...
E glosaste lindamente...
EliminarSe eu te pudesse dizer
ResponderEliminarO que nunca te direi
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei.
Fernando Pessoa
A todos os amigos poetas dou os meus parabéns pela sua criatividade e beleza da sua poesia..
ResponderEliminarDou o meu contributo com um pequeno poema de o maior poeta português.
Claro para mim.
Já agora e do que para mim foi o maior entre seus pares:
ResponderEliminarMudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís de Camões
Não podia faltar um dos meus favoritos!
ResponderEliminarPORQUE O POVO DIZ VERDADES!
Porque o povo diz verdades,
Tremem de medo os tiranos,
Pressentindo a derrocada
Da grande prisão sem grades
Onde há já milhares de anos
A razão vive enjaulada.
Vem perto o fim do capricho
Dessa nobreza postiça,
Irmã gémea da preguiça,
Mais asquerosa que o lixo.
Já o escravo se convence
A lutar por sua prol
Já sabe que lhe pertence
No mundo um lugar ao sol.
Do céu não se quer lembrar,
Já não se deixa roubar,
Por medo ao tal satanás,
Já não adora bonecos
Que, se os fazem em canecos,
Nem dão estrume capaz.
Mostra-lhe o saber moderno
Que levou a vida inteira
Preso àquela ratoeira
Que há entre o céu e o inferno.
António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."
Gosto de vocês! E mais não sei dizer....obrigada. Beijos a todos.
ResponderEliminarCom um forte abraço a todos e a caminho das Caldas da Rainha para mais poesia, aqui vos deixo um dos «fresquinhos»:
ResponderEliminarERA UMA VEZ UM PAÍS
- … e a culpa deste é de Ary dos Santos
era uma vez um país
debruado a sal e terra
feito de mar-desamor
e entranhada raiz
cheia de sol mas temor
de que nos fique em Paris
ou na brumosa Inglaterra
na Austrália ou em Timor
tanto amor que o peito encerra
um país que procurava
sempre no longe distante
no além dos horizontes
o quanto dele aqui estava
sem querer saber do instante
sem saber no chão mil fontes
saber voar que acontece
através do céu errante
voar só porque apetece
um país hoje em mortalha
esse o país que fenece
nas mãos de tanta canalha
e de tanta carpideira
em uivo lúgubre ao vento
por tanta e tanta canseira
de carpir tanto lamento
desse alento que esmorece
entre inveja e espavento
era uma vez um país
em tempo calmo e ameno
e onde tudo parece
tão prenhe de sol e luz
feito de um viver sereno
entre o trigal que reluz
e um rebanho em seu feno
a retouçar junto à cruz
que é pelourinho do demo
um país de peito aberto
feito em passado fecundo
cheio de ânsias de Encoberto
e dando mundos ao mundo
neste imperfeito presente
hoje quiçá por defeito
a dar ao mundo outra gente
por desgoverno sem jeito
em futuro mais-que-incerto
haja em nós outro país
vindo da noite do tempo
no alvor de outra manhã
onde eu seja o quanto fiz
sacudindo em contratempo
esta grilheta malsã
e que tu estejas comigo
em busca do amanhã
meu irmão de sempre amigo
- Jorge Castro
Ah, grande Mestre OrCa!
EliminarComo dizemos sempre eu e o nosso amigo Mário Rui sempre que nos reencontramos, "eu não sei se perdi um amigo, mas que tu ganhaste, ganhaste".
Abre acção!
E boa viagem para essa cidade que não quis a minha colecção.
Abraço,Jorge!
EliminarQue belo poema...
Jorge amigo o Castelão está contigo..neste dia nas Caldas!
ResponderEliminarUm abraço, e obrigado por este "frequinho"!
ResponderEliminarBoa iniciativa, poesia no blog.
Aleixo disse:
Ser artista é ser alguém!
Que bonito é ser artista,
ver as coisas mais além
do que alcança a vista!
O nosso Aleixo bem consciente da realidade!
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