terça-feira, 22 de julho de 2014

MONSANTO E NAMORA ...

A minha nave, aproada sobre os horizontes e, como todos os povoados fronteiriços, desavinda com Castela. Mas vejam-na também dos cimos, como se observa uma saia rodada que em todos os seus folhos tem vista, quer da Torre de Lucano, uma vigia sobre o abismo, quer das Torres de Menagem, dos Penedos Juntos, dois colossos de frontes ensarilhadas, ou das ameias que dominam mais léguas, lusas ou castelhanas, que os olhos podem abranger: Penamacor, as Idanhas, Monfortinho, S.Salvador, Penha Garcia, Salvaterra e os cerros de Bejar. Todas as suas lombas são uma floresta de alcantis, que se vai amainando no encontro com a planura e nela se esbate ainda em surtos de fúria ou já em oásis de macieza, onde os povoléus deixam, aos poucos, de anichar-se nas lapas.
Fernando Namora in "A Nave de Pedra"

8 comentários:

  1. Passado e presente. Na velocidade e voracidade do Tempo, Monsanto vive na cauda do cometa. Não com um rasto cintilante, mas como um tormento feito de granito e xisto, em penedias que desafiam as leis da gravidade. Lucano lá está, como seu galo de prata. Sentinela da campina e dos séculos. Testemunha muda de conflitos com Castela. Hoje, um bastião do passado, que os turistas se apressam a visitar, olhos abertos de espanto, pelo irreal da paisagem e do morro plantado no meio da campina.

    Do presente, vislumbram-se ao longe, as turbinas eólicas, encavalitadas no cimo das montanhas. Sinal dos tempos.

    Monsanto resistirá aos séculos. Pelo agreste da paisagem e por um povo que teima em resistir e existir. O casario de telhados novos, que vão já pontificando por entre os escuro da paisagem de pedra escura, é sinal do apego às raízes daqueles que vindos de outras cidades e outras pátrias, procuram Monsanto para se sentarem num recanto do Tempo. Do seu Tempo. Do Tempo de infância e de recordações. Porque Monsanto, também tem filhos. Os filhos da terra, que abalaram na procura de outras condições de vida. Para trás, pela pena de Namora, ficaram histórias de encantar, de bruxos, curandeiros e contrabandistas.

    Também a história de um médico - escritor. Namora, imortalizou Monsanto. O contrário também é verdadeiro. Um pacto de imortalidade a dois. Do povoado altivo, que resistiu estoicamente ao agressor - Monsanto. Do Homem de bem, que semeou o seu saber profissional e cultura literária, através de um aparo de ouro, com que escreveu páginas de grande beleza - Fernando Namora.

    A foto, é de São Vaz.

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    1. Por acaso ontem estive a ver na SIC um programa que anda a percorrer o País a dar visibilidade a muitas aldeias de Portugal, que são muitas delas bem conhecidas de todos nós!
      Ontem, e vi por acaso...foi sobre Monsanto, e nãi vi tudo, pois as TV´S fazem estes programas por vários flashes, para tentarem manter o espectador preso no ecran!...e lá vão martirizando o dito espectador (que tem paciência para isso ): maqrque o nº tal e ganha 1.000Euros, etc, etc O jornalista chegou de carrinha abeirou-se de um banco de simpáticos idosos, perguntou quantas pessoas( mais ou menos) ainda habitavam Monsanto(-tra-la-rá, pardais ao cesto) e lá seguiu para visitar a Rádio Monsanto-que gostei de ver o estúdi-museu-Então como têm conseguido sobreviver ao longo destes 29 anos!!??O locutor(proprietário(?) lá respondeu: graças a Deus temos dedicados patrocinadores que vão ajudando a manter esta rásio!!!
      Depois um momento que gostei muio com as adufeiras de Monsanto-8 a 10- idosas e uma jovem sem adufe mas batendo palmas!!!.Cantando e tocando!. Claro que trocou umas breves palavras com a adufeira mor...e pronto não vi mais!
      Se leram e gostaram, fico contente.

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  2. Quando as adufeiras de Monsanto se juntam no cimo do Castelo de Gualdim Pais, as suas vozes e o som dos adufes ecoam pele planície, escoando-se em ondas sonoras cada vez mais longínquas. Parece um mistério. Bela é a tradição do cântaro atirado de cima do Castelo, numa alegoria ao animal que dali foi lançado ao invasor, fazendo crer que os sitiados tinham muita comida, o que era mentira pois estavam famintos. Um expediente que resultou, pois o invasor levantou armas ...

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  3. Monsanto é um sítio muito especial.
    Bem hajas, Quito, por nos relembrares isso.
    E bem hajas, Rafael pelo relato à Gabriel Alves.

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  4. Bem hajas tu, Paulo. Sempre que colaboro, fazendo postagens com fotos da zona, lembro-me de ti e das tuas raízes. É sempre com gosto que o faço, sabendo por antecipação que estas fotos te são gradas.
    Um abraço

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  5. Começa em Namora, que passa com rapidez e mestria a Quito, este por sua vez endossa, em jogada de elevado nível técnico a Dom Rafael que faz um relato à Gabriel Alves, sob observação e o olhar arguto de Paulo Moura.

    Abre aços para todos!

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