quinta-feira, 24 de julho de 2014

REALIDADE E UTOPIA ...





Qual foi o preço de uma ilusão ?

O Jornal “Reconquistade Castelo Branco, pela pena do Dr. Costa Alves, trazia à estampa na semana que passou, um interessante artigo com o título “ E agora Brasil ? E agora Portugal ? “, sobre o Campeonato Mundial de Futebol, realizado no Brasil. 

Não no que respeita à sua vertente desportiva, mas aos gastos exorbitantes com os estádios de futebol, apontando como exemplos Brasília, Manaus e Cuiabá. Fala nestas obras, como homenagens ao desperdício e, lá como cá, dos “elefantes brancos” que são os Estádios de Leiria, Aveiro e Faro/ Loulé, construídos aquando do Europeu realizado no nosso país. 

Em ambos os casos, como dois países irmãos - com uma população pobre ou empobrecida, na sua generalidade - vêm a sua identidade transportada para um retângulo verde de futebol, em detrimento do que é mais essencial na vida das comunidades brasileira e portuguesa: a saúde, a educação, a habitação e os transportes.

Lá como cá, a desilusão é total. Nem o Brasil ganhou a Copa, nem Portugal venceu o Campeonato Europeu de Futebol, dentro de portas. Mas, nestas coisas, nem todos perderam. Há sempre alguns que lucraram com as obras megalómanas.

Diz o articulista, que o Brasil não aprendeu com Portugal. Copiou o mau exemplo de Estádios construídos, que não servem para nada. 

Vegetarão ao sol e à chuva, abandonados à sua sorte. Quem paga todos estes desmandos financeiros, com os seus impostos? A resposta é fácil de descodificar: o povo brasileiro e o povo português.

Costa Alves, cita, no seu dizer, o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade e o eterno poema “José”:

A festa acabou/ a luz apagou/ o povo sumiu/ a noite esfriou …”

E agora Brasil ?

Sozinho no escuro/qual bicho – do - mato (…) sem parede nua/ para se encostar (…) você marcha para onde?

E continua Costa Alves:  ... e, como já escrevia Drummond de Andrade em 1978, em que outro sonho da Copa tinha escoado: “Só deixaremos de ser tontos/se chutarmos no alvo exato”.

Um poema sempre atual, que serve bem as duas nações amigas.

Apetece - me dizer, agora que as luzes se fecharam e os povos que visitaram o Brasil partiram em debandada, que, numa opinião muito particular, os governos brasileiros e português, estiveram de cócoras perante o poder devorador dos grandes interesses e dos magnatas do futebol, esses sim, a viver uma realidade que nada tem a ver com as dificuldades que o cidadão anónimo vive no seu quotidiano.

Num último apontamento, relembrar a alguns leitores menos novos, que Costa Alves, residente em Castelo Branco, foi meteorologista de profissão e figura conhecida da televisão estatal, onde durante muitos anos fez as previsões do tempo. Assina uma artigo semanal, no jornal de maior referência nesta cidade do interior de Portugal.
Quito Pereira
   

13 comentários:

  1. Lindo texto Quito mas triste realidade! Anda tudo doido! A grande obcessao pelo dinheiro, comanda agora a vida! Vê so o conflito em GAZA. Uma autêntica vergonha! O que aconteceu com o aviao na Ucrânia, um crime de Estado! Alguém toma decisoes dràsticas? So palavreado inutil!!Avioes a voarem com màs condiçoes metereologicas, arriscando a vida de inocentes! Tudo a contas com grandes beneficios!!!! E em 2022, mais um Campeonato do Mundo num Pais onde a média das temperaturas oscila à volta dos 38°!!!!So de malucos!!!!

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  2. Não aprenderam nada com Portugal!
    Temos realmente 3 estádios que são 3 elefantes brancos e referidos no texto.
    No Brasil os de Manaus e Cuiabá parece que vão ter assistências nos campeonatos estaduais na ordem de umas centenas de "pagantes"!!
    Já o de Brasilia, embpra futebolisticamente seja também um desastre, dizem poderá servir para grandes concertos musicais.
    Será também o Estádio sede das Olimpíadas que se vão realizar no Brasil.
    Na sua maioria...ou quase todos ,os custos foram muito para além do que estava previsto!
    mas deu para tudo:protestos violentos com pilhagens, incêndios, milhaes e milhares de polícias a fazerem a segurança,etc Ainda por cima: o Brasil ficou num "honrroso 4º lugar!!! É de loucos!!!
    Brasil marcha para onde? E Portugal que tem feito marcha a trás...o que nos reserva! A ver vamos!
    Quanto ao Dr. Costa Alves lembro-me bem dos seus boletins metereológicos. Pessoa simpática!

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  3. Não quero ser do contra mas... todos os males do mundo fossem do futebol...

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  4. Também li que no Brasil, a FIFA não pagou nem um centavo de impostos sobre os lucros astronómicos!
    E depois não querem que o povo se revolte!...

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  5. O mamarracho de Leiria, é a cereja no topo do bolo, no regabofe despesista e irresponsável. Um monstro de betão, que apenas serviu para jogar futebol. E mesmo assim, durante várias épocas, nem serviu sequer para os da casa jogarem. Um diferendo entre clube e Câmara, pôs a União de Leiria a jogar ...na Marinha Grande. Um absurdo. Diz-me quem lá vive, que já esteve em equação deitar o estádio abaixo, pelos enormes encargos que acarreta. Este é um assunto que dava pano para mangas. "Todos os males do mudo fossem o futebol" - diz o Paulo. Estava tentado a concordar, se não me fossem ao bolso. A soma de muitas aventuras sem critério, pagam-se com língua de palmo. E os funcionários do Estado que o digam ...

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    1. Quito, os disparates feitos sob pretexto do futebol, para mim não são já futebol.

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    2. Paulo, mas é dos disparates que se está a falar. Eu, que tenho o defeito de gostar de futebol, revoltei-me quanto ao desmando do "nosso Euro" e do "Mundial brasileiro".
      Ambos serviram interesses económicos que nada tem a ver com os respectivos povos, para estes sobra o sacrifício de ter de pagar os biliões estragados.

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  6. Sou brasileira e, como tal, enxergo bem os problemas sociais - de todos os tipos - por aqui. Mas essa "situação" vexatória não é consequência, somente, das construções dos "elefantes brancos". Há um mal maior arraigado - há muito - e já tatuado: corrupção política e eleitores que são comprados, porque também lucram com essa "desordem e desprogresso(?)". Roubam-nos um bem maior: A CONSCIÊNCIA.
    Agora, se as "revoltas" e manifestações tivessem o caráter de honestidade, eu aplaudiria efusivamente. Mas não! Infelizmente, também atendem a interesses outros (Vejam matéria recentemente publicada sobre a manifestante - líder - sininho). Enfim, usam o povo para qualquer fim (menos aquele que de fato irá melhorar a qualidade de vida de todos, indistintamente). Exemplos Históricos? Nem preciso elencá-los.

    E quanto às ilusões... tem momentos que prefiro vivê-las, para suprir um "cadito" essa realidade tão fria.É assim, também, quando amamos alguém... sempre tentando manter que tudo está bem (muitos sabem até fingir isso excelentemente.Já outros - e me incluo nesse grupo - preferem chutar o balde só pra ver até onde a água derrama).

    Beijos... e não se acanhem com minhas ideias... estranhas. rsss

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  7. Tudo está dito!
    Gostei de ler a opinião de Costa Alves, realista e atual.
    Acredito que ainda haverá situações mais gritantes, sei que o futebol move e anima os apreciadores deste desporto, mas era preciso avaliar de modo a correr o mínimo de desperdício!

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