AS PALAVRAS QUE MARCAM DE "CHAMA A MAMÃE" ...

" Chama a Mamãe" escreveu : " Como o encontro das Águas dos Rios Negro e Amazonas, que se encontram e se respeitam ...daqui desta imensidão de mundo ..."

Dia de aniversário, é sempre um dia especial. Mais especial, quando chegamos a um patamar da nossa existência, que nos convida a parar e a refletir do que foram e são os caminhos da vida. De separar o trigo do joio. De cirandar o essencial do supérfluo. Ou fútil.  

Há palavras e palavras. Mas, no dia em que através deste espaço e de outros, fui saudado pelo meu aniversário, tive o conforto de saber que as mensagens que me eram dirigidas, valiam ouro. Porque eram sentidas e amigas. A todos fiquei e estou, muito grato.

Não desmerecendo ninguém, ao reler a avalancha de saudações que me foram enviadas, parei numa prosa que veio do Brasil. Era uma mensagem amiga, vinda da Amazónia. “Chama a Mamãe” escreve: 

“ Quito

Como o encontro das Águas dos Rios Negro e Amazonas, que se encontram e se respeitam … daqui desta imensidão de mundo …”

Que belas palavras estas, as de “Chama a Mamãe”. Porque revelam toda a dimensão espacial de uma região do país – irmão. Interiorizei aquela mensagem, porque sendo Portugal incomensuravelmente mais pequeno que o território brasileiro, também eu percorro esta imensidão do interior de Portugal. Uma imensidão feita de partilha, amizade e solidariedade. De serras paradas à procura de movimento – no envolvente versejar de Miguel Torga, embora não se referindo especificamente a esta Beira Baixa profunda, mas à vida feita de nadas. Esta Beira, que também é feita de nadas, de amplos desertos humanos, de sofrimento e de solidão.

Revejo-me pois e entendo, toda a dimensão planetária e de calor humano, que perpassam do sentir fraterno desta minha e nossa amiga brasileira, que se sentou à mesa deste grupo de amigos e amigas que, contra ventos e marés, remam para que este espaço prossiga num arco – íris de amizade.

Agradeço-lhe as suas palavras, “Chama a Mamãe”. Não me conhecendo e não conhecendo todos os que por aqui vão escrevendo, fotografando ou simplesmente comentando, louvo o seu espírito de comunidade, mesmo que separados por um amplo oceano.

Nunca na minha vida, seria suposto receber uma mensagem de aniversário, vinda “dessa imensidão de mundo”, nas suas poéticas  palavras.

Mas a sabedoria popular portuguesa, de experiência milenar feita, diz-nos em adágio que “nunca digas nunca”. Por isso, acolho com satisfação essa espécie de samba feito de várias notas – Amizade, Partilha e Fraternidade.

Mais uma vez, obrigado.

Quito Pereira