Caio Pagano
Já não me recordo da primeira vez que estendi a mão a Caio Pagano. Mas sei que foi em Castelo Branco, numa época em que ele exercia ali a sua docência de professor de piano. Um dos muitos lugares do mundo, onde partilhava e partilha com os alunos, a sua empatia com as teclas. Quando o piano é como que a extensão de si próprio, da sua sensibilidade artística, da sua vocação e virtuosismo. Aliado a todos seus atributos de artista de renome mundial, também a sua faceta humana. O sorriso largo e cordato. A total ausência de vedetismo, de quem continua a oferecer o Seu Saber e Arte, seja em Portugal, França, Alemanha, Holanda, Inglaterra, México, Venezuela, Brasil ou países asiáticos por onde tem passado. Com mais de sete décadas de vida e residindo nos Estados Unidos, Caio Pagano faz do avião a sua segunda casa, em viagens esgotantes e constantes. Também por isso o admiro. Porque o recitalista e solista, gosta do que faz. E o que faz, é sempre com amor e no maior rigor profissional. Seja acompanhado pela Orquestra de Câmara de Amesterdão, de Baltimore, ou na acanhada sala do Governo Civil de Castelo Branco, onde uma vez o vi atuar. Enorme, de corpo inclinado sobre o piano, a face tensa, os dedos prodigiosos que vão mantendo com o teclado um diálogo sentido de um “Noturno” de Chopin. De realçar o seu contributo para Academia de Artes de Belgais no ano dois mil, em parceria com a pianista Maria João Pires.
Um dia, por um simples medicamento que precisava, contactou - nos. O assunto foi resolvido a contento. Mais tarde, uma chamada telefónica de Singapura. Precisava de um conselho, por um pequeno problema de saúde sem importância. E assim nasceu e cresceu uma amizade.
Recordo aquela tarde no Bairro do Valongo, em Castelo Branco. Tinha chegado dos Estados Unidos no dia anterior, na sua nobre missão de ensinar música. Falámos algum tempo. Conversámos de coisas banais. Se que é banal falar-se do amor pelos pais já desaparecidos – com especial enfoque na mãe - como é o seu e o meu caso.
No passado dia três de Novembro, Caio Pagano tocou no novo Conservatório de Coimbra. Infelizmente, não pude lá estar. Mas, a família, marcou presença. Era obrigatório. No final do concerto, o abraço e uma assinatura no programa acabado de apresentar, com uma dedicatória muito para lá de uma amabilidade de circunstância. Plena de afeto, numa amizade que criou sólida raiz. E questionou a minha ausência.
Porque Caio Pagano, apesar do seu corre-corre pelo mundo, tem ainda a capacidade de não esquecer os seus ex- alunos, alunos, ou as pessoas de quem gosta. E como amor com amor se paga, também nós gostamos muito dele.
Obrigado, Professor. Que tenha uma longa vida. A música, os alunos e os amigos, precisam de si.
Q.P.
Um dia, por um simples medicamento que precisava, contactou - nos. O assunto foi resolvido a contento. Mais tarde, uma chamada telefónica de Singapura. Precisava de um conselho, por um pequeno problema de saúde sem importância. E assim nasceu e cresceu uma amizade.
Recordo aquela tarde no Bairro do Valongo, em Castelo Branco. Tinha chegado dos Estados Unidos no dia anterior, na sua nobre missão de ensinar música. Falámos algum tempo. Conversámos de coisas banais. Se que é banal falar-se do amor pelos pais já desaparecidos – com especial enfoque na mãe - como é o seu e o meu caso.
No passado dia três de Novembro, Caio Pagano tocou no novo Conservatório de Coimbra. Infelizmente, não pude lá estar. Mas, a família, marcou presença. Era obrigatório. No final do concerto, o abraço e uma assinatura no programa acabado de apresentar, com uma dedicatória muito para lá de uma amabilidade de circunstância. Plena de afeto, numa amizade que criou sólida raiz. E questionou a minha ausência.
Porque Caio Pagano, apesar do seu corre-corre pelo mundo, tem ainda a capacidade de não esquecer os seus ex- alunos, alunos, ou as pessoas de quem gosta. E como amor com amor se paga, também nós gostamos muito dele.
Obrigado, Professor. Que tenha uma longa vida. A música, os alunos e os amigos, precisam de si.
Q.P.
Vi Caio Pagano uma vez dirigir a Orquestra Sinfónica de Lisboa num espectáculo no São Luis.
ResponderEliminarFixei o seu nome por ser invulgar, sabendo apenas que era oriundo do Brasil e que tinha corrido a Europa desde há longos anos.
O que não me passava pela cabeça é que tenha sido, como depreendo, professor em Castelo Branco do filho do Quito, discipulo que, pelas suas qualidades não deve ter esquecido.
Não sabia também, mas é plausivel e normal compreender-se, que tenha feito amizade com os pais de tão dilecto aluno.
Muito menos imaginava que dessa amizade resultassem pedidos de conselho e ajuda na área da saúde, a esses mesmos pais.
O que demonstra que:
1- Os grandes vultos cultivam a amizade acima de tudo;
2- O mundo e o tempo são pequenos e que aquilo que antes jamais imaginariamos nos surpreende ao virar de cada esquina.
É por isso que o Quito é uma pessoa especial que atrai a amizade daqueles que se lhe podem comparar, pelas qualidades de humildade e sensibilidade em que esses grandes vultos se revêem...
Obrigado por nos trazeres, desta vez, o conhecimento de alguém que passou pelos mesmos caminhos que tu trilhas.
Nascido em São Paulo (1940), iniciou seus estudos de piano muito novo, com Lina Pires de Campos. Mais tarde foi estagiar na Europa, onde trabalhou com Magda Tagliaferro na França, Helena Costa em Portugal, Conrad Hansen, Gangor Vegh e Karl Engel na Alemanha.
ResponderEliminarDesde então, vem realizando intensa atividade internacional como recitalista e solista das mais variadas orquestras: Orquestra de Câmara da Holanda, as orquestras sinfônicas da Rádio e Televisão Portuguesa, Nacional de Washington, de Baltimore, da Flórida, além de orquestras da América Central e do Brasil. Como recitalista apresentou-se em cidades da Alemanha, Holanda, Inglaterra e Estados Unidos, bem como em festivais do México, Jamaica, Costa Rica, Porto Rico, Honduras, Venezuela, Colômbia e Brasil.
Do seu repertório constam obras de Schoenberg, Pousseur, Bartók, Stockhausen, Busoni, assim como a música da vanguarda brasileira. Caio Pagano vem desenvolvendo produtivo trabalho junto aos compositores Gilberto Mendes e Willy Correa de Oliveira, realizando estudos sobre a linguagem musical contemporânea, cujas lições aplica criativamente à música do passado. Além de sua atividade de concertista, é professor do Departamento de Música da Universidade de São Paulo.
Tive curiosidade de saber um pouco mais sobre este pianista e que por facilitadora de que também é curioso, aqui publiquei.
É um relato curioso que nos mostra a facilidade do Quito em se relacionar, seja com pessoas mais humildes, como também com personalidades de diversas áreas, neste caso do meio artistico!
Gostei!
Agradeço a amabilidade dos comentários. Caio Pagano, é daquelas pessoas de quem se gosta ao primeiro contacto. Cordato e educado,revela depois, com aqueles com quem tem mais à vontade, um fino humor.
ResponderEliminarDe facto, André Vaz Pereira muito Lhe deve. Foi seu aluno e sê-lo-à sempre. Caio Pagano, mantém o contacto e falam-se com frequência pela Net. Há pouco tempo, encontraram-se no Porto. Queria ouvir o seu ex-aluno em determinada obra e trocarem impressões.
Na retaguarda, o Professor Caio Pagano sabe quanto o estimamos, e este texto que fiz em Sua homenagem, fica muito aquém do que merece.Mas ficou a intenção.
Como tenho a certeza que este apontamento vai ser do seu conhecimento e vai ler, enviamos-Lhe um cordial abraço.
São Vaz e Eurico Pereira
ASSUNTO.
ResponderEliminarTonito.
Os artistas andam sempre juntos.
"Amor com amor se paga", diz o Quito.
ResponderEliminarSubscrevo.
Grande abraço.
Um exemplo da relação que existe entre alunos e professores!
ResponderEliminarUmas vezes a marcarem pela positiva , outras nem por isso...mas sempre a sobrepor-se a vertente humana.
No caso do Professor Caio Pagano acresce a simpatia e a empatia estabelecida com a família Pereira, também ela prestável e afetuosa.