Eça de Queiroz
Não resisto. Mais uma vez, vem o “Jornal do Fundão” à liça. Na sua última edição, pela pena do seu diretor, Fernando Paulouro Neves, encontramos este interessante artigo. Dá para meditar. Meditemos, pois:
“Não poucos têm descoberto, na circunstância da crise, a atualidade de Eça de Queiroz. Eça tem sido companheiro recorrente nesta página de “A Campanha Alegre” às “Farpas”, para fustigar a persistência de traumas e comportamentos na sociedade portuguesa, e, sobretudo, para mostrar como o reino tem sido incapaz de emendar-se. Que o autor de “O Conde de Abranhos” permanece incómodo no brando país, não restam dúvidas. Já um causídico me interpelou, um dia, roído por trazer o exemplo de Eça (e a vivacidade da sua escrita) à atualidade. A verdade é que ninguém retratou com tanta acutilância a sociedade portuguesa na idiotia dos políticos, na impunidade das negociatas, no provincianismo do verbo, no arcaísmo dos costumes. Ei-lo, atual, como se o texto, por exemplo, que escreveu em “As Farpas”, em 1872, tivesse sido escrito para os dias de hoje. Veja o leitor”:
“ Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesma baixeza de caráter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá a vir ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal”. Eça é que é essa!
F. Paulouro Neves, in ”Jornal do Fundão”
“Não poucos têm descoberto, na circunstância da crise, a atualidade de Eça de Queiroz. Eça tem sido companheiro recorrente nesta página de “A Campanha Alegre” às “Farpas”, para fustigar a persistência de traumas e comportamentos na sociedade portuguesa, e, sobretudo, para mostrar como o reino tem sido incapaz de emendar-se. Que o autor de “O Conde de Abranhos” permanece incómodo no brando país, não restam dúvidas. Já um causídico me interpelou, um dia, roído por trazer o exemplo de Eça (e a vivacidade da sua escrita) à atualidade. A verdade é que ninguém retratou com tanta acutilância a sociedade portuguesa na idiotia dos políticos, na impunidade das negociatas, no provincianismo do verbo, no arcaísmo dos costumes. Ei-lo, atual, como se o texto, por exemplo, que escreveu em “As Farpas”, em 1872, tivesse sido escrito para os dias de hoje. Veja o leitor”:
“ Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesma baixeza de caráter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá a vir ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal”. Eça é que é essa!
F. Paulouro Neves, in ”Jornal do Fundão”
Grande Eça...
ResponderEliminarsublinho..."a mesma indignidade política" e..."pobreza de espírito"!!!
E os teus textos, Quito! Será que oi Jornal do Fundão não lê os mails do Paulo Moura... ou mesmo o Encontro de Gerações?
Toma lá um abraço!
É inquietante, como a prosa escrita há 139 anos por Eça, é tão pertinente e atual ... o país caótico, as trapalhadas, a indignidade política, a baixeza de caráter ...
ResponderEliminarSe Eça vivesse nos dias de hoje, com a sua pena mordaz, teria muito que escrever, pendurado no seu monóculo.
E, se calhar, até franzir o sobrolho, distribuindo mais umas quantas caneladas, ao ritmo das suas baforadas de cachimbo...
Eça de Queirós, observador inteligente e perspicaz do seu tempo,disse coisas, como esta aqui publicada,que poderiam ser ditas agora. Isso é inegável e está á vista!
ResponderEliminarMas os exemplos e a actualidade podem repetir-se mesmo quando ele escreve pela voz e pela pena das suas personagens que, mudada a roupagem ainda contiuam a existir.
O Conselheiro Acácio, Fradique Mendes, Dâmaso Salcede, cada um no seu estilo. Quantos não há por aí?
Para não falar no inefável Conde de Abranhos, já citado pelo Quito...
Junto à vossa, a minha voz!
ResponderEliminarAs "farpas" queirozianas que não pouparam nem os políticos, nem a nobreza, nem o clero, são uma herança que faz parte do nosso património cultural.
ResponderEliminarÉ de facto impressionante a coincidente actualidade de muitas das críticas e dos "figurantes" de ontem e de hoje.
É triste mas é verdade que, de duas uma, ou Eça era adivinho ou este país parou no tempo.
Realmente...!
ResponderEliminarSempre atual. A vida é como a moda. Vai rodando e volta ao mesmo.
Portugal, Grécia, Itália e quejandos têm o pior e mais perigoso tipo de aldrabões que existem no mundo: o aldrabão que se diz de uma seriedade impoluta ...
ResponderEliminarAprecio, por exemplo, muito mais, a "seriedade" africana em que todos são corruptos mas se orgulham disso e fazem tudo às claras. Que não paga "refréscu" é que se lixa. :)