Era uma vez um galinheiro. Um grande galinheiro. Tão grande,
que teve que se expandir. Já lá não cabiam tantos galos de crista soberba e
reluzente. E as dezenas de galarós sabidos, que comiam milho que se fartavam e
prestavam vassalagem ao galo de nome retumbante. Naquele galinheiro, havia também
outros animais de asa: patos e frangos depenados. Esses, não comiam nada. Só lá
deixavam o milho, sabe-se lá com que sacrifício …
Um dia, o galo – mor que supervisionava todos os galinheiros
do quintal, teve um sobressalto. Pressentiu lá do alto do seu poleiro, que algo
não ia bem no reino do grande galinheiro. Chamou então o galo de crista
reluzente e, cacarejando forte, disse - lhe:
- Vais continuar no grande galinheiro, mas vou lá pôr um galo da minha confiança a tomar conta do milho …
Grande decisão. Porém, o galo – mor, que supervisionava os
galinheiros do reino, cometeu a imprudência de deixar lá continuar o galo de
crista luzidia. Foi o drama. O manhoso galo, num passe de magia, travestiu-se
de raposa e comeu as galinhas todas do galinheiro. Saciado e a ostentar as suas
coloridas e luxuosas asas, disse de sua justiça:
- Estou a ficar velho e alquebrado, o melhor é pôr-me ao fresco e descansar no meu poleiro de cristal …
Na grande capoeira, agora virada do avesso, foi preciso tomar
providências. Limpou-se o galinheiro da escória de cheiro pestilento e
tranquilizou-se todos os frangos depenados, patos crédulos e incrédulos e
pintos em agonia, assegurando o galo – mor, que o milho deles estava bem
guardado.
Quem ainda não apareceu nesta história foi o lobo. O lobo mau
- dizem uns. Relativamente mau - dizem outros. E muito bonzinho – dizem ainda
outros. Mudo e quedo, o lobo anda lá pelos fundos do reino, a praticar surf nas
ondas frescas que enrolam na areia. E é por isso é que isto é uma fábula dos tempos modernos.
E agora, como em todas as fábulas que se prezam para meninos de jardim – escola, aqui vai a moral deste conto de encantar :
Enrolados andam os portugueses, a esmagadora maioria dos
portugueses, a moirejar honestamente a vida inteira, para juntar uns míseros
grãos de milho no fundo da capoeira. Resta apelar à Providência Divina que proteja – a todos os cidadãos de boa vontade -
os bens. Oremos pois, todos numa só voz: em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Ámen.
Mas que trampa de fábula ….
Quito Pereira
Só faltou dizer que o galinheiro se encontra numa quinta sem justiça e os responsáveis pela quinta também vão comendo do milho do galo-mor!
ResponderEliminarPois é Quito. O nosso mal é que só rezamos e não temos verdadeiros galos para endireitar o país.
ResponderEliminarUm abraço.
O Galo tanto cantou...que saiu depenado!
ResponderEliminarE depenados vão sair muitos dos gananciosos que contribuiram para este reboliço no galinheiro!
Cada cavadela...uma minhoca!!!!
E ainda há muitos mais para explicar o dinheirinho que lhe caíu nas contas...
A fábula não é nenhuma trampa....
ResponderEliminarGrande trampa é o facto de nós termos entregue o poder económico e político a uma autêntica seita que, por interesses ideológicos, uns, por interesses económicos, outros, estão a roubar o milho a todos aqueles que não fazem parte da sua seleccionada capoeira.
E a placidez dos frangos depenados, que se limitam a piar baixinho o seu descontentamento, faz adivinhar longos tempos de espera até que outros tempos nasçam.
Que nascerão! E a canalha será varrida da face da capoeira.
No banco mau, existiram milhares de pessoas boas. Aqueles que, de boa fé, entregaram o seu dinheiro a uma fauna sinistra. Silenciosamente, os vampiros foram canalizando os dinheiros de sacrificadas poupanças, para destinos sem rasto. Muitas desse dinheiro, aplicado de várias formas pelos depositantes, centenas deles a viver longe do país e das famílias. Ficaram sem o produto do seu trabalho de muitos anos Há gente sem escrúpulos e sem lei, que ao contrário da convicção do Carlos Viana, continuará a existir. Alta finança tem acesso a grandes advogados, a quem pagam princípescamente e lhes permite movimentarem-se com a maior tranquilidade. Os factos de casos anteriores, provam-no. Naturalmente que nem toda a gente que se move na alta finança é corrupta ou criminosa. É preciso distinguir o trigo do joio. Mas o joio continuará por aí, gozando da impunidade que o Sistema lhes permite.
ResponderEliminarAbraço a todos
Meu caro Quito, eu garanto-te que outros tempos nascerão A canalha será varrida da face da terra e nascerá o Homem Novo.
EliminarAgora criam-se Bancos novos... e tu achas que eu sou um lunático.
Repara que eu escrevi:
E a placidez dos frangos depenados, que se limitam a piar baixinho o seu descontentamento, faz adivinhar longos tempos de espera até que outros tempos nasçam.
Longos tempos de espera!
Até lá, muito tempo decorrerá. Quanto? Não sei. Sei que será até ao dia em que os frangos depenados deixarem de piar baixinho o seu descontentamento.
Haja saúde,para assistir ao que vai fazer a justiça neste país.
ResponderEliminarPor mim vai ficar tudo na mesma.
Já tomaram atenção no que disse o senhor espiríto santo que vai falar quando terminar a analise do banco de portugal.
Se não é uma ameaça velada o que será?
Cuidado com a boca no trombone.
Os teus textos nunca são uma trampa e esta fábula também não. Trampa, e das grandes, é que "os vampiros foram canalizando os dinheiros de sacrificadas poupanças, para destinos sem rasto" e os frangos depenados não conseguem fazer frente a essa gentalha
ResponderEliminarsem escrupulos
Concordo contigo,Ló !
EliminarA fábula está bem engendrada!
ResponderEliminarAgora temos a luta dos bons contra os maus... coisa linda para criancinhas e lorpas.
Nas histórias os bons vencem, mas temo que assim não aconteça nesta coboiada de capoeira e de galos descarados e poderosos.