Um bom declamador. Ainda por cima, tratando-se de uma criança ... Um dia, há mais de 4O anos, entenderam que eu deveria tomar conta da Escola Primária de Canjadude. Foi uma experiência única. Naqueles ventres disformes de subnutrição, encontrei mentes inteligentes e astutas. Ouvi muitas perguntas e respostas desconcertantes ... Um dia, parti. Debaixo de um embondeiro, despedi-me deles, um a um. Comigo, trouxe a secreta esperança que aqueles meninos, hoje homens, pudessem ter um futuro. Hoje, não estou tão certo disso ... Abraço Olinda
O sonho é universal! A inteligência também, como disse o Quito. O que parece que está cada vez mais a perder-se é a solidariedade. Obrigado, Olinda, por nos lembrares que ainda há quem com ela se preocupe...
O miúdo é espectacular! Lamento que quem fez o vídeo tivesse posto a música de fundo e ainda por cima a uma altura que impede ouvir as palavras da criança. A música está a mais. Mas isso pouco interessa para o valor que a criança tem. Obrigado Olinda por nos dares a conhecer!...
Embora com alguma dificuldade em ouvir...POR MOTIVOS! e apoiado pelos comentários partilho do conteúdo deste vídeo e que a mana Olinda postou. Muito bem!
Este poema declamado por Zainadine e gravado na Ilha de Moçambique tem a força rara da revolta de quem nada tem, de quem nada tem a perder.
É dolorosamente pungente ver este GRITO de cada vez mais seres humanos deserdados e com fome em que nada mais resta senão mendigar.
Os meus olhos embaciam e o novelo se forma na garganta e aperta. Quem pode ficar indiferente?
Transcrição tão fiel quanto possível do poema dito, de forma sofrida, por Zainadine:
Eu sempre sonhei estudar Me formar, trabalhar Ser um grande poeta Ser um Craveirinha, um Pablo Ao amanhecer Olho para os lados Não sei o que o dia guarda para mim Sei que é bom ou ruim Chamas-me menino de rua Maltratas-me Humilhas-me Espancas-me E ainda, o seu lugar predileto É o teu cheiro no meu quarto Ai, estendendo a mão À caridade em vão Pedindo o pão Pedindo o pão Mas pedindo o pão Que tu dás ao teu cão Ai, mas se amanhã estás mais velho Quem te ocupará Quem te ocupará Responda Quem te ocupará Se o presidente está velho O professor infectado O médico reformado O Pablo…O Pablo… Quem te ocupará Responda Devolva a minha geração Devolva, devolva Com ansiedade medonha lá vou eu Andando pelas ruas Não sei o que o dia guarda para mim Ai, vou ganhando vícios Porque cada dia que passa me sinto mais crescido Nada sou Nada tenho Nada me resta senão mendigar Devolva a minha vida Devolva a minha geração Devolva, devolva Devolva a minha vida Devolva a minha vida Devolva a minha geração Tu que já me roubaste muito Devolva a minha vida Devolva, devolva Devolva a minha vida.
Nota: A música está um pouco alta de mais, mas ela acompanha e reflete também a angustia e o drama de quem nada tem a perder. A transcrição do poema ajudará à compreensão do poema acompanhando a voz de Zainadine.
Comovente...
ResponderEliminarOs sonhos que desejaria realizar...tão elementares!
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarOLINDA! Tu andas saida das cascas!!!!Tu deverias trabalhar numa ONG !
ResponderEliminarClro que isto é comovente e deveria "mexer connosco"! Este miudo tem um natural dos diabos! Sabes de quem é a musica?
o SONHO COMANDA A VIDA !
Lindo OLINDA! Isto merece reflexao cà dentro!!
Bjinho!
Um bom declamador. Ainda por cima, tratando-se de uma criança ...
ResponderEliminarUm dia, há mais de 4O anos, entenderam que eu deveria tomar conta da Escola Primária de Canjadude. Foi uma experiência única. Naqueles ventres disformes de subnutrição, encontrei mentes inteligentes e astutas. Ouvi muitas perguntas e respostas desconcertantes ...
Um dia, parti. Debaixo de um embondeiro, despedi-me deles, um a um. Comigo, trouxe a secreta esperança que aqueles meninos, hoje homens, pudessem ter um futuro. Hoje, não estou tão certo disso ...
Abraço Olinda
O sonho é universal!
ResponderEliminarA inteligência também, como disse o Quito.
O que parece que está cada vez mais a perder-se é a solidariedade.
Obrigado, Olinda, por nos lembrares que ainda há quem com ela se preocupe...
Merecemos apanhar murros destes...
ResponderEliminarObrigado,Olinda.
Vou "rapinar" o video.
O miúdo é espectacular! Lamento que quem fez o vídeo tivesse posto a música de fundo e ainda por cima a uma altura que impede ouvir as palavras da criança. A música está a mais. Mas isso pouco interessa para o valor que a criança tem. Obrigado Olinda por nos dares a conhecer!...
ResponderEliminarEu detesto os vídeos com música de fundo!
EliminarÉ mesmo pena que a música esconda muitas das palavras.
ResponderEliminarMuito bom!
Bem hajas, Olindalinda!
Gosto
ResponderEliminarTonito.
Embora com alguma dificuldade em ouvir...POR MOTIVOS! e apoiado pelos comentários partilho do conteúdo deste vídeo e que a mana Olinda postou.
ResponderEliminarMuito bem!
A criança, uma maravilha.
ResponderEliminarO poema, daquilo que se consegue perceber, outra maravilha.
O video, uma pena!
Mas, ainda assim, valeu a pena a postagem.
Obrigado, linda Olinda.
Olinda Parabéns por esta excecional postagem.
ResponderEliminarEste poema declamado por Zainadine e gravado na Ilha de Moçambique tem a força rara da revolta de quem nada tem, de quem nada tem a perder.
É dolorosamente pungente ver este GRITO de cada vez mais seres humanos deserdados e com fome em que nada mais resta senão mendigar.
Os meus olhos embaciam e o novelo se forma na garganta e aperta.
Quem pode ficar indiferente?
Transcrição tão fiel quanto possível do poema dito, de forma sofrida, por Zainadine:
Eu sempre sonhei estudar
Me formar, trabalhar
Ser um grande poeta
Ser um Craveirinha, um Pablo
Ao amanhecer
Olho para os lados
Não sei o que o dia guarda para mim
Sei que é bom ou ruim
Chamas-me menino de rua
Maltratas-me
Humilhas-me
Espancas-me
E ainda, o seu lugar predileto
É o teu cheiro no meu quarto
Ai, estendendo a mão
À caridade em vão
Pedindo o pão
Pedindo o pão
Mas pedindo o pão
Que tu dás ao teu cão
Ai, mas se amanhã estás mais velho
Quem te ocupará
Quem te ocupará
Responda
Quem te ocupará
Se o presidente está velho
O professor infectado
O médico reformado
O Pablo…O Pablo…
Quem te ocupará
Responda
Devolva a minha geração
Devolva, devolva
Com ansiedade medonha lá vou eu
Andando pelas ruas
Não sei o que o dia guarda para mim
Ai, vou ganhando vícios
Porque cada dia que passa me sinto mais crescido
Nada sou
Nada tenho
Nada me resta senão mendigar
Devolva a minha vida
Devolva a minha geração
Devolva, devolva
Devolva a minha vida
Devolva a minha vida
Devolva a minha geração
Tu que já me roubaste muito
Devolva a minha vida
Devolva, devolva
Devolva a minha vida.
Nota: A música está um pouco alta de mais, mas ela acompanha e reflete também a angustia e o drama de quem nada tem a perder.
A transcrição do poema ajudará à compreensão do poema acompanhando a voz de Zainadine.
Obrigado Abílio pela transcrição do poema. Assim já consigo perceber o que o Zainadine diz.
EliminarBoa Abilio, assim para mim já dá pra compreender bem a declamação.
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