Até publicidade havia nos bilhetes! É curioso comparar a relação preço do bilhete/ordenado médio de então. Quero eu dizer que o ordenado médio daquela altura ( 1.400$00 ) daria para fazer cerca de 2.000 viagens de troley.
E hoje? Façam-se as contas e verificamos que, considerando um ordenado médio de 1.000€, só dá para cerca de 500 viagens...
Cada vez menor mobilidade, cada vez menor poder de compra, apesar de se poder pensar o contrário.
Ó Tempo volta p'ra trás, dizia o António Mourão. Mas não volta. Neste bilhete do Tomané, já só vislumbro um rasto de saudade ... Toma lá um abraço, Tomané ... Quito
Quando há dias vi estes bilhetes pela primeira vez, até me tocou cá dentro: saudade. Chamou-me a atenção a diferença de perfeição do lado oficial do bilhete própriamente dito, bem impresso e a propaganda que mais parece ter sido feita a stencil, muito usado nessa época. Quanto aos preços é mais que uma realidade, só que já nessa época toda a gente se queixava e hoje o dinheiro está mais distribuído. Isto em nada anula as clivagens económicas existentes nas diferentes sociedades em que vivemos.
E o "pica-pica"...com o alicate pendurado num dos dedos...e o maço de bilhetes, pergantava. - Vai para onde? - Saio nos Arcos do jardim!!! Então são 7 tostões! (?) Bem dos 15 tostões diários...sobravam 8 tostões para as pevides, compradas ao Pianinho à saída da Sereia (O Reitor mandava um contínuo afastar o Calmeirao e o Pianinho, das Escadas do Liceu). O Calmeirao, por vezes, tinha pevides com mais sal e bem torradas, mas como sempre fui pelos mais fracos (pensava eu que o Pianinho, devido à sua magreza, o seria!???) comprávamos as ditas pevides ao "magrinho"! Um dia, após grande discussão, vimos o "mais fraco" correr com o Calmeirão...e lá se foram as pevides, a ceira e a "barrica de ovos moles)...a famosa medida, que em tempos de crise, levava umas rodelas de cortiça!!! Dos Arcos até à Afonso Henriques ...a pé !!! ? Que nos faziam mt bem!!! Agora? Mudam-se os tempos!!!? Só faltam os papás levarem os popós até à entrada da sala de aula!!!!
Sempre tive mais simpatia pelo "Pianinho", do que pelo "Calmeirão". Lembra-me bem da medida (uma barrica) por onde se media a quantidade de pevides. "Isso bem aviado, ó pianinho!", dizia a malta. Como diz - e bem - o Leitão, o fundo da medida subia ou descia conforma a crise, com uma placa de cortiça que reduzia o volume da "medideira". O dia em que o "Pianinho" com 1,5O quis bater no "Calmeirão de quase 1,9O, deu brado.Eram duas figuras impares da nossa juventude, a par com o "Taxeira".E lá iamos nós para o Dom João III, levar com a chaves na cabeça do avantajado Egídio ou as lambadas "corretivas" de um reitor, que por sinal se chamava Guerra.Fomos felizes ? Se calhar fomos.Com algumas lágrimas ... Quito
Outros tempos outras andanças. A nossa base é esta, recordações, umas boas outras más. Por mim acho que foram mais as boas, do que más. Uma ida a santo António dos olivais, para entregar uns papeis quais-queres na junta de freguesia. Saí com 28 tostões para ir nos transportes, mas não fui. Preferi ir pelos ladeira dos lóios? a pé para comprar uma bisnaga, pois era carnaval. Fiquei com os 3 tostões de reserva par uma falta. Tonito.
O que os bilhetes despoletaram, as pevides e seus vendedores!!.., tinha mais simpatia pelo "pianinho" em distrinça do "calmeirão" mas estava sempre á espera que eles se pegassem e rentabilizar os meus 5 tostões mensais!!.., para matar a "fome" de pevides!!!.., porque dinheiro para passagens não havia, só: Loios!! Azenha
Também eu ficava com os tostões no bolso, fazia o percurso do Bairro até ao São Pedro a pé, e à noite sempre havia dinheirito para a bica e para comprar 6 cigarros avulso, na tasca da Dona Ema, por 10 tostões. E não pensem que as contas estão mal feitas. 4 viagens X $70 = 2$80. A bica custava 1$40 + 1$ para os 6 "português suave" sem filtro = 2$40. Ainda sobravam 4 tostões! Estas eram as minhas contas do dia-a-dia... Claro que para despesas extras, havia que arranjar receitas extras. Tais como a compra de um compêndio, de um cadernos de exercícios... que nunca seria comprado.
Enfim, boas recordações nos trouxe o sótão do Tó Mané Quaresma. Venha mais, porque quem guarda esta preciosidade guarda outras com toda a certeza... Obrigado.
Até publicidade havia nos bilhetes!
ResponderEliminarÉ curioso comparar a relação preço do bilhete/ordenado médio de então.
Quero eu dizer que o ordenado médio daquela altura ( 1.400$00 ) daria para fazer cerca de 2.000 viagens de troley.
E hoje?
Façam-se as contas e verificamos que, considerando um ordenado médio de 1.000€, só dá para cerca de 500 viagens...
Cada vez menor mobilidade, cada vez menor poder de compra, apesar de se poder pensar o contrário.
Ó Tempo volta p'ra trás, dizia o António Mourão. Mas não volta. Neste bilhete do Tomané, já só vislumbro um rasto de saudade ...
ResponderEliminarToma lá um abraço, Tomané ...
Quito
Quando há dias vi estes bilhetes pela primeira vez, até me tocou cá dentro: saudade.
ResponderEliminarChamou-me a atenção a diferença de perfeição do lado oficial do bilhete própriamente dito, bem impresso e a propaganda que mais parece ter sido feita a stencil, muito usado nessa época.
Quanto aos preços é mais que uma realidade, só que já nessa época toda a gente se queixava e hoje o dinheiro está mais distribuído. Isto em nada anula as clivagens económicas existentes nas diferentes sociedades em que vivemos.
E o "pica-pica"...com o alicate pendurado num dos dedos...e o maço de bilhetes, pergantava. - Vai para onde? - Saio nos Arcos do jardim!!! Então são 7 tostões! (?) Bem dos 15 tostões diários...sobravam 8 tostões para as pevides, compradas ao Pianinho à saída da Sereia (O Reitor mandava um contínuo afastar o Calmeirao e o Pianinho, das Escadas do Liceu). O Calmeirao, por vezes, tinha pevides com mais sal e bem torradas, mas como sempre fui pelos mais fracos (pensava eu que o Pianinho, devido à sua magreza, o seria!???) comprávamos as ditas pevides ao "magrinho"! Um dia, após grande discussão, vimos o "mais fraco" correr com o Calmeirão...e lá se foram as pevides, a ceira e a "barrica de ovos moles)...a famosa medida, que em tempos de crise, levava umas rodelas de cortiça!!! Dos Arcos até à Afonso Henriques ...a pé !!! ? Que nos faziam mt bem!!! Agora? Mudam-se os tempos!!!? Só faltam os papás levarem os popós até à entrada da sala de aula!!!!
ResponderEliminarSempre tive mais simpatia pelo "Pianinho", do que pelo "Calmeirão". Lembra-me bem da medida (uma barrica) por onde se media a quantidade de pevides. "Isso bem aviado, ó pianinho!", dizia a malta. Como diz - e bem - o Leitão, o fundo da medida subia ou descia conforma a crise, com uma placa de cortiça que reduzia o volume da "medideira". O dia em que o "Pianinho" com 1,5O quis bater no "Calmeirão de quase 1,9O, deu brado.Eram duas figuras impares da nossa juventude, a par com o "Taxeira".E lá iamos nós para o Dom João III, levar com a chaves na cabeça do avantajado Egídio ou as lambadas "corretivas" de um reitor, que por sinal se chamava Guerra.Fomos felizes ? Se calhar fomos.Com algumas lágrimas ...
ResponderEliminarQuito
Que engraçado rever os bilhetes do troley!
ResponderEliminarComo estão tão bem guardados!
Relíquias...
Outros tempos outras andanças.
ResponderEliminarA nossa base é esta, recordações, umas boas outras más.
Por mim acho que foram mais as boas, do que más.
Uma ida a santo António dos olivais, para entregar uns papeis quais-queres na junta de freguesia.
Saí com 28 tostões para ir nos transportes, mas não fui.
Preferi ir pelos ladeira dos lóios? a pé para comprar uma bisnaga, pois era carnaval.
Fiquei com os 3 tostões de reserva par uma falta.
Tonito.
Uma recordação interessante!
ResponderEliminarComo normalmente andava a pé...(que remédio), não sentia o barulho do alicate fazer o furinho no bilhete!
O que os bilhetes despoletaram, as pevides e seus vendedores!!.., tinha mais simpatia pelo "pianinho" em distrinça do "calmeirão" mas estava sempre á espera que eles se pegassem e rentabilizar os meus 5 tostões mensais!!.., para matar a "fome" de pevides!!!.., porque dinheiro para passagens não havia, só: Loios!!
ResponderEliminarAzenha
Também eu ficava com os tostões no bolso, fazia o percurso do Bairro até ao São Pedro a pé, e à noite sempre havia dinheirito para a bica e para comprar 6 cigarros avulso, na tasca da Dona Ema, por 10 tostões.
ResponderEliminarE não pensem que as contas estão mal feitas.
4 viagens X $70 = 2$80.
A bica custava 1$40 + 1$ para os 6 "português suave" sem filtro = 2$40.
Ainda sobravam 4 tostões! Estas eram as minhas contas do dia-a-dia...
Claro que para despesas extras, havia que arranjar receitas extras. Tais como a compra de um compêndio, de um cadernos de exercícios... que nunca seria comprado.
Enfim, boas recordações nos trouxe o sótão do Tó Mané Quaresma. Venha mais, porque quem guarda esta preciosidade guarda outras com toda a certeza...
Obrigado.