SE
Se a autarquia tivesse construído passeios na minha rua por onde pudesse caminhar
Se o senhor agente da autoridade apenas existisse para me saudar em continência de gesto e de atitude
Se o gato da minha vizinha ou se a minha vizinha se questionassem do meu incómodo por ele defecar no meu jardimSe o autocarro da carreira suburbana não me violentasse na urgência de trajectos aprazados
Se as filas intermináveis de trânsito evoluíssem em bailado acidental
Se no meu país deficitário não encerrassem escolas ou maternidades para combater o défice
Se nele os licenciados necessitassem de pedir licença por não exercerem o seu mister
Se os empregadores que mal empregassem pudessem perder os seus empregos
Se cada bomba apenas florescesse em atentados a decrépitos pudores
Se o riso tivesse o valor de lei e a lágrima direito inalienável de assistência
Se a pobreza só existisse na exposição retórica de circuitos paisagísticos
Se a fome fosse apenas de sonhos e os sonhos construíssem o real
Se fosse descoberta a vacina que nos protegesse das balas e de outras intenções invasivas
Se as palavras que trocássemos se ajustassem sempre no calor destemperado da poesia
Então teríamos o tempo e o modo do abraço
E haveria porventura um lugar no mundo para a humanidade
Grande OrCa!
ResponderEliminarFoi um prazer publicar este texto do Orca!
ResponderEliminarSE vale a pena, SE vale!
Sem dúvida, grande OrCa!
ResponderEliminarTambém conhecido por Jorge Castro...
Guardo religiosamente o seu "Auto das Danações - Versalhada em um acto, que o tempo não está para desperdícios que não atem nem desatem".
SE prometerem que o devolvem, salvo de maus tratos, posso emprestar.
Isto SE a Funda ediSão estiver esgotada, como penso que é o caso.
Um abraço.
Carlos Viana
SE bem me lembro entrei nesse Auto...com a missão de enviar tudo para o inferno!
ResponderEliminarNinguém escapou!
Mas tu Carlos com essa guardada religiosa do dito...podes ir para o Céu, mas vais pela via do Purgatória!
Uma purga faz sempre bem...
Gostei de ler. Em cada esquina de cada frase, um pensamento para reflectir.
ResponderEliminarMuito bom, Jorge Castro .
A Funda nunca se esgota. Quem afunda é que...
ResponderEliminar...e vai daí....
ResponderEliminarComo se diz em Caria, "e vai daí òsdespois quem matou o cão foi o Baetas"
ResponderEliminarMagnífico!
ResponderEliminarSE o Jorge não escrevesse os seus pensamentos e reflexões, nós ficaríamos (ainda) mais pobrezinhos!
ResponderEliminarUm prazer, ler este poema.