Juncal do Campo
Foto de Daisy Vieira
O Homem transformou a vida numa selva. Basta seguir as notícias pela TV. Nas grandes cidades, as pessoas, para chegar ao emprego a horas, lutam por um lugar no autocarro ou no metropolitano. Vivem como bonecos articulados, manejados por uma mão invisível que os sufoca.Por isso, dou tanto valor àquilo que para muitos é um esqueleto. E sei, que o que vou partilhando da minha experiência campesina com os amigos, é uma espécie de fóssil.
Mas, mesmo numa aldeia perdida nos confins do País, há momentos de magia. O cheiro da esteva a sair pela chaminé dos fornos. O aroma do pão caseiro feito em forno de lenha. O sino do campanário ecoando pela planície. O chiar da carroça puxada pelo burrito, com o campesino a regressar ao lar. E o silêncio. Um silêncio que "fala". Um silêncio que nos convida a reflectir sobre a transitoriedade da vida.E nestes pequenos povoados de Salgueiro, Juncal, Freixial, Tinalhas, Ninho do Açor, Cafede, Sobral ou Chão da Vã, a gente simples, nem sequer percebe ou se apercebe da complexidade do mundo hoje. No Portugal do século XXI, ainda se cultivam as pequenas courelas, ainda se tira a água do poço com uma picota. E para a esmagadora maioria, a honra vale mais que letra de lei. Por isso, vou tentando transmitir um pouco da outra realidade de Portugal. Deste Portugal moribundo. Mas que ainda não morreu.
À "revelia do Quito" "comentário promovido"
O texto vale pelo seu todo.
ResponderEliminarGostei da opção por esta "Parte II".
Sonho com o meu regresso à aldeia...
Um abraço.
...faço minhas as tuas palavras!
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Há promoções justas.
ResponderEliminarComentário promovido por mérito.
Aquele abraço ao Romancista/Comentarista.
São dois países diferentes, contrastantes, que acontecem ainda a dois passos de Lisboa, aqueles que vivo todos os dias. Não sei por quanto tempo...
ResponderEliminarO cenário que o Quito descreve podia ser o da região saloia perto da Ericeira que ainda hoje existe. Vivo-o todos os dias e é esse ambiente que me ajuda a carregar as baterias para enfrentar o mundo das marionetas, dos bonecos articulados, segundo a imagem feliz e verdadeira escolhida pelo Quito para a vida infrene da grande cidade...