Olha Zé, gostei do discurso, catrino !!!
Venho despedir-me de todos. Estou à beira de ser discriminado, catrino, como se diz cá pela Beira - Baixa. Mas atenção: vou ser discriminado … positivamente. É este o palavrão pomposo com que serei entronizado, se a a benevolência lisboeta, assim o permitir. Foi o que me disse aquela menina de olhos azuis, funcionária da “via verde”, a quem entreguei os papeis, para economizar uns cobres na A 23. Eu explico: quem viver no eixo Torres Novas – Guarda, pode requerer a isenção de pagamento de portagens até 10 viagens. Nas restantes, tem um desconto de 15%. Talvez assim, a modernaça auto-estrada, não dê o seu último suspiro. Na verdade, o seu trânsito é diminuto, e a partir de Abrantes até Castelo Branco, é terra de ninguém. Mesmo o tráfego de veículos de mercadorias, teve uma redução de 30%, face às conhecidas dificuldades das empresas. E ainda não começou a cobrança de portagens.
É por isso que eu gosto de os ver engravatados, com as clientelas coladas a eles como melgas, sempre na procura de um qualquer favorzito. Depois é o Senhor A, B ou C, vindo da capital, a discursar com um ar sisudo para os pacóvios a bater palmas, falando que é preciso corrigir as assimetrias nacionais e regionais. Assimetrias. Gosto do chavão. Enriqueceu imenso o texto. E enquanto o Zé Povinho vai sendo depenado no discurso da treta, o litoral português está cada vez mais longe do Interior profundo. Quer deslocar-se ao interior? Então pague. Como se a vida neste rincão português, oferecesse a qualidade substantiva e os atractivos de quem vive no litoral ou na orla costeira. Está muito doente? Está gravemente ferido, num acidente rodoviário? Haverá meios para socorrer as pessoas? Não. Chama-se um helicóptero. De noite, da minha vista privilegiada, vejo por vezes acenderem-se as luzes do heliporto, noite fechada. É a rendição incondicional e absoluta do hospital cá do burgo, a enviar mais um doente ou sinistrado para Lisboa ou para Coimbra. O içar da bandeira branca.
O interior moribundo, prepara-se agora para ficar mais longe. E o Jornal do Fundão, sempre atento, até já fez as contas. É mais caro ir e vir a Lisboa em portagens, do que viajar de avião em fim – de – semana glorioso, a Barcelona.
Q.P.
É por isso que eu gosto de os ver engravatados, com as clientelas coladas a eles como melgas, sempre na procura de um qualquer favorzito. Depois é o Senhor A, B ou C, vindo da capital, a discursar com um ar sisudo para os pacóvios a bater palmas, falando que é preciso corrigir as assimetrias nacionais e regionais. Assimetrias. Gosto do chavão. Enriqueceu imenso o texto. E enquanto o Zé Povinho vai sendo depenado no discurso da treta, o litoral português está cada vez mais longe do Interior profundo. Quer deslocar-se ao interior? Então pague. Como se a vida neste rincão português, oferecesse a qualidade substantiva e os atractivos de quem vive no litoral ou na orla costeira. Está muito doente? Está gravemente ferido, num acidente rodoviário? Haverá meios para socorrer as pessoas? Não. Chama-se um helicóptero. De noite, da minha vista privilegiada, vejo por vezes acenderem-se as luzes do heliporto, noite fechada. É a rendição incondicional e absoluta do hospital cá do burgo, a enviar mais um doente ou sinistrado para Lisboa ou para Coimbra. O içar da bandeira branca.
O interior moribundo, prepara-se agora para ficar mais longe. E o Jornal do Fundão, sempre atento, até já fez as contas. É mais caro ir e vir a Lisboa em portagens, do que viajar de avião em fim – de – semana glorioso, a Barcelona.
Q.P.
Também vi essas contas do JF e arrepiei-me.
ResponderEliminarHá muitos anos que utilizo a Via Verde, por três razões fundamentais:
ResponderEliminar1.- Pela comodidade de não ter de parar para pagar a portagem
2.- Para ajudar a Brisa a aumentar os seus lucros, por redução dum elevado número de empregados
3.- Para, por idêntico motivo, ajudar a aumentar a taxa de desemprego. Portugal, neste domínio, ainda não está nos primeiros lugares da Europa e devemos pugnar para que o nosso País seja líder em todas as áreas.
Nunca me senti discriminado por usar a Via Verde. Até agora!
Ao saber que os residentes nas áreas servidas pelo eixo Torres Novas-Guarda vão ser discriminados “positivamente”, revolto-me, por igual medida não ser tomada aos residentes do eixo Lisboa-Ericeira.
Na verdade, as pessoas que, como o Quito, residem no interior profundo, são proprietárias, em muitos casos, de terrenos donde extraem os seus bens de subsistência de primeira necessidade.
Ele são as batatas, ele são as couves, ele são os feijões, ele é o azeite, ele é a fruta corrente, ele é o leite, ele é o queijo, ele são os borregos, as galinhas, os cabritos, ele é o vinho, e até ( pasme-se!), as cerejas, que é uma fruta de elites a que os citadinos não conseguem chegar senão a troco de quantias exorbitantes!
Para além de que não são incomodados pelo marulhar surdo e constante das ondas do mar, ruído de fundo que não nos permite ter um sono retemperador para o dia de labuta diária...
Eu se quero disfarçar a fome, tenho que ir comprar tudo ao Pingo Doce, ao Continente, ao Lidl, ao Minipreço, onde me levam couro e cabelo para trazer umas couves enrezinadas por dias e dias de frigorifico, uns pêssegos ou melões espanhóis meio apodrecidos pelo tempo de armazenagem, uns canonigos para salada, que mais parecem de plástico, etc, etc...
Pois bem, a esses privilegiados do interior profundo, a Brisa ainda lhes vai aumentar o conforto, concedendo-lhes um desconto inimaginável.
Com efeito, tal desconto, para quem como eu utiliza a Via Verde 30 dias por mês, seria, nem mais nem menos o seguinte:
10 dias : 30 dias = 33,33%
Nos restantes dias = 15,00%
Total: 48,33% !!!
Sinto-me discriminado negativamente...
Se o Quito tiver possibilidades, agradecia-lhe que me encontrasse um refúgio perto de Salgueiro do Campo, que eu mudar-me-ei para lá de armas e bagagens.
Por lapso, não referi que são 10 viagens mensais gratuitas. Mas o requerente terá que aguardar que o pedido seja deferido.
ResponderEliminarAinda por cima, e agora reparo, até os CTT lhes dão um tratamento favorável! O selo de correio que ilustra o texto é de ESC. 1$50, o que, feito a conversão para euros, dá 0,75 cêntimos!!! Menos de um cêntimo, enquanto eu pago ( por enquanto ) em correio normal 47 cêntimos pela expedição de uma simples carta.
ResponderEliminarOu seja, sessenta e três vezes mais!
Tanta injustiça...
Tu dá-lhe, Rui Felício!
ResponderEliminarEstás a ver, minha amada São Rosas que, como eu, sofre as agruras da proliferação populacional do litoral?
ResponderEliminarVê lá se ele não se calou logo...
E já para não falar de termos de comprar queijo da Serra... em plena planície!
ResponderEliminarO Paulo Moura arrepiou-se. Pudera !!!
ResponderEliminarBem, o Felício disse de sua justiça. Mas a verdade é que o troço Lisboa - Ericeira, tem mais utentes do que a fila dos bilhetes para logo à noite no Estádio da Luz, para ver o Benfica com o Manchester. A A 23, tem pouco trânsito. E, como referi, de Abrantes a Castelo Branco é quase um deserto. Está moribunda. Pouco ou nada se tem feito pelo interior do país. É um povo enganado, com promessas daqueles que só aparecem para pedir o voto. E alguns locais, que vão arregimentando "tachos" a "convite" dos padrinhos de Lisboa.Não há respeito por quem aqui vive. É claro que a A 23, tem alturas de muito movimento. Nas chamadas "pontes". Os filhos "desnatados" como dizia o Vasco Santana, vêm da capital sacar as couves, as batatas, os grelos, o azeite, as cenouras, os rabanetes os alhos, as azeitonas, os queijos e o vinho (óh pai só tens tinto, não tens também do branco?) - dizem aos alquebrados velhotes a quem deixam só as calças e a camisa. Neste aspecto, como podem os meus amigos concluir, é determinante a função social da A 23.
Nem quis falar no queijo da serra que é coisa que ultimamente só tenho visto naqueles programas da TV, tipo Portugal no Coração, Programa das Festas e outros.
ResponderEliminarTenho visto, porque de resto, nem cheirá-lo...
Enquanto isso, o Quito, a esta hora deve estar a lambuzar-se diante duma fatia de queijo e de um copo de tinto do Fundão ou da Covilhã, com um naco de pão de centeio de Penamcor.
Vidas...
Ou de branco, que também o há, por mais que o Quito o esconda!
ResponderEliminarBem, vamos lá falar a sério agora.
ResponderEliminarO Quito tem toda a razão.
Há anos e anos que a deslocação demográfica do interior para o litoral é um dado adquirido e reconhecido.
Há anos e anos que os políticos dizem que é preciso inverter essa deslocação, por forma a travar a desertificação do interior que, cada vez mais, está povoado pelos velhos que á medida que vão morrendo, vão deixando as aldeias sem ninguém, ao sabor da ruina e da degradação do tempo.
A verdade é que não se tem passado das palavras.
E não é com medidas como estas ( taxação das vias de acesso ), que se inverte ou corrige o problema.
Está aqui um pobre homem descansado, a transpirar de tanto laborar, para vir agora um advogado e um economista, cobiçarem um naco de queijo e o gole de vinho, que tenho para a merenda de logo à tarde.
ResponderEliminarTu, meu caro Rui, gostarias de um bom queijo cá do burgo Salgueiral. Vais tê-lo. É só a oportunidade de nos encontrarmos e terei imenso gosto em te oferecer um. Ao Paulo, oferecerei uma garrafita de tinto cá da zona. Daquele que ao segundo copo se começa a falar para a parede.
Mas é só para beberes em casa com a família.Depois não me venhas dizer que foste despedido por justa causa ...
Não sou facilmente subornável.
ResponderEliminarMas um queijo da serra é tentação que ultrapassa os meus pruridos.
Para mais, quando ainda há bem pouco tempo, o Quito fez questão de me oferecer um jantar de leitão, na Mealhada.
E também não esqueço as cerejas que ele trouxe para a célebre inauguração do Jardim Encontro de Gerações do Bairro.
A minha gratidão terá que ser traduzida em recompensa e disso não me esquecerei.
Gratidão e divida, sabendo nós que o crescimento da divida está na origem dos males de que o País padece.
Deliciei-me com os textos...Fiquei 'cheia' com as vitualhas!
ResponderEliminarContinuem, que eu preciso de perder uns quilos, assim, com estas descrições, nem preciso de me aproximar do fogão...
Bem... se começam a falar a sério, é outra loiça (já não é das Caldas).
ResponderEliminarEstou de quarentena pois não percebo nada de auto-estradas. Já não sei como sair de casa,para viajar, pois com estas modernices todas não sei o que fazer.
ResponderEliminarO que eu sei é que a minha LIBERDADE de andar pelo meu país não hesiste.
Se passar por certas zonas deste portugal em auto-estrada, não posso pagar, pois não estou habilitado a pagar, pois não moro na zona.
Depois como é que eu pago?
Ninguém sabe.
É publico as VIGARICES que são feitas.
Em portugal é o que temos.
O Je considerado (inválido presumível) tem receio de sair da zona que conhece.
Tonito.
Ai QUITO, QUITO...
ResponderEliminarQue tão depenado eras
Agora de papel passado
Já tens descontozito!
Olha Tónio, lá virá o dia em que vais ter de pagar portagem para ires ao Alto de S.João. Ainda por cima agora, que és um "presumível inválido", porque te calçaram os patins e estás de férias no Samambaia.
ResponderEliminarRafael: O chapéuzito é a pedir para as minhas portagens, não é? Obrigado pelo esforço ...
Quito,
ResponderEliminarAqui pelos "Algarves" também está para breve o pagamento das portagens, pelo menos o equipamento já está colocado, portanto ou vais pagar ou então tens de deixar de vir, se pensares em utilizar a 125, que já é considerada a mais mortífera da Europa, imagina o que será com o aumento do tráfego.
24 horas fora do blogue, dá nisto!
ResponderEliminarJá não posso discutir as "assimetrias", nem o "interior moribundo" que o Quito nos oferece, num texto alegre mas deixando as suas sérias preocupações.
E digo que já não posso porque esta cambada de bons malandros se encarregou de "embrulhar" a séria temática em sandes de leitão e de queijo da serra, acompanhadas de um bom copo de vinho tinto.
E não só...
Então, lá vai:
À NOSSA!