Conheceram-se na escola, onde todos, desde professores a alunos, os tinham em alta consideração e a quem recorriam frequentemente, pedindo-lhes esclarecimentos, conselhos, opiniões.
A proximidade das suas vidas era visível, ninguém dela duvidava, muito menos a questionava.
Ele sentia-se limitado sem o bom senso dela, sem a organização e o método que ela punha em tudo.
E ela achava que o feitio organizado e meticuloso que a caracterizava, de nada lhe serviria sem o apoio dele, sem os seus conhecimentos quase enciclopédicos.
Palmilharam a estrada da vida, completando-se, estabelecendo laços fortes, aparentemente indestrutíveis.
Casaram...
Foi o mal que fizeram!
Na intimidade da relação formal estabelecida, começaram a descobrir os defeitos um do outro. Discutem por tudo e por nada, o casamento caminha irreversivelmente para o seu fim.
Ela acusa-o de diariamente acumular conhecimentos novos, sendo incapaz depois de os concatenar, de os organizar. Acusa-o de simplesmente papaguear o que sabe, sem qualquer nexo racional, sem cuidar de organizar os conhecimentos pela natureza dos conteúdos, mas apenas pela forma.
E ele, irritado, em altos berros, contrapõe-lhe que ela, com o seu obsessivo e cada vez mais complicado enunciar de regras organizativas, acaba por lhe cortar a liberdade de pensamento e de memória.
Ontem, depois de mais uma violenta discussão, a Gramática comunicou ao seu companheiro Dicionário, que iria pedir o divórcio.
Boa Malha.
ResponderEliminarTonito.
O Rui Felício, é uma espécie de Messi da escrita.O argentino Messi, estrela numa constelação de estrelas, não se limita a dar pontapés na bola.Faz dela o que quer, em ritmo de tango.Chama-se ao seu dom, criatividade. Há pessoas assim, em muitas áreas. A criatividade do Felício, deixa-me estupefacto. Depois de nos ter brindado com um texto no facebook, sobre um avião de papel que achei extraordinário, quer pela criatividade,quer pela forma leve da escrita, semelhante ao pequeno avião de papel que sobrevoa uma enfadonha reunião de condomínio, o Felício brinda-nos agora com um dicionário e uma gramática em confronto. Um final de texto demolidor de inspiração. É genial ? Pois é.
ResponderEliminarÉ mesmo. Genial. E fica na forja para a funda São.
ResponderEliminarPerguntava eu, ainda ontem, por onde é que andava o nosso contador de estórias.
ResponderEliminarCá está ele, em plena forma, acasalando o que é impossível acasalar para logo reconhecer essa impossibilidade e decretar o divórcio.
"Sem custas" para os litigantes, penso eu!
Aquele abraço.
...e a Tuna Meliches não foi convidada para para mais este "descasamento"
ResponderEliminarEla-Tuna Meliches- que já tem a experiência de dois descasamentos!!!!
Falta saber se vai ser litigioso e aqui o Rui Felício deve estar indeciso quem vai defender se ambos lhe baterem à porta do escritório!
O Dicionário não gostou de ouvir da Gramática que já não o auturava mais!
Ainda bem que não tinham filhos...pois ambos eram "estéreis"!!!
Mas aqui para nós temos que concordar que a Gramática era chata comó caraças!!!!
O Dicionário era mais popular, mais reinadio, inventa nomes do caraças a palavras vulgares e até ensina palavrões de fazer corar um santo!!!
Se a São Rosas te botar no AfundaSão podes lá por alguns desse palavrões.O Dicionário vai dar pulos de contente!!!
E a evolução natural do Dicionário é o meu DiciOrdinário.
ResponderEliminarUma beleza. E um belo par.
ResponderEliminarMas, eles tiveram mesmo filhos, e muitos, e também estes andam aflitos com as desavenças dos pai, uns a manifestarem mais lealdade a ela, outros a ele; mas, todos muito confusos.
Dizem por aí que, ela, ponderada - ela, como elas -, tornou-se menos normativa. Mas, familiares e vizinhos: "aqui d` el Rei, que já não há regras como antigamente, elas já não se dão ao respeito, os filhos falam de qualquer maneira".
Rui Barreiros.
Ao contrário do que disse o Rafael, o Rui Barreiros vem dizer-nos que o Dicionário e a Gramática não eram estéreis.
ResponderEliminarIsto é, que geraram filhos, eles próprios desencantados com as desavenças paternas, tomando partido ora pelo pai ora pela mãe.
E eu concordo.
Por outro lado, apesar de actual menor rigidez normativa da Gramática, há quem concorde e quem discorde.
Uns dizem que essa flexibilização facilita a comunicação.
Outros, mais conservadores, dizem que antigamente é que era bom, porque se falava mais correctamente.
Quanto ao Dicionário, também há defensores e detractores.
Uns dizem que a absorção de novos vocábulos veio enriquecer a linguagem.
Outros dizem que os vocábulos novos são estrangeirismos que descaracterizam a lingua.
E a língua é, como bem sabemos, um instrumento precioso erradamente usado para falar.
ResponderEliminarPelo novo acordo ortográfico, "lingua", mesmo quando referida a "linguagem" escreve-se com minúscula, o que gera confusão entre "linguagem" e lingua, na acepção de apendice corporal.
ResponderEliminarClaro que é a este último significado que a São Rosas se refere. E concordo com ela, porque a lingua serve menos para falar e mais para saborear...
Eça é que é Eça!
ResponderEliminarO novo acordo ortográfico será o responsável pelas desavenças entre a gramática e o dicionário.
ResponderEliminarO stress causa estas situações.
Do RUI BARREIROS :
ResponderEliminarOh VIana,
Aqui há memso bruxedo. Ainda hoje de manhã mandei uma coisa para o blog, agora já não consigo; diz-me que a conta (a mesma da manhã) já não vale. Aqui há gato.
Vê lá se mandas isto (para o Descasamento do Felício):
Nao vale voltar atrás (Deus me livre!). Mas é caso para dizer que mais vale um mau acordo do que uma boa disputa. E a prova é, mesmo, o Acordo Ortográfico.
E a seguir, este:
Na verdade, a língua é muito importante; desde que na posição correcta. Por exemplo: para pronunciar um "g", ela tem de estar atrás; a seguir, para dizer um "t" ela tem de vir para a frente. E ela não anda só para trás e para a frente. Para pronunciar um "a" ela abaixa, um "u", ela sobe. Só com estes movimentos todos e bem feitos é possível uma linguagem bem conseguida.
Missão cumprida. Eu não disse comprida...
ResponderEliminarO Rui pediu-me esta ajuda telefonicamente; está em Portalegre e diz-me que com uma caneta na mão direita e uma enxada na mão esquerda.
Ele que se explique, se assim o entender.
Vejam ao que o Rui Barreiros me levou!
ResponderEliminarDei por mim a pronunciar um "g", um "t", um "a" e um "u", ao mesmo tempo que, compenetrado, tentava perceber se a minha lingua andava para cima, ou para baixo, ou para os lados...
Devo dizer que não consegui aferir a veracidade das alegações do Rui.
Certamente porque ele é especialista numa matéria em que eu sou ainda aprendiz...
E eu que esperava que tu me explicasses a mecânica do "gatu"...
ResponderEliminarFui consultar o DiciOrdinário ilusTarado e nem uma palavra sobre língua.
ResponderEliminarUma falha indesculpável!
Encontrei uma referência a "Línguas mortas e sexualmente fraquitas" para nos falar do latim.
Será que os dois Ruis já estavam na mira dos autores do diciOrdinário ?...
Tens um olho do catano, Carlos-Que-Viu-Ana!
ResponderEliminarSe houver uma 2ª edição do DiciOrdinário, garanto-te que terá essa entrada da língua (chiça que soa bem, isto!)
Deves queres dizer uma 2ª ediSão.
ResponderEliminarVenha ela.
O que vale é que estás sempre atento e providenciaste uma "é rata".
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