terça-feira, 28 de dezembro de 2010

DUKE E OS " FOUR TOPS"

Os " Four Tops"
(Foto Net)
Há dias, pela mão do BobbyZé, recordou-se Frank Zappa. O guitarrista e compositor de Baltimore - tal como alguns outros - apenas desapareceu fisicamente. Porque perdura na mente dos seus incontáveis seguidores, e a sua música é transversal há sucessão dos anos, como tributo da sua memória. Individualmente, ou em grupo, existe um número restrito de artistas, cuja fama se passeia pelo Tempo, imunes ao seu efeito corrosivo. Mas, na esmagadora maioria dos casos, constata-se o reverso da medalha. Muitos, apareceram e desapareceram, como que por magia. Outros, arrastam-se ao sabor do Tempo. E é de um desses - dos que ainda por aí andam - que eu gostaria de Vos falar. Vou tirar da prateleira os “Four Tops”, o grupo norte -americano de Detroit, fundado em 1954. Perguntar-me-ão, o porquê da minha escolha recair sobre este quarteto. Respondo-vos: porque os conheci. Melhor dizendo, porque assisti ao "pôr-do-sol" do grupo inicialmente fundado. Uma noite, os “Four Tops” actuaram numa unidade hoteleira fora do país, onde eu, casualmente, me encontrava hospedado. Durante cerca de uma hora, o grupo deu o melhor de si, para uma limitada plateia, que não chegaria a trinta pessoas. Enquanto ouvia aquele belíssimo timbre de vozes negras, e a magia das suas danças na pista, junto à minha mesa, recordei os anos sessenta, e os banhos de multidão de que foram alvo, pelas vezes que ocuparam lugar de destaque nas tabelas de venda de discos dos Estados Unidos da América, nomeadamente com o seu maior êxito de sempre: “reach out l’ll be there”, de 1966. Agora, ali estavam, com grande brio artístico, longe das grandes plateias. Terminaram o espectáculo, com a canção atrás referida. Era obrigatório. No fim, enquanto agradeciam os aplausos, verifiquei que um dos elementos, destoava dos outros, pois era bem mais idoso. Saltava à vista. Dirigi-me então a ele, e apertei-lhe a mão. Num inglês macarrónico, disse-lhe como tinha apreciado a actuação do grupo. Ele, por sua vez, pareceu ter gostado da minha referência e, espontaneamente, abraçou-me. Estava alagado em suor, do esforço dispendido. Encharcado em generosidade profissional. É, aquele, o último elemento vivo do grupo inicial. Os outros, partiram do nosso convívio, num espaço de tempo relativamente curto. Abdul Fakir, já não tem o estrelato a seus pés, daqueles longínquos anos de ribalta. Mas mantém a dignidade, e a sua incontestável veia de artista. Tem mais de sete décadas de vida. Chamam-lhe Duke.
Q.P.

6 comentários:

  1. Duke, é segundo da direita na fotografia, de óculos ...

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  2. Um bom texto para uma boa recordação!
    Pelos anos 50/60 os meus ídolos eram THE PLATERS!!!

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  3. Quito!Nos anos 60 a nossa educaçao musical deve muito ao famoso programa "Em Orbita", que eu nunca perdia de ouvir là em casa! Aliàs, esse programa foi inteiramente responsàvel pelo meu falhanço no 5° ano do Liceu!!No ano seguinte, sem saber como nem porquê, fiquei bem e resolvi ir a Fàtima a pé, com o Carlos Falcao!!!Tinha que me pôr ao caminho para agradecer aquele milagre!Mas o Falcao decidira ir até à Belgica (jogar rugby) e eu, là fui sozinho, percorrer os 90 kms que nos separavam de Fàtima! Os meus Pais vieram recuperar-me à chegada ao santuàrio e, em boa hora o fizeram, pois pelo caminho, jà estava completamente convertido ao sacerdocio!!!As amigas e clientes da CASA UMBELA (que encontrei pelo caminho) puseram-me a rezar padres nossos!!!

    Coisas do século passado!Mas engraçadas!

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  4. Quito

    Recordar é viver. Esse momento ficou contigo e descrito da forma que nos habituaste.
    Gosto de ouvir certas canções, certos cantores e certas orquestras, assim como adormecer ao som de André Rieu. Não tenho músicas ou canções especiais mas sim umas tantas que gosto da letra ou de ouvir. Continuo no entanto convencido que para música só tenho orelha. Ouvido, tenho muitas dúvidas.

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  5. Chico! Gostava de saber se moras em Montreal. O LEONARD COHEN convidou-me a visitar um dia o bairro Português onde ele mora. Conheces esse bairro?

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  6. Bobbyzé,

    Penso que o Leonard Cohen habita na zona junto à Rua St. Laurent ou até aí mesmo. Mais precisamente no rectangulo compreendido entre a St. Hurban et St. Denis assim como entre a Mont-Royal e a Des Pins. Foi uma zona má há muitos anos que os portugueses recuperaram e por isso até ficaram muito bem vistos. Outrora foi nítidamente um bairro português mas as pessoas com o tempo começaram a deslocarem-se para outros lados como as cidades de Anjou, Longueuil, Lassalle, Laval e Montreal no geral. Eu próprio habito longe dessa zona. Hoje, não sendo o que foi, ainda aí habitam portugueses. Também em certa ruas, já há muitas pessoas de língua espanhola, além de muitos franceses e ingleses como é normal. Continuam lá as lojas, cafés e restaurantes portugueses, pois é aí que muitos trabalham. Por isso se continua a dizer bairro português, uma vez que de dia é lá que se vêm muitos conterrâneos. No meu blogue, muito especialmente em artigos sobre o grafitismo, já publiquei há tempos várias fotografias dessa zona. Como a maioria dos portugueses, só nos deslocamos a essa zona se necessitarmos de um produto essencialmente português, que não haja perto de nós.

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