Tempos houve em que eu estava sempre onde houvesse amor. Inseparável dele.
Sem ele, eu ficava solto, perdido, inútil...
Éramos como unha com carne. A unha precisa do apoio desta para existir, e esta carece da protecção daquela para não se ferir.
Assim era eu com o amor. E ele comigo...
Eu fazia parte integrante desse belo e nobre sentimento. Senti-lo, era sentir-me. Avaliarem-no, era avaliarem-me. O amor sem a minha companhia era incompleto, sem chama, algo insípido a que faltava o tempero doce da minha presença.
Mas os tempos mudaram!
Agora, o amor é olhado por mim da parte de fora. Sou um simples e longínquo observador, não o integro, não lhe pertenço, não o sinto a aquecer-me o âmago.
E quando, a espaços, procuro que nos tornemos de novo num só, indissociáveis, como era antigamente, o amor dos tempos de hoje afasta-me, repele-me, expulsa-me, ri-se das minhas pretensões antiquadas. Recorda-me que eu não evoluí no tempo, que tenho de me actualizar, que preciso de olhar o presente.
Diz-me que tenho de perceber que o amor de hoje não é igual ao de antigamente. Que hoje ele é menos convencional, mais moderno, menos complicado e, por isso mesmo, mais livre.
Assim era eu com o amor. E ele comigo...
Eu fazia parte integrante desse belo e nobre sentimento. Senti-lo, era sentir-me. Avaliarem-no, era avaliarem-me. O amor sem a minha companhia era incompleto, sem chama, algo insípido a que faltava o tempero doce da minha presença.
Mas os tempos mudaram!
Agora, o amor é olhado por mim da parte de fora. Sou um simples e longínquo observador, não o integro, não lhe pertenço, não o sinto a aquecer-me o âmago.
E quando, a espaços, procuro que nos tornemos de novo num só, indissociáveis, como era antigamente, o amor dos tempos de hoje afasta-me, repele-me, expulsa-me, ri-se das minhas pretensões antiquadas. Recorda-me que eu não evoluí no tempo, que tenho de me actualizar, que preciso de olhar o presente.
Diz-me que tenho de perceber que o amor de hoje não é igual ao de antigamente. Que hoje ele é menos convencional, mais moderno, menos complicado e, por isso mesmo, mais livre.
Argumentei-lhe que a inteligência, por exemplo, se me manteve fiel, mas o amor respondeu-me que não faltará muito para que essa presunçosa, vaidosa e esdrúxula peneirenta me abandone também.
Faço um esforço, conformo-me a custo, mas quando o apanho distraído, aproveito e envolvo-o na minha capa protectora. Nem que seja por breves instantes!
Porque, enquanto eu viver, nunca deixarei de ser o acento circunflexo que o antigo “amôr” repudiou...
Porque, enquanto eu viver, nunca deixarei de ser o acento circunflexo que o antigo “amôr” repudiou...
Rui Felício
O amor ortográfico ... O Rui e a sua encantadora forma de brincar com as palavras...
ResponderEliminarUma bela metáfora em que o amor-moderno e o
ResponderEliminaramôr-antigo se questionam ...mas o mundo das
emoções vence até a própria inteligência ... as palavras fazem,lindamente,o jogo da sedução...
O meu Viva ao ^ no Amor por tanto o desejar e merecer!
Rendo-me, não aguento esta pedalada!
ResponderEliminarSó sei que me delicío a ler estes textos do Rui!
Só uma inrerrogação:amôr(com o desortografado (^) não era o que chamavam de "pinga amôr?"
Só uma afirmação:AMÔR ou Amor, QUEM TE VIU...QUEM TE VÊ!!!!!
O amôr tem mudado em muitos aspectos, mesmo no orthographico. Só que para nossa sorte, o Rui Felício é que não mudou o amor que tem pela escrita.
ResponderEliminarSeria muito estúpido, o Amor, se não se deixasse envolver na tua capa protectora.
ResponderEliminarIsso não é possível porque a inteligência é uma das componentes centrais do Amor, hoje.
Ontem, não era tanto assim. O que mais pesava no Amor era o fervor dos verdes anos, que já não temos.
Por isso, apanhemos o Amor, ainda que distraído, ainda que por breves instantes.
Instantes que, hoje, como de ontem, se prolongarão eternamente.
É aqui que deixo de estar de acordo contigo!
O Amor não mudou.
Aquele abraço.
O Rui escreve. Não alinha apenas as palavras.
ResponderEliminarAquilo que parece ser escrito ao correr da pena, não o é. É um texto refectido, adulto e maduro. De experiência feito, no dizer do nosso maior - Camões. O amor é transversal aos séculos.Mas o amor de ontem, não é igual ao amor de hoje. Pois não. Como o amor de ontem não foi igual ao amor de anteontem.Quando se cruzavam espadas nas margens do Mondego, pelo sorriso de uma dama. Excessos dos Tempos Queirozianos a cheirar a naftalina?. Talvez. Mas gosto de ler, o doce embalo doa amores daquela época. Dos amores de ontem, seduz-me o espírito de conquista. De hoje, já há muito que navego na Barca do Tempo. Limito-me a observar o que me rodeia. E, como diz o Carlos Viana, a "apanhar o amor". E a sonhar. Porque é o sonho que comanda a vida ...
O amor é sempre o AMOR, agudo, grave ou...circunflexo!
ResponderEliminarEu já não ando na BARCA DO TEMPO, eu prefiro a BARCA VELHA.
ResponderEliminarTonito.
Rui, mais uma pérola que nos ofereces sem precisarmos de abrir ostras.
ResponderEliminarComo sei que permites, irei publicá-lo no blog porcalhoto.
Lindo Rui! Rendi-me....
ResponderEliminarE fiquei a pensar...
Eu bem tentei o contraditório, desejando o seu contraditório...
ResponderEliminarFicará para memória futura, penso eu.