domingo, 21 de julho de 2013

Mural neo-realista de Vasco Berardo no velho Café Mandarim, hoje McDonald's da Praça da República




Vasco Berardo no seu atelier - 1989
Vasco Berardo nasceu em Coimbra em 1933. Pintor, medalhista e escultor, é um autodidacta convicto. Foram seus mestres José Contente, António Vitorino, Manuel Pereira e o arquitecto Fernandes. Fez a sua primeira exposição em 1951 com Os Novos de Coimbra. Colaborou com o C.A.P.C. e foi um dos fundadores do M.A.C.. Realizou até hoje exposições individuais e colectivas em todo o país e no estrangeiro. Destacou-se como medalhista contando hoje com cerca de 500 medalhas na sua vasta obra. Escultura em bronze e madeira, cerâmica, azulejaria, pintura, tapeçaria, metais e obra gráfica fazem parte do seu mundo, da sua inovação e criatividade. O seu período Neo-Realista deixou uma marca profunda na cidade de Coimbra com o mural do velho Café Mandarim, hoje MacDonald's. [da Wikipedia]

Fotos de Jeffrey Shallit no seu blog Recursivity, onde considerou o McDonald's da Praça da República, nºs 13-14 em Coimbra, "um dos mais estranhos McDonald's em que já estive, com um grande mural anti-capitalista pelo artista local Vasco Berardo, parcialmente escondido atrás da escada, mostrando os ricos espezinhados (pode-se ver as suas taças de champanhe caindo das suas mãos) por camponeses e mineiros virtuosos". Eu não faço essa leitura. Para mim, neste mural o autor representou o contraste entre os camponeses e pescadores (que trabalham) e os capitalistas (que fazem festas e tombam de bêbedos).
Seja qual for a leitura mais correcta, sempre admirei este mural desde que ia estudar para a sala do piso superior do Mandarim que, como me «explicaram» na altura, também era apelidado pelos estudantes de Mesopotâmia.
- Mesopotâmia?!
- Sim. Só mesas e... meninas...

22 comentários:

  1. Mural expressivo do Trabalho e do Capital...
    Lindíssimo ex-libris do nosso velho Mandarim!
    Sempre gostei do Vasco e do seu trabalho artistico. Fomos colegas de trabalho na ESTACO.
    Boas recordações dele e do Café Mandarim...

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  2. Olinda, diz-me onde posso ver o Vasco para ultrapassar os mais de 30 anos sem contactos.
    Beijinhos
    Fernando AZENHA

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    1. Azenha, o Vasco está bastante doente,muito limitado dependendo da mulher,
      Já não consegue trabalhar.
      Foi-lhe prestada uma homenagem há meses onde estivemos.
      Beijinho

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  3. Trabalhei vários anos junto do Mandarim apreciando os Murais, pois todos os dias ia lá .tomar a bica.Fiquei amigo de um dos últimos sócios o amigo Rui.
    Não há muito tempo foi-lhe prestada uma homenagem no Centro Cultural D. Dinis e em que colaborou o José Leitão.
    mesopetâmia...mesas e meninas! E depois dizem que iam estudar!!!

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  4. Passei tardes abrigado pelo colorido deste mural.
    Foi aqui que vi os olhos de mulher mais bonitos da minha vida.
    Que só voltei a ver casualmente meses mais tarde à saída da Igreja de Santa Cruz.

    Quanto à estranheza de actualmente ser um Mc Donald's não sei comprovar porque nunca lá entrei depois de o Mandarim ter deixado de o ser.
    Mas já estive num Mc Donald's que, esse sim me chocou bastante. Está em Viena de Áustria, instalado na casa onde viveu ohan Strauss.
    A verdade é que por causa disso é local de visita turistica e está sempre cheio. A abarrotar de gente!
    Esta multinacional não dá ponto sem nó...

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    1. "Os olhos de mulher mais bonitos"..
      Isso tem a ver com uma história que metia duas gémeas, digo eu!

      Não digo isto para te demonstrar que tenho boa memória. Faço-o para, mais uma vez, te sugerir a reposição de textos já escritos e lidos noutras paragens.
      Refiro-me sobretudo a textos que tenham a ver com Coimbra.
      Estou certo que muitos dos frequentadores do EG nunca tiveram acesso a esses belos nacos de prosa.
      Eu próprio muito gostaria de reler este teu conto do qual recordo o "esqueleto" mas falta-me os sabores e os cheiros de tudo o resto...

      Espero bem que não te aborreças com a minha insistência. Não é por amizade que insisto, é por interesse próprio...
      Aquele abraço.

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    2. "Para palavras loucas, ouvidos moucos", diz o povo e tu também.
      Ficamos assim, prontus...

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  5. Em que ano abriu o Mandarin?
    60 e quantos?
    Tonito.

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  6. Sobre o mural está tudo dito! Uma obra que ficará para a posteridade e que infelizmente passou a ser propriedade da Mc Donald's.
    Sobre o Vasco Berardo, poderia estar aqui a escrever todo o dia que não diria nem um milésimo, da sua imensa obra, nem da sua vida pessoal e artística, nem sequer do meu relacionamento com o Vasco (Vasquito, como eu o trato).
    Embora afastado, ainda sou primo dele, por parte da minha avó paterna, que por sua vez era prima da mãe dele.
    O Vasco Berardo é um ser humano de uma integridade, honestidade e coerência muito acima da média. Do seu último casamento com a Manelinha, uma doce senhora, tiveram um filho e uma filha que são o espelho da boa educação dos pais e ambos herdaram os genes das artes.
    A minha admiração pelas obras do Vasco, fazem com que eu tenha uma colecção muito razoável das suas obras.
    A minha última aquisição é um painel em azulejo da Rainha Santa. Uma obra única que só existe uma outra idêntica na casa dele. Se tiver oportunidade, um dia destes coloco aqui uma foto!
    Obrigado Paulo Moura pela colocação deste tema.

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  7. Excelentes murais que as fotos nos transmitem e uma boa descrição. Já não me lembro como, mas nos anos oitenta vi umas medalhas de Vasco Berardo. Há já uns tempos li um artigo sobre ele e não perdi a ocasião para me pôr o mais possível em dia através da internet. É de facto um dos nossos valores que a São Rosas não deixou passar.

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  8. Um grande, grande artista!
    Já nada há a acrescentar aos comentários de quem tão bem conviveu com o homem e com a sua obra.

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  9. Diz o Alfredo que o Vasco Berardo é um ser humano de uma integridade, honestidade e coerência muito acima da média. Subscrevo integralmente e penso que esta é a forma simples e objectiva de se descrever o Homem.
    Quanto ao Artista muito poderia dizer mas penso que é supérfluo pois as suas qualidades são reconhecidas por todos aqueles que acompanham minimamente a Arte. Poderia falar de um ou outro episódio que com ele directamente vivi mas não o vou fazer. Por motivos...
    Estive na homenagem que lhe foi prestada por iniciativa de um grupo de amigos e coordenada pela sua grande companheira Manuela. Foi um bom momento aquele de ver o Vasco rodeado por muitas dezenas de amigos mas foi um mau momento quando percebi que aqueles braços, que me abraçaram comovidamente, jamais voltarão a fabricar Arte.
    Fabricar Arte? Penso que esta expressão me assaltou pela recordação que tenho do excelente texto lido por Rui Damasceno em que explicava que Vasco Berardo se considerava um operário da Arte. Não se considerava um génio, daqueles que esperam pelo momento de inspiração. Cumpria com rigor os horários por ele estipulados para trabalhar na sua oficina, como se de um operário se tratasse.
    Claro que estou a dar uma pálida ideia deste documento fabuloso do qual vou tentar arranjar uma cópia para a oferecer ao Alfredo e a quem mais estiver interessado.

    À São Rosas o meu bem-haja! Ao centralizar a minha atenção no Vasco, poderá parecer que não se valorizou a iniciativa de aqui trazer o velho Mandarim de tão boas recordações, lembrando o seu desaparecimento para dar lugar a um McDonald's.

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  11. Caro amigo Don Rafael!

    Vi com muito agrado, a postagem do Paulo Moura sobre o VASCO BERARDO.

    Vou tentar colocar o SlideShow que fiz, quando lhe foi prestada a devida HOMENAGEM(2012)...por iniciativa de um pequeno Grupo de amigos, onde eu me incluo, o que me deu imenso prazer!

    No Grupo estão incluídas a Isabel Carvalho e a Maria Manuel Neves, que foram incansáveis, na Organização do evento, no Centro Cultural Dom Dinis.

    O Vasco é um HOMEM de uma verticalidade impressionante

    Um ARTISTA COMPLETO!!! Tenho acompanhado a "evolução" da sua saude, que infelizmente não mostra melhoras!

    A Manelinha e filhos, são de uma dedicação que impressiona.Isto chama-se AMOR !!!

    Como sou de lágrima fácil, é-me muito difícil, visitá-lo, mas telefono muitas vezes...e encontro pessoalmente, também algumas vezes a Tuchinha, sua filha...que me vai dando notícias!

    Eis a minha contribuição para recordar-mos a sua fabulosa obra!!!

    A Cidade de Coimbra muito lhe deve!!! Para quando uma justa e merecida HOMENAGEM...com uma Exposição da sua extraordinária OBRA, no Edifício Chiado ???

    Ou será que os Artistas Plásticos de Coimbra, não terão essa oportunidade!!!??

    (Onde é que já ouvi isto???)

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  12. Entretanto, encontrei esta página da Fábrica de Loiça de Sacavém com um trabalho do Vasco Berardo e um texto sobre ele que achei interessante:

    "Painel de azulejos da fábrica Ceres, Coimbra, exibindo uma figura feminina de inspiração neo-realista produzida na oficina de Vasco Berardo (n. 1933) durante a primeira metade da década de 1980.
    Fundada em 1956, a empresa Ceres começou o seu declínio em finais do século passado, acabando a fábrica por encerrar em 2006. Esta ainda reabriu e retomou a sua produção em 2008, mas a insolvência da empresa veio a ser declarada em Março de 2010.
    Vejam-se algumas fotografias das suas instalações abandonadas no site colectivo que melhor documenta a degradação do património português: http://www.lugaresesquecidos.com/forum/viewtopic.php?f=12&t=1464.
    Vasco Berardo celebrizou-se também pela execução de diversos trabalhos no âmbito da medalhística, tendo criado a sua primeira medalha em 1971. Logo no ano seguinte, na sua deslocação ao Brasil por ocasião do sesquicentenário da independência, o destacado coleccionador Marcello Caetano (1906-1980; primeiro-ministro, 1968-1974) escolheu três conjuntos de medalhas alusivas aos signos do zodíaco, executadas por este artista, como presente oficial para as entidades brasileiras.
    Ironicamente, em 1973 Vasco Berardo veio a ser o autor da medalha comemorativa do terceiro congresso da Oposição Democrática, que contestava o regime do Estado Novo, e posteriormente um dos primeiros artistas a executar uma medalha que celebrava a queda desse regime, ocorrida em 25 de Abril de 1974."

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    1. Acompanhei de perto a vida da CERES, que foi uma empresa sólida e excepcionalmente bem gerida, pelo seu sócio principal enquanto foi vivo e depois pelo meu grande amigo Vitor David, seu administrador, que saiu por desinteligências familiares. Depois da sua saída, a empresa entrou em declinio e só sobreviveu à saida do Vitor David mais três ou quatro anos.

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    2. Muito interessante Paulo Moura! Mais uma Nota para a vasta Obra do Artista!!! Obrigado!

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  13. Caro amigo Rui Felício! Victor David, irmão do Carlos Daniel, que esteve comigo em Moçambique! Sobrinhos do Senhor Franco, que viveu no Bairro. A CERES "dá dó"...ver as suas ruínas quando passamos nos Fornos (Vilela ?). Como o "tecido industrial" de Coimbra ruiu por completo!!!! Abraço.

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  14. Como a Cerâmica de Souselas (CESOL, como era conhecida)... de que fui administrador até 1987... e passados uns 10 anos fechou.
    Como a Miderâmica, na estrada de Eiras, de que fui administrador até 2000, cuja dívida consegui renegociar e passar com sucesso um processo de recuperação... e passada meia dúzia de anos também fechou...

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