quinta-feira, 28 de abril de 2011

O MEU MORRIS VERDE - ALFACE ...

" ... lacrimoso destino ..."


Foi comprado em oitava-mão e custou-me 16 000 chorados florins, das minhas esforçadas ecónomias ...


Gastava mais óleo que gasolina, era verde - desbotado e tinha avarias intrigantes, com um sistema eléctico caótico, com os fios todos trocados, o que me desesperava a cabeça ...


Abria-se a porta ... desligava o ponteiro da gasolina, fechava-se a porta ...abria a luz interior e à noite não era um carro ... era um arraial minhoto ...


Numa tarde para esquecer, foi-me roubado, e os marginais estamparam-se com ele perto de Viseu. Presos no acto do acidente, foram interrogados pela G.N.R. da cidade ...


À matéria dos autos, disseram estar muito arrependidos ... e aproveitaram para roubar uma nota de cem "paus" que o Sargento-Inquiridor tinha em cima da secretária, por baixo de um pisa - papeis ...


Ela - a nota - depois de minuciosa revista ao gatunos, voltou para o fundo das calças do Sargento ...


Ele - o carro - terminou os seus pardos dias numa sucata perto de Miranda do Corvo, feito num harmónio. Paz à sua alma. Fim.



Q.P. (Setembro/2oo8)

19 comentários:

  1. Talvez um ano depois de ficar sem a minha pandeireta, que, apesar de tudo, bom gozo me deu, fui chamado à Polícia Judiciária de Coimbra. Os meliantes, de Arrifana - S. João da Madeira - não tinham possibilidades de me pagar o prejuízo que me causaram. a P.J, ofereceu-me o espólio deles, capturado na altura do acidente: Uma navalha e um cinto para calças. Claro que recusei. Resumindo: fiquei sem o dinheirito que tão esforçadamente tinha poupado e sem o meu Morris verde-alface. Triste sina ...

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  2. Quito

    Esta veia humorística que nos leva a rir sobre um monte de problemas, não te conhecia. Excelente.
    De todas as formas eram carros muito geitosos.
    Quanto a esse carro específico com os problemas que descreveste quase me fez lembrar o filme do Volkswagen "Amor de Coccinela", penso que seja assim em português.
    Quanto à forma como a polícia resolvia o caso, bem... se já antes era assim...
    Fartei-me de rir com este artigo.

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  3. Não se pode dizer que não fosse um carro à tua medida...
    O meu primeiro carro foi um VW carocha, comprado em 1970 com oito anos de uso, dois dos quais passados em Mueda ( Moçambique )para onde o anteior dono ( meu primo ), o tinha levado quando fez lá a sua tropa.
    Em características e manias não era muito diferente do teu.
    Mas tinha um modernissimo pisca pisca que além de acender, se levantava como um braço, ao lado das portas.

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  4. Primeiro: aquele artista de barbas que está em pose na porta do carro é o jovem Quito, filho do Sr Agostinho de Deus?
    Segundo: se é "valha-me DEUS!
    Terceiro:Ainda devis ter ficado agradecido ao larápio porque aquilo não era um carro...era um monte de trabalhos, feito pirilampo que incomodava toda a rua Bartolomeu Dias, especilamente o meu primo Abel, que não conseguia dormir com os piscas a apagar e a acender toda a noite!
    Quarto: ´gastava muito óleo porque quase todo vertia para o chão! Uma autêntica porcaria!
    Quinto: quantas vezez é que o teu pai te disse que não queria o carro(?) lá á porta, pois dava mau aspectoe muito menos que ficasse ao pé do dele!

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  5. Pois Rafael, vertia óleo e ... gasolina. No primeiro dia, descobri que o depósito estava roto e a lei da gravidade cumpriu a sua sinistra missão. Ficou sequinho. Mas gozei o meu bocado, depois de ele sair dos cuidados intensivos. Mas ainda bem que já morreu. Porque se falasse, eu estava a esta hora a mastigar em sêco ...

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  6. Está para aqui o Quito a queixar-se de ter tido esta peça museológica! Grande coisa!
    O meu carocha a que acima já me referi, tinha a matricula EA-63-41, pela qual se pode ver que quando o mini do Quito nasceu, já o meu VW tinha barba na cara.
    Mesmo assim ainda o vendi por cinco contos, logo a seguir ao 25 de Abril...

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  7. Rui
    Esse teu carro era uma relíquia !... recordo-me perfeitamente daquele pormenor do pisca-pisca, que se levantava como um braço. O Martins Duarte, da minha Rua D, tinha um Peugeot com o mesmo sistema. Não sei se ainda te lembras daquele tipo de Peugeot. Tinha os faróis da frente juntos e metidos por dentro da grelha. Visto de frente, o carro assemelhava-se a um rato, pois tinha o "focinho" comprido ...

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  8. Para que não pensem que eu sou algum pelintra,comprei o meu primeiro carro em 1962.
    Um Buick descapotável,já não me lembro que modelo,mas que era dos primeiros anos da década de 50.Custou-me 500$00...
    Nunca soube quanto gastava.Durante um ano atestava-o com pessoal,que pagava 2$50 para a gasolina.Dávamos umas voltas,para a Figueira e Penacova e com uma chave de fendas resolvia todos os problemas mecânicos!
    Cerca de um ano depois,aproximando-se a minha saída de Coimbra,esteve à venda cerca de 3 meses.
    Consegui vendê-lo por 1.000$00!
    Grande negócio!
    Em 75 ou 76 ainda o vi em Coimbra.
    Sobre a capota de lona tinha um tejadilho de madeira:servia para levar papel e cartão ao "farrapeiro".Por quantas mãos passou ignoro...
    Mas fazia um sucesso!
    Um abraço.

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  9. Se me lembro desse P*eugeot! Era o carro dos meus sonhos, mas não tinha dinheiro para o comprar.
    Mas estamos aqui a falar de carros proletários e entra de rompante o Rui Lucas a fazer-nos inveja com o seu Buick amaricano!
    Se bem me lembro só tinha 3 velocidades, mas a primeira levava-o aos 80/hora e, claro, despejava-lhe o depósito...
    Isso era carro para outro extracto social que não o meu e o do Quito...

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  10. Estás enganado,Rui.
    Aquilo era um carro de um trabalhador-estudante.
    Só servia para a moina...
    Só depois disso é que arranjei dinheiro para comprar um Renault 10 e um Sunbeam!

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  11. Recordando!
    1º carro, um MGA com capota de lona rasgada...4 pneus todos diferentes...depósito atestado! Coimbra-Figueira...ida e volta...e parava na Geria por falta de gasolina! Pormenor: O carburador duplo não tinha filtros! Encomendei-os para Itália e como nunca mais chegavam...vendi-o pelo mesmo preço que o comprei passado 1 mês!
    2º carro : O 2 Cavalos amarelo que me deu grandes prazeres, ditas aventuras. Desde a Portela do Homem no Gerês até Sagres, nunca me deixou na estrada! Ferramenta? . 1 alicate e arames!!!
    Capotou e vendi-o a retalho!!! O companheiro Tó Ferrão assistiu à compra no Cartaxo!!!
    3º carro - Um Carocha 1303 S verde alface brilhante! Um espanto!!!??? "bebia bem"!!!
    Mas dariam um Livro as aventuras com os meus "bólides" dos anos 70!!!

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  12. Quito, o mini seria velho...mas tu eras um jovem todo giraço!
    As calças "à boca de sino", bem na moda desse tempo.

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  13. No meio de todo este alarido automobilistico, acabo de chegar à conclusão de quem se lixou fui eu ! Vocelências, compraram os chassos e venderam-nos pelo dobro ...e eu fiquei sem chasso e sem dinheiro. Se houver da vossa parte um pingo de solidariedade, dividem os vossos lucros comigo. Telefónicamente, posso facultar o meu NIB. Avança com a massa Rui Lucas, que eras o gajo que tinha a melhor espada ...

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  14. Quando estiver contigo,Quito,espero que brevemente,pago os cafés ou dou-te 5 euros...
    Um abraço.

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  15. Là em casa SIMCA's e FIAT's foram as marcas preferidas do meu Pai! Emancipou-me aos 18 anos e passou-me um SIMCA ARIANE (BA-73-73) para as maos!!!o Zé LEITAO que o diga! Grandes viagens para MIRA, para os bailes de sàbado com as Francesas!Paragem obrigatoria em Cantanhede para...contar as pulsaçoes!!!Tivémos SIMCA ARONDE, SIMCA 1000, FIAT 850, FIAT 600...

    Mas o meu primeiro carro (comprado jà em França) foi uma carrinha 4L!Quando iamos a Portugal de férias e paràvamos nos pinhais para lanchar, os Emigrantes gritavam "Olha uma 4L!!!Devem ser estudantes!!!!Eles ostentavam os seus FORD CAPRI e RENAULT FUEGO!!!!!

    Quito! Esse MORRIS tinha muita pinta!!

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  16. É pá, o meu segundo automóvel também foi um Mini, verde! Cheguei a ir com ele a Paris, por Andorra e na subida dos Pirinéus parei algumas 10 vezes para arrefecer o motor. A ele devo uma hérnia discal!!!...

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  17. Sou muito infeliz...O primeiro carro 'da casa' foi um Austin Mini 1000, bege, que quando resolvia também aquecer desalmadamente era uma desgraça!Numa viagem para o Algarve, com uma criança no banco de trás e outra na barriga, tivemos de parar tantas vezes para o fulano arrefecer, que quando chegamos a Faro nem uma reles sandes conseguimos comer!!!Noitinha de fome...
    Numa sexta-feira 13, alguém resolveu roubar o malvado.Mas ao contrário do Quito, nem feito num harmónio ele voltou a aparecer, já fez 29 anos em Dezembro!
    'Portantes', se alguém tem direito a ser compensada com esse lucros absurdos que vocês tiveram com a venda dos chassos velhos, esse alguém é aqui o je!!!

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  18. Adorei o teu carro Quito. Naquele tempo tudo era possível arranjar com um pouco de arame, um alicate e alguma imaginação.
    O meu primeiro carro foi um 2Cv comprado por 14 contos em 1967. Houve uma altura em que tinha de andar sempre com uma garrafa de água para arrefecer a bomba da gasolina que bloqueava e deixava de funcionar. Sempre que alguém entrava para o banco de trás tinha que chamar atenção para o enorme buraco que tinha no chão por onde entrava água sempre que passava por uma poça. Os pneus eram recauchutados e um deles no Algarve resolveu começar a querer deixar por lá as "meias solas". O regresso foi uma odisseia a parar a cada 5 kms para ver se aguentava até Coimbra. Aguentou em Coimbra mais meio ano depois de serem coladas as telas rebentadas. O limpa pára-brisas nem sempre funcionava e quando chovia tinha que ser accionado manualmente. `No Inverno às vezes não pegava mas tinha uma manivela enorme que tudo resolvia. Uma vez resolvi tentar passar com ele no túnel da estação velha, no Inverno, em dia de cheia. Bem o resultado foi ter ficado atascado por ter ido água para as velas...
    Muitas aventuras num carro único que nunca se esquecerão...

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  19. Este choradinho está a comover-me.
    Pronto!Vou abrir os cordões à bolsa e vai mais um euro para cada um dos prejudicados.
    Atenção:não podem ser mais que 5!
    Hoje foi dia de pagar IMI,de pôr a folha salarial em ordem,de carregar o passe de autocarro para Maio e fiquei teso(salvo seja)!
    Até amanhã.
    Um abraço.

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