Gosto de ler! E que esta capacidade da leitura não me falte até... A biblioteca do casal Moreirinhas e a citação do Quito são a expressão máximo dos benefícios da leitura de um bom livro.
Por trás de cada palavra está um mundo de sonhos, de ideias, de tristezas, de alegrias, de recordações, de esperanças...^ Ao lermos um livro, nem sempre nos apercebemos que uma simples palavra no meio de todas as outras, poderá ter demorado horas ao Autor a encontrá-la e a escolhê-la. Porque na sua escolha criteriosa e rigorosa pode estar a chave para a compreensão do sentimento que o levou a escrever o livro. De posse dessa chave,o leitor estabelece uma empatia com o livro que jamais se desfaz. Concorde-se ou não com o Autor. E que nos leva a relê-lo uma e outra vez como se fosse a primeira...
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A relação com os livros é intima. O toque, o olhar, o folhear, a textura, o chero até, são sensações que os livros em formato digital jamais substituirão. Por isso prefiro passar a vista pelas estantes onde esses nossos amigos nos esperam. Por isso gostei tanto da fotografia da sala de leitura do Alfredo ... E do texto da Daisy que em poucas mas escolhidas palavras resume aquilo que os livros nos dão.
Volto aqui, para sublinhar uma opinião, direi convicção, do nosso amigo Rui Felício, quando diz que o formato digital, jamais substituirá um livro. Grande verdade. Como o Rui opina, o toque, o olhar, a textura e mesmo o cheiro, imprimem ao ato de ler uma cumplicidade intimista entre o leitor e o livro.
Eu, leio e releio. Mesmo livros mais antigos. Porque há sempre algo que nos escapa. Há sempre algo que nos faz refletir.Há, na boa escrita, uma beleza estética que comparo, por exemplo, há elegância de um par de bailarinos clássicos, evoluindo no palco dos sonhos, mesmo que o tema seja soturno e de agonia.
Releio Virgílio Ferreira e "Aparição":
"Pelas nove da manhã desse dia de Setembro cheguei enfim à estação de Évora. Nos membros espessos, no crânio embrutecido, trago ainda o peso de uma noite de viagem. Um moço de fretes abeira-se de mim, ergue a pala do boné: - É preciso alguma coisa, Senhor Engenheiro ? Dou-lhe as malas, digo-lhe que há ainda um caixote de livros a desembarcar. - Então é dar-me a senhazinha,senhor engenheiro. - Mas não me trate por engenheiro. Sou professor do Liceu. Com passinhos curtos, anda dobrado como se tivesse dores de bexiga. A cara e os olhos são vermelhos, ensopados de sangue. Carrega tudo aos ombros com uma complicação de cordéis, promete-me uma pensão muito boa, mesmo na Praça "que é já ali" e convida-me a segui-lo com os seus olhos lastimosos de aguardente.Está uma manhã muito bonita, com um sol íntimo dourando o ar, um vento leve da planície, fresco de orvalhos. À minha frente, o moço de fretes, agachado sobre si, vai dançando um estranho ritmo de arame com os seus passos saltitados. Mal o olho. Trago em mim um pesadelo de ideias, um cansaço profundo que me alaga, me submerge. A praça ainda é longe e não "já ali",como me garantira o moço. Mas a angústia que me habita, a violenta redescoberta da morte, que eu acabo de fazer, torna-me estranha esta cidade branca, separam-ma dos meus olhos vazios. Venho de luto, o meu pai morreu."
Tem um doloroso começo, esta obra de Virgílio Ferreira. De uma beleza lúgrebe. E o leitor, é como se estivesse sentado numa sala de cinema, transportando-se para a estação de Évora e vivendo aquele diálogo entre o professor e o moço de fretes, nos seus passos saltitantes "os olhos lastimosos de aguardente".
Mas esta cumplicidade, esta empatia, entre o manusear do livro, o autor e o leitor, jamais terá ambiente em formato digital. E é por isso que, para mim, o livro é sempre um amigo que espera e me espera, que me faz rir ou chorar, que me dá o privilégio de dialogar com o autor, de compartilhar com ele momentos de fino humor ou da da mais cinzenta solidão.
Ora estão a ver como esta espécie de blog me deixa tão satisfeito neste dia do livro!! Apreciei imenso o que aqui foi escrito nestes comentários.Amigos que sabem o que escrevem e como escrever. Ah! e gostei de ver a biblioteca do Condado de Azurva em fotografia, porque já tinha tido o prazer de a conhecer pessoalmente...graças ao caril!!!! Para a Daisy um beijinho e repito como minha homenagem ao dia do livro, as palavras iniciais! Inventam-se histórias Criam-se sonhos Acaba-se com a solidão Aviva-se a memória
A Vossa biblioteca é um "sonho". À quantidade soma-se a qualidade e a excelente organização. Os livros não estão a "monte", estão seleccionados por temas, épocas, autores, etc... Não foi agora que apreciei, foi já há uns tempos. Parabéns queridos amigos,
Deixem-me repescar um pouco do comentário do Rui Felício: " A relação com os livros é intima. O toque, o olhar, o folhear, a textura, o cheiro até, são sensações que os livros em formato digital jamais substituirão."
Livros são os mais silenciosos e constantes amigos; os mais acessíveis e sábios conselheiros; e os mais pacientes professores ...
ResponderEliminarCharles W. Elliot
Gosto de ler!
ResponderEliminarE que esta capacidade da leitura não me falte até...
A biblioteca do casal Moreirinhas e a citação do Quito são a expressão máximo dos benefícios da leitura de um bom livro.
Por trás de cada palavra está um mundo de sonhos, de ideias, de tristezas, de alegrias, de recordações, de esperanças...^
ResponderEliminarAo lermos um livro, nem sempre nos apercebemos que uma simples palavra no meio de todas as outras, poderá ter demorado horas ao Autor a encontrá-la e a escolhê-la.
Porque na sua escolha criteriosa e rigorosa pode estar a chave para a compreensão do sentimento que o levou a escrever o livro.
De posse dessa chave,o leitor estabelece uma empatia com o livro que jamais se desfaz.
Concorde-se ou não com o Autor.
E que nos leva a relê-lo uma e outra vez como se fosse a primeira...
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A relação com os livros é intima. O toque, o olhar, o folhear, a textura, o chero até, são sensações que os livros em formato digital jamais substituirão.
Por isso prefiro passar a vista pelas estantes onde esses nossos amigos nos esperam.
Por isso gostei tanto da fotografia da sala de leitura do Alfredo ...
E do texto da Daisy que em poucas mas escolhidas palavras resume aquilo que os livros nos dão.
Volto aqui, para sublinhar uma opinião, direi convicção, do nosso amigo Rui Felício, quando diz que o formato digital, jamais substituirá um livro. Grande verdade. Como o Rui opina, o toque, o olhar, a textura e mesmo o cheiro, imprimem ao ato de ler uma cumplicidade intimista entre o leitor e o livro.
ResponderEliminarEu, leio e releio. Mesmo livros mais antigos. Porque há sempre algo que nos escapa. Há sempre algo que nos faz refletir.Há, na boa escrita, uma beleza estética que comparo, por exemplo, há elegância de um par de bailarinos clássicos, evoluindo no palco dos sonhos, mesmo que o tema seja soturno e de agonia.
Releio Virgílio Ferreira e "Aparição":
"Pelas nove da manhã desse dia de Setembro cheguei enfim à estação de Évora. Nos membros espessos, no crânio embrutecido, trago ainda o peso de uma noite de viagem. Um moço de fretes abeira-se de mim, ergue a pala do boné:
- É preciso alguma coisa, Senhor Engenheiro ?
Dou-lhe as malas, digo-lhe que há ainda um caixote de livros a desembarcar.
- Então é dar-me a senhazinha,senhor engenheiro.
- Mas não me trate por engenheiro. Sou professor do Liceu.
Com passinhos curtos, anda dobrado como se tivesse dores de bexiga. A cara e os olhos são vermelhos, ensopados de sangue. Carrega tudo aos ombros com uma complicação de cordéis, promete-me uma pensão muito boa, mesmo na Praça "que é já ali" e convida-me a segui-lo com os seus olhos lastimosos de aguardente.Está uma manhã muito bonita, com um sol íntimo dourando o ar, um vento leve da planície, fresco de orvalhos. À minha frente, o moço de fretes, agachado sobre si, vai dançando um estranho ritmo de arame com os seus passos saltitados. Mal o olho. Trago em mim um pesadelo de ideias, um cansaço profundo que me alaga, me submerge. A praça ainda é longe e não "já ali",como me garantira o moço. Mas a angústia que me habita, a violenta redescoberta da morte, que eu acabo de fazer, torna-me estranha esta cidade branca, separam-ma dos meus olhos vazios. Venho de luto, o meu pai morreu."
Tem um doloroso começo, esta obra de Virgílio Ferreira. De uma beleza lúgrebe. E o leitor, é como se estivesse sentado numa sala de cinema, transportando-se para a estação de Évora e vivendo aquele diálogo entre o professor e o moço de fretes, nos seus passos saltitantes "os olhos lastimosos de aguardente".
Mas esta cumplicidade, esta empatia, entre o manusear do livro, o autor e o leitor, jamais terá ambiente em formato digital. E é por isso que, para mim, o livro é sempre um amigo que espera e me espera, que me faz rir ou chorar, que me dá o privilégio de dialogar com o autor, de compartilhar com ele momentos de fino humor ou da da mais cinzenta solidão.
Assunto.
ResponderEliminarOra estão a ver como esta espécie de blog me deixa tão satisfeito neste dia do livro!!
ResponderEliminarApreciei imenso o que aqui foi escrito nestes comentários.Amigos que sabem o que escrevem e como escrever.
Ah! e gostei de ver a biblioteca do Condado de Azurva em fotografia, porque já tinha tido o prazer de a conhecer pessoalmente...graças ao caril!!!!
Para a Daisy um beijinho e repito como minha homenagem ao dia do livro, as palavras iniciais!
Inventam-se histórias
Criam-se sonhos
Acaba-se com a solidão
Aviva-se a memória
A LER
A Vossa biblioteca é um "sonho". À quantidade soma-se a qualidade e a excelente organização. Os livros não estão a "monte", estão seleccionados por temas, épocas, autores, etc...
ResponderEliminarNão foi agora que apreciei, foi já há uns tempos. Parabéns queridos amigos,
Deixem-me repescar um pouco do comentário do Rui Felício:
" A relação com os livros é intima. O toque, o olhar, o folhear, a textura, o cheiro até, são sensações que os livros em formato digital jamais substituirão."
Juro que subscrevo !
Esqueci-me de vos dizer:
ResponderEliminarInventam-se histórias
Criam-se sonhos
Acaba-se com a solidão
Aviva-se a memória.
É isso, Daisy...