sexta-feira, 5 de abril de 2013

«O homem sem nome» - crónica do Quito no Jornal do Fundão de 4 de Abril de 2013





23 comentários:

  1. Ontem, estava eu posto em sossego, quando vi outro texto no JF. Como já tinha saído um a semana passada, pensei que este seria agendado para daqui a duas ou três edições. Mas o Nuno Francisco, resolveu traze-lo à estampa.Tinha a intenção de dizer ao nosso amigo Paulo Moura para não fazer esta publicação, para não ser uma overdose de jornal. Mas agora aqui chegado, verifico que o Paulo publicou e esteve, de noite, a fazer horas extras para que o artigo aqui aparecesse. Tenho que lhe agradecer a amizade.
    Ao Paulo e a todos os amigos desejo um bom fim de semana ...

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  2. Reproduzo agora aquilo que me ocorreu dizer quando o Quito publicou no EG este texto.
    E se o faço ipsis verbis é porque se mantêm ( se é que não se agravaram...), as razões que sobre o conteúdo da crónica do Quito somos obrigados a reflectir.

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    A travessia transversal do País, numa região que durante anos e anos viveu isolada por causa da falta de vias de comunicação rápidas entre o litoral e a fronteira, é uma boa notícia.
    Infelizmente, sabemos que não foi desenhada e construida a pensar nas populações beirãs que labutam no nosso interior.
    Longe disso!

    Sabemos que esta, como muitas das vias rápidas e auto estradas, que agora cruzam o território, foram uma prioridade e exigência da União Europeia para mais rapidamente colocarem no nosso litoral os produtos que simultâneamente tiveram o cuidado prévio de eliminar da nossa produção.

    A troco de subsidios, incentivaram o abandono das explorações vinicolas, de pomares e cerealificas,
    promoveram o abate de barcos de pesca, impuseram-nos quotas de produção de leite, e consequentemente, de lacticinios,dado que a França e a Alemanha os tinham em excesso e precisavam de mercado para o seu escoamento.
    A bem da propalada coesão!
    Ou, melhor dito, dos seus interesses...

    E assim os nossos supermercados passaram a oferecer-nos frutas e horticulas espanholas, leite e derivados franceses, peixe e marisco da Galiza, azeitonas da Andaluzia, vinhos da Baviera e de Bordéus, enchidos de Jerez, presunto de Jabugo, laranjas de Valência, embarcados no próprio dia ou no dia anterior em grandes camiões TIR que atravessam agora as nossas regiões a alta velocidade.

    Esqueceram-se, ou não se quiseram lembrar, da destruição do pequeno comércio das estradas, por onde agora não passa ninguém.
    O caso que o Quito nos conta é paradigmático e repetiu-se ao longo dos últimos anos de Norte a Sul.
    Como ele diz, é o reverso da medalha. Mas nem por ser um reverso é menos importante.
    Porque nenhuma medalha é feita de uma só face...

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    Por último, dou os parabéns ao Jornal do Fundão por trazer à estampa este profundo testemunho do Quito Pereira, o que atesta a atenção de quem o dirige e confirma, se tal fosse necessário, a qualidade literária da sua escrita.

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    1. Obrigado Rui, pelas tuas palavras e presença.

      Tinha agendado outro artigo para o JF, mas suspendi. Porque era certo e sabido que iria aparecer na próxima edição. Pretendo uma colaboração mais espaçada no tempo.

      Era minha intenção enviar hoje para o blogue, um texto de cariz africano, mas face à postagem de hoje do Paulo Moura, ficará para outra ocasião.

      Não quero ser acusado de monopolizar este espaço, embora estas publicações do Jornal do Fundão, apareçam por amabilidade do nosso amigo comum Paulo Moura.

      Um abraço

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    2. Ainda bem que o Paulo Moura não se esquece.
      Porque a publicação dos teus textos nunca é demais, ao contrário do que dizes.
      Um abraço para ti,meu amigo Quito

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    3. Quito, Quito, Quito... lá estás tu a menosprezar-te. Se o JF está a publicar os teus textos com mais frequência, não os deixes sem textos para publicar... carais!

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    4. Ó Paulo, mas tu pensas que isto é mais uma linha de montagem de textos, canudo ???!!!
      Toma lá outro abraço

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    5. Tu estás mesmo a pedir uma barrela... com urtigas!

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    6. Este comentário foi removido pelo autor.

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    7. Este comentário foi removido pelo autor.

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    8. O Quito não merece uma barrela com urtigas...
      Que injustiça mesmo dizendo o que diz!
      Abraçou este projecto colectivo - o blog EG - contribuindo com a sua escrita expressiva e afectiva quão Miguel Torga e a partilha dos seus textos são um ar fresco que me delicia.
      Ah, se eu tivesse um bocadinho de jeito para a escrita,prosa ou poesia,quanto gostaria de partilhar convosco...
      Já nem um vídeo sei postar... eu mereço sim uma barrela de urtigas!!!
      Beijinho,Quito e São Rosas.

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  3. Ainda me lembro bem deste teu texto e que me impressionou bastante!
    Lio novamente com atenção.O tempo que encurtaste no caminho no regresso a Coimbra e na volta a Salgueiro do Campo será talvez menor que o aumento da solidão do homem só...e sem nome da tua crónica!

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  4. Na realidade, Rafael, o que é bom para uns é mau para outros. Mas não se pode ficar indiferente a estas circunstâncias da vida. Agora também se dá o contrário. Pelo preço exorbitante das portagens, a estrada para o Algarve (A 2) passou a ter mais utentes. "Canal Caveira" e o seu famoso "Cozido à Portuguesa", por exemplo, resistiu à desertificação e parece ter agora mais clientes ...
    Um abraço

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  5. O Paulo Moura é amigo e nós agradecemos a sua dedicação!
    Salgueiro do Campo é um bom local de inspiração!
    Um abraço

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  6. Um abraço para ti Alfredo e para a Daisy. Breve nos encontraremos.
    Abraço

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    1. O Quito com a descrição deste infortunado homem sem nome, vem-nos mostrar que o desenvolvimento tem sempre o seu preço e que muitas vezes quem o paga, são as pessoas infortunadas na vida e sem nome.
      Eu de certeza que continuaria a passar nesse restaurante se tal tivesse sido o meu hábito.
      Das vezes que fui a Portugal, raramente utilizava as auto-estradas depois de as conhecer, pois notei logo o erro tremendo de falta de saídas para as povoações que gostaria de rever, assim como o seu preço exorbitante quando estou habituado a não pagar para bem do desenvolvimento económico e qualidade de vida. Também não queria perder a oportunidade de nas outras estradas ir revivendo o meu passado. Foi com muita satisfação e nostalgia que na ida de Coimbra para Abrantes, revivi a passagem em frente de uma vila que mais parece um presépio de nome Penela, o caminho da barragem do Castelo de Bode seguido de uma curva muito apertada e ingreme, onde nos anos setenta se deu o despiste de um autocarro fazendo dezenas de feridos, ainda antes de entrar na pequenina ponte em pedra logo a seguir. Apreciei as casas do lado do oposto ao rio Zêzere antes da curva à esquerda em Constância, onde uma casa muito velhinha que me arrebata sempre o coração, com a sua persiana em madeira do lado esquerdo aberta, do tipo das do bairro . Há anos que não me esqueço dela. Se íamos por Pombal, o restaurantezinho aonde quase sempre paravamos e lá estava a pequenita Dominique, filha dos donos, muito viva e com os seus olhitos muito sorridentes, debaixo de um cabelo ondoluado que era uma maravilha. Até ainda me lembro de algumas casas com as escadas de saída à frente da porta principal, em cimento sem corrimões, a passarem por cima da vala, ver as pessoas a saírem e porem os pés numas pedrinhas redondas praticamente na estrada, antes da divisória em pedra que acompanhava a mesma, sem nunca ter havido algum desastre. É assim que conheço Portugal e por isso outros senhores sem nome, continuarão a ter um trio como clientes se um dia aí voltar.
      Quito, só a tua escrita com a sua forma de descrever as situações da vida real, me viria lembrar em boa hora passagens da minha vida. Obrigado.
      Um abraço.

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  8. Chico
    Só pelo facto de te ter avivado a memória de um Portugal que é o teu, já valeu a pena o Paulo Moura ter postado este texto. Realço aqui o teu poder de captação de imagens e da saudade que revelas no teu comentário. Mas nunca digas nunca, talvez um dia possas vir matar as saudades ...
    Um abraço

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  9. Quito,
    Se tiver possibilidades muito bem mas neste momento passo o tempo todo ocupado. Além disso em casa, ainda tenho que limpar o frigorífico e os pratos pois humanamente, tenho que permitir às minhas jóias de terem os tempos livres ocupados.
    Sou um pouco assim, se estivesse aí lembrava-me de Moçambique e daqui pois também tenho boas recordações de todos os lados. É sinal que sou um homem com sorte. Agora vou saír.
    Um abraço.

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  10. Mais outro texto lindo. E depois, só para ler o comentário do Chico Torreira, deves ficar feliz por o fazeres recordar o nosso Portugal

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  11. A abordagem do Quito sobre os temas, por vezes dramáticos, das vivências que tão bem observa e nos relata, não deixa ninguém indiferente e, este Homem sem nome, deixa-nos sem palavras!

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  12. Este é um triste e belo relato de quem sabe observar o que está para além da aparência superficial das pessoas e das coisas. Foi bom de novo ter sido aqui postado.
    Abílio

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  13. Ai Quito, Quito, se isto é uma overdose, venha ela...
    Os teus textos são sempre uma dose enorme de humanismo e sensibilidade que não podem deixar ninguém indiferente.
    Toma lá um abraço.

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