O «Jornal do Fundão» relembra todas as semanas episódios de censura ao jornal antes de 1974.
Esta semana refere o corte na notícia de Março de 1970 sobre a ideia "de um industrial da Lousã, J. Carranca Redondo"...
Não sei com o que me irrite mais. Se com a nossa incapacidade de suportar o dominio económico espanhol, depois de séculos em que orgulhosamente impedimos o seu domínio político e territorial; Se a odiosa censura que procurava tapar-nos os olhos, até nas mais pequenas coisas como esta!
Saúdo esta postagem da São Rosas. Sou suspeito.Tenho um enorme respeito e também simpatia, pelo Jornal do Fundão". O melhor semanário regional do país. De facto, todas as semanas, vêm pequenos apontamentos de artigos do jornal, censurados no antigamente. É um jornal que me dá prazer ler.Eu, que como óbi, me vou entretendo a tentar alinhar as palavras , fico frustrado com o patamar de escrita do Nuno Francisco ou do Paulouro Neves. É um jornal interventivo, que se propõe abanar as consciências. Também tem "palavras cruzadas". Que não faço. Dedico-me, modestamente, a tentar construir frases através de uma fotografia. A tal rúbrica "Pedra Angular" do jornal, com fotos de Diamantino Gonçalves e textos de Nuno Francisco.A última "pedra angular" é assim:Uma placa gasta pelo Tempo que diz "Ermida", sustentada por um pau, que projecta num muro uma sombra em forma de cruz. Agora o texto: SOMBRA: Há um poema escrito neste velho e incumprido caminho. São palavras esbatidas, declamadas na sombra, no amparo do tempo que passa ... Um abraço São Rosas
Quito, o «Jornal do Fundão» faz parte dos meus genes de trás da serra. Desde sempre me lembro do meu Pai, que foi professor primário em Caria, enviar semanalmente as notícias da terra. Os emigrantes, quando iam passar o Verão à nossa terra, vinham a nossa casa agradecer ao meu Pai esta janela que lhes permitia continuarem a estar ligados a Caria. Guardo religiosamente (ou será ateusmente?!) uma caneta Scheaffer com aparo de ouro que o Jornal do Fundão ofereceu ao meu Pai. Está junto das provas e das placas tipográficas das imagens do livro «Bem Haja, Professor Rogério», que eu e o meu irmão publicámos em 1987, poucos anos depois da morte do meu Pai. Entretanto, tive algumas vezes (poucas, para a minha vontade) de colaborar com o JF e de falar com o António Paulouro, o Pai do jornal. Ontem mesmo renovei a minha assinatura do Jornal do Fundão. Também é uma «pedra angular» do meu caminho para a «Ermida». Um abraço, Quito!
Amigo Paulo Moura Apenas como complemento, dizer-te que assino o jornal há cerca 2O anos ... Este semanário, é uma pedrada no charco dos interesses instalados. Entre o navegar nas àguas calmas da prosa de Nuno Francisco, e o dedo acusador do truculento Batista Bastos, vai um mundo.GRANDE JORNAL !!! Toma lá outro abraço ...
É bem verdade que ambos os temas dão pano para mangas.
Quanto ao primeiro, sou um dos abencerragens que continuará sempre a orgulhar-se de sermos o único povo da Peninsula Ibérica que não se submeteu aos castelhanos, salvo num periodo curto de 60 anos. E mesmo assim, apenas pro causa dos interesses das famílias reais dos dois Países. A "fidalguia" sempre arrotou postas de pescada quanto ao seu amor pátrio, mas na realidade, lá no intimo o que a norteava era o seu amor ao poder.
Quanto ao segundo tema ( a censura ), era a táctica provinciana de tentar manter a canga sobre as cabeças para que elas se não desenterrassem da areia.
Em ambos os casos, amordaçando a boca do povo, mas, inutilmente, porque o seu pensamento era e é livre...
Pois: Tu natural da Beira Baixa nascido lá POR CARIA e desterrado para a Beira Litoral! Fala... Coimbra O Quito natural da Beira Litoral nascido na Mata do Choupal e desterrado para a Beira Baixa:Salgueiro do Campo. E VIVA o JF! "TROCAS E BALDROCAS"
Rui Felício, eu prefiro ver-me como cidadão do mundo do que como português... ou espanhol... ou europeu... ou mesmo Beirão. Se "a nossa pátria é a língua", adoraria que a minha pátria fosse o Esperanto. Quanto à censura, só te pergunto uma coisa: os jornais publicam toda a informação de que dispõem? E de forma neutra? Olha um caso fresquinho do «Jornal do Fundão» (e nem preciso de dizer mais o respeito que tenho por esse jornal). Mas enviei já há dois meses para o JF, à atenção do Fernando Paulouro Neves, chefe de redacção, um pedido de publicação do lançamento do livro «a última missão», até porque o autor é natural do Paúl (Covilhã). Nem publicaram nada nem me responderam. Compreendo que entendam não ser merecedor de publicação. A mim parece-me é que o JF está a silenciar o que se escreve sobre a "guerra do Ultramar". Mas devo ser eu a ver fantasmas em tudo... talvez pelo trauma que me causou ver o meu Pai, em 1975, a deitar para uma fogueira muitos livros e determinadas folhas de outros, de uma lista enviada para as escolas primárias pelo Conselho da Revolução. Eu tinha 15 anos na altura e, em muitas situações, via a capa, folheava o conteúdo e perguntava "porquê?" Como diz a São Rosas, isto foi um acto pornográfico!
Nunca é demais lembrar estas coisas. Felizmente que existe alguma imprensa regional de alto gabarito como é também o caso do semanário Jornal de Leiria.
Rafaelito, eu continuo a achar o JF um óptimo jornal. Só usei o exemplo para mostrar que a censura existe. Diferente, mas existe. Aliás, se não fosse assim, o Wikileaks não seria notícia...
De acordo. A censura funcionava usando o lápis azul mas também era exercida por simples omissão da notícia. A falta de informação era a arma alternativa à exclusão da informação.
Comentando o artigo em si, aqui está uma prova que a mundialização já existia. Quanto às notícias atuais, para mim por tudo o que tenho vivido, há vários tipos de censura. No passado na Beira, em Moçambique, assisti pessoalmente a um caso de censura que me fartei de rir. O irmão de um amigo meu com quem sempre me dei muito bem, resolveu escrever um artigo sobre um assunto que tinha saído num quadradinho do Diário da República desse tempo, fazendo referência a tal. Veio devolvido com um X em vermelho. Esse jornalistas, agarrou no quadradinho com o título do referido diário, colou-os na vez do seu artigo e enviou-os novamente à censura, tendo vindo devolvido com um X idêntico. Escreveu por baixo que se não autorizassem a publicar o que estava no Diário da República, o quadradinho com o título saíria na mesma mas uma declaração de que a censura estava a tentar um "golpe de estado". – Veio autorizado.
Essa foi boa, Chico. Tonito, ler o JF em mão quer dizer o quê? É que eu sou mais bisbilhoteiro ainda que a São Rosas. Houve uma altura em que eu ia com o meu Pai ao Jornal do Fundão e lembro-me das máquinas que eles lá tinham, com impressão por placas de chumbo. Ainda tenho uma placa dessas com o meu nome. Nessas alturas, eu lia as notícias enquanto ainda estavam a ser compostas. Um mimo, aquilo. As máquinas com caldeiras com chumbo derretido... eles a carregarem nas teclas e em vez de impressão em papel era um molde da letra. Ao fim de uma linha, o molde enchia de chumbo. Quando arrefecia, ficava pronto para ir para a máquina da impressão em papel. Não faço ideia se eles guardaram essas máquinas. Quando lá fui recentemente já tudo era informatizado.
Eu já sabia deste episódio. E o mais certo é vocês também já o conhecerem. Mas fica o documento.
ResponderEliminarNão sei com o que me irrite mais.
ResponderEliminarSe com a nossa incapacidade de suportar o dominio económico espanhol, depois de séculos em que orgulhosamente impedimos o seu domínio político e territorial;
Se a odiosa censura que procurava tapar-nos os olhos, até nas mais pequenas coisas como esta!
Saúdo esta postagem da São Rosas. Sou suspeito.Tenho um enorme respeito e também simpatia, pelo Jornal do Fundão". O melhor semanário regional do país. De facto, todas as semanas, vêm pequenos apontamentos de artigos do jornal, censurados no antigamente. É um jornal que me dá prazer ler.Eu, que como óbi, me vou entretendo a tentar alinhar as palavras , fico frustrado com o patamar de escrita do Nuno Francisco ou do Paulouro Neves.
ResponderEliminarÉ um jornal interventivo, que se propõe abanar as consciências. Também tem "palavras cruzadas". Que não faço. Dedico-me, modestamente, a tentar construir frases através de uma fotografia. A tal rúbrica "Pedra Angular" do jornal, com fotos de Diamantino Gonçalves e textos de Nuno Francisco.A última "pedra angular" é assim:Uma placa gasta pelo Tempo que diz "Ermida", sustentada por um pau, que projecta num muro uma sombra em forma de cruz. Agora o texto: SOMBRA: Há um poema escrito neste velho e incumprido caminho. São palavras esbatidas, declamadas na sombra, no amparo do tempo que passa ...
Um abraço São Rosas
Rui, mas olha que ambos os temas (soberania e censura) dão pano para mangas (do casaco de um polvo)...
ResponderEliminarQuito, o «Jornal do Fundão» faz parte dos meus genes de trás da serra. Desde sempre me lembro do meu Pai, que foi professor primário em Caria, enviar semanalmente as notícias da terra. Os emigrantes, quando iam passar o Verão à nossa terra, vinham a nossa casa agradecer ao meu Pai esta janela que lhes permitia continuarem a estar ligados a Caria.
ResponderEliminarGuardo religiosamente (ou será ateusmente?!) uma caneta Scheaffer com aparo de ouro que o Jornal do Fundão ofereceu ao meu Pai. Está junto das provas e das placas tipográficas das imagens do livro «Bem Haja, Professor Rogério», que eu e o meu irmão publicámos em 1987, poucos anos depois da morte do meu Pai.
Entretanto, tive algumas vezes (poucas, para a minha vontade) de colaborar com o JF e de falar com o António Paulouro, o Pai do jornal.
Ontem mesmo renovei a minha assinatura do Jornal do Fundão. Também é uma «pedra angular» do meu caminho para a «Ermida».
Um abraço, Quito!
Amigo Paulo Moura
ResponderEliminarApenas como complemento, dizer-te que assino o jornal há cerca 2O anos ...
Este semanário, é uma pedrada no charco dos interesses instalados. Entre o navegar nas àguas calmas da prosa de Nuno Francisco, e o dedo acusador do truculento Batista Bastos, vai um mundo.GRANDE JORNAL !!!
Toma lá outro abraço ...
Caro Paulo Moura,
ResponderEliminarÉ bem verdade que ambos os temas dão pano para mangas.
Quanto ao primeiro, sou um dos abencerragens que continuará sempre a orgulhar-se de sermos o único povo da Peninsula Ibérica que não se submeteu aos castelhanos, salvo num periodo curto de 60 anos. E mesmo assim, apenas pro causa dos interesses das famílias reais dos dois Países. A "fidalguia" sempre arrotou postas de pescada quanto ao seu amor pátrio, mas na realidade, lá no intimo o que a norteava era o seu amor ao poder.
Quanto ao segundo tema ( a censura ), era a táctica provinciana de tentar manter a canga sobre as cabeças para que elas se não desenterrassem da areia.
Em ambos os casos, amordaçando a boca do povo, mas, inutilmente, porque o seu pensamento era e é livre...
Abraço recebido, Quito.
ResponderEliminarE somos mesmo Beirões, carais!
Pois:
ResponderEliminarTu natural da Beira Baixa nascido lá POR CARIA
e desterrado para a Beira Litoral! Fala... Coimbra
O Quito natural da Beira Litoral nascido na Mata do Choupal e desterrado para a Beira Baixa:Salgueiro do Campo.
E VIVA o JF!
"TROCAS E BALDROCAS"
Rui Felício, eu prefiro ver-me como cidadão do mundo do que como português... ou espanhol... ou europeu... ou mesmo Beirão.
ResponderEliminarSe "a nossa pátria é a língua", adoraria que a minha pátria fosse o Esperanto.
Quanto à censura, só te pergunto uma coisa: os jornais publicam toda a informação de que dispõem? E de forma neutra? Olha um caso fresquinho do «Jornal do Fundão» (e nem preciso de dizer mais o respeito que tenho por esse jornal). Mas enviei já há dois meses para o JF, à atenção do Fernando Paulouro Neves, chefe de redacção, um pedido de publicação do lançamento do livro «a última missão», até porque o autor é natural do Paúl (Covilhã). Nem publicaram nada nem me responderam. Compreendo que entendam não ser merecedor de publicação. A mim parece-me é que o JF está a silenciar o que se escreve sobre a "guerra do Ultramar". Mas devo ser eu a ver fantasmas em tudo... talvez pelo trauma que me causou ver o meu Pai, em 1975, a deitar para uma fogueira muitos livros e determinadas folhas de outros, de uma lista enviada para as escolas primárias pelo Conselho da Revolução. Eu tinha 15 anos na altura e, em muitas situações, via a capa, folheava o conteúdo e perguntava "porquê?"
Como diz a São Rosas, isto foi um acto pornográfico!
Ó Paulo por esse "caso fresquinho" não esperava eu!
ResponderEliminarRetiro do comentário de cima E VIVA JF!"
Não conhecia. Muito curioso!
ResponderEliminarNunca é demais lembrar estas coisas.
ResponderEliminarFelizmente que existe alguma imprensa regional de alto gabarito como é também o caso do semanário Jornal de Leiria.
E como é o REGIÃO DE PENELA!
ResponderEliminarRafaelito, eu continuo a achar o JF um óptimo jornal. Só usei o exemplo para mostrar que a censura existe. Diferente, mas existe. Aliás, se não fosse assim, o Wikileaks não seria notícia...
ResponderEliminarGostei de reler...nunca mais li o Jornal do Fundão! Me acuso.
ResponderEliminarO JE leu Jornais do Fundão em MÃO ( sabem o que isto quer dizer).
ResponderEliminarE não digo mais nada.
Há muitos Anos.
Sempre fui do ASSIM.
Tonito.
De acordo.
ResponderEliminarA censura funcionava usando o lápis azul mas também era exercida por simples omissão da notícia.
A falta de informação era a arma alternativa à exclusão da informação.
Até amanhã.
Beijos e abraços.
Comentando o artigo em si, aqui está uma prova que a mundialização já existia.
ResponderEliminarQuanto às notícias atuais, para mim por tudo o que tenho vivido, há vários tipos de censura.
No passado na Beira, em Moçambique, assisti pessoalmente a um caso de censura que me fartei de rir. O irmão de um amigo meu com quem sempre me dei muito bem, resolveu escrever um artigo sobre um assunto que tinha saído num quadradinho do Diário da República desse tempo, fazendo referência a tal. Veio devolvido com um X em vermelho. Esse jornalistas, agarrou no quadradinho com o título do referido diário, colou-os na vez do seu artigo e enviou-os novamente à censura, tendo vindo devolvido com um X idêntico.
Escreveu por baixo que se não autorizassem a publicar o que estava no Diário da República, o quadradinho com o título saíria na mesma mas uma declaração de que a censura estava a tentar um "golpe de estado". – Veio autorizado.
Essa foi boa, Chico.
ResponderEliminarTonito, ler o JF em mão quer dizer o quê? É que eu sou mais bisbilhoteiro ainda que a São Rosas.
Houve uma altura em que eu ia com o meu Pai ao Jornal do Fundão e lembro-me das máquinas que eles lá tinham, com impressão por placas de chumbo. Ainda tenho uma placa dessas com o meu nome. Nessas alturas, eu lia as notícias enquanto ainda estavam a ser compostas. Um mimo, aquilo. As máquinas com caldeiras com chumbo derretido... eles a carregarem nas teclas e em vez de impressão em papel era um molde da letra. Ao fim de uma linha, o molde enchia de chumbo. Quando arrefecia, ficava pronto para ir para a máquina da impressão em papel. Não faço ideia se eles guardaram essas máquinas. Quando lá fui recentemente já tudo era informatizado.
No meu comentário acima, na segunda linha a contar do fim, aonde se lê:
ResponderEliminaro quadradinho com o título saíria na mesma mas uma declaração
Leia-se:
o quadradinho com o título saíria na mesma mais uma declaração
Entendia-se que era isso, Chico.
ResponderEliminar