... deixo-vos alguns excertos de uma entrevista ao presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. João Paulo Barbosa de Melo, que foi meu colega dos tempos da Faculdade de Economia, que o «Diário de Coimbra» de hoje publica. E não resisto a intercalar com alguns comentários meus.
Diário de Coimbra - Então diga-nos qual é o seu projecto para a cidade de Coimbra.
João Paulo Barbosa de Melo - (...) eu diria que uma das questões mais decisivas é o problema da debilidade da nossa base económica. Temos um aparelho produtivo muito dependente do sector público e esse é um problema que impede Coimbra de crescer porque se não há motor económico, se não há emprego, as pessoas não vêm para cá e as de cá não ficam cá. Se Coimbra quer ser a âncora da região das Beiras, precisa de construir uma base económica mais sólida, que lhe permita cimentar a sua posição de cidade mais populosa da Região, ganhando a escala que é necessária para ter mais e melhor oferta cultural, desportiva e social.
Paulo Moura - Qual é e onde está esse "aparelho produtivo" de Coimbra?
DC - E como o pretende fazer?
JPBM - Há projectos em curso que já vão neste sentido. Lembro-lhe que Coimbra tem a melhor incubadora de base tecnológica do mundo. Nós temos aqui um exemplo à escala mundial de como se pega nos jovens que são formados nos diferentes níveis de ensino nas áreas tecnológicas e se ajuda a gerar ideias de negócio e a desenvolvê-las. E nós sabemos fazer isso em Coimbra como mais ninguém. Isso é um “know how” que temos de aproveitar e por isso acarinhar o Instituto Pedro Nunes e ajudá-lo a desenvolver-se é uma peça fundamental. E não vale a pena estarmos a inventar outros modelos, quando já sabemos que este funciona e até é o melhor do mundo. Temos o Coimbra Inovação Parque, projecto estratégico para Coimbra, que se desenvolverá muito já em 2011. Esta é outra peça fundamental para a mudança da economia de Coimbra.
PM - A indústria transformadora que vá para outras paragens, não é? E foi!
DC - Mas que tipo de economia é que defende para a cidade?
JPBM - Tem de ser uma economia que dependa menos do lado público, baseada na inovação, na capacidade de empreender e na força das indústrias criativas e culturais. A grande crise financeira contemporânea debilitou o lado público. O Estado não está em muito boas condições e certamente não estará muito melhor nos próximos anos e nas próximas décadas. Nós temos de libertar mais a nossa sociedade civil, a nossa capacidade de empreender. É uma Coimbra assim que eu acho fundamental construir, com iniciativas diversificadas, apostando nas áreas da saúde, das tecnologias e da cultura onde nós já somos bons. E à medida que isto acontecer, são precisos depois mais serviços de advocacia, mais serviços de limpeza, consultoria. Que vão nascendo à volta dos sectores que exportam. Tenho a certeza que este é o caminho a seguir.
PM - É uma limpeza!
DC - E o papel da Câmara é…
JPBM - Não é investir mas tornar a vida mais fácil a quem quer investir.
PM - Então... por que razões torna a vida de todos tão complicada?
DC - Sabe o quanto é complicado hoje tirar uma licença na Câmara de Coimbra.
JPBM - Tenho a noção que em Portugal a burocracia toma demasiado tempo. Na Câmara de Coimbra isso ainda acontece mas é uma das áreas onde tenho a certeza que vamos dar passos positivos nos próximos tempos.
PM - "Ainda acontece"?! A Câmara de Coimbra é um labirinto! Caótico! Um roubo de tempo a quem precisa de algo! Uma desgraça!
DC - Um simplex autárquico?
Mais do que isso até porque esse até foi mais “complex” em muitos casos. Mas de facto é aqui que uma Câmara pode fazer alguma coisa. Tem de haver uma atitude geral, desde o poder político na Câmara aos seus técnicos, em que o empreendedor que está à nossa frente, a precisar uma licença ou outra coisa qualquer, é uma pessoa que deve ser acarinhada por toda a estrutura. E Coimbra tem uma relação difícil com os seus empresários. Não é a Câmara, é mesmo a cidade em geral. Coimbra é uma cidade madrasta para os empreendedores, que são vistos com muita desconfiança.
PM - A sério?!
DC - Diga-me, então, algumas medidas concretas neste campo que pensa executar em breve.
JPBM - Além da redução dos timings das licenças, há um trabalho que me parece crucial de diplomacia económica que é preciso fazer melhor. Reunir com os empresários de Coimbra para saber os seus problemas, ir ter com outros que não estão fixados cá no concelho e procurando interessá-los a investir em Coimbra. Este trabalho de diplomacia económica activa é fundamental, porque é a vinda de boas empresas que vai transformar o rosto produtivo de Coimbra. Estamos num tempo de dificuldade, mas se há coisa que custa pouco dinheiro e dá resultados é apostar nesta diplomacia. E depois a máquina camarária tem de responder. Não vale de nada cativar um empresário e depois demorar dois anos a analisar-lhe o processo.
DC - Mas isso hoje ainda acontece.
JPBM - Acontece seguramente menos do que já aconteceu, mas ainda temos que progredir.
PM - Há mais de 10 anos escrevi ao então Presidente da Câmara Municipal e disponibilizei-me para fazer um trabalho de levantamento de procedimentos e métodos de trabalho. Propus-me fazer isso sem qualquer custo para a Câmara, caso nenhuma das propostas que eu apresentasse fosse implementada. Se o fosse, acordaríamos um valor (que necessariamente seria bem inferior aos ganhos para a Câmara e/ou para os munícipes). Como é típico por parte da Câmara Municipal de Coimbra, nem uma simples confirmação de recepção me enviaram.
DC - E que outros desafios para Coimbra em 2011?
JPBM - Apesar do muito que já foi feito, a máquina da Câmara tem de funcionar muito melhor, para que uma estrutura que emprega quase 1500 pessoas se torne mais ágil e mais monitorizável pelos cidadãos. Temos de ter uma Câmara “smart” numa cidade cada vez mais “smart”. Para isso temos de trabalhar cada vez melhor os pormenores, os detalhes, num tempo que não é para fazer mais grandes obras.
PM - Nós temos é uma Câmara "heavy"!
DC - Em tempos de crise todos têm de dar o exemplo na redução de despesa. Onde é que pensa cortar na factura da Câmara?
JPBM - (...) Quando temos de poupar dinheiro, temos de ter muito criteriosos com todas as pequenas despesas. Falámos numa mas há muitas outras. Coisas muito simples como controlar os consumos, organizar melhor o trabalho para reduzir as horas extraordinárias, diminuir as deslocações. Quando olhamos para a despesa da Câmara a grande fatia são salários, rendas e outras despesas não compressíveis. Além disso, temos muitas obras em curso, em centros escolares, no Iparque, no Convento de S. Francisco, etc. Aqui também não há muito onde cortar. No que respeita aos apoios a associações e iniciativas culturais ou desportivas, bem como à acção social, temos de ter muito cuidado com a severidade dos cortes. Apesar de haver Câmaras a aplicar cortes radicais, Coimbra tem tentado uma abordagem mais soft, porque a crise é generalizada e todas estas instituições apoiadas pela Câmara também a sentem fortemente. Se de repente cortamos a direito, há muitos empregos que ficam em risco. Se a crise se aprofundar e se os recursos camarários vierem a diminuir ainda mais, poderemos ter de ir mais além nos cortes que já estamos a fazer.
PM - Cá está a pescadinha de rabo na boca...
DC - No contexto nacional, Coimbra tem perdido importância…
JPBM - Em Portugal, temos dois pólos muito fortes, Lisboa e Porto. A pergunta que fica é se há ou não espaço, no meio deles, para que se afirme uma região forte, chamem-lhe Centro ou Beiras, eu gosto mais de região das Beiras. Ora a Região das Beiras, para ter força, tem de ter os seus pólos urbanos articulados, tem de ter voz e tem de ter orgulho no seu próprio projecto regional. (...) Coimbra é uma marca fortíssima que é fundamental para Região das Beiras, mas a relação de Coimbra com os outros pólos urbanos da região não tem sido bem cuidada. E não me interessa se a culpa tem sido de Coimbra se dos outros. O que é certo é que não tem funcionado bem. É francamente muito importante para o país que nasça um projecto regional coerente entre Lisboa e Porto e que para isso esta articulação entre os vários centros urbanos tem de ser fortemente reforçada, e aí Coimbra pode fazer mais do que tem feito para aproximar estes centros urbanos.
PM - Já tarda.
(...)
A entrevista completa, sem estas intromissões do chato do Moura, está aqui.
Poisson d'Avril!!!!Tà boa esta! E pena nao ser verdade! Hoje é o 1 de Abril! dia das mentiras e o EG nao podia faltar à tradiçao!! Bem visto!
ResponderEliminarBobbyzé, achas mesmo que é Poisson d'Avril? Olha que não...
ResponderEliminarBarbosa de Melo foi meu professor na Faculdade de Direito.
ResponderEliminarSeria o pai do entrevistado?
O PM é chato, mas incisivo e oportuno!
ResponderEliminarÉ mesmo, Rui Felício. O professor Barbosa de Melo é o pai do meu colega João Paulo.
ResponderEliminarAinda há poucos meses foi ele que fez a apresentação em Coimbra do livro do meu padrinho, «a última missão». De uma forma muito incisiva, como sempre.
É curioso que o anterior Presidente da Câmara, Carlos Encarnação, recentemente auto exonerado, foi meu colega.
ResponderEliminarAgora a Câmara é liderada por um colega teu...
Nós estamos na ante-Câmara.
ResponderEliminarahahahahahahah
O pior é que, para além de uns sorrisos de circunstância, nunca tirei proveito, nem da Câmara, nem da ante-câmara.
ResponderEliminarUma única vez, quando se tratou da polémica inauguração do Jardim Encontro de Gerações, tive o reconhecimento, por parte do Pres. da Câmara, da razão que assistia ao seu promotor, o Rafael.
Mas mesmo assim, não foi mais do que um aceno de simpatia. Porque as razões apresentadas eram tão obvias que mal seria que não fossem satisfeitas.
As minhas experiências com a Câmara Municipal de Coimbra têm sido próprias de sessões de sado-masoquismo. E, como eu sempre disse, "nem tudo o que nos f[CENSURA] é erótico".
ResponderEliminarLi a entrevista no Diário de Coimbra.
ResponderEliminarUma análise reflexiva feita por quem está bem mais por dentro do assunto, é favorável a uma melhor informação sobre matérias que escapariam a leigos como eu, confesso.
Agradeço-te, Paulo.
Celestita, não te fies nas minhas análises, que leigo mais leigo que eu não há.
ResponderEliminarBla bla bla...
ResponderEliminarAs palavras não fazem obra.
JPBM tem que pôr a cabeça de fora se quer ser candidato à Câmara, já que é um desconhecido para a maioria da população.
Aguardemos...
Capacidade ele tem, Abílio. Eu tenho confiança nele. Tenho medo é do "bicho de 1500 cabeças" que é a Câmara Municipal de Coimbra.
ResponderEliminarÉ como dizes.
ResponderEliminar"Indústria" só limpa.
Poucas coisas existem,algumas importantes,mas não se coadunam com a nossa luta contra a ferrugem...
também li a entrevista no DC.
ResponderEliminarPenso, embora não o conheça bem, que pode exercer um resto de mandato com qualidade!
Tenho acompanhado as intervenções, em opiniões e também em visitas e parece-me ter ideias para poder dar algum salto de qualidade na gestão e obra da Cidade!
Mas a Cãmara tem muitos vícios que são muito antigos, principalmente na àrea urbanística.
Terá força suficiente para mudar a situação?
O pai conheço-o muito bem, pois "politicamente" é do meu clube e colaborei de perto com ele a seguir ao 25 de Abril nas chamadas "sessões de esclarecimento" e Comícios no Concelho de Cantanhede, onde fui co-fundador do PPD!
E este ilustre professor de Direito da Universidade de Coimbra foi Presidente da Assembleia da Répública- não me lembro se durante uma ou duas legislaturas.
Faz parte do meu ritual diário uma leitura rápida do DC. Hoje não foi tão rápida, como normalmente é, por causa desta entrevista que li com curiosidade e atenção porque tentei conhecer melhor o "pensamento" do actual presidente.
ResponderEliminarUma coisa percebi. É um bom político, daqueles que sabem dar respostas politicamente correctas...
Quando perguntado sobre a sua relação com o presidente da Coimbra IParque, jurou que mantém nele toda a confiança e blá-blá, quando a questão que lhe era colocada era exactamente a inversa.
Como é que o único projecto para criar empresas industriais produtivas/transformadoras pode avançar com os dois principais responsáveis de costas voltadas?
Se com Carlos Encarnação estava a avançar a passo de caracol, agora parece-me bem que é mais um projecto adiado.
Só conheci, antes do Coimbra IParque, uma tentativa para encorajar os empresários a investir na indústria. Já lá vão mais de 20 anos (1988) que a CMC colocou terrenos à disposição, quase gratuítos, para instalação de indústria. Nasceu o chamado Parque Industrial de Taveiro. O resultado foi o aproveitamento dos terrenos para a instalação de armazéns e, mais tarde, do Retail Parc...
O problema da falta de indústria em Coimbra é um problema central.
Sem indústria não há "Derrama" que é o imposto autárquico que permite poder económico às Câmaras. Sem ele, com as consecutivas delegação de competências do poder central, delegação de competências sem contrapartidas financeiras, não há Câmara que consiga fazer investimentos de vulto nos Concelhos.
Sem Indústria não há Derrama, sem Derrama não há dinheiro para grandes investimentos... é a tal pescadinha de rabo na boca.
Curiosamente, o grande projecto parece ser a reconversão do Convento de São Francisco em Palácio dos Congressos. Ideia antiga, projecto há vinte anos adiado por falta de dinheiro.
Penso que é bom que avance mas nada tem a ver com a recuperação do tecido industrial. Será bom para a industria hoteleira e para o nosso ego de Cidade virada para a cultura. Pouco mais.
Meu caro PM,
Há para aqui matéria que me levaria a ter que trabalhar fora de horas...
Vou ficar por aqui porque não quero abusar da paciência de ninguém.
Deixa-me só dizer-te que sorri pela tua ingenuidade ao apresentares ao MM uma proposta de trabalho "extra-núcleo". Aposto que morreu no arquivo do vereador da administração...
Digo-te isto com toda a PERSUACÇÃO.
Se, nessa altura, já conhecesses este murcom te garanto que, pelo menos, teria sido discutido em sessão de Câmara.
O resultado final era capaz de ser o mesmo. Mexer no "bicho de 1500 cabeças" (só?) é muito mais complicado do que tu julgas.
Ficará para outra conversa.
Vê lá se tomas o balanço final para nos dares a tua opinião sobre a indústria em Coimbra.
Grande abraço.
Eu achei especialmente importante esta frase do João Paulo: "(...) apostando nas áreas da saúde, das tecnologias e da cultura onde nós já somos bons. E à medida que isto acontecer, são precisos depois mais serviços de advocacia, mais serviços de limpeza, consultoria. Que vão nascendo à volta dos sectores que exportam."
ResponderEliminarSaúde e advocacia - ora aí está a omnipresente torre da Universidade. Cultura... só mesmo não tirando os olhos do umbigo se pode definir Coimbra como uma cidade de cultura, pois a oferta cultural é uma quase miséria. O resto? Consultoria... e é "uma limpeza" (esta da limpeza achei uma pérola... já dormi e ainda me estou a rir).
Essa tal proposta que fiz à Câmara, compreendo que na altura tenha sido arquivada. Afinal, não se pode dar trela a lunáticos. Agora... que gosto desse tipo de desafios, gosto. E tenho orgulho no trabalho que tenho feito nas empresas por onde passei... e, desde há 11 anos, na Pavigrés. E, garanto-te, nunca é fácil. Por isso eu gosot de definir o meu trabalho como sendo o de facilitador.
Quanto ao artigo sobre a indústria em Coimbra, aos poucos estás já a ter os tópicos todos...
Não participativa...sou uma participativa activa na leitura das vossas opiniões,conceitos
ResponderEliminare previsões nesta área.Gosto destas análises em
tom amigável...aprende-se e pensa-se!
Olindita, tu com o Paulo Moura não aprendes nada. Comigo, ainda vá conão vá...
ResponderEliminarGostei de ler este artigo muito oportuno pois fiquei mais ilucidado com o diagnóstico apresentado. Se bem que veja pelos comentários que o Presidente da Cãmara não vai ter tarefa fácil, faço votos para que vá o mais longe possível.
ResponderEliminarQuanto ao bicho de 1500 cabeças, está muito próximo da média por pessoa se comparar com Montreal. São é bichos que têm muita força mas certas crises por vezes resolvem o problema. Aqui já uma vez baixaram vinte por cento os salários: nessa altura já não houve a oposição que todos faziam, como quando enquanto foi havendo algum dinheiro.
Gostei de ler o que o Presidente da Cãmara diz das tecnologias pois foi o campo das novas tenologias que fez o Quebec sair da crise de 1991/93. No ensino criaram cursos de apoio às novas tecnologias para jovens com menos do secundário, cursos técnicos para jovens com o secundário, com o curso do CEGEP (secundário e mais três anos) saíram pessoas altamente especializados e universitários como era de esperar. Com este maná de mão de obra, a cãmara de Montreal firmou contratos com construtores e criou um quarteirão grande, autêntico Taveiro ou Eiras à vertical, no coração desta cidade. Depois foi a peregrinagem do Presidente da Cãmara por alvos bem estabelecidos no estrangeiro, para que novas empresas aproveitassem as condições que Montreal oferecia: edifícios com boas condições económicas e laborais. Como estas companhias são composta de pessoal na flôr da vida adulta, expunham às empresas sobre as possiblidades de compra de residências acolhedoras, infantários e escolas próximas, saúde, mão de obra de alta qualidade e em quantidade. Hoje chega-se à conclusão que foi a mão de obra que teve o principal impacto pois um número elevado de companhias estão espalhadas por Montreal e cidades vizinhas, como Laval e Longueil. Muitas companhias de Silicon Valley e de Hollywood, têm comprado companhias daqui e de uma cidade um pouco mais longe chamada Trois-Rivières. Umas tantas partiram para os EU e outras continuaram a ser desenvolvidas nesta cidade. Entretanto outras vão chegando.
Trois-Rivières é uma cidade relativamente pequena e que neste campo foi e é diferente. Jovens ao verem dificuldade na obtenção de um emprego e não vendo para onde ir, começaram a criar os seus próprios empregos com pequenas empresas. Algumas como Bill Gattes, o sonho do todo o engenhocas, começaram em casas ou em garagens vindo depois os contractos e hoje já há várias vendidas. Quem está habituado a criar, vai recomeçar novemente mas com alvos melhor estruturados e possibilidade de angariação de mais pessoal, pois os negócios que fizeram envolveram quase sempre milhões de dólares. Hoje Trois-Rivières é uma cidade sem desemprego pois os bons empregos de uns, originam empregos de apoio e estruturais para outros.
Gostaria que o novo Presidente da Cãmara de Coimbra fôsse a grande locomotiva, pois só com os impostos cobrados uma cãmara pode cumprir com a sua missão.
Chico, essa aposta nas tecnologias é uma opção. O que me parece é que sem agricultura e sem indústria transformadora, faltam bases... ficam pés de barro.
ResponderEliminarAliás, ainda hoje, no Diário as Beiras, li um comentário do Rui Pato que dizia que Coimbra deveria ter indústria e operários. Não tem... nem me parece que tenha condições estrurais para vir a ter. Mas isso é o tal tema que estou para abordar... um dia destes.
Paulo Moura,
ResponderEliminarIndústrias e operários é absolutamente necessário, o que também tem sido muito acompanhado aqui mas nos dias de hoje, com a concorrência asiática e variações constantes das moedas, traz os seus problemas. No que respeita à agricultura que dê origem ao desenvolvimento económico na zona de Coimbra e outras, de momento ponho as minhas reticências. Portugal tem muito minifundio a que Coimbra não foge. Se não me engano essa situação levou a que a lei respeitantes às heranças tenha mudado nos anos 70 ou 80 do século passado mas só dentro de uns setenta anos a partir dessa data se deveria começar a sentir ligeiros efeitos. Penso que a lei passou. Se Coimbra se virasse para a agricultura, haveria o perigo de acontecer como em Águeda nos anos 80 em que as pessoas quando era a sementeira ou apanha das bastatas, das uvas, etc., faltavam nas fábricas que por sua vez não podiam cumprir os contractos assumidos, alguns internacionais. Aqui, a agricultura é uma força económica mas vem da distribuição e delineação das terras muito diferentes das nossas, desde o século XV. O agricultor tem o seu latifúndio de forma a que uma empresa familiar possa fazer face, tem tractores excelentemente equipados, o que lhes faz poupar muito dinheiro, fazem as suas sementeiras e colheitas no bom tempo pois quando as terras estão cobertas de neve, vão com a caravana até ao calor da Flórida..
Quanto a "lunáticos", temos sido quase sempre assim e para mais Santos da terra não fazem milagres, salvo seja para os ateus. Por isso não me admira pois os ateus sofrem na mesma. Portugal para o pianinho é bom mas para as nossas cabeças sempre foi padrasto.
Quanto a Coimbra não ter condições para indústrias e operários,continuo à espera do "tema a abordar". Uma pessoa mesmo com esta idade ainda pode e v o l u i r.
Ai, Chico, Chico, que isso é pano para tantas mangas...
ResponderEliminarO problema de Coimbra é o mesmo do País e também da Europa: queremos ter tudo ao preço mais baixo possível (na maioria das vezes marimbando-nos para a qualidade, mais ainda em tempos de crise) e, por isso, compramos o que "vem de fora". Depois queixamo-nos de que falta emprego. As pessoas ainda não se mentalizaram que:
1) não podem querer ter sol na eira e chuva no nabal. Como dizia o meu falecido patrão, "o comodismo paga-se": se não queremos produzir, importamos e não sujamos as mãos, os outros que as sujem... e depois esvaziamos as nossas terras há décadas(e as populações rurais - queixando-nos depois dos incêndios, o que dava ainda mais pano para outras mangas) e a indústria vai definhando...
2) têm vivido, nas últimas décadas (falo de estatísticas globais, disponíveis há muito e que já deveriam ter funcionado como alertas) acima das suas (nossas) possibilidades. O endividamento das famílias e das empresas é aflitivo (e isso não é de agora).
Como diz o João César das Neves (citado no «Jornal do Fundão desta semana): "deixem-se de tretas, apertem o cinto e trabalhem mais".
E para antecipar o que me vão dizer ("as pessoas já estão a apertar demais o cinto") não é verdade! Há franjas da população, cada vez maiores, que sofrem e de que maneira. Mas a maior parte ("classe média") ainda tem um nível de vida razoável. E, desses, muitos vivem acima das possibilidades. Basta vermos quais são os níveis de poupança das famílias e os níveis de endividamento. Há 30 anos que acompanho isso e que essa situação me preocupa. O que se está a passar agora, é só um saltar da tampa, porque este caldo já estava a ferver há muito.
Isto já vai longo...
Paulo Moura,
ResponderEliminarComprar barato é tão natural como o preso querer fugir da prisão. Nas prisões vão tomando medidas mas no caso dos preços não têm tido capacidade para prever e reestruturar a nossa indústria. Se hoje se criar nessa zona indústria transformadora, é preciso a automatizar a fim que saia mais barato que os preços do estrangeiro porque esses trabalhadores fazem-no debaixo de que condições? A automatização dá pouca mão de obra, sai incialmente cara, é preciso um bom estudo do mercado. É aí que o governo deve criar condições para que as pessoas sigam esse caminho e assim apareça um verdadeiro sector indútrial. Hoje o verdadeiro político não está lá para dizer ao cidadão como se faz mas para observar a corrente natural da sociedade e criar-lhe condições para se desenvolver. Assisti a vários casos desses aqui de que poderia falar mas levava muito tempo. Falei das novas tecnologias, poderia falar das madeiras aonde os EU cortaram a importação da maior indústria do Quebec. Hoje o Quebec está novamente a exportar para lá outros tipos de produtos acabados em madeira, evitando o desastre económico desta província. O Brasil que é o maior produtor do mundo de porcos estava a afogar o Quebec mas derivado a uma reestruturação de métodos já exporta novemente; o leite aonde agora a automatização leva a ganhos em relação aos países produtores, etc. Na agricultura o Canada importa imenso derivado à neve durante o inverno e de verão nem todos querem trabalhar nos campos. Quando chega a apanha dos legumes e frutos, lá vêm os mexicanos e guatemaltecos dobrarem o físico ao salário mínimo durante meses. O natural daqui não aceita fazê-lo e fala que os outros vêm-lhe roubar o trabalho mas passarem o dia como eles, não querem e chamam nomes aos patrões.
Quanto ao endividamente os políticos deixaram os bancos e respectivos sistemas de crédito como as cartas, criar a ideia de que a vida é fácil a todos os níveis da sociedade. Vou contar uma : uma economista aqui com bons resultados e mais que provados nas suas responsabilidades, teve de pagar a um guarda-livros para lhe fazer as contas pessoais, criar-lhe um orçamento mensal, pois estava às portas da falência pessoal. Há mais casos neste género pois tudo era fácil.
Só que os políticos daqui começaram a ver a recessão chegar, como todos os outros políticos do mundo mas não deixaram andar. Tiveram a coragem de estabelecer parâmetros aos bancos. Neste momento um empréstimo bancário está muito restrito.
Quanto ao saltar da tampa, quando fui aí em 1991 ou em 98 pois não estou certo, tive uma pessoa sem responsabilidades nenhumas na nossa administração e sem curso superior que me disse : "neste momento constroi-se estradas por todo o lado com empréstimos da Europa. Quando começarmos a pagar vamos a ver porque não sei o que vai ser disto." Ora os nossos políticos não viram!!!! Mas ainda foram comprar dois submarinos novos há pouco tempo quando o Canada com uma costa muito maior a defender, com os russos a tentarem entrar cá militarmente sempre que se lembram, comprou dois submarinos usados. Passeiam-se de jactos para fins oficiais, boas limusines e assim precisam de guarda costas. No dia onze de Setembro de 2001, o único avião de linha que aterrou em Toronto foi o que trazia o vice-primeiro ministro do Canada.
Na baixa vi um cão que me chamou a atenção e quando reparei era uma senadora do Canada. Não tinha segurança, motorista nem limusine. É vivendo no meio das populações que se podem aperceber como vai o país. Isto tudo só para se dizer que se o exemplo não vem de cima, o que se espera...
Já agora: ainda não ouvi falar na exploração da maior mina de cobre do mundo no Alentejo, muito baladada nos anos 84/85. Não a exploravam porque o preço do cobre era muito baixo e agora, já a estão a explorar de forma industrial? A imprensa internacional não fala disso porque se estão a explorar a maior mina de cobre do mundo, deve ser de tal maneira que não deve ter efeito na economia internacional. Enfim.. o P O V O sofre.
Longo, longo.
Clarificação :
ResponderEliminarComo me pûs a cortar em vários lados no comentário acima, também cortei no caso da estória real da economista. A finalidade era mostrar que as pessoas estão tão habituadas a facilidades, que para se imporem uma disciplina não são capazes mas se são outros que lhes impõem, aceitam.
Chico, pano para muitíssimas mangas.
ResponderEliminarMuitíssississimas...
ResponderEliminarChiça!
Chiça mesmo, no mínimo.
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