Excertos do texto do professor Jorge M. Santos Rocha, da FCTUC, no jornal «a Cabra»:
"O Cortejo dos “então” Quartanistas sempre foi o ponto alto, e o principal cartão-de-visita, da grande festa coimbrã que é a Queima das Fitas. É uma festa que extravasa a academia e a cidade, estendendo-se a todo o País, de onde vinham em excursão familiares e amigos saudar, abraçar, congratular, prendar e brindar os novos “Doutores”.
(...) Em grandes momentos de êxtase colectivo sempre houve, e é compreensível que haja, alguns excessos de alegria contaminante, seja para festejar o que se conseguiu, seja para esquecer o que vem a seguir. (...) É legítimo, louvável e saudável que gente nova seja alegre, divertida e optimista, mas daí até contribuírem colectiva e inconscientemente para o declínio da sua própria imagem, vai uma distância que não pode encurtar. A imagem de uma Universidade é o reflexo do que cada membro da sua comunidade, participante e envolvente, vai fazendo por ela. Ora, os estudantes parecem ter esquecido a sua quota-parte, e que são os primeiros e directos beneficiários da boa imagem da sua Universidade, cujo nome e símbolo vão colocar no cartão-de-visita, quiçá para atrair clientes.
Naquilo em que se tornou o Cortejo da Queima, não reconheço que dignifique nem a Universidade, nem os seus graduados, e também não me parece que o benefício económico para a cidade seja significativo (...)"
O texto completo está aqui.
Ainda este ano esteve mais moderado nos excessos que o ano passado!
ResponderEliminarMas que fazer se não forem os próprios universitários a conscencializarem-se que é necessário evitar esses excessos?
Tomar banho com cerveja não me parece que seja muito higiénico!Será que a cerveja é oferecida?
Pode ser que com o tempo esta moda, passe!
Sinto que sou demasiado crítico no que diz respeito ao comportamento da academia junto da sociedade e por isso não me quero pronunciar muito sobre este assunto.
ResponderEliminarDeixem-me apenas sublinhar o seguinte:
Não subscrevendo tudo o que diz o professor Santos Rocha, é uma evidência que tem toda a razão quando afirma que
" a educação, individual e colectiva, é indispensável à vivência saudável em sociedade. As Direcções da Universidade e da Associação Académica não se podem abster de fazer pedagogia cívica na academia."
Mas vou ser franco, acho que isto já não vai com pedagogia...
Acho que devemos procurar entender esta evolução.
ResponderEliminarOs tempos em que outra senhora,há muitos anos,se banhava em leite de burra acabaram.
Morreu a senhora e,ao que dizem,as burras já não dão leite que chegue para uma chávena.
As banheiras de vinho,chocolate e azeite ocupam luxuosos espaços.
A estudantada,pobretana,uma vez por ano banha-se em cerveja.
De resto,coitados,passam uma vida tramada:sempre a estudar e com horários stressantes.
Ó Xico!Não leves mais capilé pra essa mesa!
Sim, sim, coitadinhos dos estudantes...
ResponderEliminarSó sei o que ouço dizer, dado o meu afastamento de Coimbra há longos anos.
ResponderEliminarMas este artigo e desabafos que por vezes ouço, revelam alguma perda do sortilégio que a academia de Coimbra trazia à cidade.
O que, como coimbrão de gema, me entristece...
Por outro lado, não devo esquecer que, hoje como sempre, a sociedade está em constante evolução. É natural e ainda bem que assim é.
Se as sociedades se anquilosassem no seu passado, jamais haveria progresso.
Mas o progresso, implicando mudança, obriga também, à preservação dos princípios. Que esses são universais e eternos!
Com acrescidas responsabilidades por parte daqueles que têm obrigação, pela sua formação e instrução, de servir de exemplo.
Como é o caso dos estudantes universitários.
Do cortejo da Queima deste ano foram recolhidas 16 toneladas de lixo.
ResponderEliminarNem consigo estimar os milhares de litros de cerveja que se escoaram "até ao Mondego".
Como esta geração é o futuro de Portugal, quem está à rasca sou eu!
Com o que vejo por aqui, pois estou num miradouro do mal e do bem, nem vou comentar muito pois não quero dar uma antevisão do que vai ser aí, quer sejam professores, estudandes ou a posição de certos médias. É a atitude trazida de pequinino do lar familiar que também já evolui, entra na Universidade e assim chega a professor com constante evolução. O que mais vai acontecer...
ResponderEliminarA Queima das Fitas era a festividade de quem estava prestes a acabar o Curso e, Coimbra, apadrinhou-a, era também a festa da cidade que se revia nos "seus" estudantes e comungava da alegria da juventude, pronta a desculpar alguns excessos.
ResponderEliminarInfelizmente, os excessos passaram a ser a regra, o Cortejo passou a ser um desfilar massacrador, para quem assiste, de mais de cem carros das faculdades muitos deles sem nenhum interesse nem cuidado artístico, utilizados mais para o transporte de grades e grades de cerveja… A Cidade, tolerante mas cansada dos excessos, vai virando as costas a uma festa que cada vez mais é menos sua…
É precisamente o que eu penso.
ResponderEliminarSinal dos tempos. Na época cinzenta do bico calado, o cortejo da Queima era ideal para se ler nas entrelinhas dos cartazes aquilo que não se podia dizer abertamente, por motivos óbvios. Era uma certa forma de resistência. Quando os cartazes eram mais explícitos, ficavam na esquadra da Praça 8 de Maio. Mas desde a Universidade até serem "arquivados" pela polícia, já tinham percorrido 3 Kms de glória.
ResponderEliminarHoje, já não há o "encanto" de se ler nas entrelinhas. Felizmente. Mas a matriz do cortejo mudou. Para além de uma gritante falta de criatividade dos carros, a que não será alheia a falta do "vil metal", também a componente comercial entrou em força na Queima. Terreno propício para cervejeiras. Por alguma razão o cortejo passou da 3ª feira para o Domingo. Desiluda-se quem pensa que é por causa dos familiares dos estudantes. Será, em parte. Mais há também uma vertente mercantilista nesta opção. Não pudemos ser fundamentalistas ao dizer que não se apanhavam grandes "pielas" nos cortejos de antigamente. Mas, actualmente, parece ser o consumo de alcool o elemento motivador do desfile.Como diz - e bem - o Abilio, a cidade está cansada. E a festa descaractizou-se. Por muito que custe a quem ama Coimbra ...
Julgo que o Abílio e o Quito fazem bem o "retrato" actual, desta grande festa da Academia de Coimbra. Grande festa...é como quem diz "grande bebedeira"!!! Claro que com honrosas excepções...
ResponderEliminarPielas, sempre houve. E quando se perguntava, no dia seguinte:
ResponderEliminar- Então, como foi o cortejo?
- Sei lá! Não me lembro de nada...
Agora é uma cultura do desperdício, da destruição, do lixo.
Mas, como diz o JottaElle, continua a haver quem crie no cortejo momentos fantásticos de diversão e de irreverência. É pena serem uma minoria.
Já não sinto apetência,há anos,para ir ver o cortejo da Queima... por desinteressante e exageradamente alcoolizado "por obrigação"...
ResponderEliminarMais inovação e mais civismo com toda a possibilidade de alegria,convivio e alguns excessos...
A fatia de estudantes que já não linha vai aumentando por não se reverem nestas festas e,daí,serem matratados pelos colegas "fanáticos"!!!
O Quito veio-me lembrar um cartaz muito pequenino, no cimo de uma cana altíssima que em frases centradas dizia com os verdadeiros números dessa data, o que vou transcrver:
ResponderEliminarX Anos
X Meses
X Dias
X Horas
X Segundos
Basta de tanto sofrer.
No meu tempo de jovem adolescente o cortejo era excelente, calmo, muito alegre com a capacidade creativa do champanhe, o problema era o fim do cortejo na Portagem. Algumas vezes deu tanta pancada que a GNR lançou gazes lacrimogéneos, pois os estudantes até o sentinela quase sempre queriam abraçar. Tal eram as bebedeiras.Este ritual só acabou porque a GNR no dia da Queima passou a recolher o sentinela.
Também uma vez, um polícia da viação e transito que estava a querer prender um ou uns estudantes, foi surpreendido por um jovem militar que o lançou da ponte abaixo. Os militares que eram malta jovem, estavam nessa altura sempre com os estudantes. Nunca ninguém soube quem foi o militar pois os estudantes tiraram-lhe o bivaque e cobriram-no logo com uma capa. Conseguiram arranjar-lhe uma boleia no Vale do Inferno para Tancos, terminando com a cerimónia da entrega do bivaque.
Enfim: tempos que passaram e não esquecem.
Isso é Coimbra, Chico!
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