"... a primeira noite ..."
De novo África. Naquela tarde, como todas as tardes, eu via o Sol tombar na linha do horizonte. Era quando o Firmamento empalidecia, depois de se ter tingido da cor púrpura. Ao longe, o cântico das mulheres negras e o som cavo e ritmado do amassar da mandioca no pilão. E eu ali, extasiado com aquela dádiva que a mãe-natureza me oferecia. Um deleite para os sentidos. Sentado debaixo dum embondeiro, eu ouvia a sinfonia da selva. Do piar dos pássaros exóticos, à gritaria dos macacos em debandada. No céu, as aves de rapina voavam em círculo, num lento e sereno planar. Mas havia a guerra. E, naquela tarde, fui acordado daquele abraço que África me oferecia. Era necessário partir. Penetrar a noite de todos os perigos, que o inimigo vinha a caminho. Partimos. Pela selva deambulámos, rasgando o ventre da escuridão. E à beira de um trilho nos deitámos, aguardando pelo combate que não queríamos. Uma brisa suave acariciava-me o rosto, e na gola do camuflado eu sentia a humidade da orvalhada. Ao estalar de cada ramo seco, um sobressalto. Expectante, vi desfilar a noite. Por momentos, conseguia abstrair-me daquela realidade dura e olhava o céu, salpicado de estrelas cintilantes. À medida que a manhã dava forma à frondosa copa dos palmeirais, as estrelas partiam uma a uma, diluindo-se na imensidão da Abóbada - Celeste. Era como se fossem as nossas sentinelas silenciosas, protegendo-nos da guerra crua. E em paz regressámos. Foi assim a minha primeira noite na selva. Deitado no capim, de mãos entrelaçadas com a Natureza desnudada.
Q.P.
Q.P.
Esta excelente descrição do Quito vem-nos dizer que qualquer que seja a situação vivida, África ficou no coração de todos para sempre.
ResponderEliminarA primeira noite de muitas outras...
ResponderEliminarMas diferente, porque, pela primeira vez, ao amargo da boca que o medo seca no ambiente de guerra, se contrapõe a beleza da nocturna imensidão celeste que só em África acontece.
A humidade que nos refresca, o bulir da selva que num ruidoso silêncio nos constrange, as sombras fantasmagóricas que nos assustam, a grandiosidade do cenário, parecem dizer-nos quão efémera é a nossa vida e quão mesquinhas e estúpidas são as nossas querelas.
Para quem lá esteve, esta leitura revela com precisão o já sentido.
E é fácil imaginá-lo quem nunca o sentiu, tal é o realismo do texto.
África minha!!! Mas a 1ª noite jamais será esquecida! A recepção do IN...foi um "inferno"! Não nos deixaram dormir! Felizmente a "alça" estava demasiado levantada...e todos os "brindes" passavam por cima do arame farpado!!! Bem...depois o "filme" continuou por mais 18 meses!!!
ResponderEliminarMas Àfrica é um fascínio!!!
Quito, agora estamos todos em guerra contigo... enquanto não publicares o teu/nosso livro.
ResponderEliminarMinha cara São Rosas.
ResponderEliminarEu vi logo que quando falei em "desnudada", a minha amiga ia aparecer. Quanto ao livro, passa então a ser a três. Um texto do Felício, um texto do blogue porcalhoto e um texto meu. Uma autêntica pedrada no charco no panorama literário cá do nosso quintal. Ainda hoje escrevi ao meu amigo Visconde de Caria, uma carta que era "aberta", mas que depois passou a ser "fechada". Espero que a tenha recebido. O Senhor Conde da Ericeira recebeu, mas respondeu-me com duas pedras na mão. Fartou-se de me atirar farpas, e, custa-me admiti-lo públicamente, o Felício tem pior feitio que o Ramalho Ortigão. O Senhos Visconde de Caria não acusou o toque, sinal que é melhor eu abrir o guarda-chuva que vem aí tempestade...
Abraço a todos os que comentaram e aos que não comentaram ...
É uma refinada mentira a do Quito. Não lhe mandei farpas, apenas umas inofensivas setas. Bastaria que ele publicasse a sua carta aberta e o meu comentário a respeito dela para se perceber que ele mente com quantos dentes tem.
ResponderEliminarEle não quer publicá-las porque sabe que a mentira fica a descoberto.
De resto, mesmo que lhe tivesse mandado as tais farpas, tal não seria de admirar. A culpa é dele! Pôs-se a geito...
Quito, o Visconde de Caria manda perguntar que carta tua de hoje é essa que ele não tem ideia de ter recebido...
ResponderEliminarO Senhor Dr. Rui Felício, emérito jurista e Conde da Ericeira, vale-se do seu patamar académico, para me zurzir sem dó nem piedade. Ele sabe que me tratou mal. Transformou farpas em setas e a verdade é que estou aqui a sangrar, cheio de chagas como o S.Sebastião.Como agora tenho que sair e fico completamente desprotegido, à mercê de mais umas pauladas, espero que o Senhor Admistrador desta coisa exerça a sua autoridade. Não tenho a obrigação, nem mereço, ouvir os dislates do Senhor Conde da Ericeira e do Senhor Visconde de Caria...
ResponderEliminarSenhor Visconde de Caria
ResponderEliminarDe facto enviei-lhe uma carta, que pelos vistos não chegou ao destino. Agradeço que para o meu "e-mail", ratifique o seu endereço, a fim de eu reenviar a missiva. Obrigado.
Ele manda dizer que é jpcpmoura@gmail.com
ResponderEliminarPaulo
ResponderEliminarA carta seguiu. Agradeço que acuses a recepção.
Abraço
Aqui regressarei...depois da tomada de posse da nova(velha) direção da Briosa..
ResponderEliminarMas...só o que poupam em selos de correio, nesta troca de cartas...considerem as ajudas de cus(t)po pagas!!!!!!
Eu acuso, Quito: foi a recepção!
ResponderEliminar(pronto, já acusei a recepção)
Senhor Visconde de Penela
ResponderEliminarSe eu fosse a V.Exª, nem tinha a ousadia em falar em ajudas de custo. Só eu e o Felício temos mais de 6 meses em atraso ...
Fora os juros...
ResponderEliminar----
O atraso pode não significar gravidez, mas que é estranho, é!
Rui
ResponderEliminarO Senhor Castelão de Penela,anda a pavonear-se pelo estádio a dar vivas à Briosa. Melhor seria que estivesse atento às necessidades dos colaboradores e pagasse à boca do cofre. Temos que endurecer a luta ...
Concordo!
ResponderEliminarO Senhor Dom Rafael tem tido um comportamento inqualificável no que toca aos pagamentos.
ResponderEliminarPor princípio estaria até disposto a conceder-lhe um alargamento do crédito, mas depois de ter sabido que ele trata a uns como filhos e a outros como enteados, endurecerei a minha posição.
Com efeito, não é admissivel, mas assim consta, que ao colaborador Carlos Viana pague pontualmente as devidas remunerações, até lhe atribuindo "de motu proprio", gratificações por bom desempenho com uma periodicidade bimensal e à maioria lhes acene com o espectro da crise para justificar os calotes.
Da última vez que fui a Coimbra teve mesmo o desplante de me propor uma reestruturação da dívida com um alargamento do prazo a terminar "post mortem", com perdão total dos juros!
Parecia um grego a falar...
estou banzado !!!
ResponderEliminar... por isso é que o Senhor Carlos Viana anda tão calado. Que grande "panelinha" se faz no bairro ! Acho que o Tonito e o Abilio José também estão na jogada ...
Hoje e ainda antes de comentar o texto do Quito, tenho de vir em defesa do meu património, pois andam, quais mulheres de soalheiro, uns considerados senhores escritores a acusarem um pobre e honesto ADM de caloteiro e a exigir indemnizações...!!!
ResponderEliminarEra o que mais faltava!
O Quito aproveitou a noite de eclipse da lua e inspirou-se, baseado nas suas memórias,oferecendo-nos uma noite tão real, que até fiquei gelada com o orvalho. Bonito, muito bonito!
O CHEIRO de ÁFRICA depois de um forte aguaceiro,é
ResponderEliminarúnico.
O céu é diferente do nosso talvez mais rico ( não tão poluído).
Pagamentos, eu sou mais em géneros.
Um Abraço.
Tonito.
Descrição perfeita de quem passou e viveu o medo, o pavor, a incerteza de vida, quando se é jovem com tantos sonhos para viver...
ResponderEliminarMas tu meu amigo, consegues sempre introduzir no meio de tanto drama um certo saudosismo, diria mesmo
um romântismo, que ao chegar ao fim do teu texto, nos alivia da tensão que se apoderou de nós enquanto o líamos.
Amei Quito. Beijinhos
Mais um belo texto do Quito em que nos empresta muito do que viveu, numa guerra que não era sua.
ResponderEliminarConsegue transmitir a paz que desejava, agarrando a beleza de África como cobertura à sua sensibilidade.
A grandeza das noites africanas, já muitas vezes referidas, deixa-me aquele sabor doce-amargo de quem nunca as viveu.
Por sorte, não vivi a guerra. Por azar, não tive oportunidade de conhecer o encanto das terras e das gentes africanas.
Mas, como diz o outro, não se pode querer sol na eira e chuva no nabal...
Aquele abraço.
Isto de "trabalhar" em fusos horários diferentes também tem vantagens e desvantagens.
ResponderEliminarTenho por principio, quando me deparo com um texto de autor, fazer a apreciação e de imediato fazer o meu comentário.
Parece-me justo, por respeito a quem aqui nos traz algo de si.
Serve esta conversa para vos explicar que o meu comentário anterior foi feito sem ler esta quase crónica de bons malandros.
Já me ri, como é óbvio.
Quero, entretanto, em defesa da honra, declarar que sou o mais prejudicado de todos os colaboradores. "Horas de sacrifício em turnos incómodos" é uma rubrica retirada da lista de despesas da ADM. Bem pode a sua Consorte tentar por água na fervura! A revolta está na rua!
Eu já avisei, mas ninguém me levou a sério.
Quanto a ti, meu caro Quito, deixa-te de choramingar com as farpas que te cobrem o corpanzil.
São setas, senhor, são setas de Cupido...
Julgo que devo, em defesa da honra de outros honrados colaboradores, explicar o seguinte:
ResponderEliminarO Bilito está a gozar umas imerecidas férias, com o cu e o resto mergulhado nas mornas águas algarvias para depois nos relatar a leveza do ser...
O Tonito está de Pentax apontada, há três dias, a uma camélia vermelha, aguardando que uma mosca lhe pouse para fotografar a cagadela da dita.
Como se percebe, a malta trabalha!
Abraço.
Só agora retomei o trabalho de ADM!
ResponderEliminarOu seja desde as 15H59!
Acabo de terminar a minha cruzada em prol da AAC/OAF,que começou com a campanha eleitoral para a nova Direção e terminou hoje com a posse da dos elementos da lista A que venceu as ditas eleições!
Missão cumprida e com êxito!
Sobre o texto do Quito devo dizer que assim que li o título "...a primeira noite" e dada a minha mente perversa...pensei cá com os meus botões:será que o Quito vai mesmo entrar em intimidades?!!!
Mas logo que vi a palavra África, vi logo que a”guerra “ era outra!
Felizmente que a” primeira noite” pouco mais foi do que uma noite passada ao relento sentindo as gotinhas do orvalho africano a morderem a entretela do colarinho da camisa!
Mas outras sabemos nós que não fugiram muito ao padrão da primeira!
Nada tenho a ver com isso, mas li nuns versos:”da mata do choupal ao mato da Guiné
Mesmo no pé nunca deu um tiro…”
Sustos e mais sustos, sim , isso eram frequentes…a Mariema que o diga!
Quitinho meu escritor guerreiro
Perdoa o ingrato administrador
Todos sabem que és “Pá Porreiro”
Salvo seja…mas é por amor!
Quanto ás queixas por falta de pagamento resolvi seguir o conselho do Jurista Rui Felício:”todos os pagamentos ficam reextruturados com o prazo a terminar POST MORTEM”!
Não há excepções(com p), portanto Carlos Viana terá que devolver o que já recebeu, para também entrar na dita reextruturação da dívida!
Dura Lex sed lex!