Foto actual
Trabalho do artesão Manuel Ribeiro morador na Rua Infante Santo, Bairro Norton de Matos
Algumas notas sobre o Jardim da Manga fornecidos pelo autor do trabalho com base num livro do GAAC-Localizado na Baixa de Coimbra, numa das artérias mais movimentadas da cidade - Rua Olimpio Nicolau Rui Fernandes.
Ostenta toda uma beleza, não obstante hoje completamente fora do contexto em que foi erguido.
Considerado Monumento Nacional e defendido por uma Zona de Protecção, a história deste monumento do período renascentista está intimamente ligada à do Mosteiro de Santa Cruz, do qual fazia parte integrante.
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O Monumento foi, com efeito pensado com minúcia, foi fruto de muita reflexão e sabedoria.
Quem o projectou, e tudo leva a crer que tivesse sido frei Brás de Barros, quis transmitir uma mensagem, não só aos seus contemporâneos, como também aos vindouros.Por tal facto, tudo neste monumento tem um significado.
Aqui, estão simbólicamente presentes, através da arquitectura e elementos decorativos, a relegião cristã e ensinamentos católicos, as tentações, o Bem e o Mal, as fraquezas dos homens e o poder de Deus.
"O TEMPLO CICULAR, SIMBOLIZANDO DEUS E A ETERNIDADE"
A cobertura do templete fz-se por meio de uma cúpula, a qual se apoia em oito colunas.
Por seu turno, a BASE onde assenta o templete cicular, está subordinada ao número oito.É octogonal.Ora o oito é também um número simbólico para os cristãos, porquanto está relacionado com a Ressurreição de Cristo.
Segundo as Sagradas Escrituras, foi OITO dias, após a entrada em Jerusalém, que Jesus Cristo ressustitou dos mortos.
Sob a cúpula encontramos um FONTENÁRIO.Actualmente só tem uma BACIA, mas outrora eram três.
Estas BACIAS sobrepostas eram uma alusão à dupla natureza de Cristo, o Filho de Deus nascido do homem.
Para além dos arcobotantes, a parte central do edificio está também ligada, por meio de quatro pequenas pontes, a outras tantas CAPELAS.Estas são uma alusão aos quatro evangelhos ou aos quatro evangelistas.:Santoa Antão,S. Paulo-o Eremita, S. João Baptista e S. Jerónimo.
As quatro ruas que conduzem ao pequeno templo, significam o mundo terreno, o mundo material.Ladeia, cada uma delas, dois TANQUES, num total de oito, ligados dois a dois..Correndo para os quatro pontos cardeais, simbolizam os quatro rios do Paraíso, o Físon, o Gehon, o Tigres e o Eufrates.
Quatro ESCADAS correspondendo cada uma delas a uma rua que fazem o acesso ao templo..Actualmente só têm 5 degraus mas aquando da sua construção eram sete.
Ora sete é considerado o número perfeito, simbolizando a graça, a caridade e o Espirito Santo.
Quatro jardins envolvem todo o conjunto arquitectónico, simbolizando o Paraíso, a morada dos anjos e dos bem-aventurados.
Elementos figurativos temos:as GÁRGULAS, em número de dezasseis-obras primas realizadas por João de Ruão, simbolizando as forças do mal.
o CÃO e o PAPAGAIO, perfazendo um total de oito esculturas que se encontram por cima das escadas, ladeando os degraus, simbolizando o primeiro a FIDELIDADE e o segundo a ELOQUÊNCIA.
Finalmente:todo o conjunto arquitectónico tem a sua simbologia: duas CRUZES compoêm a planta base do monumento: uma, a maior, siboliza CRISTO e o seu martírio; a outra, a menor, em forma de X, relativamente à primeira, refere-se ao martírio de Santo André, simbolizando a humildade no sofrimento.
Conta-se que um dia o Rei estava a provar uma casaca e,ao mesmo tempo,discutia com o arquitecto o desenho do jardim.
ResponderEliminarEntão o Rei pegou no giz do alfaiate e desenhou na manga da casaca o projecto do jardim.
Daí lhe terá vindo o nome de Jardim da Manga.
Será lenda ou verdade?
Gostei de ler o historial, Rafa. Rui Lucas, nunca se sabe se não andas perto da verdade...
ResponderEliminarSó conhecia o António Silva a fazer contas na prova de um casaco...
ResponderEliminarMas gosto de apresentar o trabalho deste amigo e vizinho da minha rua!
Tem uma grande coleção e apresntarei de vez em quando outros trabalhos, quase todos fontanários do concelho de Coimbra.
Quem apreciar vê...quem não vir interesse, passa à frente!
Tenho prometida, e não a vou dispensar, uma visita à obra do Sr.Manuel Ribeiro. Julgava que ele se "ficava" pelos fontanários. Este trabalho mais me aguçou o apetite.
ResponderEliminarJá tive ocasião de ver as obras do Sr. Ribeiro. É pena que a sua casa não possa dispor de um local de exposição mais consentâneo com a sua qualidade.
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