Que bom que foi o almoço de Penacova!
Mas...
Como sempre acontece, depois de um fim de semana em Coimbra e do reencontro de tantos amigos, do convívio às refeições e no Samambaia, do desfiar de recordações da juventude à medida que, em pequenos grupos, vamos passeando pelas ruas do Bairro, chega a hora do meu inevitável regresso à Ericeira.
Pelo caminho, no domingo, vou escutando música suave, olho os farolins vermelhos dos carros que seguem à minha frente na auto estrada, mas o pensamento ainda está em Coimbra e revive os bons momentos ali passados durante os dois dias anteriores.
Sentado confortavelmente ao volante, via a chuva miudinha a bater no vidro. O cadenciado oscilar dos limpa pára-brisas embalava-me, entorpecia-me, provocava-me um sono que tentava vencer fumando mais um cigarro.
Tinha pressa de chegar à Ericeira, de tomar um banho, de descansar.
A pouco e pouco, as imagens de Coimbra iam-se esbatendo, substituídas pela ânsia de chegar.
Sabia que, dentro de casa, ela me esperava, que me iria receber de braços abertos, acolhendo-me depois de dois dias de separação.
Como a desejava!
Por mais que tentasse pensar noutras coisas, a obsessão de a rever, de a ter para mim, de sentir o seu calor, aumentava, absorvia-me, numa antecipação da doce intimidade que desfrutaria com ela.
Tenho mantido ciosamente este segredo. Mas acho que devo revelá-lo.
É tempo de o confessar:
Tenho mantido ciosamente este segredo. Mas acho que devo revelá-lo.
É tempo de o confessar:
Eu e a Marcia, vivemos juntos há cinco anos, é ela que me faz feliz, gosta de mim sem ser ciumenta, retempera-me as forças quando entro em casa depois de cada esgotante dia trabalho, fundindo-nos ambos num só ser indistinguível.
Quanto mais me aproximava, mais me imaginava à chegada a casa, a ir tomar um banho quente, relaxante e depois, perfumado, a aconchegar-me na maciez dos seus braços, a acariciá-la suavemente, suspirando, deixando-me estimular com o seu cheiro e a sentir o seu corpo aveludado colado ao meu.
Adoro aquela poltrona, a que chamo Marcia por ter sido comprada em Março, e em que me acomodo diariamente, desde há cinco anos, a ver televisão ou a ler um livro!
Confesso...Rui Felício
Boa Prosa menino.
ResponderEliminarUm Abraço.
Tonito.
A Márcia deve ser tão fofinha...acaricia-a bem!
ResponderEliminarMais uma boa prosa,Rui.
ResponderEliminarQue a Márcia te mereça.
Um abraço.
"Desta vez não me enganas tu!", pensei eu com os meus botões.
ResponderEliminarColocando toda a minha capacidade de adivinhação em acção, decidi que não era nenhuma morena de olhos negros que o esperava para o receber de braços abertos.
Inteligentemente, deduzi que quem o esperava para um emocionante e terno reencontro seria uma das suas cadelitas.
Afinal, era tão só a sua poltrona de estimação que até tem nome de baptismo!
Mais uma vez...
Um abraço.
Pois olha: eu estou como o Tristão da Silva: Nem às paredes confesso!
ResponderEliminarvejo que são felizes, tu e a Márcia
Fico Feliz pelos dois!
E o Mondego desaguou na Ericeira!!!!
ResponderEliminarE lá vai a Márcia também para a funda São.
ResponderEliminarRui, tiveste cá uma sorte com o mês da compra. Olha se tivesse sido em Maio. Agora sentavas-te ao colo de uma cartomante com mamas de silicone!
ahahahahahahahahah
Manha cinzenta e chuvosa na capital dos vinhos brancos da Alsàcia!Acabo de tomar o pequeno almoço e antes dum duche reconfortante, ligo o computador e ponho o JOE COCKER a cantar "COULD YOU BE LOVED", acompanhando a leitura dos ultimos posts do meu blog adorado!!!
ResponderEliminarE realmente o JOE tem razao, Rui! Isso pode ser mesmo amor!!!E eu que o diga, fartinho de experimentar camas inconfortàveis ao longo de todas estas ultimas estadias no hospital!!!So a extraordinària beleza e plàstica de algumas enfermeiras me faziam esquecer esse grau de inconforto!
Rui!Morar junto ao mar foi sempre o meu sonho!Mesmo sem sabendo nadar!Mas o AMOR DA MINHA VIDA trouxe-me para 30 kms duma central nuclear.O que me vale é que as Centrais francesas sao reputadas serem as melhores do Mundo. Revelam-nos agora, porem, que em 2010 houve por aqui mil e tal acidentes mas, claro, SEMPRE SEM GRAVIDADE!!!
Ontem o filho do Kadhafi, em entrevista para a Euronews, tratou o SARKOZY de palhaço e prometeu revelar, com documentos a apoiarem, a ajuda financeira importante que a LIBIA lhe concedeu na ultima campanha presidencial!!Vai por aqui uma grande COMEDIA!!!Mais um tsunami!!
Estou convencidissimo que o Mundo deixou de pular e jà nao avança!!!!
Um abraço!Bjinho para a Marcia!
Fui levado e pensei como o Carlos Viana!... Mas, mais uma vez, nos levaste a todos na pandeireta!!!...
ResponderEliminarPara a próxima vez, traz a Márcia contigo...:))
Grande Rui desta vez não acertei. Ao ler atentamente e já te conhecendo não poderia pensar que de tratava como diz a São Rosas de alguem com "mamas de silicone".Pensei numa cadela mas por outro lado não a ias deixar 2 dias só.
ResponderEliminarRui parabens,continua.
Mas em principio pensei numa cadela,refletindo achei que não, porque não ías deixar 2 dias só.Isto para dizer que temos a TITA tem 9 anos é como se fosse da familia e é verdade algumas passagens do texto,relativamente a nós todos.
Fiquei agora a saber que o BobbyZé mora perto de uma central nuclear.
ResponderEliminarQuem o adivinharia sendo Colmar uma cidade tão bonita e florida?
Eu que estou a mais de 300 Kms da central espanhola de Almaraz, penso tantas vezes que os "nuestros hermanos" a construiram ali, junto ao nosso Tejo, sem nunca nos terem perguntado se nos fazia diferença...
Meu Caro Carlos Freire,
ResponderEliminarSempre tive animais. Já vi partir alguns e sei o que é a dor de nos deixarem depois de uma vida connosco.
Ainda há pouco mais de um mês a Foxy morreu de velha, com 18 anos e tenho lá uma outra, a Diana, com 14. Mais dia menos dia deixa-me também...
Claro que quando me ausento há quem trate delas, mas não é a mesma coisa.
A tu, com 9 anos,a ainda está "na flor da idade". Trata-a a bem. Estes companheiros merecem-no...
O Carlos Viana e o Alfredo Moreirinhas têm mentes perversas e, por isso, preconceituosamente, põem-se a imaginar coisas que não dizem.
ResponderEliminarEu sei!
E eles sabem que eu sei...
A São Rosas parece conhecer bem a cartomante.
Eu só a conheço da televisão e, por isso, não sei se ela é de carne e osso ou de silicone.
Rui!A tecnica està tao evoluida que qualquer dia até se poderà fazer um baile dentro duma central nuclear!!
ResponderEliminarOs alemaes acabam de fechar as centrais mais velhas. Tratamento radical. Nao hà pai para eles!!Em França, insistem que sao as mais seguras!!
No fundo, tudo isto é relativo!Ontem na TV houve um comparativo acerca dos graus de irradiaçao. Assustou-me!Com todos estes scanners e radiografias que tenho passado desde Outubro 2010, creio que estou tao contaminado como um simples habitante de Tokyo!
O que interessa é que possa ir de vez em quando à Mealhada comer o meu leitaozito e continuar a ir aos concertos!!!
Agora o ELTON JOHN canta "You live your life like A CANDLE IN THE WIND". Talvez o gajo tenha razao!
PS-Para todos aqueles que gostam de trabalhar com uma musiquinha de fundo, tenho 2 sites incriveis:o primeiro, vao à rfm.pt e escolham webradio o programa "oceano pacifico" que agora é transmitido 24h/dia e um outro ainda melhor, deezer.com, onde vocês se devem inscrever gratuitamente e poderao escolher os artistas que quiserem, os àlbuns que quiserem, mesmo as novidades. Tudo gratuitamente!!!Quem é vosso amigo?
A escrita do Felício tem a sua matriz muito própria. É uma espécie de seu segundo bilhete de identidade. Li o texto como o trapezista que, de braços abertos, vai percorrendo pé ante pé um fio de arame. A todo o momento, podia espalhar-me nos meus cálculos. E espalhei. Apontei a Márcia, como sendo uma cadela de estimação afeiçoada ao dono ausente. Afinal era uma poltrona.Não posso deixar de referênciar o passeio que demos pelas ruas de um bairro que é o nosso, e de que o Felício guarda - tal como eu -infindáveis memórias. Rimos com histórias de antigamente. Por vezes, até às lágrimas, de tão jocosas que eram. E é esse o cimento que me une nesta amizade com o Rui Felício. E com todos os outros...
ResponderEliminarAcabaste de me dar uma boa ideia para uma outra história. A do trapezista periclitante que no fio do arame se equilibra, dando a sensação aos espectadores que a todo o instante se irá esparramar no chão.
ResponderEliminarConfirmo as gargalhadas incontroláveis que eu e o Quito démos no passeio pela Rua A no passado domingo.
Mais por causa dele que por minha, diga-se em abono da verdade.
Houve duas que ele me contou, que mostram a graça e o sentido de humor que tem, para além da outra vertente mais melancólica que deixa transparecer nos seus textos.
Uma das histórias passou-se com o próprio Quito que, apaixonado, percorria de bicicleta a Rua da Guiné para ver a sua amada. Até que se estatelou numa curva com ela a ver...
A outra, passou-se com o guarda-nocturno do Bairro, e ele contou-ma quando passávamos em frente à casa onde a história decorreu.
Quem nos visse curvados, a rir a bandeiras despregadas em frente à tal casa da Rua A, e a apontar para ela, havia de nos chamar malucos.
Pois foi, Rui ... depois de um almoço bem divertido,nada como um passeio pelo Bairro. Em cada rua, há uma referência e uma história. Elas surgem em catadupa, afinal o nosso espólio de um passado que teimamos em manter presente. Não me esqueço do Teixeirão, e a sua apetência para a mecânica. Sempre que se punha a arranjar o velho carro do pai, sobravam sempre peças. Nada de preocupante. Normalmente porcas e parafusos. Mas nunca foi por isso que a carripana deixou de andar. Um mistério. O padre Anibal, teria, certamente, uma explicação Divina ...
ResponderEliminarBobbyZé, bem hajas pela dica da música online. E eu que sou fã do «Oceano Pacífico»...
ResponderEliminarQuito, Rui Felício e restante malta: a malta das cidades costuma invejar a malta "de fora", porque esses "vão para a terra", "voltam à terra". Uma amiga minha de Lisboa diz: "que pena tenho de não ter terra!"
Vocês têm terra: o Bairro!
E acontece-vos o mesmo que a mim, quando estou com malta da minha terra: é um desfiar de memórias em cascata a que eu chamo as "E quando..."
Ó Paulo, a malta lê o que escreveste à malta e lê a palavra malta tantas vezes que a malta até se perde. Não é, malta?
ResponderEliminarO que faz falta é animar a malta ...
ResponderEliminarOs chocolates Maltesers deviam patrocinar esta conversa.
ResponderEliminarEu também tenho uma...Márcia! Também não abdico de estar com ela diariamente!
ResponderEliminarConhecendo a forma de escrever do Rui Felício fui até ao fim na expectativa e.. aconteceu: - Quem confessa o pecado não merece castigo.
ResponderEliminarHoje sou temporáriamente irlandês. No Quebec, no dia de S. Patrick que se festeja hoje, todas as pessoas são irlandeses e assim vamos continuar até domingo. O verde está espalhado por toda a cidade. As pessoas saiem com algo de verde vestido e até a cerveja é de côr verde nestes dias. O café que se bebe, é o café irlandês com um bom banho de Baileys. Tendo os irlandeses pisado estas terras à cerca de cinco séculos, foi em meados do século passado que chegaram em massa derivado à grande fome que reinava no seu torrão natal. Fragilizados, muitos ficaram pelo caminho e depois de uma quarentena quando pisavam este solo, foram durante muitos anos sujeitos a perseguições religiosas e até mesmo descriminados no dia à dia. Tendo com os anos vindo a ser reconhecidos por todo o seu passado, no dia hoje no Quebec todas as pessoas são irlandesas. Uma forma de reconhecer o esforço dos outros. Muito louvável.
Tenho contado á minha família a estória de um jovem da minha idade que arranjava o carro do pai e no fim, crescia sempre um parafuso ou outra coisita. Como vêm mesmo longe, um bairrista tenta transmitir aos seus um pouco das vivências passadas. Só o Quito me veio lembrar o nome. Obrigado.
ResponderEliminarBobbyzé
ResponderEliminarQuanto à seguranda da tua vizinha, não tenho ouvido falar. Dizem no entanto os entendidos nessa matéria por aqui, que o país que tem sido mais transparente na questão das suas centrais nucleares, é a França.
Por outro lado o país com mais segurança no campo nuclear, são os americanos. Derivado ao medo de um ataque terrorista com material do tipo nuclear, têm dois mil cientistas e engenheiros a percorrerem o país com os seus instrumentos de detecção. Fazem-no toda a semana incluindo sábados e domingos.
Olhem, olhem, olhem...
Hoje vai sair o orçamento da província do Quebec. Nas explicações dos aumentos escolares aos estudantes, cortes na "saúde", subida do seguro de saúde, do preço da electricidade, etc, apresentaram que a dívida estava a aumentar tanto que dentro de pouco tempo poderia vir a acontecer o mesmo que está a acontecer com Portugal. Que rico exemplo, vou baixar as orelhas por uns dias.
O texto do Rui lembrou-me o que a minha mãe dizia, quando chegava a casa ao fim de um dia fora, abria a porta do quarto e exclamava "Ah! a minha rica caminha"!
ResponderEliminarFoi este, rigorosamente, o desfecho por mim esperado enquanto lia a narração, a única dúvida era o nome próprio...
Sempre uma surpresa!
Postagem dia 16/3, 22.33h.
ResponderEliminarPrimeiro comentário pouco depois pelas 23.01h, de seguida os noctívagos com comentários até às 02.02h, para logo começar o dia a São Rosas, acabadinha de chegar da "noite", pelas 07.48h...eu, que andei entretido em outros afazeres, vim aqui e leio o muito que foi escrito a que pouco posso já acrescentar…
Não posso deixar de fazer uma referência a um comentário do Paulo Moura que toca num ponto importante e que merece alguma reflexão - O BAIRRO É A NOSSA TERRA -, como lugar com o qual nos identificamos através das muitas vivências que nos uniu no tempo.
Para o Rui Felício, the last but not the least, a história está, como não podia deixar de estar, no estilo e no suspense igual a si próprio, fazendo-nos imaginar um mundo de fantasias, sabendo nós de antemão, que no virar da curva somos fintados.
Também gosto da minha márcia. Às vezes tenho que a satisfazer com mais umas almofadas para me aconchegar nas costas uma coisa a que se chama rins…coisas da márcia.
Abílio
Rui e já alguma vez ouviste um fado na Márcia...Condesssa?
ResponderEliminarA minha Márcia, quando me ponho em cima dela geme que se farta. Só não sei se é de prazer ou de dor nas articulações. Também solta uns gemidos quando eu saio de cima dela. Será gozo ou alívio?!
ResponderEliminarAmigo Rafael,
ResponderEliminarQuantas e quantas vezes fui à casa de fados Márcia Condessa!
Porque se estava lá bem, mas também porque naqueles em que iamos à boleia até Lisboa para ver a Académica jogar, e o dinheiro andava por mesas altas, era ali que acorriamos porque nos deixavam entrar de borla. Bastava ter dinheiro para pagar um jarro de tinto.
Os donos da casa tinham uma predilecção pelos estudantes de Coimbra, ainda hoje não sei porquê.
Rui, adorei o teu texto e, até disse ao meu Manel: bem! o Rui Felicio está aqui a fazer uma homenagem maravilhosa à querida dele. Quem diria que ele é tão amoroso! e logo a seguir: Ah!Ah!Ah! afinal a Márcia é uma poltrona!
ResponderEliminarDe qualquer maneira além de divertido, o texto é lindo.
Se não fosse pelo Manel pedia para me convidares a afundar-me nos braços macios da Márcia.
Conserva-a e estima-a muito bem.
Beijocas