sexta-feira, 25 de março de 2011

PROTESTO DA ACADEMIA!





Um comentário texto:Achei tudo de muito mau gosto, com pouca dignidade, feio mesmo, vieram-me à lembrança as formas de protesto da mesma Academia nos anos 62 e 69 .
Rui Pato

7 comentários:

  1. Em 1962, a polícia tentou entrar no Pátio da Universidade com os seus jeep’s. Deparou-se com um tapete humano de estudantes deitados no chão da Porta Férrea que os impediu de entrar.
    A opressão do regime ditatorial de então, justificava todos os protestos estudantis. Que, no entanto, e apesar disso, utilizavam meios de os fazer que não ferissem a dignidade das Instituições e da própria academia a que pertenciam.
    E, quanto a mim, o simples facto de se encerrar a Porta Férrea, com a carga simbólica que ela contém, atenta contra essa dignidade.
    Não é por acaso que a Porta Férrea, há séculos, se mantém sempre aberta.
    Excepto à noite, por naturais razões de segurança.
    A sua abertura pretende traduzir, ainda que simbolicamente, a desejável comunicação entre a Escola e a Sociedade. É esse simbolismo que não pode nunca ser desprezado, por mais estimáveis que sejam os motivos invocados.
    Esse é o princípio imutável. Mesmo sabendo nós que a Universidade de Coimbra teve períodos em que se encerrou em si mesma, o princípio sempre prevaleceu no espírito da Academia.
    Não foi por acaso que os estudantes de 1962 preferiram encontrar aquela forma de vedar o acesso à polícia, em vez de fecharem a porta a cadeado, como, por certo teria sido muito mais fácil.
    Para além de que me parece deprimente e indigno de estudantes universitários, todo o aparato envolvente, o lixo, as tendas...
    Por vezes perde-se a razão, se é que a há, por não se saber reivindicar a razão.

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  2. De acordo com Rui Pato e Rui Felício.

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  3. A força dos protestos académicos, radicaram sempre no apoio e na cumplicidade da sociedade não universitária, dos cidadãos comuns... quando não se tem essa habilidade, perdem-se as causas, perde-se o crédito e descredibiliza-se uma academia cheia de tradições, também nos protestos estudantis, desde o tempo da monarquia!

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  4. É bem verdade.
    Acompanhei a luta de 1969 , como "cidadão comum", com grande entusiasmo.
    Naturalmente que havia uma alavanca motora dessa ligação entre estudantes e população em geral, que não era mais do que a recusa generalizada ao jugo do Estado Novo.
    De qualquer das formas, parece-me que, hoje, a academia vulgariza as suas formas de luta que, podendo ser justas, se perdem em manifestações folclóricas.
    Perdendo, assim, a simpatia da população e ganhando o desrespeito dos destinatários do protesto. Que até muito lhes convém...

    Correndo o risco de me tornar repetitivo:

    ISTO DANTES...

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  5. CAMÕES SEMPRE ACTUAL:

    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
    Muda-se o ser, muda-se a confiança;
    Todo o mundo é composto de mudança,
    Tomando sempre novas qualidades.

    Continuamente vemos novidades,
    Diferentes em tudo da esperança;
    Do mal ficam as mágoas na lembrança,
    E do bem, se algum houve, as saudades.

    O tempo cobre o chão de verde manto,
    Que já coberto foi de neve fria,
    E em mim converte em choro o doce canto.

    E, afora este mudar-se cada dia,
    Outra mudança faz de mor espanto:
    Que não se muda já como soía.

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  6. Camões disse essa grande verdade, glosada ao longo dos tempos por tantos e tantos revolucionários e futuristas.
    De facto, a vida não deve ficar anquilosada e cristalizada nas tradições, porque o "mundo é feito de mudança".É essa mudança que o faz girar e evoluir.

    Mas também sabemos que devemos aprender com a História, porque é dela que recolhemos os ensinamentos que nos ajudam a não cometer erros na ânsia da mudança.

    Quando discordo da atitude que alguns estudantes actuais tomaram e que o Rui Pato aqui trouxe, não estou a ajuizar sobre as suas razões, que quero crer que sejam justas e dignas.

    Não, não as conheço e por isso sobre elas não me pronuncio.

    O que critico são os métodos, a indignidade, o esquecimento de que, queira-se ou não, eles integram uma vetusta Academia que sempre se pautou, nos mais dificeis momentos, pela criatividade, pelo respeito por si mesma, pela demonstração de um comportamento intelectual e cívico que conquistava o respeito da população da cidade de Coimbra.
    E até daqueles contra quem lutavam! Mesmo que o não confessassem, no íntimo temiam e respeitavam os estudantes de Coimbra.
    O que não me parece ser o caso presente...

    Por isso, eu digo que o mundo é feito de mudança. Mas não de qualquer mudança...

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  7. Vivi as crises de 62 como estudante e de 69 como trabalhadora-estudante... apenas tenho a dizer: será que os jovens estudantes não
    terão auto-crítica para avaliar o mau gosto,a cretinice e o desrespeito ao ter comportamentos destes???
    Porquê,porquê???

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