quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O RALI DO TALASNAL

" ... a prova foi muito disputada ..."
Realizou-se no pretérito dia 11 de Setembro, o afamado Rali do Talasnal. A prova, a contar para o mundial de condutores, teve este ano o patrocínio do afamado LICOR BEIRÃO. Esta bebida de excelência, é fabricada na bonita Vila da Lousã, desde a década de quarenta do século passado, pela família Carranca Redondo. Bandeira da região e do País, o excelente néctar é exportado para mais de quarenta nações, dignificando Portugal no mercado internacional. Falando da prova em si, recordar que a concentração teve lugar justamente na fábrica do Licor Beirão, onde, por amabilidade do Zé Redondo e familia, foi feita uma circunstanciada visita a todas as fases de laboração da fábrica. Por fim, num aprazível espaço, foi servido um aperitivo, enquanto pelas paredes daquela sala - museu, iam os concorrentes tomando contacto com toda a história da Empresa. Em ambiente de franca cordialidade, tirou-se por fim uma fotografia em grupo, e procedeu-se à verificação técnica dos automóveis. Mas foi no local de partida que as coisas azedaram. O Zé Redondo, num golpe baixo, conhecedor do local, arrancou antes do tiro de partida, o que deixou o piloto da Azurva furioso, que logo lhe seguiu a peugada, assentando os 2OO horses do seu Mercedes no chão. O Quito Pereira, suinicultor em Salgueiro do Campo, ao ver que lhe estavam a passar a perna, partiu também, seguido por todos os outros, ávidos de glória. E foi assim, em procissão e à estonteante velocidade de 4O quilómetros por hora, que treparam serra acima. A luta era cada vez mais encarniçada, até que a mil metros da meta deu-se o impensável. Os 2OO cavalos do carrão do Alfredo, sentaram-se no chão, protestando contra a qualidade do piso, e argumentando que não se rebaixavam a andar por um caminho de ovelhas. A suspensão do carro foi solidária com os cavalos, e só não se deixou rebaixar porque já era rebaixada. Entretanto, o suinicultor, ao ver o Moreirinhas parado, deu uma arrepiante gargalhada tipo drácula, ultrapassando o piloto da Azurva. Entretanto a co-piloto São Vaz, achou que era um golpe sujo, pelo que fez questão de que o Salgueirense também parasse, o que o irritou vivamente o concorrente, até porque tinha artilhado o carro expressamente para a competição com dezenas de extras a saber: volante de competição forrado a pele de cabra; acelerador em alumínio perfurado para arejar os joanetes; alavanca de velocidades em plástico em forma de caveira; jantes de 2O polegares e escape de 6 saídas adaptadas de um reactor de um “vai – vem “ da NASA. Como adereço um corno (salvo seja), pendurado no espelho retrovisor para dar sorte na prova. Por essa altura, já o Alfredo tinha dito vários impropérios da CLASSE A, e o Carlos Carvalho, a quem fora dada uma “licença de recolher” dos netos, perguntava, perplexo, como é que se ia descalçar aquela bota. Com o troço entupido, o jornalista Fernandito Rafael passeava-se entre os carros, tirando apontamentos para o seu bloco de notas, até que lhe deu uma insuportável vontade de urinar. Por recato, sumiu-se atrás de umas silvas e foi aí que aconteceu o drama. Quando estava a meio da micção, apareceu uma abelha furiosa que ameaçava dar-lhe uma ferroada no carburador. Aflito, o conceituado bairradino meteu apressadamente a flauta no estojo, e fugiu a sete pés para junto da comitiva. Por essa altura, o concorrente Manel, com a sua proverbial calma, tinha já montado o tripé da máquina e ia fotografando o incidente com cara de guarda – republicano a tomar conta de uma ocorrência. A Lekas, dentro de carro, entretinha-se a fazer tricôt. A salvação veio depois. O Carlos Freire, que como de costume adormeceu e tinha entrado no troço em último lugar, vinha na brasa e entrou na curva de ladex, quase abalroando o carro do Manel. Interrogado pelo piloto da Azurva, sobre se sabia alguma coisa de mecânica, o Conimbricense - Bracarense respondeu com um sorrido triunfante: “ …óh pá, eu trato por “tu” os cinco melhores mecânicos da Europa …”. Verdade ou mentira, o que é certo que a prova recomeçou com o Mercedes de novo em grande estilo. A desilusão foi na meta. Quando o suinicultor pensava que ia receber os louros da vitória, já o Zé Redondo lá estava, em cima do tejadilho da sua máquina, de braços abertos a receber os aplausos da malta do “Ti Lena”, decididamente em apoio ao piloto da Lousã. Seguiu-se um almoço e jantar em ambiente de grande amizade. Não houve vencidos. Só vencedores. E as taças foram substituídas por cabrito no forno e arroz de pato. E fados de Coimbra até de madrugada. Belo rali. Excelentes amigos…
Quito Pereira

12 comentários:

  1. ;uito bem Quito!Reportagem muito valorizada com um texto original.
    Está lá tudo o que de mais sigificativo se passou neste dia de confraternização, proporcionado pelo Bobbyzé e sua equipa de Colmarenses!(nome deve ser lido em Francês).
    Foram diversas reportagens(fora as que ainda aparecerão) mas que têm a virtude de se complementarem,mantendo sempre o interesse e a curiosidade de as ver!

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  2. Tens razão Rafael.Na verdade, há que fazer um grande agradecimento a toda a familia Colmarense, muito especialmente ao BobbyZé. Igualmente realçar a simpatia da familia Redondo, que nos proporcionou a todos a visita à fábrica e todos os momentos que se seguiram. Foi um excelente dia. Pena que a estrada esteja em tão mau estado de conservação, se é que se pode falar em conservação ...
    Abraço a todos

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  3. Havia o Rally do Vinho do Porto, que cheguei a ver passar em terras de Poiares e da Lousã e agora o Quito reactivou-o, baptizando-o de Rally do Talasnal ( com o alto patrocínio do Licor Beirão ) com uma descrição a que nem os mais sisudos evitam rir às gargalhadas.

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  4. Rui
    Olha que o episódio da abelha não é de ficção. Foi mesmo realidade ...

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  5. Pensei que tinha sido um adereço que tinhas acrescentado à história para lhe dar uma pitada de sal.
    Mas sendo verdade, não sei porque é que o Rafael fugiu da abelha. É que elas quando mordem a coisa incha e aumenta de volume...

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  6. Pois Rui, a dedilhar uma viola se canta o fado da saudade ...

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  7. Quito, mas que bem inspirado...
    Melhor não era possível.

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  8. Sempre o nosso reporter Quito dando-nos a recordar, com muita piada e carinho, tudo o que nos nossos passeios se passou.
    Embora tenha ficado triste porque o Mercedes se avariou, fiquei muito satisfeita porque só assim eu pude acabar o colete em tricôt que te dei para que não gripasses. Já bastava o Mercedes.
    Continua sempre assim.

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  9. Encontro-me na Toscana, vim aqui dar uma espreitadela e deparo-me com esta belissima reportagem! Tenho que tirar o meu chapeu ao Quito, nao so pela reportagem mas, pricipalmente, por me ter ultrapassado em tao dificil rali.
    Valeu-me o colega da marca, Carlos Freire, para salvar o pessimo estado de espirito em que eu me encontrava!
    Como ja repararam, o teclado nao tem acentos, eu tenho que dar o lugar a outro, e ainda quero dar mais uma vista de olhos pelo resto do blog.
    Um abraco a todos,
    Alfredo e Daisy

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  10. O Quito faz um relato tão bem feito que é como se eu lá tivesse ido, ao Talasnal!

    Só não assisti ao episódio que eventualmente mais me interessaria, ao da micção...

    Os meninos, Daisy e Alfredo até na Toscana nos toscam...

    Desejo ótimo passeio.

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  11. A do pedal do acelerador está épica !! AHAHHAHA

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  12. Gonçalo
    Fiquei preocupado por leres este texto. Espero que não adaptes os reatores do Vai- Vem "Columbia" no escape do teu Seat. Ias almoçar à Austrália todos os dias ...

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