quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DRA. BERTA ROSA



A Berta Rosa foi minha professora de matemática nos 3º, 4º e 5º anos do liceu D. João III ( hoje, José Falcão ), em Coimbra.
Não era má mulher, mas não se pode dizer que fosse uma mulher boa.
Longe, longe disso!



Não me lembro bem mas devia andar pelos seus trinta e tal anos.
Encardida, branca como a cal, Deus não se esmerou no dia da sua criação. Mal penteada, e com um vestuário dos anos quarenta, ainda por cima escolhido sem gosto, não ajudavam nada...
Juntava-se-lhe uma espuma esbranquiçada ao canto da boca quando falava.
Tinha uma paixoneta indisfarçável pelo Furtado que saiu do liceu no 4º ano para ir para a tropa porque já estava com 20 anos. O Furtado morava ali para a Rua do Brasil.
Magríssima como era, adivinhava-se-lhe a total ausência de seios, o que lhe devia trazer compreensivelmente muitos complexos.
Percebia-se que ela disfarçava, colocando algumas coisas por dentro da blusa, para fazer chumaço.. O quê nunca tínhamos descoberto. Nem tínhamos muita vontade de o descobrir, diga-se...
Até que um dia...



A Berta Rosa estava a escrever no quadro o enunciado de um problema para resolvermos..
Como era baixinha, esticava-se toda com o giz na mão a desenhar letras, números e símbolos.
Os chumaços não deviam estar bem acondicionados nesse dia porque, com o esforço de se esticar, reparámos quando se virou para nós, que tinha um “seio” no sitio e o outro próximo da cintura.
Foi a primeira vez que a vi coradinha.. Ficou mais bonita assim...

Obs:
Deu-me boas notas. Por isso não devia estar aqui a dizer mal dela, coitadinha...

Rui Felício

8 comentários:

  1. A Berta Rosa bem que podia usar suspensórios!

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  2. Não teria dado nas vistas se ambas tivessem descaido para a zona da cintura. Há muitas mulheres que as "usam" nessa posição...

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  3. E quem atire os "problemas" para trás das costas (embora haja quem diga que "por trás das costas" é... à frente... mas tu entendes-me).

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  4. Coitada da Dra. Berta Rosa.
    Vitima da Mãe Natureza, vitima de si própria, vitima da excelente memória e do fino humor do Rui Felício.

    Carlos Viana.

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  5. Lembro-me da Berta Rosa e de outros. Fazem parte das minhas memórias do antigo D. João III. O Siveirinha, a Lucia Ganilho, o "massa específica",o Cortesão, o Balbino da música,o padre Eugénio, o Ferreira da Costa ... que tinha um cão e um dia, numa aula teve a seguinte tirada: " há cães mais espertos que o dono, e eu tenho um ..."

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  6. Não tendo conhecido a professora BR ...
    passei a conhecê-la com algumas décadas de atraso!
    O Rui tem esse condão de bem identificar com
    humor as pessoas castiças...e muitas são as
    que constituem o espólio do D.João III e do
    Infanta.

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  7. Só uma escrita deste género conseguiu dar vida à Da.Berta Rosa. Ao ler o comentário do Quito vieram-me à lembrança nomes como o dos Drs. Silveirinha e Ferreira da Costa. Este último não podia ver o Reitor Mário Guerra mais conhecido por "pulga", porque era muito pequenino. Um dia o "pulga" arrojou-se a entrar numa aula do Dr. Ferreira da Costa, entrepondo-se entre a secretária do professor e os alunos. Trazia na mão um papel que foi amarfanhando, amarfanhando, até que distraídamente o arrumou para o chão. O Dr. Ferreira da Costa voltou-se para um dos alunos da frente e perguntou-lhe no seu tom de voz bem conhecida por todos: - o menino não sabe que os papeis não se arrumam para o chão? - Disse-lhe para o apanhar imediatamente ou se era a altura do sr. reitor que o não dexava ver. Silêncio na sala.

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  8. Como isto foi passado no LICEU...e eu era menino de Colégio, não quero "misturas" de meninos pobres com meninos ricos!
    No meu COLÉGIO era impensável uma cena destas!
    Aliás admira-me como um menino de Bairro emprega a palavra "seio" em vez de "MAMA", neste caso até seria mais apropriado dizer "TÊTA"!
    Ora tomem que já almoçaram!

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